Americanos reuniram com Renamo para persuadi-la a participar nas eleições

Ameaças de boicote de eleições preocupam a comunidade internacional

 

Afonso Dhlakama, presidente da Renamo

Maputo (Canalmoz) – A medida anunciada pela Renamo de boicotar os pleitos eleitorais deste (autárquicas) e do próximo ano (gerais e de assembleias provinciais) está a deixar preocupada a comunidade internacional. O embaixador dos Estados Unidos da América (EUA) em Maputo, Douglas M. Griffits, disse ontem que se reuniu recentemente com a bancada parlamentar do partido Renamo para apelar ao partido a reconsiderar a sua decisão de não participar dos pleitos eleitorais.

Douglas Griffits, que falava ontem a um grupo de jornalistas moçambicanos no Centro Cultural Americano em Maputo, disse que para o bem da democracia moçambicana, as eleições que se avizinham devem ser “justas, transparentes e inclusivas”. A não participação do maior partido da oposição dos pleitos vai retirar, segundo o diplomata americano, a inclusão nos pleitos.

“A nossa vontade era de que a Renamo participasse. Seria bom para a democracia. O povo merece eleições transparentes, livres e inclusivas e mais alternativas, a não participação da Renamo limita as alternativas”, disse o diplomata.

Douglas Griffits não precisou a data do encontro, mas disse que a mensagem que levou ao partido de Afonso Dhlakama é de que a Renamo devia participar nos órgãos eleitorais assim como nos pleitos. Entretanto não disse qual é a resposta que obteve.

O que se tem visto e ouvido, porém, é que a Renamo não vai participar dos pleitos e está neste momento a boicotar o processo. Esta semana a Renamo boicotou a reunião da apresentação e discussão de calendário eleitoral promovida pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), enquanto na mesma semana recusou-se a fazer parte da comissão criada pelo Parlamento para avaliar as candidaturas da sociedade civil para membros da CNE.

Em entrevista ao semanário Canal de Moçambique publicada esta semana, António Muchanga, membro do Conselho do Estado indicado pela Renamo e membro sénior do partido, disse que “desta vez o cão não vai deixar a caravana passar”, numa expressão linguística que pretendia dizer que a Renamo não vai deixar as eleições acontecer no País. Mais adiante, na mesma entrevista, António Muchanga disse claramente que a Renamo não vai participar das eleições porque o jogo está viciado e nem vai deixar que elas aconteçam.

De acordo com o calendário anunciado pelo Conselho de Ministros, as eleições autárquicas deste ano estão marcadas para o dia 20 de Novembro próximo. (B.N)