Thursday, January 10, 2013

Venha a nós a tua religião - Isomar Pedro Gomes



Luanda - Apostolo Paulo, na sua extraordinária primeira carta aos Coríntios (capitulo 13), fez a mais bela interpretação da palavra “Amor” e da razão de a praticarmos com intensidade ou pelo menos a isso nos esforçarmos. Convido a quem o puder fazer, ler directamente na sua Bíblia (versículos 1 – 13), porem transcreverei alguns versículos para o suporte do presente artigo;
Fonte: Club-k.net
“ 1.Se eu falar em línguas de homens e de anjos, mas não tiver amor, tenho-me tornado (um pedaço) de latão que ressoa ou um címbalo que retine. 2. E se eu tiver o dom de profetizar e estiver familiarizado com todos os segredos sagrados (de Deus) e com todo o conhecimento (das escrituras), e se eu tiver toda fé, de modo a transplantar montanhas, mas não tiver amor, NADA SOU. E se eu der todos os meus bens para alimentar os outros, 3. E se eu entregar o meu corpo, para jactar-me, mas não tiver amor de nada me aproveita. 4. O amor é longânime e benigno… (o amor) não se comporta indecentemente, NÃO PROCURA OS SEUS PRÒPRIOS INTERESSES…
IGREJAS MIL…
No período (1967-1973) da minha infância e adolescência, havia em Angola, não mais que meia dúzia de igrejas ou religiões (se assim o preferirem), porem o BEM proliferava (sobrepunha-se ao mal), a bondade abundava (era estimulado por todos os meios), a convivência entre os humanos era muito mais cordial e natural que nos dias de hoje (as pessoas que assim procediam eram publica e desinteressadamente elogiadas). Tal atitude e procedimento colectivo tornavam a vida mais suportável e alegre, apesar da pobreza (já) dolorosa naquela altura.
“Água não se nega!” Era uma expressão que se ouvia amiúde (vender um copo de água, ou negar água a alguém sedento – seja quem for - era um horroroso ‘crime’ quase comparável a lesa-pátria), “dar a criança é dar a um anjo” era um acto natural e comum (qualquer criança sentia-se protegida e acolhida, mesmo distante dos seus progenitores ou do seu lar), “o vizinho é a sua primeira família” era uma prática usual. “Levantar diante dos mais-velhos” era rotina que se fazia quase sem esforço, quase instintivamente (alguém – seja quem for – na idade do pai ou da mãe, ou na idade do irmão ou irmã mais velha, assim era referencialmente tratado). O temor de desagradar a Deus e aos pais (autoridade), induzia a maioria das pessoas a esforçarem-se na direção do BEM e a abominarem o que era mau aos olhos de Deus e da comunidade.
Inegavelmente o incentivo comum das igrejas naquela época, era a aproximação incondicional a Deus e a consequente prática do bem (Amor na primeira pessoa) para o benefício da Família e da Comunidade (do Próximo). Numa palavra incentivava-se o DAR e não o receber; Há mais felicidade em dar do que há no receber – atos 20:35.
Hoje, vemos em cada canto da imensa e confusa área suburbana de Luanda e não só, designações publicitaria (igrejas) quase anedóticas, de cariz marcadamente comercial. Uma fonte do Ministério da Justiça, assegurou-me que existem em Angola cerca de 300 denominações religiões diferentes e cerca de 1’000 aguardam o aval do Departamento dos assuntos religiosos do Ministério da Justiça.
Hoje quase que, o número de cantinas se equipara ao de igrejas. Porem a vida tornou-se mais miserável e quase insuportável, o mal e a perversidade campeia rumo a vitória final.
A RELIGIÃO DOS MILAGRES
Hoje, 80% das igrejas estimulam o RECEBER e dificilmente o dar. Publicitam a realização dos milagres a favor do fiel. O milagre já não é o “que estava perdido, buscar a Deus” o exemplo de Saulo de Tarso que se tornou no Apostolo Paulo ou do filho prodigo da célebre parábola de Jesus Cristo. O chamado fiel hoje, vai (é atraído) a igreja que realizar o milagre em seu benefício, e a publicidade que se confunde com a evangelização é feita de acordo o número de “milagres” realizados pela ‘milagreira’ igreja.
A igreja representa uma comunidade, um grupo de pessoas que comungam o mesmo propósito, esperança e objectivos (Fé), é apropriado designar-se a uma comunidade religiosa como Família, por isso a maior parte das igrejas estimular o termo irmãos, no trato entre os mesmos. “Eis que quão bom e quão agradável é irmãos morarem juntos em união” – Salmo 133:1, ora tal só é possível, se cada membro de uma determinada comunidade religiosa, “não buscar primeiro os seus próprios interesses” mas sim do próximo, (Quem é o seu próximo mais próximo?!); membros da família espiritual e carnal.
Membros da comunidade que pratica o salmo acima, e que buscam sincera e incondicionalmente á Deus, preocupam-se em chegar muito antes da hora inicial do culto, e ‘abandonam’ muito depois do término do culto, para conhecer (fazer amizades) e apreciar o convívio de outros concrentes. Não chegam todos a mesma hora (o caos na entrada) nem é debandada (precipitação a saída) após o “Ámen” da oração final.
As igrejas que têm enormes dificuldades em incentivar o DAR (á Deus), estão mais interessadas nas multidões (milhões) do que no individuo, desconsideram as palavras de Jesus Cristo em Mateus 7:13-14 ( “Entrai pelo portão estreito, porque larga e espaçosa é a estrada que conduz a destruição” e MUITOS são os que entram por ela; ao passo que estreito é o portão e apertada a estrada que conduz a vida e POUCOS são os que o acham…) poucos são os que estão dispostos a sacrifícios para se achegarem a Deus.
É comum, é ‘moda’ nos dias de hoje as igrejas “que fazem passar” os seus cultos pela televisão, ‘exibirem’ vaidosamente as multidões no recinto do culto e algumas caras conhecidas e poderosas do reino de César, como se estas fossem a garantia de que a “igreja tal” tem o selo da autenticidade divina. Por isso muito recentemente ouvimos de um dos proeminentes lideres religiosos a seguinte citação; “Não consentimos que a oposição se escude na igreja”.
A igreja divinamente imparcial, como garantia de união, de paz, concórdia e harmonia… pelos vistos já era.
Agora assistimos a uma concorrência ‘desleal’, desenfreada e pecaminosa daqueles ou de instituições que “tratam” da cura espiritual, uns citam que têm o poder do espirito santo pelo número de poderosos e fantásticos milagres que realizam; indivíduos que eram pobres adquirem fabulosas riquezas etc.; outras (instituições) mencionam e mostram que os poderosos do regime “estão com eles”, por isso prova que têm a aprovação do regime vigente e consequentemente do espirito santo.
(AINDA) È O AMOR
A tristérrima tragédia do proclamado dia do fim, - onde, nem as crianças foram poupadas (que fatalidade Meu Deus!) - jamais aconteceria se independentemente dos erros da organização do evento, o amor reinasse entre os fieis ou participantes do evento.
Porem, solidarizo-me incondicionalmente com todas as famílias que perderam os seus entes queridos no mencionado evento, e que a instituição á quem de direito, tome adequadas medidas, para que tal jamais se repita.
O mencionado trecho da carta de Paulo, citado no genesis desta, termina com as seguintes palavras (versículo 13); “Agora, porem permanecem a fé, a esperança, o amor, estes três; mas o maior destes é o AMOR”. O Amor é o cumprimento da LEI.
O Amor é o maior milagre, é o milagre dos milagres, é da prática, realização e repercussão deste no seio de uma determinada comunidade religiosa ou não, que deveria ser motivo de regozijo e basta publicidade. É o amor que deveria atrair as pessoas a juntar-se a uma determinada igreja.
Mateus 24:12 “e, por causa do aumento do que é contra a lei, o amor da maioria se esfriará”.
Que devemos fazer?!... talvez reformularmos as palavras iniciais da “oração modelo” ensinado por Jesus Cristo, e cada um de nós no seu intimo solicitar ardente e sinceramente a Deus… “Venha a nós a tua religião” para encontrarmos finalmente a saída deste maldito e extremamente depravado e confuso labirinto, e suavizarmos um pouco a nossa (extremamente) precária existência.
Deus é AMOR!
Ámen!

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