Município da Matola
A mercadoria estava a ser descarregada na residência de Daúde Daia que já foi, até Fevereiro de 2012, Director do Gabinete de Comunicação e Imagem da Autoridade Tributária, antes do actual, Ricardo Mapanzane. Na altura da apreensão o alfandegário não se encontrava em casa. O seu familiar está a contas com a Polícia.
Maputo (Canalmoz) – A Polícia da República de Moçambique (PRM), apreendeu, na madrugada de ontem, no Bairro de Khongoloti, Município da Matola, 23 toneladas de Cerelac. Segundo a polícia, a apreensão do produto, supostamente contrabandeado, aconteceu na residência de Daúde Daia que já foi, até princípios de 2012, Director do Gabinete de Comunicação e Imagem da Autoridade Tributária. Neste momento Daia encontra-se em Nampula de férias.
Um familiar de Daude Daia que já está a contas com a polícia diz que o produto não é do alfandegário mas de Seriaque Ruguiane, um cidadão de origem burundesa naturalizado belga, que arrendou uma dependência anexa à residência do alfandegário, para depositar o produto.
Seriaque Ruguiane, o suposto dono do produto diz que a apreensão é ilegal e jura de pés juntos que desde Portugal – local de compra da mercadoria – até ao porto de Maputo, todos os direitos foram pagos. Acrescenta que o produto custou 31 mil euros, (cerca de 1.444 000 meticais).
Os factos
Tudo deu-se por volta das 16 horas da última terça-feira, quando um camião com a chapa de matrícula, MMB 03-38, com um contentor de 40 pés, carregado com 23 toneladas de Cerelac, estacionou na rua “Fidel Castro” no bairro de Khongoloti. Uma dezena de jovens, foi prontamente “contratada” na Zona-Verde e localmente, para proceder o descarregamento do produto. E assim aconteceu.
Os vizinhos, desconfiando da quantidade, da hora (19horas), e do local, onde o produto era descarregado, alertaram as autoridades policiais que só se fizeram ao local por volta das 20horas.
Interrogatórios e detenções
Os primeiros interrogatórios foram liderados por agentes da Polícia de Investigação Criminal, (PIC) afectos a 7ª Esquadra no Bairro T-3. Foram ouvidos em separado, o motorista do camião, Sabino Francisco, o suposto dono da mercadoria Seriaque Ruguiane, o intermediário do aluguer da casa, Alfredo Nhuane (familiar do alfandegário) e o chefe dos carregadores, Pedro Paulo.
As investigações culminaram com a detenção de Seriaque Ruguiane e Alfredo Nhuane. Neste momento, estão encarcerados nas celas da 7ª Esquadra da cidade da Matola. O motorista, o guarda da casa e dois indivíduos de nacionalidade burundesa e próximos do dono da mercadoria, estão sob custódia policial no local da apreensão. Os seus movimentos são controlados e devem serem anunciadas aos homens da Lei e Ordem. Um deles, que ontem tentou, sem autorização, ir comprar um pacote de bolachas, num bar próximo provou a famosa brutalidade da polícia moçambicana. Foi violentamente espancado por dois agentes da polícia.
Os implicados
Seriaque Ruguiane, suposto dono da mercadoria conta que, na terça-feira, fez a recepção de uma importação do Cerelac feita de Lisboa, capital portuguesa. Manteve contacto para descarregar no bairro T-3, num dos armazéns dos revendedores do arroz, Mama África, mas quando lá chegou não havia espaço.
“Como havia alugado o carro recorri a alguém que disse que conhecia uma casa espaçosa no bairro de Khongoloti. Acertamos os preços e fomos. No meio de descarregamento chegou a polícia e disse que a mercadoria é ilegal”, disse.
Por seu turno, Alfredo Nhuane, intermediário da casa, disse também que a mercadoria tinha como destino T-3, num armazém de um indiano. “Os documentos são legais. A casa é da minha cunhada Beatriz Cumbane Daia (esposa do funcionário da Autoridade Tributária, Daude Daia). Neste momento ela está em Nampula de férias”, disse.
Para Sabino Francisco, motorista do camião, foram seguidos todos os trâmites para se tirar um contentor de mercadoria do Porto de Maputo.
“Entrei pela Porta 1, entreguei os documentos. Passei para Porta 2 e confirmaram. Mandei os documentos à Kudumba e as alfândegas certificaram e fecharam o contentor”, disse Sabino.
Entretanto, até ao fim da tarde de ontem, uma equipa das alfândegas continuava a verificar a mercadoria no terreno. (Cláudio Saúte)
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