“Estamos desesperados por não saber onde iremos viver com as nossas famílias. Mandam-nos embora para alojarem estudantes estrangeiros. O bairro será transformado no Campus do Instituto Superior de Estudos de Defesa Armando Guebuza. Defendemos o país nos tempos difíceis, agora vamos à rua” - Oficiais residentes no Bairro da Estação da Rádio Naval da Manduca (Matola)
“Não é tradição do Ministério da Defesa Nacional deitar fora seus homens, com que trilhou e caminhou. O que deve existir é que os oficiais querem se antecipar às medidas a serem tomadas. Queremos assegurar que as medidas a serem tomadas serão de acordo com as orientações do Chefe do Estado-Maior” – Major General, Frazão Chale, comandante do instituto, ao Canalmoz
Maputo (Canalmoz) – Os oficiais das Forças Armadas da Defesa de Moçambique /FADM), que vivem no bairro militar da Estação da Rádio Naval na Manduca, no município da Matola, procuraram o Canalmoz para denunciar o que apelidaram de “expulsão do bairro militar”, em que dizem viver “há muitos anos”. Dizem que naquele lugar será construído o Campus do Instituto Superior de Estudos de Defesa Armando Guebuza.
O comandante do instituto, Frazão Chale, fala de um “falso alarme” e diz que os oficiais querem-se antecipar às medidas a serem tomadas. Mas, na verdade, acrescenta, “nenhum oficial ou viúva estará na rua”.
Os queixosos dizem que deram muito para este país e não se justifica que sejam tirados do bairro militar para se construir um campus e edifícios para alojar estudantes estrangeiros.
“Existem aqui oficiais dos três ramos da Defesa. Vivemos no Bairro Militar da Estação Rádio Naval há muitos anos. Estamos desesperados por não sabermos onde é que vamos viver com as nossas famílias. Nós demos tanto para este país. Estas ordens são emanadas pelo comandante do Instituto Superior de Estudos de Defesa”, observa um dos oficiais alegando reflectir a preocupação dos outros.
Solução pacífica
O comandante do Instituto Superior de Estudos de Defesa Armando Guebuza, Frazão Chale, disse que foi criada uma comissão da logística que já se reuniu com os moradores e fez o levantamento de cada um para saber quem de facto é quem, porque ali não só vivem militares no activo, mas também militares que passaram à reserva há anos e ficaram naquelas casas. Disse também que há viúvas que vivem nestas casas há anos. Acrescentou que há um rol de problemas existentes que só podem ser resolvidos por uma solução pacífica.
“Não é tradição do Ministério da Defesa deitar fora os seus homens, com que trilharam e caminharam. O que deve existir é que as pessoas querem se antecipar das medidas a serem tomadas, mas queremos assegurar que as medidas a serem tomadas serão de acordo as orientações do Chefe do Estado-Maior. Nenhum oficial destas casas estará na rua”, disse sublinhando que o chefe do Estado-Maior não quer ouvir que há um oficial ou viúva na rua.
“Esta é a ordem que tem que ser cumprida. Somos militares e trabalhamos com ordens e elas devem ser cumpridas”, disse Chale.
Requalificação do quartel
O major general explicou que o espaço do quartel ocupa uma área de 65 hectares que devem ser requalificados. E as residências dos oficiais estão dentro desta área.
“A verdade dos factos é que em 6 de Fevereiro de 2012, o quartel foi entregue ao Instituto Superior dos Estudos de Defesa. O instituto viria a ser criado a 18 de Novembro do mesmo ano. Toda a área vai ser utilizada para fazer o campus”, disse.
Acrescentou que no levantamento da área do quartel existem 10 casas dentro da área onde estão oficiais dos três ramos da defesa (Força Aérea, Marinha e Exército) com as suas famílias. Então, depois do levantamento e apresentação da situação real que se encontrou no terreno, o Chefe do Estado-Maior vai decidir.
Esta comissão ficou com a responsabilidade de resolver todos os problemas encontrados incluindo o reassentamento dos oficiais. “Foi dito que cada comandante do ramo devia encontrar solução para os seus oficiais. A comissão está a trabalhar no sentido de encontrar um destino a dar aos oficiais. O relatório ainda não foi concluído para ser entregue ao Chefe do Estado-Maior. Deverão ser encontradas casas ou espaços para o realojamento dos oficiais. Os ramos deverão alugar casas se estes não tiverem casas orgânicas fora do campus”, disse. (Cláudio Saúte)
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