segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O MPLA é um grande partido democrático - José Ribeiro



Luanda - Os ataques aos interesses angolanos estão na moda em Portugal. As elites portuguesas corruptas estão a promover uma xenofobia anti-angolana muito perigosa. E contam com a colaboração de alguns angolanos. Já se sabe que a notícia do “Expresso” que deu origem à actual onda de perseguição anti-angolana foi suscitada pela queixa na PGR de Lisboa de um cidadão condenado por roubo em Angola e movido pela vingança. Tudo serve para manchar o nome de Angola.
Fonte: Jornal de Angola
Carlos Pacheco e a nostalgia dos massacre
E subitamente o historiador Carlos Pacheco atacou-me, no jornal “Público”, com a violência de um “comando” viciado em massacres de camponeses indefesos, incendiário de humildes cubatas de capim. O ataque foi violentíssimo e acompanhado de abundantes citações. O antigo nadador chamou-me maniqueísta, comparou-me ao diabo, insinuou que ando por aí a matar cidadãos com a minha humilde pena e colocou o Jornal de Angola, que me orgulho de dirigir, ao nível de uma “folha” incendiária e sectária. Já se vai ver porquê.
Pacheco é um historiador e daqueles que as elites portuguesas corruptas se aproveitam em momentos precisos como este. Mas Pacheco tem a obrigação de ser rigoroso e deixar de dar valor ao lixo mediático. Quando eu era chefe de redacção deste jornal, vi-o imensas vezes.
Pacheco era, na altura, o mais categorizado colaborador do Jornal de Angola e ele vinha trazer as suas categorizadas colaborações. Tenho imensa pena que, na altura, não me tivesse dito que a escola de jornalismo aberta após a Independência era péssima e que o jornal não passava de uma folha incendiária e sectária. Nessa altura ele pertencia aos bons que estavam na moda, como sempre quis ser. Depois beneficiou de uns recursos de Angola, e desapareceu. Nunca ninguém mais o viu. Mas permanecendo eu onde sempre estive, fico de boca aberta quando Pacheco me põe o rótulo de mau para mostrar agora às elites portuguesas corruptas que está, outra vez, do lado dos bons.
Carlos Pacheco é dos que anda desactualizado. Não sabe que enquanto as tiragens dos jornais portugueses baixa, a circulação e o números de leitores do Jornal de Angola aumentam todos os dias. Apesar da concorrência feroz de dezenas de outros jornais, até dos que vêm de Portugal, o Jornal de Angola, além de ser o mais procurado e influente jornal angolano, é já considerado como dos melhores na África Austral e no espaço lusófono. Carlos Pacheco gostava que a produção editorial do Jornal de Angola fosse dependente de redes mafiosas e ilegítimas como as que dominam em Portugal.
Mas não está. Os jornalistas do Jornal de Angola apenas se regem pelo profissionalismo e não permitem que o seu trabalho seja condicionado a poderes de nenhuma espécie. Como ficou suficientemente demonstrado durante as eleições deste ano.
De tanto afirmarem que em Angola vigora uma ditadura, não há direitos humanos nem liberdade de imprensa, as elites portuguesas corruptas e os seus serventuários parecem dar a entender que desejam ansiosamente que assim seja mesmo. Para terem mais com que se divertir, além da crise, que já incomoda. Mas, por mais que lhes custe, Angola vive em paz e democracia e respeita os direitos humanos e as regras da boa governação. O MPLA é um grande partido democrático, evoluiu muito e foi confirmado e reconfirmado como a maior formação política angolana. A UNITA é uma grande formação política da oposição e novos projectos políticos, sociais e culturais surgiram.
Pacheco é que não sabe o que é, porque vive da mentira e de expedientes. Diz o historiador que alguns militantes do MPLA lhe manifestaram a sua vergonha “com certos escritos” aqui publicados. A opinião é livre e a crítica ainda mais. Qualquer cidadão envergonhado pode mandar para cá as suas opiniões críticas, e nós publicamo-las de imediato. Não precisam de ir fazer queixas ao Pacheco. Se é que esta tirada não passa de uma intriga barata.
De Pacheco já espero tudo. Desde que telefonou para mim, no momento em que David Mestre morreu, a culpar os angolanos pela morte do poeta, espero realmente tudo!
Pacheco escreve do que não sabe. Faz afirmações graves apenas por ouvir dizer. Vê-se que não lê o Jornal de Angola. É um historiador de calúnias, mexericos e boatos. Tem tanta apetência para a má-língua como para a História. Destila sistematicamente ódio contra os seus compatriotas, embora assine “historiador angolano”. Porquê? Porque em Portugal, angolano falar mal do seu próprio país, rende muito, muito mesmo. O lóbi da UNITA em Portugal não foi desactivado. Foi agora transformado em lóbi anti-Angola. Pacheco sabe disso. Foi contaminado pela inveja das elites portuguesas. E todos os historiadores sabem como essas elites sempre foram: os angolanos abrem os braços aos portugueses, e estes, na primeira oportunidade, espetam-lhes uma faca nas costas!
Nada de novo, portanto, no percurso de um homem que nunca teve muito cuidado com a coerência. Na juventude era fascista e glorificava o poder colonial. Mas, como sempre, quis ir mais longe que os outros. Um dia foi para a varanda do palácio do Governador-Geral falar em nome da juventude angolana, para saudar o regime fascista. Ninguém na Mocidade Portuguesa se tinha atrevido a ir tão longe.
Carlos Pacheco, desde esse dia, passou a ser a voz dos colonialistas e fascistas que maltratavam os angolanos. Depois decidiu ser Comando. Quando lhe perguntaram porque queria pertencer às tropas especiais portuguesas, ele respondeu: para os massacres! Imagino como hoje se sente um intelectual que andou a massacrar angolanos e moçambicanos, como oficial dos Comandos.
Só não compreendo a sua fúria contra mim e o Jornal de Angola. Não fui eu que o convidei para ir discursar nas varandas do palácio do Governador-Geral, verberando os “traidores à pátria do Minho a Timor”. Não fui eu que fiz dele oficial dos Comandos nem profissional de massacres contra civis. Não fui eu que o mandei embarcar na aventura nitista, que tanto mal causou ao nosso país, e de que é um dos responsáveis pelas vítimas que fez.
Quanto às “tiradas ditirâmbicas”, quero dizer a Carlos Pacheco uma coisa: só quem viu e sentiu tudo o que o povo angolano sofreu com a guerra é capaz de perceber quanto ele precisa de ter fé e esperança no futuro, quanto precisa de acreditar que é possível mudar as coisas para melhor. É nisso que eu acredito e é sobre isso que escrevo. Faço isso de cabeça levantada. Se Carlos Pacheco puder dizer o mesmo, está de parabéns.
Quanto aos insultos que me dispensou, não lhos vou devolver. Mas tenho pena que não tenha a hombridade e a educação de me tratar com a cordialidade e delicadeza com que eu sempre o tratei. Não precisava de me injuriar no jornal de Belmiro de Azevedo, uma espécie de caixote de lixo das más consciências sobre Angola. Se tivesse mandado o seu texto para o Jornal de Angola, ele era publicado. Mas como foi desleal, agora tem mesmo que continuar a recorrer aos contentores de lixo.
O MPLA é um grande partido democrático -  José Ribeiro

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