quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Do Rio de Janeiro à Maputo: Menor diz-se abandonado

 

JulinhoA história que a seguir narramos é de um menino que diz ter sido usado na comercialização e tráfico de droga, no caso o “crack”, um narcótico do grupo da cocaína, na República Federativa Brasil que veio parar em Maputo na companhia dum indivíduo que acabou o abandonado numa das estâncias hoteleiras da capital.
Maputo, Quinta-Feira, 13 de Dezembro de 2012:: Notícias
Julinho Mário Ângelo, 13 anos de idade, conta que saiu da Favela do Alemão, local de refúgio ou morada de traficantes na cidade de Rio de Janeiro, há sensivelmente um mês, com a intenção de conhecer o país, enganado por um jovem de 25 anos, reconhecido apenas por João.
Segundo narra, trata-se de um traficante de “crack” que terá usado o nome de Julinho para transportar cinco caixas de um produto que desconhece até à vizinha África do Sul, onde seria vendido a um cidadão daquele país.
“Nasci em Luanda. O meu pai Mário Ângelo é brasileiro e minha mãe angolana, Joana Abreu. Mudamo-nos para o Rio de Janeiro em 2007 onde conheci este meu amigo para quem vendia crack. O meu amigo averbou-me no seu passaporte e viajamos até Joanesburgo onde entregou caixas a um homem que lhe deu dinheiro e viemos a Maputo”, explica.
Já em Maputo, como explica Julinho, a dupla ficou hospedada num hotel até que João abandonou o menor alegadamente porque não tinha dinheiro para o seu regresso. Julinho procurou as embaixadas de Angola e Brasil sem obter qualquer resposta satisfatória, pelo facto de não ser portador de qualquer documento de identificação.
“O meu amigo prometeu que regressaríamos logo, mas ao chegarmos em Maputo disse que o valor não seria suficiente para duas pessoas e abandonou-me no hotel. Eu acho que ele me usou para transportar droga, porque as caixas vinham em meu nome”, lamentou.
O ministro-conselheiro na Embaixada do Brasil, Nei Betencourt, disse ao Notícias que o caso de Julinho é de difícil intervenção por parte da instituição que representa pelo facto daquele ser apenas residente naquele país e não ter identificação.
“A nossa capacidade de acção é reduzida, se ele tivesse identificação tornaria o trabalho mais facilitado. Procuramos abrigo para ele, estamos a tentar localizar os pais para uma possível reintegração”, disse.
A mesma ideia é partilhada pela representação angolana em Moçambique pela voz do seu adido de imprensa, Higino Piedade, para quem o rapaz não oferece informações que possam facultar a localização de qualquer parente.
Ao que apuramos, o menor foi encaminhado por três vezes à Acção Social, de onde veio a fugir. Ele alega não querer ficar em uma instituição, importando-se apenas em regressar ao Brasil. Julinho permanece na rua sem qualquer abrigo, à espera da confirmação da sua origem e seus pais, para que seja reembarcado quer seja ao Brasil, quer para Angola.

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