…Os
oficiais das zonas centro e norte dizem-se discriminados nas nomeações e
promoções e bolsas a favor dos naturais da zona sul. Ministro da
Defesa, Filipe Nyussi, diz que é especulação
Armando
Guebuza conferindo posse a Lázaro Henriques Menete como
Contra-Almirante e Comandante da Marinha de Guerra de Moçambique
Maputo
(Canalmoz) – Está instalado um “ambiente turvo” no seio dos militares,
sendo o tribalismo e regionalismo o pomo da questão. Aparentemente
ultrapassadas as divergências políticas entre oficiais da Frelimo e da
Renamo, agora se fala de favoritismo em função da região de origem nas
promoções e atribuição de bolsas quer para o exterior assim como
internamente.
Depois
de em Setembro de 2011 o semanário Canal de Moçambique ter descrito o
“ambiente turvo” que se viv(e)ia nas FADM, a agência portuguesa de
notícias PNN cita também fontes militares que dizem que o processo de
selecção para promoções e bolsas assim como a passagem à reserva obedece
a critérios estranhos, violando o regulamento militar. Os naturais das
zonas centro e norte são preteridos a favor dos da zona sul, questão
que, de resto, levanta um “velho fantasma” dentro das Forças Armadas e
na administração do Estado.
Ultrapassadas
as divergências políticas (entre oficiais da Frelimo e da Renamo),
agora se fala de favoritismo em função da região de origem nas FADM
Para
provar as suas acusações, os militares exemplificam com o caso da
nomeação do ex-director nacional da política económica do Ministério da
Defesa que é natural da zona centro e que tinha sido indicado adido
militar na Rússia em finais de 2010. “Na mesma semana viu a sua nomeação
alterada e no seu lugar foi indicado outro oficial da zona sul,” dizem.
O
Chefe do Estado-maior General, Paulino Macaringue, é acusado de
excessiva interferência nas nomeações, atribuição de patentes, formação e
promoção de oficiais. Outro exemplo mencionado pelos militares é a
passagem “forçada” à reserva do antigo comandante da Marinha, o
Contra-almirante Patrício Yotamu, natural de Tete, que foi substituído
por um comandante da infantaria natural do sul, o Contra-almirante
Lázaro Menete.
“Todos os oficiais naturais do centro e norte são excluídos de todos os processos de promoção”, denunciam os militares.
Em
reacção ao ambiente de tensão que se vive no seio das FADM, e sem
explicar os contornos da substituição do antigo adido militar na Rússia e
do ex-comandante da Marinha, o ministro da Defesa Filipe Nyussi disse
que nas Forças Armadas não há espaço para tribalismo porque se segue a
lei e tudo não passa de especulação. “Os militares que estão aqui,
quando terminam os treinos na academia estudam e concorrem para serem
promovidos. Das academias saem com patente de alferes e passado algum
tempo vão à formação e ficam Tenentes e tudo depende do tempo estipulado
pela Lei”.
Nyussi
disse que as nomeações são feitas por regras próprias. Elucidou que as
FADM têm três ramos, nomeadamente a força aérea, a marinha e o exército
comandados por majores generais e “se existem outros majores generais
devem esperar, porque tudo funciona dentro das normas estabelecidas
legalmente”. “Não há motivos dentro das FADM para se levantar problemas
de tribalismo. “Não vamos correr o risco de nomear um médico de saúde
militar, um carpinteiro só porque temos que pôr um quadro de uma certa
província para criar equilíbrio”, sentenciou Nyussi, em resposta ao
episódio que está a fazer crescer vários comentários de cunho tribalista
dentro das Forças Armadas. (Redacção)