segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Perigo de morte

Opinião


  
   
09/02/2015 15:12:04
    
Perigo de morte
Se a União Europeia ceder um milímetro que seja à chantagem grega estará liquidada.
Será a sua sentença de morte.
Porquê?
Por duas razões, uma de passado e outra de futuro, ambas evidentes: 
1. Porque cobrirá de ridículo os governos 'bem comportados' que andaram a impor medidas de austeridade aos seus países. Os responsáveis desses governos (como Passos Coelho, Rajoy ou mesmo Hollande), terão andado a fazer figura de parvos;
2. Porque estimulará a ocorrência de fenómenos idênticos noutros Estados-membros.
De facto, ceder ao Syriza será convidar os espanhóis a votar no Podemos, os franceses a votar em Marine Le Pen, e por aí fora.
Será dizer: votem nos partidos radicais e a vossa vida mudará como por encanto, pois reconquistarão tudo o que perderam com as medidas de austeridade.
Mais: será convidar os partidos socialistas europeus a radicalizarem-se. 
Como, aliás, já se viu em Portugal, com António Costa a demarcar-se do PASOK (o histórico partido irmão do PS) e a endurecer o discurso anti-austeridade.
E outros partidos moderados farão o mesmo, indo à boleia dos radicais gregos.
Para evitar a propagação deste fenómeno, a União Europeia tem de cortar o mal pela raiz - e depressa.
Tem de tornar claro que o caminho não pode ser esse.
É evidente que uma comunidade só pode sobreviver se cada país tiver um orçamento equilibrado - e não esperar viver à custa das dádivas dos outros.
A regra tem, pois, de ser o rigor - e era para aí que se caminhava nos últimos anos. 
Os países cronicamente 'incumpridores' começavam a respeitar as suas obrigações. 
Os Estados do Sul - Grécia, Chipre, Itália, Espanha, Portugal, França - e mesmo alguns mais a norte, como a Irlanda ou a Bélgica, que ano após ano tinham registado défices excessivos e acumulado dívidas incomportáveis, começavam a pôr as contas em ordem.
Apesar das movimentações de grupos extremistas, os governos tinham conseguido impor medidas de rigor, recuperando a credibilidade dos Estados e passando a financiar-se nos mercados a juros razoáveis.
Em Portugal, por exemplo, o défice público baixou de 11,2% em 2010 para 7,4% em 2011, 5,5% em 2012, 4,9% em 2013, 3,6% em 2014 (estimativa) e 2,7% em 2015 (previsão); e os juros desceram a mínimos históricos.
Irlanda, Espanha e Itália também conseguiram controlar as contas, a França não descarrilou (apesar das ameaças de Hollande), e até a Grécia parecia ter encarrilado com Samaras.
Era esta a situação quando estalou a crise política que levou o Syriza ao poder.
E a revolução grega veio outra vez pôr tudo em causa.
Em vários países vemos a extrema-esquerda e a extrema-direita juntarem esforços para destruir a disciplina financeira que estava em marcha, voltando à estaca zero.
Ora isto tornará a União Europeia inviável.
Porque a Alemanha não aguentará muito tempo essa situação.
Mesmo que a senhora Merkel quisesse, os alemães não aceitarão indefinidamente pagar e calar.
Escrevia Sarsfield Cabral no último SOL: «As medidas anunciadas pelo BCE foram positivas e corajosas. Mas a violenta reacção que suscitaram na Alemanha leva a temer que este país ponha em causa manter-se a si próprio na Zona Euro. Sobre essas medidas, o Bild, jornal alemão de maior tiragem, publicou na 1.ª página em letras enormes: O que vai acontecer ao meu dinheiro?. Altos dirigentes da democracia-cristã mostraram o seu desagrado face às decisões anunciadas por Draghi. E o Tribunal Constitucional alemão poderá anular a participação financeira da Alemanha no programa de Draghi, tirando-lhe toda a força».
A saída da Grécia da Zona Euro preocupa muita gente - mas a saída da Alemanha deveria preocupar muito mais.
Se a Grécia sair, o euro poderá sobreviver; mas se a Alemanha sair, o euro morrerá. 
Por todas as razões e porque deixará de haver quem esteja disposto a pagar as facturas dos outros.
Mesmo em Portugal já se ouve muita gente dizer que não quererá arcar com os prejuízos de um perdão da dívida grega.
Assim, se os alemães disserem adeus à moeda única, esta ficará ferida de morte - e atrás dela acabará a União Europeia.
Ora o fim da União Europeia será, nos tempos que correm, um acontecimento perigosíssimo.
Porque mudará os equilíbrios mundiais numa altura em que renasce o imperialismo russo (patente no ataque à Ucrânia), se multiplica o terrorismo islâmico e se acelera a invasão económica (silenciosa) por parte da China.
Para resistir a estas ameaças, a Europa precisaria de estar unida. 
Mas isso só acontecerá se os governos cumpridores rejeitarem com vigor a ameaça grega.
Caso contrário, a mancha dos partidos extremistas alastrará: anarquistas, comunistas pró-russos, fascistas, nacionalistas antieuropeus, radicais de esquerda e de direita começarão a ganhar eleições na Europa e será impossível controlar a situação.   
O Podemos em Espanha, a Front National em França, o UKIP em Inglaterra cantarão vitória e aí já não haverá nada a fazer. 
Claro que esta amálgama de gente não conseguirá, depois, pôr de pé nenhuma nova ordem política na Europa - mas, qual Cavalo de Troia, pode destruir a actual ordem existente.
Vladimir Putin estará agora a esfregar as mãos de contente - preparando-se para estimular e apoiar (se é que já não o está a fazer) estes movimentos radicais.  
jas@sol.pt

Imagem
Deixe o seu comentário...

  • Imagem
    Transcrito do SOL
    .
    O primeiro-ministro austríaco Werner Faymann, social democrata, considera que a posição do novo Governo da Grécia face ao problema da dívida deve ser levada em consideração pelos parceiros europeus.
    “É obrigação dos europeus considerar seriamente as propostas do novo Governo grego”, declarou o chanceler austríaco. “É também uma questão de respeito”, acrescentou.
    Faymann disse ainda ser importante trabalhar para garantir a manutenção da Grécia na Zona Euro.
    As palavras foram proferidas durante a visita a Viena do primeiro-ministro helénico Alexis Tsipras. No final do encontro, o líder grego declarou-se “muito optimista” e disse ter conquistado “um amigo”.
    “É do interesse de todos que se alcance uma solução mutuamente benéfica”, declarou o chefe do Governo de Atenas.
    “Até ao momento, ainda não ouvimos uma alternativa viável ao que estamos a propor. Não há por isso razões para não haver um acordo, para além de razões políticas”, disse.
    No domingo, o primeiro-ministro da Áustria já tinha manifestado divergências em relação à Alemanha, sobretudo devido ao fracasso das medidas europeias de promoção de emprego.
    “Estão a falhar devido ao plano de esperar para ver de Angela Merkel”, disse Faymann, exigindo de Berlim uma “atitude mais ofensiva” no relançamento da economia continental e criticando a inacção perante a queda do poder de compra.
    Faymann elogiou ainda o programa de Governo de Tsipras, defendendo que combater a corrupção e a evasão fiscal, como defende o Executivo liderado pelo Syriza, faz mais sentido que “cortar a despesa e privatizar durante a crise”.
      ver mais
      • Imagem
        OH tia Idalina,
        Parece que a titia não ouviu o Dr. Silva Peneda na SIC Notícias. E é grave pois tinha ficado mais rico e agradecido ao Dr. Balsemão que fez de si alguém.
        Mas o Dr. Silva Peneda vai para Bruxelas para adjunto do Presidente da Comissão Europeia. Foi deputado europeu, é licenciado em Economia e não vê mortes por aí.
        Diz o povo que a ignorância é atrevida e acho que o povo tem razão.
          • Imagem
            Entendi bem? O sô Saraiva diz que querem sair todos da Europa, nem os alemães aguentam tanta felicidade. Será que a Europa vai ficar sózinha, vazia, a ver navios, ou só com o sô Saraiva? Ó homem, que
            Zeus lhe ouça os delírios!
              • Imagem
                Aqui, para dirigir as cerimónias fúnebres da UE há o Saraiva.
                O homem tem que fazer alguma coisa.
                  • Imagem
                    Evitar a morte como?
                    O que têm que fazer é o funeral.
                    No mundo quem anda a marcar passo há anos é a UE. O que não surpreende ninguém. 
                    Onde estão os leaders da UE?
                    O Lulu ´só sabe lamber sapatos.
                      • Imagem
                        "Mesmo que a senhora Merkel quisesse, os alemães não aceitarão indefinidamente pagar e calar."
                        José António Saraiva
                        Sr. José António Saraiva, “Perigo de Morte” é a faculdade que o 25 de 
                        Abril lhe deu de escrever o que lhe apetece ou que lhe encomendam. A 
                        Alemanha só tem de pagar e calar. Como se não bastassem os horrores que 
                        cometeram na II Guerra mundial, algumas dividas que acabaram de pagar no
                        ano passado ao ritmo que eles, Alemães, estabeleceram, ainda tem 
                        dividas a pagar e não são pequenas. 
                        Primeiro tentaram dominar a Europa e o mundo pela força, agora é pelo 
                        dinheiro, há males causados à humanidade que não tem preço, para além do que está realmente contabilizado como prejuízos causado e não pagos. 
                        Provavelmente se forem morrer longe, de forma a que não cheire mal aqui 
                        por perto, talvez seja um mal menor. Eu não queria para o "meu" Portugal
                        estar na situação da Grécia, os Gregos também não merecem e também não me identifico de forma alguma com o Syriza ou qualquer outra coisa 
                        parecida com isto aqui ou noutros países, sabendo que por vezes os 
                        extremos tocam-se, por interesses vá-se lá saber como...
                        Sempre fui 
                        um defensor do compromisso e do cumprimento, sempre cumpri com os meus compromissos, o País que também é o meu está a cumprir com o sofrimento de muito Portugueses, e não vejo a hora de voltarem a estar menos mal. 
                        Por isso e apesar de saber que nunca vai ler este meu desabafo, 
                        deixo-lhe uma recomendação que já ouvi não me recordo bem onde... 
                        Emigre, vá para a Alemanha e tal como os Alemães fique longe para não 
                        cheirar mal. 
                        O Syriza ou parecidos e as ideologias que defendem 
                        também não são uma solução para ninguém, mas que há um sentimento de revolta e que a mudança é necessária não tenho qualquer duvida. 
                        Na maior parte dos países da Europa, estamos a ser pseudo-governados por incapazes, submissos ou maricas. Afinal a Ângela que vem de Leste, deve estar ressabiada com o comunismo onde viveu, consegue ser o Hitler da finança?
                        Basta...
                        Que caia o Castelo, que acabe o Euro, mas 
                        sobretudo acabemos com o "Reich" da finança e façamos de maneira que a nossa gente reencontre a dignidade que tanto merece.
                          ver mais
                          • Imagem
                            Ao contrário, a Europa se não muda o rumo vai desagregar-se!
                            Porque não foi esta Europa do aumento da pobreza, da miséria, do desemprego, e das desigualdades, como nunca, que os seus criadores pensaram.
                              • Imagem
                                Concordo: “É evidente que uma comunidade só pode sobreviver se cada país tiver um orçamento equilibrado - e não esperar viver à custa das dádivas dos outros» e como diz JMF no Observador: A Grécia que saia do Euro e siga o seu caminho...
                                  • Imagem
                                    Estamos a chegar ao fim dum ciclo histórico. Todos os ciclos iniciaram ou acabaram com uma guerra. 
                                    Está na hora da Dona Merkel invadir a Rússia para por o Putin na linha.
                                      • Imagem
                                        A Grécia tem de sair do Euro e nunca devia ter entrado.
                                        É claro que isso teria consequências mais espetaculares do que toda a austeridade acumulada que tiveram até agora.
                                        A esquerda continua sem perceber a diferença entre a moeda e o seu valor.
                                          • Imagem
                                            pois...que morram os gregos..
                                            ILUDEM-SE os COBARDES..
                                            NÓS por cá, morreremos lentamente, com drogas leves,
                                            sem ambição, 
                                            sem rumo, 
                                            sem sonhos, 
                                            sem objectivo,
                                            sem valor, 
                                            sem ética, 
                                            sem sentido de estado,
                                            sem amor á pátria, 
                                            sem respeito,
                                            sem amor próprio,
                                            sem brio,
                                            sem conhecimento,
                                            sem sabedoria
                                            somos cobardes,
                                            inúteis para umas coisas mas,
                                            chicos espertos para outras
                                            não passamos de um povo amorfo,
                                            que só olha para o seu umbigo, 
                                            de pensamento mesquinho e retrógrado,
                                            passamos a imagem que nos preocupamos com os outros
                                            mas, é tudo mentira
                                            temos uma visão curta
                                            temos medo
                                            temos arrogância
                                            temos prazer na maldade
                                            temos pobreza de espírito
                                            VIVA A GRÉCIA
                                            SOU GREGA
                                              ver mais

                                          Sem comentários: