sábado, 13 de outubro de 2012

União da oposição refletiu no resultado da eleição da Venezuela, diz especialista

 

Marcelo Cardoso | Internacional | 08/10/2012 14h00
Foto: DivulgaçãoA eleição deste domingo foi a mais importante que Hugo Chávez teve desde que assumiu o comando da Venezuela em 1999 e os números falam por si só. Aproximadamente 81% da população foi às urnas exercer o seu direito à democracia, número recorde em um país onde o voto não é obrigatório e seu opositor, Capriles, conseguiu a menor diferença de votos de todas as eleições que o presidente venezuelano já enfrentou.
O SRZD entrou em contato com João Branco, professor de Economia em Relações Internacionais da ESPM-RJ e especialista em Política Internacional, para saber mais sobre essa votação histórica.
O professor João Branco disse que o expressivo número de votos, cerca de 45%, conquistados pelo opositor de Chávez, Henrique Capriles, se deve à união em torno de um único nome por parte da oposição. "Antes a oposição sempre se mostrou muito fragmentada, mas dessa vez eles se reuniram em volta de um único nome: Capriles. A diferença de votos gira em torno de 1 milhão, o que não é tão distante levando em conta que o eleitorado venezuelano é de aproximadamente 19 milhões".
Hugo Chávez vem sofrendo pressões sobre o seu modelo socialista, e isso ficou evidente no número de pessoas que não o queriam mais no poder. Branco relembra que essa política foi muito boa para a população, mas a longo prazo é impossível ficar isolado do resto do mundo.
"Antes de Hugo Chávez, a Venezuela era o país mais desigual da América do Sul. E hoje, segundo a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), é o pais mais igual. É evidente que todo o socialismo que o presidente está promovendo ao longo de seus mandatos tem um lado muito positivo e ajudou em sua popularidade, mas ele não vai viver disso para sempre. Alguns segmentos que antes o apoiavam agora começam a demandar outros interesses. O país está atrasado no que diz respeito ao desenvolvimento econômico e ele vem sofrendo pressão pra modernizar o setor", afirmou.
Em breve, na Venezuela, ocorrerão eleições municipais e mesmo que o partido do atual presidente consiga a maioria dos cargos, o professor acredita que ele terá que ceder para que o país cresça economicamente. "Vamos ver se a oposição vai manter essa união e eleger bastante representantes. Mesmo se o partido de Chávez conseguir a grande maioria de prefeitos e outros cargos, sua política socialista será mais amena. Ele terá que ceder para fazer com que o país cresça economicamente".
Segundo Branco, esse mandato de Chávez terá como principais desafios recolocar a Venezuela no cenário internacional e modernizar alguns setores. "O principal desafio será recolocar a Venezuela em uma agenda de modernização. O capital internacional não vai até o país se ele não tiver regras muito bem definidas. As pessoas podem alegar que o mercado interno está crescendo, que a população tem mais poder de compra, mas ninguém sobrevive muito tempo se isolando do capital estrangeiro", concluiu.
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