segunda-feira, 29 de outubro de 2012

“Só com a unidade da oposição podemos derrotar Marconi”


Deputado e líder petista considera que resultado das eleições municipais é animador, mas alerta: somente com o diálogo e a convergência de diversas forças será possível tomar o poder do PSDB
Fernando Leite/Jornal Opção
Se fosse para definir Rubens Otoni em uma palavra, esta seria “estrategista”. E hoje em dia, mais do que nunca ela se aplica. O deputado federal do PT goiano hoje é uma das três referências estaduais em termos de políticos goianos — as outras são Marconi Perillo (PSDB) e Iris Rezende (PMDB). Eleito com 171.382 mil votos — foi o 2º colocado, atrás apenas da deputada Iris Araújo (PMDB), com 185.934 — e diz com orgulho que não precisou de estrutura nem de dinheiro para alcançar a votação expressiva. Bastou-lhe o contato direto, percorrendo a maior parte dos municípios goianos.
Foi dessa forma, com um trabalho operário, que ele construiu o resultado expressivo de seu partido no Estado. Juntamente com as várias solas de sapato, Otoni gastou também muita energia para buscar algo que se tornou o grande segredo do sucesso: a conciliação entre os aliados. Pelo sucesso do grupo, o PT teve de abrir mão de candidaturas e até retirar algumas pelo Estado. É o que o deputado considera uma lição de maturidade.
Rubens Otoni comemorou o fato de o PT ter mantido as prefeituras de Goiânia e Anápolis, mas ficou especialmente feliz pela sigla ter conquistado o poder em lugares onde não tinha penetração, em cidades pequenas. O número de votos totais dos petistas candidatos a prefeito foi superior em mais de 50% ao quantitativo dos tucanos. Para 2014, não há segredo além do segredo: continuar aglutinando em vez de dispersar forças. Só assim, diz ele, será possível derrotar o governo do Estado.
Euler de França Belém — O PT goiano mostra que vem se fortalecendo cada vez mais, com as reeleições de Paulo Garcia, em Goiânia, e de Antônio Gomide, em Anápolis, e a conquista de prefeituras importantes, como Valparaíso, Ceres e Goiás. O partido cresceu e começa a se espalhar no interior. Qual análise o sr. faz desse quadro? A que se deve isso?
O PT vive um excelente mo­mento também em Goiás e essa eleição demonstra isso. Fomos o partido mais votado no Brasil, com mais de 17 milhões de votos, e em Goiás, pela primeira vez na história, isso aconteceu também aqui, com cerca de 675 mil votos, votação bem superior ao PMDB e ao PSDB, que são tradicionais e sempre estiveram na dianteira nas eleições municipais. Diria que o resultado positivo do PT não é apenas número, mas vale também pela estratégia política. Tivemos um planejamento, coordenado pela direção regional do partido, que indicava ser importante nos fortalecermos no centro político do Estado e, para isso, precisávamos reeleger Paulo Garcia e Antônio Gomide. Essa tarefa foi cumprida já no primeiro turno, o que já é um diferencial. Mais do que isso, fizemos o vice-prefeito de Aparecida, o que dá ao PT uma influência maior no segundo colégio eleitoral do Estado. Tínhamos também o objetivo de avançarmos no Entorno de Brasília, uma região onde o PT sempre teve dificuldades e o PSDB sempre teve controle. Fizemos a prefeita de Valparaíso [Lucimar Nascimento], elegemos o vice [Didi Viana] de Luziânia, ajudamos a eleger Everaldo do Detran (PPL) em Novo Gama e também ajudamos o PMDB a ganhar em Santo Antônio do Descoberto. No final, nas oito principais cidades do Entorno — além das quatro citadas, ainda Águas Lindas, Cidade Ocidental, Planaltina e Formosa —, o PSDB não fez nenhum prefeito. Marconi Perillo, para eleger alguém de seu lado, teve de conseguir isso por outros partidos. Já o PT elegeu uma prefeita, contra o PSDB; fez o vice de Luziânia contra o PSDB; apoiou o candidato vencedor em Novo Gama contra o PSDB, da mesma forma com que foi em Santo Antônio. Tínhamos também a estratégia de avançar na Região Sudoeste, uma região rica, mas de perfil conservador, predominância do agronegócio e onde o PT também tem uma dificuldade histórica de penetrar. Lá, não foi desta vez que conseguimos prefeituras em municípios maiores, mas avançamos na votação: tivemos mais de 25% dos votos em Rio Verde e Santa Helena, quase 30% dos votos em Mineiros e fizemos vários vereadores. Também fizemos o vice-prefeito de Maurilândia, Turvelândia e Portelândia, além do prefeito de Perolândia. Avançamos também no Vale do São Patrício, em Barro Alto, na cidade de Goiás e também na Região Norte, que nos últimos oito anos ficou quase como um feudo do PSDB. Rompemos isso com alianças vitoriosas, como em Uruaçu — onde o PT elegeu três vereadores —, em Niquelândia, elegemos o vice de Mutunópolis, Estrela do Norte e Porangatu — esta em uma aliança importantíssima — e conseguimos a reeleição de nosso prefeito em Trombas, além de apoiarmos o grupo vitorioso em cidades como Campinorte e outras. Parece-me, então, que é inequívoco que o PT sai muito fortalecido e credenciado a dialogar com os partidos da base do governo federal uma alternativa político-administrativa concreta para o Estado de Goiás.
Márcia Abreu — O PT começa a lutar também no cenário nacional para tirar a hegemonia que o PMDB tem nos Estados?
Eu diria que o PT está muito empenhado em fazer com que esse projeto nacional coordenado pela presidenta Dilma e pelo presidente Lula, um projeto vitorioso em nível nacional, também aconteça nos Estados e nos municípios. Para isso, temos trabalhado uma ampla aliança com o PMDB, mas também com outros partidos que apoiam o governo federal, como é o caso de PSB, PDT e PSC, por exemplo. Temos gestado uma aliança com todos esses, não há nenhuma disputa, pelo contrário, estamos nos unindo a eles para fazermos o enfrentamento com aqueles que combatem o nosso projeto nacional, que são o PSDB e o DEM. Esta eleição demonstrou que estamos no caminho certo. Diria até que ela foi um laboratório político na questão das alianças, que apontou que temos caminhado no rumo certo. A base do governo federal teve um resultado expressivo graças à nossa forma de fazer alianças, em que aqueles que estão mais fracos apoiam o que está mais forte. Visitei 121 municípios em 90 dias nesta eleição. Subi mais em palanques de candidatos que não era do PT. Subi em palanques de PMDB, PSB, PDT, PSC, PTB e até do PSD. Isso, aliás, é um detalhe importante: na hora de fazer o balanço eleitoral, cada um faz a conta que lhe convém. Por exemplo, na conta do governo estadual, eles pegam todos os prefeitos do PTB, do PP e do PSD e jogam para si, como se fossem da base, o que não é o real. Em Luziânia, o prefeito eleito é do PSD (Cristóvão Tormin), que ganhou a eleição com um vice do PT e vencendo o candidato do PSDB. Em Jaraguá, o prefeito é do PTB, mas foi eleito com apoio do PT e derrotando o nome do PSDB. Aqui em Goianira o prefeito é do PP, está na conta do governo estadual. Mas foi eleito com um vice do PT e enfrentando um candidato do PSDB. Por isso é que digo que a grande novidade, de nosso lado, foi essa capacidade para fazer aliança e enfrentar aqueles que são oposição ao nosso projeto, especialmente o PSDB, o DEM e o PPS.
Elder Dias — O balanço é bom, mas o que poderia ser melhor para o PT e não foi?
O resultado é positivo, mas, obviamente, se depende somente de nós gostaríamos de ter um resultado ainda melhor. Por exemplo, seria bom ter ganhado prefeituras importantes na Região Sudoeste, como Rio Verde, Santa Helena ou Mineiros. Ainda estamos em um processo de amadurecimento das alianças e em alguns lugares não conseguimos ainda fechar esse processo da melhor forma, o que poderia ter nos dado resultados ainda mais expressivos. Mas eu posso dizer: com todas essas dificuldades, erros e limitações e todos os objetivos não alcançados, nós, do PT, não podemos reclamar do resultado das eleições em Goiás, que nos credencia a estabelecer um diálogo de igual para igual com qualquer agremiação partidária.
Elder Dias — O PT alcançou a maior quantidade de votos em candidaturas majoritárias nestas eleições em Goiás especialmente por causa do desempenho em Goiânia e Anápolis. Mas houve avanços também em outros centros urbanos menores. O PT está conseguindo se tornando um partido das pequenas cidades? E, outra questão importante, mais do que isso, a ideologia do PT está acompanhando isso ou está se adequando às políticas locais?
Antigamente diziam que o PT era um partido que não tinha futuro, não iria se organizar. Depois, quando começamos a ocupar espaços, falaram que éramos um partido das capitais e das cidades grandes e não conseguiríamos chegar aos pequenos municípios. Agora mostramos as duas coisas: a capacidade de fazer política nos grandes centros, com um projeto nacional e não projetos pontuais; e também estamos com essa aptidão para fazer chegar nosso diálogo nos pequenos municípios, na linguagem em que é entendida neles. Não diria que é uma mudança de ideologia, mas, sim, ter a capacidade de fazer o diálogo naquele nível. Fiz mais campanha nos municípios do que nos grandes centros e meu maior orgulho é poder ver nossa reeleição em Nova Aurora, um prefeito eleito em Goiandira, em Teresina de Goiás, em Caldazinha, em Itauçu, termos sido reeleitos em Trombas. São municípios que são pequenos, mas que têm uma importância simbólica muito forte, por expressar nosso avanço para um setor da sociedade com o qual tínhamos antes certa dificuldade em dialogar. Um fato interessante foi quando eu recebi a visita de nosso prefeito eleito em Goiandira, professor Erick Marcus, um rapaz novo que ganhou a eleição de forma retumbante. Ele queria que eu abrisse as portas para ele conhecer a experiência da administração de Anápolis. Eu disse “com o maior prazer, mas não se esqueça de ir também a Davinópolis”. Lá nosso prefeito [Darci Rosa de Jesus] não foi reeleito, mas deixa uma experiência de administração exemplar e que, pelo porte da cidade, talvez tenha mais a ver com a realidade de Goiandira do que Anápolis. Enfim, é um motivo de orgulho ver que hoje transitamos em dois perfis totalmente diferentes de cidades.
Frederico Vitor — Um dos aliados do PT nessas eleições foi o PSB. Em Pernambuco, terra do nome maior do partido, o governador Eduardo Campos, o PT foi derrotado no primeiro turno no Recife, vencido pelo candidato do PSB, que está no segundo turno em Fortaleza e em Cuiabá também. Fala-se nos bastidores que o PSB estaria conversando com o PSDB. Isso existe ou não?
O PSB é um grande aliado. Sempre me perguntam se eu não me preocupo por ter perdido para eles em tal lugar e eu digo sempre o seguinte: perder para o PSB não é problema, porque é nosso aliado nacional. Mesmo que em algum lugar haja problema — e há, porque não dá para unir todos no mesmo projeto em todos os lugares — isso não é preocupante. Aqui em Goiás, eu fiz questão de ir à reunião do PSB depois do processo eleitoral. Isso mesmo eles tendo um nome como pré-candidato a governador [Júnior Friboi], isso não é problema, questão de nome vamos discutir na hora certa, que para mim é no início de 2014. O que importa é que, no projeto nacional, sairíamos fragilizados, que seria a derrocada do PT. Diziam que Lula sairia fragilizado por conta do julgamento do mensalão no STF, que o nosso candidato em São Paulo [Fernando Haddad] teria sido uma escolha mal avaliada e que ele não iria nem para o segundo turno etc. O que vemos, na realidade, é totalmente diferente, o PT está disputando seis prefeituras de capitais no segundo turno e já elegeu Paulo Garcia. Dessas seis, creio que vamos ganhar em quatro, pelo menos, dentre estas São Paulo, que por si só já valeria a pena. É uma situação privilegiada. Não vejo o PSB como adversário onde o partido for vitorioso, pelo contrário, vemos isso como a vitória de um aliado.
Euler de França Belém — Essa pergunta, na verdade, abrange outro aspecto: não há possibilidade de Eduardo Campos sair candidato à Presidência?
De maneira alguma. Chance zero, zero (enfático). Na verdade, o partido já disse isso, com todas as linhas, mas também entendo a estratégia deles, correta, de fortalecer o partido. Deixar a dúvida no ar faz bem para a legenda ser divulgada e se cacifar. Eduardo Campos é aliado nosso para a eleição de 2014, já disse isso, mas, na disputa municipal, o PSB tem seus interesses. Fico feliz por ver, nos resultados eleitorais, o PSB crescer no número de prefeituras. Minha preocupação são nossos adversários, como o PSDB, o PPS e o DEM. Estes, de 2004 para cá, perderam mais de mil prefeituras no Brasil. O PSB, ao contrário, cresceu expressivamente, o que é muito importante para nós. É um aliado nosso, como o PSC, o PDT e o PMDB.
Euler de França Belém — Quais são os próximos desafios do PT em Goiás, nos campos político e administrativo?
Avalio que temos de continuar nesse caminho que trilhamos de 2003 até hoje e que mudou totalmente o perfil do PT em Goiás. Nossa política não é de discurso, que por si só, mesmo de oposição, não modifica a realidade do Estado. Às vezes cria um prazer na militância. Mas o que muda o perfil do Estado é ir para a base e forjar lideranças nas regiões, para obter apoio no futuro. Minha grande satisfação é andar por Goiás e ver brotar lideranças em todos os cantos do Estado, ver uma Selma na cidade de Goiás, uma professor Lucimar em Val­paraíso, uma Inês como prefeita eleita de Ceres, eu que tive o prazer de acompanhar a filiação dela no partido. O mesmo podemos dizer de Antônio Roberto Gomide em A­nápolis e Paulo Garcia em Go­iânia. São lideranças novas, porque cinco anos atrás ninguém neles. Agora, vão falar, além deles, também desses outros prefeitos e prefeitas. Todos estão cumprindo um papel importantíssimo para o PT em Goiás. Meu trabalho político será dar suporte a essas lideranças, garantindo recursos para que possam se desenvolver, floresçam, mostrem serviço. O apoio para o PT vem disso. Andei o Estado todo e mes­mo no palanque dos partidos aliados Anápolis e Goiânia eram sempre referência de como administrar bem. É o caminho que temos de trabalhar administrativamente, mas também é algo político, porque falamos de formação de lideranças. Às vezes até saio de cena para que outras lideranças venham a ocupar o espaço. Este é o segredo: em vez de centralizarmos e sermos personalistas, estamos fazendo desabrochar novos líderes. E eu não perco nada com isso. O exemplo de Anápolis mostra isso: deixei o espaço para o prefeito Gomide e depois tive 90 mil votos só em Anápolis na última eleição. Muitos têm dificuldade de ter essa votação no Estado e eu tive em uma só cidade. Portanto, isso não me prejudica, só me fortalece. É o caso também do crescimento do nome de Paulo Garcia.
Márcia Abreu — Isso tudo ajuda o PT na disputa para 2014...
Euler de França Abreu — O PT poderá ter de novo candidato a governador ou será vice do PMDB?
Poderá ter o candidato ou ir para a vice. Não é demérito algum ser vice de alguém. Mas o que precisamos em 2014 é outra coisa. O dilema é: vamos construir ou não uma candidatura para ganhar a eleição? Estou convencido de que não dá para sair sozinho. O PT não ganha eleição sozinho, nem o PMDB, nem o PSB. Poderíamos ter ganhado a eleição passada para o governo, perdemos só por 3%. Mas não unimos toda a oposição, que era o meu sonho. Para poder unificar, precisamos achar esse nome, independentemente do partido. Agora, o PT tem nome? Tem, isso tem. E quando o PT coloca seus nomes, não é prepotência nem imposição, queremos oferecer nomes para ajudar essa aliança a ganhar em 2014. O PT saiu da eleição de 2010 com uma referência, que era meu nome, o que foi bom para o partido ocupar espaço no debate político do interior do Estado. Não ficamos “órfãos”. Meu nome foi como uma âncora para o lançamento das candidaturas a prefeito e a vereador no Estado, como referência para 2014, o que se mostrou forte nos palanques. Mas o PT se saiu muito melhor do que entrou nessa campanha: tinha meu nome e agora tem o dos prefeitos Antônio Gomide e Paulo Garcia, que têm experiência administrativa já comprovada e tiveram resultados expressivos. Isso me permite até sair de cena, dentro dessa visão de formação de lideranças. Serei o primeiro a apoiar nomes em melhores condições.
Elder Dias — O sr. está retirando sua pré-candidatura ao governo?
Não, meu nome estará sempre à disposição do PT. Mas eu nunca tive um projeto pessoal, não tenho isso como sonho. Sempre me coloquei pelo que fosse melhor para o partido. Em um determinado mo­mento, o melhor nome para o PT era o meu. Hoje, não, hoje há ou­tros, até em condição melhor do que a minha. Tenho a humildade de observar isso e dar total apoio a eles e cuidar de outro papel, que é o da articulação política. Dessa forma, quem sabe eu tenha até maior facilidade de influenciar, por estar fora da disputa.
Euler de França Belém — Essa espécie de retirada de seu nome tem a ver com aquela gravação de vídeo em que o sr. conversa com Carlinhos Cachoeira?
De forma alguma. Pelo contrário, se for para a discussão com o meu nome, numa eventual candidatura ao governo, exercerei isso com muita honra. Vou dizer mais: se isso ocorrer, quero andar o Estado todo para debater políticas públicas e uma alternativa para o Estado, aquilo que vejo como rumo certo. É esse debate que eu gostaria de fazer. Agora, se a oposição quiser fazer esse debate a que você se referiu, que é um debate menor e rasteiro, eu não teria nenhuma dificuldade em enfrentá-lo. É um debate que topo fazer com o governo do Estado, porque este, sim, tem comprometimento com Ca­choeira. Eu, não. (enfático)
Euler de França Belém — O sr. não tem nenhuma relação com Cachoeira?
Nenhuma (enfático). Aquele vídeo é de 2004 e desde então eu nunca tive qualquer diálogo com esse sujeito. Se esse debate viesse em uma campanha, eu o faria com a maior tranquilidade, pelo contrário, para mim seria até bom que ele surgisse.
Euler de França Belém — Para 2014 estão despontando um candidato da base aliada ao governo, um candidato da aliança do grupo com PT e PMDB e uma terceira via com Ronaldo Caiado (DEM), Vanderlan Car­doso (sem partido) e Júnior Friboi (PSB). O sr. acha que há uma chance de esse grupo vir a compor com vocês?
Sei que é uma leitura que você faz, mas o PSB, aqui em Goiás, tem dialogado muito mais com o PMDB e o PT. Essa terceira via, portanto, seria somente entre Caiado e Vanderlan. De qualquer forma, trabalho para que haja uma unidade da oposição. Van­derlan é uma liderança pela qual tenho o maior respeito e com quem tenho mantido diálogo e interlocução. Tenho visto, no diálogo e nas manifestações dele, seu interesse em estarmos juntos para 2014. É bem verdade que em 2012, por questões municipais, tivemos algumas dificuldades e um problema pontual em Go­iânia. Mas em todo o Estado, fizemos composição com Vanderlan e seu grupo. Estou muito otimista para que, em 2014, estejamos no mesmo projeto.
Euler de França Belém — O PMDB diz que seu candidato é Iris Rezende. Se Iris não for candidato, eles não têm um nome emblemático. O PT tem o sr., que é um dos três políticos estaduais que temos em Goiás, com Iris e Marconi. Sua história é positiva e o sr. tem uma vida espartana, diferenciada de muitos políticos. Além do sr., há Paulo e Gomide. Assim, se não for Iris, o PT não tende a lançar o candidato?
Mesmo que o nome de Iris esteja à disposição, o PT hoje tem legitimidade para colocar nomes à mesa, sem arrogância. Nenhum partido tem direito de dizer “tem de ser do meu jeito”. Em 2013 teremos a oportunidade de fazer a maturação desse processo, em cada partido. Não vamos brigar entre nós.
“Em vez de ficar na verbalização, trabalhamos para ocupar espaço”
Márcia Abreu — Haverá alguma dificuldade de o PMDB ficar com uma vice?
Se perguntar para todos, todos têm dificuldade hoje de abrir mão e vão preferir a candidatura à cabeça de chapa. Mas temos de pensar em uma chapa majoritária como um todo. Essa chapa tem um candidato a governador, outro a vice e um terceiro a senador. Temos de ter habilidade para contemplar a participação de todos. Isso vai depender da força política que cada um terá em 2014. É como uma convocação para a Copa do Mundo. Não adianta o jogador estar bem hoje e estar machucado às vésperas da competição. Até lá, todo mundo tem de treinar, mostrar serviço. É o que PT, PMDB, PSB e os demais farão.
Elder Dias — Mas, mesmo hoje, é inconcebível imaginar Neymar fora da Copa...
(risos) Mas, se ele se machucar, terá de ficar fora. Na política é assim também.
Elder Dias — Então vou propor uma chapa, hoje, ao sr. Iris Rezende como candidato ao governo — o PMDB dificilmente abriria mão de ser cabeça de chapa —; Antônio Gomide, como seu vice — seria a primeira vez que o PT entraria como vice e há também o fator idade de Iris. Essa chapa não seria ideal para “arrebentar” na eleição, até porque Anápolis é uma cidade em que o PSDB sempre tem boa votação ao governo?
Sinceramente, eu não teria dificuldade alguma de apoiar um candidato ao governo, fosse de que partido fosse, desde que esse candidato represente a unidade dos partidos. Se representar um racha, é sinal de que esse nome ou esses nomes não seja o ideal, mesmo que sejam nomes expressivos, valorosos. Es­tou convencido de que o mais importante é trabalharmos a unidade entre todas as lideranças e partidos que estão no bloco do governo federal e trabalham na oposição ao governo estadual. Obviamente, vou sempre preferir um nome do PT, mas, em prol da unidade, podemos até abrir mão, desde que haja o nome de outro partido que cumpra esse papel.
Elder Dias — O encaixe dessas forças que seriam da terceira via, como Vanderlan Cardoso e Júnior Friboi, não seria complicado? Parecem candidaturas mais personalistas. Não seria difícil agregá-las em um prazo de menos de dois anos?
Não podemos menosprezá-las. Em 2010 faltou essa unidade. O PT abriu mão para apoiar o PMDB e esteve junto, mesmo com meu nome colocado como candidato ao governo. Nós decidimos apoiar o PMDB mesmo com Paulo e Go­mide nas prefeituras. Mesmo assim, não ganhamos. Em uma chapa que tinha governador, vice e duas vagas ao Senado, o PMDB lançou três nomes. Se tivesse disponibilizado uma das vagas ao Senado a outro aliado, talvez tivéssemos trazido para nossa candidatura o apoio de alguém que foi apoiar Vanderlan Cardoso. Não podemos achar que PT e PMDB resolvem o problema sozinhos. Temos de valorizar os demais partidos que são da base do governo federal e que são oposição no Estado. É o que eu falei a respeito do treino: temos de ir “treinando”. O ano de 2012 já foi um laboratório político, um treinamento para nós. Vou citar dois exemplos. Em Uruaçu, PMDB, PT e PSB tinham pré-candidato a prefeito. Íamos perder a eleição para o candidato do governo do Estado. Eu fui lá e o PT se dispôs a retirar o candidato, mas desde que o PMDB deixasse a vice para nosso partido. Só que, na hora de indicar o vice, o PSB também não abria a mão. Ia dividir de novo e iríamos perder a eleição. O PT então retirou até a pretensão de ter o vice em prol do PSB e de eleger o prefeito. E elegemos. Você pode me questionar que o PT saiu prejudicado. Não, porque fizemos três vereadores. Outro exemplo é em Santa Terezinha de Goiás. Fizemos um grande esforço para que PT e PMDB se unissem para enfrentar o DEM, com prefeito candidato à reeleição. Não teve jeito, ambos lançaram candidato. No meio da campanha, o PT avaliou que iria perder e que quem ganharia seria o DEM. O que o PT avaliou? Que era melhor retirar a candidatura e apoiar o nome do PMDB, mesmo sem ter a vice. Apoiamos e ganhamos a eleição. Portanto, esse laboratório de 2012 deve servir para que a gente tenha essa noção em 2014, para que pensemos no projeto como um todo.
Márcia Abreu — O sr. acha possível que o PT ou o PMDB abram mão de uma cabeça de chapa para um outro partido, como o PSB de Júnior Friboi?
Temos de ter humildade e valorizar todas as lideranças. Esse é o caminho. Aí, é colocar os nomes na mesa com naturalidade. Na discussão, os nomes vão se apresentar da forma mais conveniente. Aprendi durante os anos que não podemos impor, que precisamos ter flexibilidade, capacidade de diálogo. Vou dar outro exemplo, sobre o PSD. Sabemos que é uma sigla da base do governo estadual, mas que tem diálogo com o governo federal também. Quero aqui destacar o papel do deputado federal Vilmar Rocha, presidente do PSD em Goiás e principal secretário [Casa Civil] de Marconi Perillo, que sempre nos respeitou e com quem sempre tive um diálogo de alto nível, sempre de maneira madura. O PSD sabe de nossa proposta para o Estado, sabemos que eles estão na base da situação, mas percebemos que havia uma possibilidade de trabalho conjunto em vários municípios. Em 2014, temos essa sensibilidade também e, quem sabe, atrair para essa mesa de discussão alguns partidos que estão no governo do Estado, mas também estão em nossa base no Planalto. Quem sabe algum até não descola de lá e vem discutir conosco? Se isso acontecer, temos de respeitá-los e dar oportunidade para que eles se expressem. Não dá para ser intransigente nesse sentido.
Márcia Abreu — O sr. é um político do PT que tem uma relação estreita com políticos de outras siglas e agindo no interior. Paulo Garcia e Antônio Gomide estão fortes. É essa a diferença do PT?
Exatamente. Em vez de ficar só na verbalização, na oposição de discurso, falando contra ou a favor, estamos trabalhando para ocupar espaço. Estamos agindo discretamente, mas esse trabalho está dando resultado. Às vezes a sociedade não percebe os resultados, o adversário também não percebe, somente quando aparecerem os resultados. Isso é bom. Será que não era a hora de pensar em um nome estadual? Foi isso que o PT fez em 2010. Trabalhou o meu nome no Estado e abriu uma capilaridade em todo o Estado. Mas não adiantava fazer isso e perder Anápolis e Goiânia. Isso inviabilizaria nosso projeto. Mas conseguimos manter nossos prefeitos com tanta força que nossos nomes nessas cidades acabaram entrando no jogo. Cabe ao PT, agora, fazer com que os nomes desses que entraram agora no jogo se tornem nomes estaduais também. Vou dar total apoio a isso. É melhor o PT ter três nomes estaduais do que um só.
Márcia Abreu — Nos Entornos de Goiânia e Brasília, os tucanos só ganharam em Trindade, entre os municípios de destaque. Como o sr. avalia o PSDB como adversário hoje?
Primeiro é preciso repetir: o PT avançou muito. Ter mais votos nas eleições municipais do que o partido do governador é algo muito importante. Tivemos 675 mil votos e o PSDB não chegou a 400 mil, uma diferença muito grande. Isso mostra que avançamos. Só que minha avaliação é de que nunca podemos menosprezar adversários. Trabalho sempre com muito respeito a todos, porque o caminho mais curto para perder uma eleição é achar que ela está ganha. Esse resultado do PT, com esse crescimento, não me inebria, de forma alguma. Mas me dá ânimo, porque mostra que estamos no caminho correto. O PSDB é o partido do governador e se articula com outros também, de forma que não há espaço para menosprezo. Não podemos achar que o adversário está fragilizado e, então, podemos sair sozinhos, ou somente com alguns partidos, desprezando os demais. Não podemos crescer o olho. Temos de manter a unidade ao máximo possível.
Frederico Vitor — O PMDB ficou 16 anos no poder. Começou a era Marconi, cuja influência se estenderá por 16 anos até 2014. O sr. acha que esse ciclo PSDB/Marconi está em derrocada, há um desgaste?
Essas coisas não são automáticas. Isso depende das situações políticas. Em minha avaliação, o ciclo de Marconi poderia ter terminado em 2006. Naquele ano, não ganhamos a eleição porque o PMDB achou que não precisava do PT e não nos deu a vice. Foram para a eleição com a chapa majoritária todinha do PMDB. Digo mais: se houvesse humildade e uma leitura diferente, Marconi Perillo não teria ganhado nem em 1998. Em 2010 faltou pouco, perdemos por 3%, menos de 200 mil votos, em uma eleição em que deixaram de votar mais de 1 milhão de pessoas no segundo turno. Faltou unidade, um algo a mais. Então, esse ciclo era algo que já poderia ter acabado. Só que corre o risco, de novo, de não acabar em 2014. Tudo depende da postura da oposição. Se esta tiver sabedoria para construir um projeto político-administrativo para o Estado, com soluções concretas para os desafios que temos em Goiás, e que isso se expresse na unidade de uma chapa majoritária. Portanto, tudo depende da postura que tivermos.
Elder Dias — Em Goiânia, já está posto também o cenário para 2016, as peças do xadrez já estão colocadas. Se o PMDB sair para uma candidatura majoritária em 2014 e ganhar o governo, a tendência seria o PT pedir a vaga majoritária novamente na capital, para a sucessão de Paulo Garcia, até para um equilíbrio de forças. O sr. acha que pode haver aí um risco de racha dessa aliança, então?
Uma aliança como essa é sempre desafiadora. Tanto Antônio Gomide quanto Paulo Garcia deram demonstração de habilidade e paciência para organizar suas alianças de forma ampla. Só que temos de cuidar disso sempre, no dia a dia. Quando chegamos perto de uma eleição, isso aflora ainda mais. Mas eu diria que a receita será a mesma, porque essa estratégia tem se mostrado correta. Quando saímos de 2010, claro que já se falava em 2014, mas quando me perguntavam sobre isso eu falava, aonde eu ia: “A melhor maneira de preparar 2014 é fazer a lição de casa em 2012.” Eu responderia agora a mesma coisa em relação a 2016. É preciso antes fazer a lição de casa em 2014. E essa lição é manter a unidade. Uma possibilidade que não foi aventada ainda aqui: e se Paulo Garcia sair candidato ao governo do Estado? O PMDB ganharia a Prefeitura e isso facilitaria essa dinâmica. Não estou dizendo que esse será o cenário, mas apenas dizendo que há situações que nem estamos pensando e podem vir a ocorrer como viáveis. Precisamos é ter paciência e construir a confiança entre os aliados, para que ninguém se sinta usado ou menosprezado.
Frederico Vitor — Como o sr. vê essa questão, frequentemente colocada, de que o PT de Goiás não tem representatividade no governo federal?
Temos quebrado alguns paradigmas e acho que temos contribuído para uma nova visão da política. Um deles é o de que campanha não se ganha apenas com estrutura, barulho, dinheiro, comício, carro de som etc. O que define uma vitória é o contato direto, o olho no olho. Fiz uma campanha para deputado federal em 2010 sem ter um carro de som, sem um comício sequer. Fiz campanha comigo mesmo distribuindo panfletos nos lugares. Isso quem tem que fazer, pedir voto, é o candidato. Isso é algo que fizemos para quebrar esse paradigma. Outro paradigma é que espaço político não se ocupa necessariamente com cargos. Dizem que o PT de Goiás estaria mal representado em Brasília por causa da baixa participação em cargos. Mas estamos acabando com esse paradigma. O que dá garantia da ocupação do espaço político é a capacidade de fazer as políticas públicas acontecerem, pouco importa se a pessoa que está lá no governo federal é indicada por mim ou não. Isso atende muito mais ao meu ego e, no fundo, pode é trazer problema para mim, porque foi minha indicação. O que é preciso é que quem esteja lá me atenda. E isso a gente tem conseguido. Não tenho ne­nhum cargo no governo federal e nem estou reivindicando, porque, para mim, isso não é fundamental. Isso não é demonstração de fraqueza. Sou deputado federal, no terceiro mandato. Julgo que isso é uma força razoável. Só que eu, em Goiás, em 32 anos de política, nunca tive um cargo no governo do Estado. Então, força política não é necessariamente medida por cargos que você tem.
Elder Dias — Não dá para não falar no caso do mensalão. É um julgamento único, embora não possamos ser hipócritas a ponto de achar que isso não aconteça Brasil afora em Câmaras Mu­nicipais e As­sembleias. O sr. considera, pelo que está acontecendo no julgamento do STF, que o PT está sendo injustiçado?
É preciso esperar o julgamento definitivo para podermos analisar melhor tudo isso. Mas é fato que tentaram explorar esse caso para influenciar no resultado das eleições. Só que o STF está fazendo um julgamento jurídico. O que a oposição pensou e sonhou este ano? Em transformar esse julgamento jurídico em um julgamento político que viesse a desgastar e derrotar o PT. Foi isso que pensaram, mas isso não aconteceu. Por quê? Porque o julgamento político já foi feito, em 2006. Aquele ano, nas urnas, foi o julgamento do povo, que deu novo mandato ao presidente Lula. Se o povo tivesse condenado o PT não teria dado a reeleição a Lula. O caso, politicamente, já foi julgado em 2006, em 2008, em 2010. O recado das urnas este ano foi de que o povo estava preocupado, isso sim, com seu próprio município. Foi por isso que votaram em Paulo e em Gomide porque estão satisfeitos com seu trabalho pelas cidades que administram. Se votou em algum lugar contra o prefeito, foi porque não estavam satisfeitos com a gestão.
Elder Dias — E em São Paulo, vão votar contra José Serra porque estão insatisfeitos com o PSDB, o sr. considera assim? O que parece é que o eleitor paulistano está descrente, não quer nem votar, que vai ganhar o menos pior.
Mas pensando assim, se o voto de protesto era em Celso Rus­somanno (PRB), quer dizer que o povo desistiu do voto de protesto. A tendência é que esse sentimento aconteça cada vez mais. Vai chegar o momento em que naturalmente o voto vai deixar de ser obrigatório. Em São Paulo, o que houve foi que o PT, diferentemente do que foi analisado no primeiro semestre, adotou a estratégia certa, coordenada pelo ex-presidente Lula, e apresentou um nome novo. O PSDB, por sua vez, apostou na tática errada, apresentando uma liderança antiga. Quando o PT apresentou Haddad, este não era um nome desconhecido, porque já tinha sido ministro da Educação, mas por ser novo e não ter disputado nenhuma eleição, dava-se a impressão de que ele não teria força eleitoral. Foi o mesmo que ocorreu quando lançaram o nome da presidenta Dilma Rousseff, aquela crítica do “poste”. É por isso que Lula disse, em tom de ironia, mas verdadeiro, que, enquanto a oposição diz que ele estaria indicando “postes”, “de poste em poste, o Brasil está ficando iluminado”. Lá, o PT está optando pela renovação de lideranças, como a gente fez aqui em Goiás, ainda em 2008, com Antônio Gomide em Anápolis, reeleito com 89% dos votos e a melhor administração da história da cidade.
Elder Dias — E hoje, Dilma ainda é um “poste”?
Não tenho dúvida de que a­queles que depreciavam o nome de Dilma antes da eleição de 2010, se pegarem as reportagens da época e observarem o que falaram na época sobre a presidenta, devem ficar constrangidos, com vergonha, no mínimo com o sorriso amarelo. Com suas características próprias, Dilma Rousseff é uma grande revelação da política brasileira. Ela foi o perfil ideal para dar sequência ao mandato do presidente Lula. É por isso que tudo está se encaixando tão bem. Hoje, depois de dois anos de governo, aquela Dilma que falaram que não teria condições de governar, que seria teleguiada, que não teria cacife, está se mostrando totalmente diferente do que imaginavam. Ela tem pulso firma, capacidade, opinião própria e, por isso, tem tido índices de aprovação até superiores a Lula. Isso é motivo de muito orgulho para o PT e não tenho dúvida nenhuma de que ela será nossa candidata em 2014.
Euler de França Belém — E qual será o papel de Lula a partir de agora?
Estratégia política é bem feita quando o adversário não a percebe. Lula está cumprindo um papel importantíssimo para o partido, que é o de arejar o PT, fazer surgir novas lideranças e trazer outras. Além de Haddad, ele também bancou o “poste” Marcio Pochmann em Cam­pinas (SP), presidente do Ipea [Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas], que está em primeiro lugar e deve vencer lá, depois de começar com 2%, como Haddad. Isso é mérito de Lula.
Euler de França Belém — O segundo mandato é sempre mais desafiador. Gomide fez uma administração eficiente e criativa, mas qual é o desafio dele em Anápolis agora?
É verdade, o segundo mandato corre o risco de ser uma decepção. Mas nosso alento, e mais do que isso, nossa certeza, é de que faremos em Anápolis o que o presidente Lula fez no Brasil, em seu segundo mandado. Em quatro anos, acertamos os rumos de Anápolis, fizemos o diagnóstico do potencial e das debilidades do município. O prefeito Gomide fez isso muito bem e agora estamos cumprindo o planejamento estratégico. Temos muitos desafios na área de infraestrutura. Nosso potencial logístico é fantástico em nível nacional, mas manter esse posicionamento privilegiado exige atenção permanente para não ficar defasado nas necessidades de mercado que se colocam. Temos de estar atentos e o prefeito está trabalhando muito com relação aos diversos modais — ferroviário, rodoviário, aéreo —, na questão do saneamento etc. Mas ao mesmo tempo ele tem sinalizado com algo semelhante ao que Lula fez: além de resgatar Anápolis ao lugar que lhe é devido, ele conseguiu fazer um diálogo com a população simples. Não basta aumentar a renda, a cidade precisa saber distribuí-la também. Lula fez isso em nível nacional e Gomide está repetindo isso em Anápolis.
Euler de França Belém — A questão da água é um grande desafio em Anápolis. Como o prefeito está lidando com isso?
É uma prioridade que Gomide atacou desde o primeiro dia e já resolveu a maior parte do problema. Hoje, eu digo que o que falta é menos de 5% do necessário. Mas já há um projeto do governo federal para, além dos 100% de água tratada — algo que já estamos alcançando —, também 100% de esgoto tratado. Se queremos atrair investimentos, é preciso dar infraestrutura, como eu já disse. Nesse sentido, saneamento é fundamental.
Euler de França Belém — A saúde é algo que também pode ser tido como calcanhar de Aquiles. Como se está tentando resolver esse problema?
Nossa administração em Anápolis é de sucesso. Só o resultado eleitoral já mostra isso. Mas não quer dizer que a gestão atendeu a todas as expectativas. Há muita coisa que não é como gostaríamos que fosse. E digo mais: não é só na área de saúde. Mas nesse setor já vamos avançar, inaugurando uma UPA [unidade de pronto-atendimento], na Vila Esperança, região estratégica da cidade, o que já ajuda bastante. Também temos postos de saúde a ser construídos e reformados. Mas temos a humildade de reconhecer que há ainda muito a fazer. Fizemos o compromisso, na eleição passada, de construirmos 5 mil casas populares em Anápolis. Historicamente, em 30 anos, não tinham construído mil. Falaram que era demagogia, irresponsabilidade, algo para iludir. Mas fizemos 8 mil moradias. Se contarmos todos os programas, chegamos a 10 mil. Mesmo assim, ainda falta, precisamos fazer mais. Na área da educação, a mesma coisa. Então, o fundamental é continuar com aquilo que Gomide sempre teve: humildade e muita dedicação ao trabalho, conhecendo cada palmo da cidade. É uma pessoa trabalhadora, que se dedica mesmo ao que faz.
Euler de França Belém — Como ficou a questão da expansão do Daia [Distrito Agroindustrial de Anápolis]?
Essa expansão do Daia já é cobrada há muitos anos pela população e já tinha sido prometida para o segundo mandato de Marconi Perillo. Passou pelo governo Alcides Rodrigues e chegou até o novo governo de Marconi. Esperamos que o Estado tenha a sensibilidade devida e cumpra o compromisso.

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