quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Polícia diz estar indignada mas promete surpresas nos próximos dias

 

- “Há provas de que Bakir está envolvido nos sequestros. Fizemos uma investigação muito profunda durante vários meses para chegarmos a esta conclusão” - Pedro Cossa, porta-voz do Comando Geral da Polícia
- “Estamos indignados com a decisão da juíza...mas a investigação continua. Em breve vão conhecer figuras de renome que vos vão surpreender” - prometeu o porta-voz
Numa reacção já esperada, o Comando Geral da Polícia mostrou-se, verdadeiramente indignada com a soltura mediante termo de identidade e residência, de Bakir Ayoob, jovem empresário indiciado pela polícia de ser um dos autores morais da saga de raptos, sequestros e assassinatos de figuras empresariais do sector de troca de moeda no país. As autoridades policiais moçambicanas dizem não compreender as razões evocadas pela juíza de instrução criminal para justificar a soltura de Bakir, na medida em que, segundo a polícia, todas as provas indiciárias contra o jovem empresário foram anexadas ao processo.
Pedro Cossa, porta-voz do Comando Geral da Polícia não aceitou dizer de forma objectiva o tipo de provas e o seu alcance para o processo incriminatório contra Bakir Ayoob, mas assegurou que um aturado e longo trabalho de investigação foi desenvolvido até a decisão de mandar prender o empresário.
“Há provas de que Bakir está envolvido nos sequestros. Fizemos uma investigação muito profunda durante vários meses para chegarmos a esta conclusão. Além disso, contamos com a colaboração de outros detidos que temos em relação ao mesmo assunto. Claramente, estes apontaram o empresário como parte integrante neste crime”, disse Cossa, repudiando e mostrando aversão total das autoridades policiais em relação as decisões do judiciário.
A juíza de instrução criminal, Helena Mateus Kida justificou a decisão da restituição da liberdade provisória do indiciado por alegadamente as autoridades policiais não terem sabido sustentar com factos que indiciem e mostrem efectivamente que Bakir Ayoob cometeu os crimes referidos.
Bakir Ayoob foi restituído a liberdade na manhã desta segunda-feira, depois de ter sido detido na manhã de 21 de Setembro passado.
Mostrando a sua discordância, Cossa continuou dizendo que “estamos surpreendidos com a forma como a juíza tratou este caso mas o tribunal terá tido a sualeitura. Nós respeitamos a avaliação, mas a nossa posição como polícia é que foram reunidos vários elementos para que fosse detido o suspeito” – apontou para depois anotar que “a detenção do Bakir não foi um lapso. Não o vimos a passar pela rua e pensarmos que está ligado aos sequestros. Eu posso vos assegurar que a detenção foi decidida depois de um trabalho de investigação que durou meses”.
Surpresas
Entretanto, porque não se pode chorar pelo leite derramado, a polícia diz que de cabeça erguida vai continuar a trabalhar no sentido de assegurar que os responsáveis pela onda deste sub tipo de crime sejam responsabilizados e punidos de forma exemplar.
Aliás, assegurou Cossa, nos próximos tempos, o país poderá surpreender-se com as figuras a serem apresentadas como fazendo igualmente parte das redes de raptos e sequestros que tem estado a acontecer em vários cantos do país.
“O trabalho de investigação contínua.
Em breve vão conhecer figuras de renome.
Outros vos vão surpreender”- prometeu Cossa.
O prende solta continua
A soltura do indiciado vem, mais uma vez, levantar o debate e a polémica em torno das acusações mútuas que tem estado a ser feitas, de um lado pelas autoridades policiais e doutro, pelo judiciário. Mais uma vez, neste caso, a polícia mostra-se indignada e diz que o judiciário está a pôr em causa os esforços que tem estado a ser feitos para controlar o crime e devolver a ordem e tranquilidade públicas no país. Mas, a juíza conforme justificou, diz que a polícia não fez o seu trabalho que é investigar e apresentar provas irrefutáveis em torno da acusações que pesam sobre Bakir Ayoob. Numa atitude que já, por várias vezes, foi criticada, estamos perante mais um caso do prende para posterior investigação que, muitas vezes, resulta exactamente na soltura dos indiciados por falta da reunião de provas.
No recente congresso dos advogados, as partes tentaram, cada uma, puxar a sardinha para a sua brasa.
De forma implícita, as autoridades policiais tem estado a dizer que a soltura que se verifica em muitos casos por si investigados, é resultado da corrupção generalizada no judiciário.
Polémica e acusações à parte, verdade é que as autoridades policiais tem apresentado, em muitos casos, lacunas sérias na investigação criminal, mas também se deve, nalgum momento, reconhecer que práticas de corrupção abundam no judiciário. (Eduardo Conzo)
MEDIA FAX – 03.10.2012

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