sexta-feira, 12 de outubro de 2012

MARCO DO CORREIO, por Machado da Graça

"O massacre a que fez os órgãos de informação do sector público sujeitar-nos, com a permanente imagem e voz de Armando Guebuza, foi responsável por um efeito de saturação de todo prejudicial"

 

Olá Timóteo, meu bom amigo

Espero que esta carta te encontre de boa saúde, bem como a tua família. Do meu lado tudo bem, felizmente.
Hesitei muito em te escrever para falar destas mexidas que houve na nossa política. Acho que ainda é cedo para se poderem avaliar as consequências futuras destas demissões e nomeações. Portanto, o que te digo hoje são apenas impressões bastante superficiais e não dissertações “profundas” como tenho lido e ouvido de muitos ilustres comentadores locais.
Para já manifesto alguma surpresa. Embora num ministério com pouca visibilidade mediática, o eng. Massinga parecia-me estar a fazer bom trabalho.
Pelo contrário, o Chefe de Estado não demorou demais a demitir Pedrito Caetano. Pura e simplesmente nunca o deveria era ter nomeado para aquele cargo (ou outro da mesma responsablidade).
A nomeação para Vice-ministro da Educação de Itai Meque dá-me a ideia de que vamos passar a ter, naquele ministério, muito bons relatórios de balanço das actividades realizadas. Elaborar esse tipo de relatórios foi uma coisa que o tornou conhecido na Zambéza, como governador.
Enfim, subidas e descidas que, à primeira vista, não me parecem que vão mudar muito o nosso dia-a-dia como cidadãos deste país, podendo corresponder mais a uma estratégia política interna no partido Frelimo.
Agora onde creio que os aplausos são unânimes ao Presidente do partido Frelimo é em relação ao afastamento de Edson Macuácua da chefia do Departamento de Informação e Propaganda daquele partido.
A medida começa por beneficiar quem a tomou e o seu partido. Não me recordo, de há anos a esta parte, de ninguém que mais tenha colaborado para um mau nome da sua organização e dos seus dirigentes.
O massacre a que fez os órgãos de informação do sector público sujeitar-nos, com a permanente imagem e voz de Armando Guebuza, foi responsável por um efeito de saturação de todo prejudicial.
Mas, imagino eu, os directores desses órgãos de informação também devem estar felizes. O ex-Secretário constantemente lhes telefonava, dando ordens e contra-ordens, que deveriam ser cumpridas imediatamente, estivesse a emissora ou o jornal preparado para isso, ou não. E é preciso recordar que, muitas vezes, esse tipo de ordens passava por cima da cabeça dos directores para irem ter, directamente, a um dos seus subordinados, deixando o director na incómoda posição de ter sido completamente ignorado.
Felizes, também, os profissionais da Informação nesses órgãos. Profissionais tantas vezes impedidos de exercer, com dignidade, o jornalismo, devido ao afinco censório de Macuácua.
Por fim, felizes todos nós. Não conheço bem o perfil do seu substituto no cargo, mas creio que teria que se esforçar muito para fazer pior.
Por esta medida, portanto, dou os meus parabéns incondicionais a Armando Guebuza.
Sobre as outras, espero para ver…
Um abraço para ti do
Machado da Graça
CORREIO DAS MANHÃ – 12.10.2012

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