sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Factos espancam qualquer argumento

Este texto é mais um ATESTADO DE INCOMPETÊNCIA aos que nos têm estado a conduzir em direcção à prosperidade.

Factos espancam qualquer argumento...

Estevao Mabjaia, Americo Matavele, Bayano Valy, Nomis Erudam, Gabriel Muthisse, Livre Pensador, Benny Matchole Khossa, Gito Katawala, Amosse Macamo, Egidio Guilherme Vaz Raposo
 

Fome que não nos larga

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Tema de Fundo - Tema de Fundo
Escrito por Rui Lamarques
Quinta, 18 Outubro 2012 16:45
Poucos citadinos de Maputo e Matola sabem que o carvão vegetal, que a ele recorrem para preparar as suas refeições, é explorado numa zona onde não há alimentos por cozer nem água para consumo. Indiferentes à sorte dos nativos, animados pelo lucro e insensíveis a questões ambientais, os exploradores de carvão não param de desmatar Chigubo, um distrito a norte de Gaza assolado pela seca. Em muitas localidades não se conhece água potável, ainda que seja possível encontrar nos pequenos charcos que se formam depois de uma chuva rarefeita. Milhares de cabeças de gabo bovino servem como marcador de prestígio: os donos preferem cavar raízes de árvores para se alimentar a vender um animal.
Em pleno campo, na localidade de Zinhane, distrito de Chigubo, numa manhã de Verão que acompanhou a equipa do @Verdade, um charco de água barrenta, inesperado, destoa na paisagem árida que os nossos olhos alcançam. À beira da poça, um grupo de mulheres e crianças aprovisiona água em recipientes de 25 litros. Ao lado, duas dezenas de animais domésticos, entre bois e cabritos, também matam a sede.
Visto de fora, o quadro poderia fazer lembrar as imagens que o Moçambique urbano conhece de países como a Somália. Mas, aqui, a presença de uma equipa que não cruzou nenhuma fronteira não permite pensar que se trata de uma outra nação. Estamos no Moçambique profundo. Apesar de o charco se encontrar em Zinhane, aqui também estão residentes de outras localidades. Há pessoas de Machaila, uma localidade que dista 24 quilómetros.
Há três semanas, nem este charco existia e as pessoas tinham de comprar água de especuladores que a transportavam de outros pontos da província. “Alguns camionistas trazem regularmente água de Mapai e vendem 25 litros por 50 meticais”, conta Celeste, funcionária do único estabelecimento comercial de Machaila. Mapai é um posto administrativo do distrito de Chicualacuala e dista 107 quilómetros de Machaila.
O preço da água é muito cara para os bolsos dos residentes de Machaila, mas quando os especuladores trazem as pessoas lutam para adquirir.
Em Machaila existe um fontenário, mas o líquido que jorra é salgado. Tão salgado como a água do mar. Quando as pessoas daquela localidade não conseguem encontrar aquele bem de consumo dos charcos recorrem àquela fonte.
Ainda assim, adquirir por tal preço é um luxo que nem todos bolsos suportam. Mesmo a água barrenta dos charcos que se formam sempre que o céu liberta algumas gotas é comercializada por um preço menor, mas igualmente oneroso para os bolsos da maior parte dos residentes de Chigubo. “10 meticais o bidão”.
Efectivamente, devido aos padrões de precipitações escassas e erráticas nas áreas áridas e semiáridas do sul de Moçambique, nos últimos dois anos, Chigubo virou uma zona de risco de segurança alimentar, segundo os dados da avaliação multissectorial sobre “Água, Saneamento, Higiene e Segurança Alimentar” da Oxfam. Embora os números indiquem que 10 mil pessoas (metade da população) foram afectadas, o cenário no terreno mostra um quadro bem mais negro e preocupante.
67 porcento da produção esperada ficou afectada. Por outro lado, o Relatório da Monitoria da Situação de Segurança Alimentar e Nutricional, do Ministério da Agricultura (MINAG), refere que as reservas alimentares duraram até Agosto. Um dado que é veementemente desmentido pela realidade no terreno e as vozes dos residentes que afirmam que o problema da fome começou em 2006 e se agravou nos últimos dois anos.
O que o documento do MINAG ignora é que a maior parte da população vive distante das principais localidades e postos administrativos. Em locais literalmente intransitáveis. Situação que limita as suas estratégias de sobrevivência e acesso aos alimentos, como também faz com que tais comunidades sejam deixadas de lado pelas estatísticas do MINAG.
A título de exemplo, a área plantada no Posto Administrativo de Chigubo, em 2011, foi de 5442 hectares, dos quais 4352 foram perdidos. Em 2012, 3.865 hectares foram trabalhados pelos agricultores e a perda foi de 1.284 hectares. A produção esperada registou 20 porcento no primeiro ano e sofreu uma redução de cerca de 92 porcento no segundo.
A pequena Marta
Com um bidão cheio equilibrado na cabeça, Marta, de 14 anos de idade, prepara-se para andar 24 dos 48 quilómetros que percorre diariamente para obter água depois que o charco se formou.
Muitas raparigas são forçadas a abandonar os estudos por causa das distâncias que têm de percorrer à procura do precioso líquido.
Em Chigubo, o acesso a água, segundo a avaliação multissectorial, “é crítico e as mulheres e as crianças investem muito tempo na sua recolha e no abeberamento dos animais. No que diz respeito às fontes, a avaliação bem mais simpática diz que se “situam a uma distância de 14 a 17 quilómetros das comunidades”. A média de água por família é de 25 litros por dia e 10 nas famílias afectadas.
Embora as crianças, flores que nunca murcham no discurso oficioso, mereçam a oportunidade de ser felizes e de frequentar o ensino escolar, no coração de Chigubo as fontes de água é que determinam o futuro das crianças no que ao ensino diz respeito. A seca e a impotência da administração local transformaram o distrito no pior dos pesadelos para quem quer estudar.
Na Escola Primária Completa de Chamaila, por exemplo, estudam actualmente 215 alunos, mas no início do ano lectivo o número chegava de quase o dobro de crianças. Na sede distrital, Dindiza, o cenário repete-se. Nesta altura do ano as turmas têm metade dos alunos que iniciaram este exercício lectivo.
Custo de vida
O mercado de Chamaila é disso um exemplo elucidativo. As três bancas que o compõem estão despidas de produtos de primeira necessidade. A única coisa que pode ser encontrada é petróleo de iluminação. Em Zinhane e Dindiza, embora haja mais produtos expostos, a situação não é muito diferente.
No mercado de Dindiza não é possível comprar uma galinha porque ninguém vende. As festas de final de ano também desconhecem carne de vaca, embora existam cerca de 20 cabeças de gado em todo o distrito.
Os residentes têm de trazer quase tudo de Chókwè. Uma recarga de telefone, cujo preço em Maputo é de 100 meticais, aqui custa 120. Um varão de seis milímetros custa 48 meticais em Chókwè, mas quando chega ao posto Administrativo de Dindiza o custo total, incluindo transporte, fica 25 meticais mais caro.
Que Moçambique pertence a um grupo de países em vias de desenvolvimento – o chamado terceiro mundo – torna-se mais palpável quando se pisam os 13952 quilómetros quadrados da superfície de Chigubo onde há muita fome, mas quase nada para comprar.
Finalmente choveu...
Choveu o suficiente no final de Setembro para deixar charcos de água, mas muito pouco para o solo gerar filhos semeados pelas enxadas dos camponeses. Essa é a decepção de Joana e Anastácia partilhada por Ernesto, o que retrata o desencanto dos habitantes de Chigubo em relação ao futuro.
“Onde ficam as chaves do céu para libertar a chuva”, questiona Joana numa língua que desconhecemos, mas o nosso fotógrafo traduz da melhor forma que consegue.
Antes de respondermos, Joana volta a concentrar-se no seu trabalho de coleccionar algas no charco para confeccionar a única refeição da sua família naquele dia.
“É a única coisa que vamos comer, depois disto vamos dormir e esperar pelo dia de amanhã”, diz como um sorriso no rosto que desarma qualquer dúvida.
O cenário de uma mulher com algas na mão não podia ser mais explícito que o desejo de combater a pobreza não passa de discurso e que deixá-lo para trás, apesar de ser uma promessa antiga, permanece presente em pequenos sinais e em muitos lugares deste país.
Outubro é o início do período de escassez
Num ano normal, o mês de Outubro é considerado o início do período de escassez, o que geralmente dura até as colheitas do ano seguinte, entre Janeiro e Fevereiro. Contudo, as machambas de Chigubo não produzem nada há dois anos. As culturas estão completamente secas e as chuvas não caem em quantidade suficiente para o plantio da mapira e mexoeira, elementos principais da dieta alimentar da população daquele distrito.
Por outro lado, nenhum grupo consegue satisfazer as suas necessidades alimentares básicas com a sua própria produção, tendo em conta que as famílias muito pobres só atingem 50 porcento de produção num ano médio.
A linha de base elaborada pela USAID & FEWSNET também revela que “a população muito pobre e pobre representa a maioria da população que se caracteriza pela limitada posse e escassos insumos produtivos como animais e bois de tracção animal”.
Lições de sobrevivência
A 30 quilómetros do charco, no coração de Chamaila, Rosa Chaúque, de 26 anos de idade, extrai a raiz de uma árvore para confeccionar a única refeição do dia. Como Rosa, 29 porcento dos residentes de Chigubo vivem na pele o défice de alimentos e consomem frutos silvestres. A maioria da população modificou a sua frequência alimentar, passando de duas refeições para uma por dia.

Ficar sem o que comer não é algo que se possa prever, mas nem todos desabam diante de tal realidade. A família de Rosa é disso um exemplo. Enquanto houver raiz de licutse, aquele agregado de cinco pessoas não dorme sem meter algo no estômago. Isso, porém, não afasta Rosa da machamba. “Nunca se sabe quando vai chover”, diz.
Lá para o fim do dia, quando regressa da vã tentativa de engravidar a terra com sementes, Rosa procura uma árvore. Em Machaila chamam-lhe licutse. Na verdade, a mãe de três filhos aproveita a raiz. O processo consiste em fazer uma cova em redor da árvore até encontrar a raiz. Depois, sem comprometer a sobrevivência da planta lenhosa, é extraída uma parte do órgão que lhe garante duas funções: a absorção de alimentos e a fixação na terra.
Meia hora depois deste exercício, a mãe de três filhos divide a raiz em pedaços com recurso ao machado. Uma bacia serve para guardar as pequenas porções de onde saem para um pilão. O acto seguinte leva o líquido extraído das raízes num recipiente para uma panela.
À medida que o liquido ferve, Rosa retira a espuma que reveste a superfície do preparado. Volvidas duas horas, o produto está acabado e os filhos de Marta aproximam-se para se servirem. “É a única coisa que vamos comer. Depois disto vamos dormir”, diz.
“A população não pode esperar que o Governo venha com um camião distribuir comida”
@Verdade foi falar com Marcelo Helena Nhampule, Administrador de Chigubo, sobre os problemas daquele ponto do país. Nhampule afirma que a população não pode esperar apoio do Governo e que este distribua bens alimentícios. Vai mais longe e olha para a venda do gado como uma solução para ultrapassar a crise. Também diz que o sonho do Governo é abrir 30 furos de água este ano.
(@Verdade) - Quantos habitantes constituem a população de Chigubo?
(Marcelo Helena Nhampule) - 2750 habitantes de acordo com o senso de 2007.
(@V) - Qual é a situação em relação à insegurança alimentar?
(MHN) - Os que tinham produzido pouco já consumiram esse pouco. De uma maneira geral, o distrito teve maior crise no posto administrativo de Chigubo. Em Dindiza, houve fome em menor escala. Na localidade de Saute, não houve nenhuma produção nas duas épocas agrícolas.
(@V) - Diante deste quadro como é que o governo distrital resolve o problema da fome?
(MHN) - Estamos a trabalhar com as populações sensibilizando- -as, porque pela natureza do distrito, que é de um clima árido, tem de se perceber que a situação nutricional não deve estar apenas baseada na agricultura. O distrito pratica também actividades de criação.
A criação pecuária é que está a fazer a compensação do défice de produção agrícola. Estamos a sensibilizar a população para vender os seus animais e adquirir alimentos. Estamos a sensibilizar a população para praticar outras actividades como é o caso do artesanato. Temos grupos de artesãos que fazem cestos, peneiras, colheres de pau, pilões.
(@V) - Como é que contornam a resistência das famílias?
(MHN) - Estamos a sensibilizar.
(@V) - Tem sido fácil?
(MHN) - A compreensão é lenta, mas por causa da pressão da fome a que estão submetidos acatam. Nós estamos a dizer que, neste momento, a população não deve esperar que o Governo vá com um camião distribuir comida. É preciso que trabalhem.
Que procurem maneiras de fazer face aos problemas para contrariar os efeitos da fome. Temos criação? Então vamos vender uma parte, não toda, mas uma parte. Há situações em que nós temos pessoas com 50 ou 100 animais, mas ainda reclamam de fome na visita do Administrador. Levantam-se e dizem: “estamos a passar fome”. Mas têm 50 animais no curral.
Portanto, estamos a sensibilizar no sentido de fazer ver que os animais que eles têm não são para ornamentar ou para garantir prestígio porque alguns acham que têm mais prestígio quando possuem mais animais. Servem para resolver os problemas da família. Aos poucos estão a compreender.

(@V) - Mas nem todos habitantes têm gado. Aliás, a maior parte não tem animais. Portanto, a percepção de que a pobreza não é real não vinga.
(MHN) - A pobreza, aqui no distrito, bem interpretada, não é assim tão absoluta como se pode depreender. Há pobreza porque nem todos têm animais, mas com base no fundo de desenvolvimento do distrito a maior parte dos projectos que estamos a financiar é de criação de animais. Estamos numa situação em que dentro dos próximos dois anos a nossa estatística em relação ao gado bovino pode estar na razão de uma pessoa para um animal. Estamos a caminhar para tal estatística.
(@V) - Em Machaila e Zinhane as pessoas compram água com bactérias por 25 ou 50 meticais. Aliás, na primeira localidade as pessoas consomem água salgada.
(MHN) - Indo ao ponto relacionado com a água reconhecemos que é uma preocupação grave. O que está em causa é que, em alguns pontos, mesmo com perfurações bastante profundas não se chega a encontrar água potável. Os estudos geofísicos para o nosso distrito indicam que a água só pode ser alcançada em condições para o consumo a partir dos 150 metros de profundidade.
Falando de Machaila, abrimos um furo no ano passado (2011) com uma profundidade de 150 metros e mesmo assim a água não é potável. Agora estamos com planos de abrir mais um outro furo e vamos ver qual será a nossa sorte. A nossa aposta é que sejam abertos furos com mais de 150 metros. Menos do que isso não se aplica no nosso distrito.
(@V) - Em algum momento encontraram água própria para o consumo?
(MHN) - Neste momento temos uma máquina de perfuração que felizmente apanhou água em Cubo a uma profundidade de 150 metros. Dizem que a água é boa, mas eu ainda não pude bebê-la. Esperamos que minimize o sofrimento de falta de água em Cubo. A população tirava água a cerca de 24 quilómetros.
Tinha de apanhar um carro até ao local e depois ficar à espera de um outro que viesse no sentido contrário para trazer a água. Portanto, a vida era muito complicada. O governo do distrito estava a apoiar abastecendo água com o trator.
(@V) - Que custos isso tem para o governo distrital?
(MHN) - É um investimento de difícil suporte. Mesmo o que estamos a fazer não cobre todas as necessidades da população, mas posso dizer que de Março para cá gastamos cerca de 1500 litros de gasóleo no abastecimento do trator. Não é pouco dinheiro. É muito dinheiro que se perde por causa da falta de água.
(@V) - Alegam que o nível de desistência escolar está relacionado com a criação de gado. Ou seja, as pessoas têm de percorrer longas distâncias para encontrar água e, consequentemente, tiram as crianças da escola. Que medidas o governo distrital implementa para contrariar esta tendência?
(MHN) - É certo que há desistências de alunos. Ontem (dia 13 de Outubro)visitei duas escolas e fiquei preocupado com a situação de desistências. Na verdade, são dois fenómenos: desistências e frequências irregulares. Os alunos que frequentam a escola com certa regularidade são quase a metade dos que iniciaram o ano. Os outros aparecem hoje e amanhã não. São estes fenómenos.
Desistências na maior parte dos rapazes, porque a crise de pastos que se viveu afastou as crianças do sexo masculino para sítios onde existe água para o gado consumir. Esse foi o fenómeno que levou à redução da frequência dos rapazes. Falamos com os pais, mas eles colocam na balança questões presentes. É aquilo que estamos a ver. Este ano perdemos alunos do sexo masculino.
(@V) - Tal situação não pode mudar enquanto a seca prevalecer?
(MHN) - Enquanto continuarmos com esta crise teremos um grosso número de rapazes a não poder ir à escola. Mas o nosso trabalho é sensibilizar para que tenham em conta os direitos da criança.
(@V) - Que futuro se desenha para as comunidades?
(MHN) - O plano da administração é de abrir 30 furos de água este ano. Se conseguirmos fazer isso estaremos a ajudar as comunidades e será uma solução para as comunidades e, por tal, muitos rapazes poderão voltar ao ensino.
(@V) - Verifica-se uma grande exploração de carvão no distrito. Que benefícios as comunidades locais retiram destaactividade? Ou seja, cobram alguma taxa aos exploradores?
(MHN) - Concretamente não há taxa nenhuma. Os exploradores pagam as taxas na administração provincial. O distrito beneficia de uma taxa de 20 porcento de exploração. Portanto, do valor que se paga pelas licenças há um retorno de 20 porcento que beneficia as comunidades. Este ano recebemos cerca de 280 mil meticais que foram entregues a diversas comunidades.
Neste momento estamos a sentir que temos de trabalhar com os exploradores de modo a que não seja pago apenas o que recebemos agora. A administração tem de ficar com algum benefício. As actividades de exploração do carvão têm a ver com as vias de acesso e nas que há maior exploração deste recurso estão a ficar degradadas por causa do uso constante dos camiões. São danos que ficam na estrada.
Estamos a programar uma reunião com os exploradores para que não sejam cobradas taxas elevadas. Mesmo que sejam cinco meticais por saco que eles tiram, desde que tal sirva para apoiar os trabalhos de manutenção das vias.
(@V) - Mas as árvores que usam para produzir carvão podem resultar em ganhos maiores. Por exemplo, podem criar carpintarias para a produção de parqué e empregar jovens. Tal hipótese já foi alguma vez equacionada?
(MHN) - Neste momento temos um beneficiário que está a preparar uma carpintaria com o objectivo de produzir parqué. Ainda não está terminado o processo de aquisição das máquinas. Esse será o primeiro e acreditamos que depois dele virão mais. A matéria-prima que temos para fazer parqué é mecrosse, mas também temos chanaze. Estamos a trabalhar no sentido de potenciar alguns interessados nessa área.
Enfermeiros não recebem há três meses
O único benefício que advém da falta de água é a ausência de mosquitos. A malária, até aqui a principal causa de internamento em Moçambique não constitui problema em Chigubo. O que acontece com maior frequência são as doenças diarreicas, algo que se deve à qualidade da água.
A média de atendimento nos quatro postos de saúde do distrito é de 120 pessoas por dia. Apenas em Dindiza, na sede do distrito, é que há uma ambulância.
Nos postos de Zinhane e Chamaila, o problema de água causa um outro: o material de saúde enferruja devido ao grau de salinidade da água. Um enfermeiro que pediu para não ser identificado fez saber que a fome também afecta o pessoal médico que não recebe há três meses. Por outro lado, as pessoas revelam resistência em disponibilizar um metical para as consultas. Os medicamentos são grátis e as consultas para as crianças também.

 http://www.verdade.co.mz/tema-de-fundo/35-themadefundo/31368-fome-que-nao-nos-larga
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  • Nomis Erudam Lastimável. Mais lastimável que não tarda que alguém se arme em sensibilizado e solidário com essa população e decida abrir um furo de água onde vai gastar o triplo do custo da sua abertura só em logística para a cerimónia de inauguração. Coisa que o chefe da localidade pode fazer a custo zero, porém frustrando a campanha.See Translation
  • Edgar Mujahidine Barroso Nos visados (particularmente nos "padres da auto-estima"), e até agora, reina um silêncio bastante REVELADOR.See Translation
  • Joyce Neves Isto eh muito triste e lamentavel, e ainda vao dizer que este eh um caso isolado, que o desenvolvimento estah mesmo a vista. Acordem, irmaos, este eh o pais real, estas pessoas nao tem nenhuma esperanca.See Translation
  • Rui Lamarques Reina um silencio ensurdecedor
  • Livre Pensador Nao reina nada Rui Lamarques. Nesta opiniao publica autorizada, tudo e feito com rotulos de "santos" ou de "pecadores". Querer inverter a logica catavental e como parar o vento com as maos. Por isso o silencio. Mas experimente escrever que ha fome na hostes de Dhlakama, nem vai ter ouvidos para escutar...
  • Gabriel Muthisse Edgar, eu trabalhei na Direcção Nacional de Aguas, e posso lhe dizer que na zona Sul há um conjunto de distritos difíceis de satisfazer em termos de abastecimento de agua: Mabote, Funhalouro, Massangena, Chigubo e Chicualacuala. Mesmo que se abram furos de agua, a agua que sai ee intragável de tão salobra k ee. A salinizacao da agua daqueles distritos nao resulta de um feitiço do Governo. Ee um problema natural. Os recursos tecnológicos hoje disponíveis para o nosso paiis nao permite resolver esse problema. Esperava que tu, como critico competente, fosses indicar a solução milagrosa. Creio que Edgar também sabe k seca nao resulta de feitiço. O nosso paiis tem cerca de 25 distritos em condições de semi-aridez. O Administrador de Chigubo aponta algumas das saídas, que nao passam por distribuir comida. Se fossemos a competir por tirar fotos ou situações de pobreza de Moçambique eu ganhava meu amigo. Isso porque, mesmo agora, estou num distrito do norte d3 Inhambane. Só nao sei o que o nosso povo ganhava dessa competição. O k Mozambique precisa nao ee de DENUNCIANTES. Ee de saídas para os s eu problemas. E ee nelas k o Governo estaa a trabalhar.See Translation
  • Livre Pensador Israel, era um imenso deserto. Hoje, e um imenso laranjal florido. Nao ha contrariedade que o Homem nao venca quando existe determinacao. Neste caso, a planficacao de reservas de agua, ou tecnicas agricolas gota a gota, so para exemplificar. Mas, enquanto nao se atinge esse patamar, poder-se-ia fazer o minimo. Que era permitir que as trocas comercias entre o norte e o sul do Save se processasse sem grandes problemas, com estradas e vias ferreas ao logo do pais e nao transversais do hinterland para mar. Isto sim. E um problema de governacao e ate de soberania politica.
  • Palmeirim Chongo os papagaios do regime... ha va kone pah. kozweeeee titi!
  • Rui Lamarques A saída para a situação de Chigubo é fazer furos de água com mais de 150 metros de profundidade. Isso não é muito caro, sem contar com a solução da técnica agrícola gota a gota que o Livre Pensador apontou. Outra coisa em Chigubo as pessoas poderiam ser treinadas a fazer parque. Há muita madeira para o efeito e tudo vira carvão.See Translation
  • Rui Lamarques Mais os estudos do solo em Chigubo indicam que abaixo de 150 metros de profundidade há água.See Translation
  • Livre Pensador Plenamente de acordo, essas sao as solucoes imediatas. Mas nao duradouras. A exploracao de madeira nao e sustentavel numa zona semi-arida. Mesmo porque a diminuicao de vegetacao reduz ainda mais as possibilidades de precipitacao. Por isso e que defendo as vias ferreas (ramais). Porque repare, em Manica, comida apodrece por falta de comprador. Em Tete, tambem. E na Zambezia e Nampula idem. Em contrapartida, precisam de gado e outras coisas que em Chigubo ha. E alem disso, voce na diz explicitamente, mas suspeito que os bens de 1a necessidade que la aparecem venham da R.S.A...
  • Gabriel Muthisse A bíblia ensina que aquilo era um paraíso Livre Pensador... Heheheheheh! Há uma estrada asfaltada k há-de passar por algumas dakelas regiões meu grande amigo. Roma e pavio nao se fizeram num dia. A pobreza secular de Moçambique, apesar da nossa impaciência, nao há-de acabar em semanas, nem com denuncias. Mais ainda, Livre Pensador, quantos anos de história tem o bíblico povo judeu? A sua história, o seu percurso, a sua acumulação, se comparam com as das gentes de Funhalouro?See Translation
  • Gabriel Muthisse Papagaios são bichos que repetem o mesmo discurso rachado k se assemelha ao de alguns críticos de pacotilha. O jornal o paiis de hoje tem uma interessante crónica k assenta como luva nos nossos críticos.See Translation
  • Gabriel Muthisse Rui Lamarques, saii da DNA há muito tempo. Nao me lembro de quantos metros, mas enquanto estive laa, para aqueles distritos chegaram a vir maquinas diferentes das k operavam no resto do paiis e, sempre, os furos davam negativos. A agua ee salobra por laa e nao são as soluções fáceis k vocês apresentam. Como jornalista, vai falar com os geólogos da DNA, pois eu nao me lembro dos dados. O caso ee serio, meu irmão.See Translation
  • Livre Pensador Gabriel Muthisse, bem sei que e crente, mas Israel que eu conheco foi feito com gentes como essa que voce diz estar em Funhalouro. E nao foi com estradas asfaltadas para "suas excelencias" irem passear as suas quintas guardadas pelos indigenas esfomeados e sequiosos. E assim que se combate a pobreza absoluta? Foi com kibbutzins. Sabe o que e um kibbutzin? E nada mais, nada menos que uma aldeia comunal, mas feita pela vontade e respeito mutuo das pessoas. Por isso, no lugar de gracejar e reduzir-se a inferioridade perante outros povos, deveria fazer como eu. Procurar empresas que facam perfuracao de agua e promover jantares de amigos onde se contribuisse para abrir furos de agua em profundidade. Um furo desses, faz-se em um mes. Uma estrada e um ano. Isso sim, e o que um verdadeiro intelectual deve perceber. Um cidadao que se de a conhecer pelos actos e nao pelo seu ruido mediatico quotidiano.
  • Rui Lamarques Gabriel Muthisse eu nao estou a perguntar. Estou a afirmar. Eles só precisam de furos com mais 150 metros de profundidade. Isso é resultado de estudos.See Translation
  • Gabriel Muthisse Vossa senhoria, amigo Livre Pensador, sugeriu no seu primeiro comentário, a construção de estrada e linhas férreas! Quando lhe confirmo que estão a ser feitas, diz k vão para a minha conta. A história do burro, o velho e o rapaz. Sobre os kikbuzes, quando o amigo estudava balela escola primaria da Polana de k me falou (lembra-se?) eu já sabia o que era isso. Contextualizar as tuas comparações nao ee um processo de interiorização. Ee para lhe lembrar que quando os matswas e os changanas daquelas regiões eram caçados para irem como escravos para as quatro partidas do mundo, os judeus já eram banqueiros em várias cidades da Europa e da Ásia Menor. Apenas isso meu amigo.See Translation
  • Gabriel Muthisse Vao para a minha conta = vão para a minha quintaSee Translation
  • Gabriel Muthisse Rui Lamarques, vou me informar sobre esse detalhe... Incluindo o teu "só". Nao me lembro se a profundidade dos furos naquela região pode ser classificado por "só"!See Translation
  • Livre Pensador O sr. Gabriel Muthisse e uma pessoa muito ciente do que sabe, contudo, como politico, so le o que lhe convem. Por isso, usando a velha tecnica de leitura de rodape agarrou-se ao betao. Mas, diga-nos, vai juntar os seus amigos e pagar um furo de 150 metros em Chigubo? Pois eu vou. E nao e por ser politico profissional de "balelas" da primaria.
  • Gabriel Muthisse Felicito-o pelo seu jeito caridoso, sr Livre Pensador. Mas, como deve perceber, nas minhas funções eu nao posso me ater a soluções de CARIDADE. Os problemas de Moçambique, com k eu lido todos os dias, nao ee esse tipo de soluções que esperam de mim. Mais do que ao meu coração, o paiis espera soluções da cabeça. Senhor Livre Pensador, estou a escreve num i-pad, k me corrige as palavras segundo as suas próprias conveniências. Onde estaa "balelas" eu tinha escrito "naquela". Por ultimo, eu nao tinha como saber que a sugestão que deu, de construir estradas e linhas férreas ligando Moçambique, era um roda pé. Primeiro porque nao ee a primeira vez que faz esta sugestão. Segundo porque eu próprio que parte dos problemas do paiis encontra solução a partir deste tipo de soluções. A sua sugestão, que vossa senhoria considera roda pé, eu considero uma sugestão de muito peso. Acredito sinceramente nela. Sei debater sem sarcasmos. Mas também os aplico a quem me perece adicto a eles.See Translation
  • Edgar Mujahidine Barroso Bom, parece que enquanto eu me entretia em "body art" o debate fluía por aqui.

    Amigo Muthisse, fico especialmente satisfeito por ter decidido quebrar o ruidoso silêncio dos que só se mostram interventivos APENAS quando é para rotular os outros de "latas vazias" ou quando é para fazer apelos à "militância" ou aos dejà vu da pertinência da unidade nacional, cultura de trabalho e quejandos.

    Já para o debate:

    A solução que me pediu é a resignação governamental. Se não conseguem resolver, durante 20 anos (quis propositadamente começar a contar a partir de 1992), o problema dos tais 25 distritos que avançou então que se demitam e dêem oportunidade à quem pode trazer inovação e competência, em tempos mais recordes. Simples.
    See Translation
  • Livre Pensador Nao sou caridoso. Sou consciente e sobretudo, avesso a publicidade. Nao preciso dela para nada. O importante e resolver os problemas do POVO.
  • Gabriel Muthisse Demitirmo-nos?!?! Nao vejo motivos e nao os há pois este paiis mudou muito neste anos todos. Mesmo no caso especifico do abastecimento de agua. Vai ver Edgar, qual era a taxa de cobertura de agua rural em Moçambique aquando do fim da guerra da Renamo. E vai ver qual ee essa taxa agora? Por acaso, lembras-te como era o abastecimento de agua a Maputo há 25 anos atras? E consegues ver como estaa agora? A situação da segurança alimentar também melhorou bastante. Há obviamente bolsas de sede e de fome em k ee preciso continuar a trabalhar. Compara o percurso de Moçambique, meu amigo.See Translation
  • Edgar Mujahidine Barroso Mas amigo Muthisse, os teus primeiros comentários aqui dão a entender que a questão da água em Chigubo (e Funhalouro, e Chicualacuala, e Pafúri, e mais 20 e tal distritos) é um CASO PERDIDO... Citar-te?See Translation
  • Livre Pensador Hoje em dia, os nossos agronomos cultivam mais estatisticas que horticolas...
  • Edgar Mujahidine Barroso Pensador, hehehhehehehheh... You said the words!
  • Gabriel Muthisse Caso perdido? O k eu disse foi que era uma situação complexa e que as soluções tecnológicas, actualmente disponíveis, estavam longe do alcance de um paiis em situação de pobreza. Todavia, soluções que estavam longe quando eu era quadro do sector de aguas, podem nao estar longe nos próximos 12 ou 24 meses. Nem quando a taxa de cobertura, a nível nacional, andava nos vinte e tal porcento cheguei a achar que o caso estava perdido! Como vou achar caso perdido agora, quando em algumas cidades, a taxa de cobertura estaa acima dos oitenta porcento? E, no abastecimento de agua rural, devemos estar perto dos sessenta porcento? Nao meu irmão! Temos imenso orgulho no trabalho que Moçambique estaa a fazer.See Translation
  • Gito Katawala Estava a ver o video de como se processa aquela raiz, por mais que tentassem me convencer que se trata de uma iguaria, nao duvido que o relato eh sobre a fome, isso em si eh caso para deixar-nos tristes. Nao merecemos isto como um povo que se diz cheio ou a promover auto-estima.See Translation
  • Gabriel Muthisse Estatísticas aa parte, mesmo no aspecto físico, o moçambicano de hoje estaa melhor k o moçambicano de há vinte e cinco anos atras. Vê-se perfeitamente que a situação nutricional mudou para melhor. E quem vos fala ee um vosso amigo que, todos os meses, estaa nos distritos. Sem publicidade pois nesse aspecto sou parecido ao meu amigo Livre Pensador.See Translation
  • Edgar Mujahidine Barroso Muthisse, estamos mal. Não podemos nos deixar enganar pela "ilusão óptica" das estatísticas macro. Chigubo não está muito longe da Ponta Vermelha... Imagina então outros pontos recônditos deste país que nem "sorte" têm de ser visitados todos os meses por um governante de alto escalão ou por um jornalista comprometido com a verdade.

    Dizer que hoje temos moçambicanos mais gordos do que os de há 25 anos atrás não nos isentam desta VERGONHA...
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  • Livre Pensador Eu seria mais cauteloso. Prefiro comparar a esperanca media de vida dos mocambicanos HOJE com a de 25 anos, para ver se a mesma aumentou significativamente. Pois se e verdade que a oferta de generos alimenticios aumentou, tambem nao e menos verdade que o seu custo tambem. E no caso dos camponeses, nao me parece que o seu rendimento por hectare tenha aumentado tambem. Porque para mim, com barriga cheia ou vazia, o mais relevante do ponto de vista social e economico para um pais e o numero de anos que a sua forca de trabalho vivera.
  • Antonio A. S. Kawaria Amigo Gabriel Muthisse, uma pessoa pode está num distrito e não ver o que lá passa.See Translation
  • Gabriel Muthisse Bem, seja como for, nao podemos deixarão valor (relativo) k tem o aumento da oferta de alimentos. O preço aumentou? Pois claro! Sobretudo se os compararmos com o período em que esses preços estavam administrativamente contidos. E essa contenção administrativa dos preços foi uma das razoes da baixa oferta de alimentos nos primeiros anos da nossa independência. Foi uma das razoes da falência da produção e da desarticulação do circuito comercial. O controlo dos preços foi uma das causas das famosas bichas. Por isso, o aumento dos preços nao ee de todo mau. Funciona como um incentivo para os produtores aumentarem a oferta. Ademais, o aumento da oferta de alimentos tem um efeito positivo na situação nutricional e, consequentemente, na saúde dos moçambicanos e na sua esperança de vida. Se, mesmo com o aumento da oferta de alimentos a esperança de vida tiver decaído, haverá que procurar as causas em outrs factores, nomeadamente o HIV/sida.See Translation
  • Gabriel Muthisse Edgar, a situação nutricional de Chigubo ee especifica e deriva da sua aridez. Nao tem nada a ver com proximidade a Ponta Vermelha nem com visitas de dirigentes. Eu, sem ser dirigente de topo, já estive em quase todos os extremos de Moçambique. E posso te garantir que Nangololo, Matchedje, Zumbo, Chemba, Gile, Tambara... estão muito melhor, em termos de oferta de alimentos, k Chigubo.See Translation
  • Gabriel Muthisse Se for cego... Claro k pode acontecer, amigo Antonio A. S. Kawaria. Mas eu nao sou cego, meu irmão. Vejo muuuuuuito bem, apesar da miopia.See Translation
  • Rui Lamarques Gabriel Muthisse diz que anda nos distritos e usa, para reivindicar trabalho, o método comparativo. Ou seja, atira para o nosso rosto o facto de as estatísticas dizerem que temos maior percentagem de pessoas como acesso a agua. Sim, temos. Só que o bom do amigo Muthisse esquece que existem 250 mil pessoas em Moçambique numa situação de insegurança alimentar. Esses são dados do Governo, o qual diz que 15 distritos no país estão nessa situação. Dados em meu poder indicam que temos 35 distritos numa situação de insegurança alimentar brutal. Esses dados foram omitidos pelo ministério da agricultura. Portanto, se é verdade que desenvolvemos nao deixa de ser redundantemente verdadeiro que há pessoas a morrerem de do fome neste país. Nem todas essas pessoas estão em zonas áridas ou semi-áridas. Até a barragem que pretendem fazer em Npanda Nkwa vai colocar mais pessoas como fome em Moçambique. Eh um facto que o país, hoje, tem menos água e essa barragem será a maior burrada que este Governo vai protagonizar. Há estudos que indicam e mostram que vamos sofrer tais consequências.See Translation
  • Antonio A. S. Kawaria O problema não é de ser cego, meu amigo. O PR Armando Guebuza chegou até na localidade onde sou natural, mas achas que alguém deve se convencer que conhece aquela localidade sobretudo quanto aos problemas de todos os dias? Ir à aldeia não é o mesmo que comer o que aldeão come todos os dias, enfrentar a vida que ele enfrenta todos os dias... Meu amigo, a vida dura que eles enfrentam lá na aldeia podemos enfrentar na medida que passamos um dia, dois. Será que o meu amigo fica uma semana, um mês?See Translation
  • Antonio A. S. Kawaria Caro Gabriel Muthisse, achas que as fotos neste artigo foram simuladas para embelezá-lo?See Translation
  • Rui Lamarques O que o Gabriel Muthisse faz um esforço tremendo para ignorar é que a sina de Chigubo poderia ser outro. Há provas de que há agua e que abundam potenciais focos de rendimento para as populações. Porém, a falta de visão e o total e absoluto descaso do Governo do dia mergulham aquele povo na miséria. Ninguém me disse. Eu fiquei lá duas semanas e vi com os meus próprios olhos o sofrimento daquele povo. Pessoas comem raízes e nem sempre foi assim. Numa manhã, posicionei-me na saída de Dindiza e contei mais de 40 camiões a saírem do distrito com, no mínimo, 100 sacos de carvão. Em Chigubo eles adquirem por 120 meticais. Maputo vendem por 900 meticais. Eh muito carvão para um distrito que beneficia apenas de 220 mil meticais ano dessa exploração. Isso é um roubo tremendo. Estamos a falar de cerca de quatro milhões de meticais que saíram daquelas matas numa manhã. Ou seja, dinheiro mais do que suficiente para abrir furos de agua. Esse dinheiro enriquece pessoas de outros pontos do país. Mas o pior nem é isso. O pior é compreender que se aquela madeira fosse processada pelos locais Chigubo poderia ter energia, bancos e muito mais.See Translation
  • Rui Lamarques Errata: O que o Gabriel faz um esforço tremendo para ignorar que a sina de Chigubo poderia ser outra...See Translation
  • Edgar Mujahidine Barroso O Rui traz aqui calculos interessantes. Portanto, elementos factuais. Fundamentados por um estudo de caso, em regime presencial, com um objecto de analise especificamente claro. O Muthisse diz que jah esteve em quase todos os distritos de Mocambique mas dah aqui um testemunho superficial, generalista e invariavelmente retorico. Esqueceu-se deliberadamente de dizer que, enquanto deambulava por lah onde os seus governados passam por uma situacao de privacao extrema, ele comia e dormia em condicoes em nada distintas das que tem tido quando estah no conforto do seu lar. Eh obviamente dificil (incoerente?) assumir que as pessoas estao a "starvar" de fome se nao vivemos na pele e no estomago tal experiencia... E ficar um ou tres dias numa terra de indigentes eh manifestamente diferente de por mais tempo lah estar. Porqueh eh que eh "dificil" para o amigo Muthisse trazer aqui relatos de miseria e desumanizacao? Porque nao lhe convem... Eh lhe mais conveniente dizer que "estamos a envidar esforcos no sentido de" e trazer exemplos esporadicos e descontextualizados de "crescimento estatistico" para apertar o pescoco da legitimidade da nossa indignacao perante o exemplo concreto de incompetencia deste governo, espelhado incontestavelmente em Chigubo.

    Triste.
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  • Benny Matchole Khossa Porque não gosto de especular e, principalmente porque não tenho dados, abstenho-me de me pronunciar sobre o tema. Entretanto, não posso deixar de notar algumas incongruências nos pseudo-factos apresentados e que o amigo Edgar considera "factos incontestáveis".See Translation
  • Gito Katawala Hehehe, Rui Lamarques te acusaram de trazer pseudo-factos. Hehehehehe!!! Anularam as tua 2 semanas de estadia la a reportar a "pobreza" do povo. Vais deixar passar assim mesmo? Hehehehehe!!!See Translation
  • Rui Lamarques Gito Katawala, estava a ferrar. Esse pessoal não sabe que não só estive no terreno como tenho filmes, fotos, gravações de conversas. Como também nao fui eu quem concordou que 220 mil meticais que Chigubo recebe do valor anual das taxas que os exploradores de carvão pagam ao Governo provincial é irrisório. Foi o Administrador Nhampule que reconheceu tal aspecto e disse que pretendem ter um reunião com os exploradores no sentido de o distrito ficar com 5 meticais de cada saco que eles tiram. Palavras do Governo e não minhas.See Translation
  • Rui Lamarques Mais: tenho os documentos deles também. Tenho o relatório de insegurança alimentar do MINAG que nao é público e que apenas algumas organizações tiveram acesso.See Translation
  • Rui Lamarques Mais tarde trago factos e registos da exploração total de carvão em Chigubo. Dados do próprio Governo e depois vou pedir a máquina de calcular de medir auto-estima do Benny Matchole Khossa para encontrar os valores do desmatamento de Chigubo.See Translation
  • Rui Lamarques Mais: as obras públicas que andam a fazer em Chigubo sao de qualidade duvidosa e há muita corrupção no SDPI. Isso tudo sao dados que irei trazer nos próximos capítulos. Tenho tudo registado e muito bem guardado em mil e um lugares.See Translation
  • Gabriel Muthisse Antonio A. S. Kawaria, sou vice-ministro ee verdade. Mas nao caii do céu!!! Nasci numa das zonas mais semi-áridas deste paiis. Tenho casa laa! Meus pais vivem laa! Passo temporadas laa com os meus vizinhos, tios, primos... Nenhum de vocês me pode ensinar o que ee sofrimento e superação e luta neste paiis. Por outro lado, se os dados k um governante, k também conhece o paiis, são duvidosos, porque deveriam ser mais credíveis os dados de um líder da oposição ou de um jornalista?See Translation
  • Rui Lamarques Gabriel Muthisse, na parte que toca, sobretudo em relacao ao distrito de Chigubo há-de convir que nao trouxe dados. Disse apenas que o distrito eh semi-árido e que no seu tempo nao haviam condições para fazer furos de agua. Eu disse-lhe que estudos actualizados da natureza dos solos revelam que após 150 metros de profundidade há agua. Alias, há, neste momento, em Machaila e Zinhane organizações nao governamentais a fazerem furos de agua para minorar o sofrimento daquela população. Portanto, nao esta em questão o conhecimento ou desconhecimento do país, mas o que os dados no terreno indicam.See Translation
  • Gabriel Muthisse Caro amigo Rui Lamarques, alguém proibiu os naturais de explorar carvão? (Embora nao creia k essa seja a solução). Sabe quanto custa um furo da profundidade requerida em Chigubo, para sugerir k cinco milhões seriam suficientes para dotar o distrito de agua. Estou aa espera do seu artigo para ver k soluções, diferentes das preconizadas pelo administrador, o amigo tem para Chigubo. Só espero que nao se resumam a distribuição de comida pelo Governo.See Translation
  • Rui Lamarques Aguarde-me. Tenho as cotações em meu poder.See Translation
  • Rui Lamarques Essa fez-me rir. "Alguém proibiu os naturais de explorar carvão?"

    Qual seria a solução para tirar aquele gente da indigência? Como é que o Governo pretende combater o abandono escolar? O administrador diz que fazem por via da sensibilização. Porém, a mesma nao surte os efeitos desejados. Claro que nao surte. Sensibilizar criadores de gado a deixarem os seus filhos na escola é o mesmo que dar asperina para suturar uma ferida monstruosa na pele. O discurso de um administrador nao deve, de forma alguma, propor nao-soluções. Aquele povo precisa de agua para abeberaremento do gado e para plantar mapira, milho e mexoeira. Precisam de oficinas de processamento de madeira. A solução é abandonar literalmente a produção de carvão e deixar, de uma vez por todas, de optar pelo mais fácil. Vocês aí no Governo sao filhos do livre-arbítrio. Trabalhem nesse sentido
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  • Gabriel Muthisse Edgar, o Rui ee jornalista. Trouxe um relato muito valido da situação de Chigubo. Creio que em nada desvalorizei o trabalho meritório deste jornalista que eu considero serio. O que eu fiz foi contextualizar o caso de Chigubo. Explicar porque ee um dos distritos com situação de abastecimento de agua mais precária. E referir que ee um dos 25 distritos semi-áridos, na classificação do ingc. Também nao concordei com algumas analises que se fazem a partir do artigo de Rui Lamarques. Por isso, meu caro, eu nao tenho que publicar aqui os relatórios das minhas "deambulações". Um dia, Edgar, ainda vamos comparar as contribuições que cada um de noos (os dois) damos pelo desenvolvimento do paiis. E anseio pelo dia em que será possível medir o amor que ambos temos por Moçambique. Para te convenceres de vez de que tu nao tens esse monopólio de amor e de desvelo.See Translation
  • Gabriel Muthisse E quem deve montar as serrações, amigo Rui Lamarques? O Governo, como nos tempos do Narxismo? Devemos recriar a MADEMO? A instalação de serrações nao resulta da iniciativa privada?See Translation
  • Edgar Mujahidine Barroso Muthisse, de modo nenhum quis medir o grau de patriotismo ou de sacrificio por Mocambique entre nohs os dois. Estou apenas a dizer que voces, os governantes, devem ter a humildade e a honestidade intelectual necessaria para assumir que ESTAO A FRACASSAR em Chigubo e muito mais lugares deste vasto pais... Do mesmo modo que rebentam foguetes pelo crescimento estatistico (invariavelmente sem expressao directa e tangivel na vida dos vossos governados). See Translation
  • Rui Lamarques Que tal pensarem nisso por via do PESOD?
  • Amilcar Sueia lendo varios comentarios por aqui descubro que há muita gente que fala de Moçambique e que afinal não conhece este País.See Translation
  • Amilcar Sueia não vamos personalizar, mas os que estão a por em causa situações dramaticas como as de Chigubo, revelam que desconhecem este país e os outros que acham qua as provaveis siluções passam apenas por colocar uma rodovia aqui e acola mostram igualmente que pensam Moçambique começa em Marracuene e termina na ponta do ouroSee Translation
  • Edgar Mujahidine Barroso Quando dizes que aqui ha gente que fala de Mocambique sem o conhecer nao estas a personalizar?See Translation
  • Amilcar Sueia não pois a tal gente não foi identificada,See Translation
  • Edgar Mujahidine Barroso O que eh que tu pensas, amigo Amilcar? O que eh, a teu ver, "conhecer Mocambique"? E por onde devem vir as solucoes?

    Agradecia que respondesses directamente as minhas perguntas.
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  • Amilcar Sueia Conhecer Moçambique é conhecer as particularidades e as especificidades de cada canto deste País, as soluções devem vir de todos nós, alias alguns aqui avançam com ideias que a serem levadas a serio podem ser grandes soluções.See Translation
  • Edgar Mujahidine Barroso Entao? Onde estah a substancia da tua constatacao? Porque eh que achas que uns e outros conhecem apenas um raio de 50 km em torno da cidade de Maputo?See Translation
  • Amilcar Sueia leia os comentarios Edgar que a substancia está patente
  • Antonio A. S. Kawaria Gabriel volto mais tarde.
  • Edgar Mujahidine Barroso Amilcar Sueia, qual dos comentários fundamenta a tua constatação?See Translation
  • Rui Lamarques Ontem estava a escrever pelo telefone, agora num computador posso contestar o Gabriel Muthisse. O ilustre estabelece um relação íntima entre escassez de água e fome em Chigubo. Porém, tal relação não é, como crê o ilustre, tautológica, pois elas não se pressupõem. Ou seja, a carência pluviométrica de uma região pode ser administrada de tal modo a não comprometer a sobrevivência das comunidades locais, como acima referiu o Livre Pensador. Nem sequer a própria seca pode ser definida apenas a partir da intensidade e frequência das precipitações porque ela envolve factores humanos e naturais ou a articulação destes. Portanto, a fome não é um fenómeno que decorre exclusivamente da seca, mas esta apenas agrava a situação da fome que tem causas mais ligadas à desigualdades sociais do que aos fenómenos climáticos. VoltoSee Translation
  • Amilcar Sueia Edgar não voltemos ao mesmo: eu disse que não vou "personalizar" a "conversa"See Translation
  • Edgar Mujahidine Barroso Amilcar Sueia, ok.

    O que é que queres dizer com "(...)os outros que acham qua as provaveis siluções passam apenas por colocar uma rodovia aqui e acola mostram igualmente que pensam Moçambique começa em Marracuene e termina na ponta do ouro"?
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  • Amilcar Sueia as soluções não são iguais para as diferentes situações e até para situações aprentemente similares, o que pode ser solução em Dindiza, não será em Nhacatale ou Mavhissanga, o que deu certo no Egipto não significa que deve resultar igualmente em Salamanga...See Translation
  • Edgar Mujahidine Barroso Isso é óbvio. Ainda não percebi a relação entre isso e o facto de se conhecer ou não Moçambique...See Translation
  • Livre Pensador Temos governantes que se preocupam em fazer perguntas aos seus eleitores, do que a cumprir as suas promessas eleitorais. E pena que nunca se lembrem do basico: deixar que outros facam aquilo que eles nunca foram capazes de fazer. Mas qual que? Sem Gabinete de Comunicacao e Imagem nao ha furo, nem capoeira de perdizes que se inaugurem. Nem que morra de sede um distrito inteiro. Pobreza absoluta mora nas cabecas...
  • Edgar Mujahidine Barroso Gabriel Muthisse, "temos governantes que se preocupam em fazer perguntas aos seus eleitores, do que a cumprir as suas promessas eleitorais (...)".

    How come?
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  • Gabriel Muthisse Estou noutra! Quando quiserem falar e conversar sobre o NOSSO paiis me terão sempre por perto. Para responder a acusações mal formuladas, a julgamentos sem sentido e a insinuações estou indisponível. E os k me conhecem sabem k nao fujo de um bom debate??See Translation
  • Antonio A. S. Kawaria Os que pretendem negar o que Rui Lamarques como jornalista escreveu e ainda segundo ele no terreno, porque não nos trazem outra versão?
    Mas a mim nada me surpreende porque sabemos que negar a pobreza e a fome dos outros passou a ser uma política do actual governo.
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