quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Explosões em Aleppo deixam pelo menos 48 mortos

 

03 de outubro de 2012 05h56 atualizado às 14h55
De acordo com fonte local, balanço de vítimas pode ser ainda pior do que estimativas inicial. Foto: ReutersDe acordo com fonte local, balanço de vítimas pode ser ainda pior do que estimativas inicial
Foto: Reuters
Pelo menos 48 pessoas morreram, em sua a maioria soldados, em atentados com carros-bomba nesta quarta-feira no centro de Aleppo, a segunda maior cidade da Síria e grande metrópole do norte do país disputada desde julho por rebeldes e Exército.
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Ao mesmo tempo, o Exército realiza uma grande ofensiva na região oeste de Damasco, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), militantes e jornalistas da AFP que relataram uma presença militar incomum na região.
Mais ao norte, ao menos 15 soldados morreram em ataques de rebeldes coordenados contra postos militares e em combates em Bdama, uma localidade da província de Idleb, de acordo com o OSDH, que se baseia em uma rede de testemunhas e militantes.
Do outro lado da fronteira turca, obuses disparados a partir do lado sírio mataram cinco pessoas, entre elas uma mulher e uma criança, e feriram outras nove na cidade de Akçakale, atingida nos últimos dias por disparos de artilharia e obuses efetuados em combates entre rebeldes e o Exército, anunciou o prefeito da localidade.
O vice-primeiro-ministro da Turquia, Besur Atalay, afirmou que "o incidente é muito grave", enquanto o chefe da diplomacia turca, Ahmet Davutoglu, convocou uma reunião de emergência no Ministério das Relações Exteriores. O primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan se reuniu com conselheiros para, segundo uma fonte, estudar uma eventual resposta.
Em Aleppo, a maioria dos mortos e feridos do triplo atentado "são membros das forças governamentais. As explosões tiveram como alvos um clube de oficiais militares e postos de controle do Exército", ressaltou o OSDH, citando fontes médicas. Uma autoridade local havia anunciado pouco antes o registro de "37 mortos e dezenas de feridos", muitos em estado grave.
Dois carros-bomba explodiram em um intervalo de um minuto em duas ruas próximas a um clube de oficiais militares, que fica perto da famosa Praça Sadala al-Khabiri, no coração de Aleppo. Um terceiro carro-bomba explodiu a 150 metros da praça.
"Ouvimos duas explosões muito fortes, era como se as portas do inferno se abrissem", contou à AFP Hassan, funcionário de um hotel de 30 anos. "Eu tirei dos escombros uma criança de menos de dez anos que perdeu uma perna", declarou um comerciante. A televisão oficial Al-Ijbariya exibiu imagens de dois edifícios totalmente destruídos na praça e de corpos ensanguentados entre os escombros. Os ataques ainda não foram reivindicados.
Acessos bloqueados
Na província de Damasco, os bairros periféricos de Qoudssaya e de Al-Hama, dois redutos rebeldes do Exército Sírio Livre (ESL, composto por desertores e civis armados), foram "bombardeados por tanques do Exército que, além disso, realiza perseguições e prisões nos arredores", segundo o OSDH. De acordo com um militante em Damasco, o exército cortou todos os acessos a esses bairros, que já haviam sido atacados, "mas não de forma tão violenta".
No bairro de Doummar, jornalistas da AFP e habitantes viram ao menos três tanques e sete caminhões militares, assim como muitos soldados, nas ruas. Ao menos quatro acessos à capital foram bloqueados, inclusive para as famílias que tentavam levar seus filhos para a escola.
A província de Damasco, assim como os quatro bairros da periferia da capital, é palco de violentos combates desde meados de julho. O jornal oficial Al-Baath anunciou na terça-feira que o fim das operações de segurança em Damasco está próximo. Em todo o país, mais de 100 pessoas morreram em meio à violência, segundo um registro provisório do OSDH.
Na província de Hama (centro) pelo menos 16 pessoas, entre elas três crianças e cinco mulheres, morreram durante o bombardeio pelo Exército sírio de um vilarejo, Sahn. Com mais de 31.000 pessoas mortas em 18 meses de conflito, em sua maioria civis, de acordo com o último levantamento do OSDH, não há uma solução à vista para o conflito sírio devido às divisões da comunidade internacional, entre o Ocidente, que defende a saída de Assad, e o eixo Rússia-China-Irã, aliados de Damasco.
Neste contexto, o mediador internacional Lakhdar Brahimi deve retornar a região nesta semana na esperança de conseguir uma redução da violência. Sobre as preocupações de vários líderes internacionais, o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil El-Arabi, considerou que as consequências da crise síria "poderão ser catastróficas, não apenas para a Síria, mas para todo o mundo árabe".
A violência na Síria tem tido reflexos nos países vizinhos, com combates nas fronteiras e a chegada incessante de refugiados a países como Turquia, Líbano e Jordânia. O número de sírios refugiados em países fronteiriços triplicou nos últimos três meses, superando os 300.000, anunciou o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), que acredita que este número deva duplicar até o fim do ano.

AFP

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