sábado, 13 de outubro de 2012

África: o continente insustentável

A África é um continente esquecido. Todos falam da crise americana e das dificuldades da zona euro, mas há um silêncio constrangedor sobre a insustentabilidade africana. Particularmente, a Somália vive a pior seca de água e de alimento do milênio. Centenas de milhões de famintos “zamzam” de um lado para outro, anunciando uma das piores catástrofes humanitárias do século XXI: a morte em massa pela miséria.

No maior campo de refugiados do mundo, “zilhões” (cifra quase incontável) de crianças sofrem de desnutrição irreversível na maioria dos casos. No Kenya, diariamente, chegam aos milhares somalianos exilados: ora fugindo de conflitos entre tribos, ora tentando escapar da grande seca que por lá se instalou, perfazendo um total cotidiano de 1300 pessoas suplementares, amontoadas no Campo de Dadaab, construído em 1991 para abrigar 90.000 pessoas, mas que, na realidade, conta com mais de 380.000, dos quais, 59.000 vivem miseravelmente no lado externo do Campo.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), é insustentável e urgente um apelo mundial por ajuda internacional. 12 milhões de pessoas passam fome e estão em uma situação crítica: dois milhões de crianças com grave desnutrição e entre elas 500.000 se encontram em perigo iminente de morte.
Os países implicados nesta catástrofe humanitária foram esquecidos pelo mundo globalizado. Kenya, Etiópia, Somalia e Uganda, acometidos por secas cíclicas, foram globalmente negligenciados há décadas. Lá falta tudo: eletricidade, estradas, água, saúde, educação, emprego etc. E ainda, grande parte da África é afrontada por movimentos insurreicionistas e por disputas inter tribus ou clãs pelo controle dos escassos recursos.

Muito longe de atingirem os Objetivos do Milênio decretados pela ONU, o continente africano pede socorro por ajuda internacional urgente! Estão em causa mais de 12 milhões de pessoas com fome, numa das piores tragédias humanitárias. Sobre a insustentabilidade da África, ninguém fala, ninguém escuta e ninguém vê!
Mônica Tassigny
Professora Titular da UNIFOR
Twiiter: @monicatass

Sem comentários: