Ruanda e República Democrática do Congo assinam acordo de paz
Tratado mediado por EUA e Catar pode dar fim à invasão do território congolês impulsionada desde janeiro por milícia apoiada pelo governo ruandês
Os governos de Ruanda e da República Democrática do Congo assinaram nesta sexta-feira (27/06) um acordo de paz que busca colocar fim ao conflito iniciado em janeiro passado, quando o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) iniciou uma invasão de províncias ao leste do território congolês.
Desde o início do conflito, Kinshasa acusou o exército ruandês de apoiar as ações do M23 nas invasões às províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul.
Apesar de que Kigali sempre negou tal envolvimento, as autoridades do país se comprometeram, a partir do tratado, de promover a retirada do M23 do território vizinho e impedir que o grupo impulsione novas ações do outro lado da fronteira.
A cerimônia de assinatura do tratado aconteceu em Washington e reuniu os dois chanceleres: a congolesa Thérèse Kayikwamba e o ruandês James Kabarebe, além do chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio. Os Estados Unidos foram um dos países mediadores do acordo, junto com o Catar.
Apesar da assinatura do acordo, a chanceler da República Democrática enfatizou que “o fim das hostilidades, de forma efetiva, não requer apenas estas assinaturas, mas o real compromisso em tirar os grupos armados das zonas em conflito e deixar que as populações locais possam recuperar a normalidade em suas vidas”.
“Esperamos um processo gradual de retirada, desarmamento e reintegração dos territórios, de forma a colocar fim a uma guerra que não se resume ao ocorrido este ano, já que inclui problemas acumulados nos últimos 30 anos”, acrescentou Kayikwamba.

Governo dos Estados Unidos
Crítica à China
Em sua intervenção, o chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, encontrou espaço para criticar a China, ao dizer que “nosso corpo diplomático atuou para ajudar estes dois países a encontrarem uma solução pacífica na qual eles possam voltar a buscar o desenvolvimento com sues próprios esforços, sem ter que se sujeitar a projetos de terceiros e seus interesses na região.
Rubio também tentou atribuir o acordo à “capacidade do governo do presidente Trump de buscar a paz, algo que vimos acontecer duas vezes esta semana”, mas não explicou porque o próprio mandatário não participou do evento de assinatura do documento.
Violações aos direitos humanos
Segundo um informe da organização Anistia Internacional, o grupo armado M23, apoiado por Ruanda, violou o direito internacional humanitário e cometeu crimes de guerra em suas ações violentas na República Democrática do Congo, nos primeiros meses deste ano.
“O M23 matou, torturou e fez desaparecer detidos à força, manteve alguns como reféns e os sujeitou a condições desumanas em locais de detenção em Goma e Bukavu, no leste da República Democrática do Congo”, afirmou o relatório.
O acordo assinado nesta sexta não especifica a forma como serão tratados esses crimes cometidos ao longo do conflito.
Com informações de TeleSur.
Sem comentários:
Enviar um comentário