Quem é Ali Khamenei, o líder supremo do Irão que Trump "ainda" não quer matar
No poder há mais de três décadas, Khamenei armou e financiou grupos armados no Médio Oriente para cimentar a sua influência.
Correio da Manhã
Enquanto o conflito entre Israel e o Irão se intensifica, pouco se sabe sobre o Ayatollah Ali Khamenei, o líder supremo da República Islâmica do Irão, que está na mira de Donald Trump e Benjamin Netanyahu.
Na segunda-feira o primeiro-ministro israelita, em entrevista ao canal televisivo norte-americano, ABC News, afirmou que a morte de Khamenei não iria escalar o conflito, mas sim terminá-lo. Um dia depois, o presidente norte-americano escreveu nas redes sociais que sabia “exatamente” onde o líder iraniano estava, acrescentando: “não vamos matá-lo, pelo menos por agora”.
As ameaças crescem mas o verdadeiro local de Khamenei é raramente partilhado, movimentando-se entre locais secretos e com a ajuda do “Corpo de Guardas Revolucionários” que serve como sua segurança privada.
Ali Khamenei nasceu em 1939 numa família religiosa e modesta em Mashhad, uma cidade no leste do Irão. Em jovem cresceu nos anos que antecederam a revolução de 1979 que derrubou a monarquia do Xá Mohammed Rezi Pahlevi, o autocrata apoiado pelos países ocidentais, tornando o país numa república islâmica.
Durante este tempo foi preso inúmeras vezes pelos serviços norte-americanos que apoiavam o Xá Mohammed Rezi Pahlevi e ao longo do tempo acabou por subir na hierarquia da oposição religiosa enquanto aliado do Ayatollah Ruhollah Khomeini, que liderou a revolução e fundou a República Islâmica do Irão - Ayatollah é um nome utilizado para designar o líder religioso de mais alto nível entre os muçulmanos xiitas.
Rapidamente, Khamenei tornou-se um dos tenentes mais fiéis do novo regime, inclusive chegou a ser presidente durante grande parte dos anos 80. Quando Khomeini morreu em 1989, Khamenei já era um Ayatollah e subiu rapidamente para líder supremo. O seu objetivo era consolidar o controlo do aparelho político e militar, reprimindo a dissidência para reforçar a sua posição e influência.
Enquanto líder supremo, Ali Khamenei encontra-se acima de todos os ramos do governo, ele é que nomeia os chefes do poder judicial, dos meios de comunicação estatal e das agências de segurança, tendo ainda a autoridade de escolher os candidatos à presidência. A sua autoridade estende-se também ao programa nuclear, colocando-o no centro da escalada do conflito com Israel.
O objetivo da campanha militar de Israel foi prevenir que Teerão pudesse criar ou comprar armas nucleares, mas oficiais iranianos têm vindo a esclarecer publicamente que o seu projeto nuclear serve apenas para utilizações civis, negando acusações de que estão a construir armamento nuclear.
De forma a cimentar o seu poder na região, durante estas três décadas, o Irão treinou, armou e financiou uma rede de forças que se estendem desde o Líbano ao Iémen, incluindo o grupo armado Hezbollah, o Hamas e os Houthis.
No entanto, a sua estratégia foi posta em causa na passada sexta-feira quando Israel lançou a sua ofensiva, demonstrando as fragilidades do Irão, atacando locais militares e nucleares e uma lista de oficiais de topo. A morte de Khamenei pode levar a uma escalada do conflito, com consequências para toda a região do Médio Oriente.
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