Saturday, September 1, 2018

Morreu Cavalli-Sforza, o cientista que acabou com o conceito de raça


O cientista italiano fundou uma nova área do saber, em que o estudo da distribuição geográfica de variantes genéticas permitiu reconstruir a expansão da humanidade pelo planeta.
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Cavalli-Sforza traçou o percurso da humanidade pelo planeta LUCA GIARELLI
Aos 96 anos, morreu o geneticista italiano Luigi Luca Cavalli-Sforza, que estudou o ADN e também as línguas das populações humanas para desvendar como, a partir de África, se espalhou a humanidade pelo planeta. Essa investigação ensinou-nos algo ainda mais profundo: que o conceito de “raça” não tem qualquer utilidade em termos biológicos.
Desde sempre, os humanos, mesmo os que não eram Homo sapiens, como nós, tiveram um desejo inato de viajar e correr mundo, o que fez com que há cerca de 12 mil anos, quando surgiu o homem moderno e a agricultura estava prestes a começar, existissem humanos praticamente em todos os pontos da Terra, e todos fôssemos bastante parecidos geneticamente – pelo menos, todos da mesma espécie. A curiosidade de Cavalli-Sforza foi despertada por esta viagem, que procurou compreender.
O melhor do Público no emailNasceu em Génova em 1922 mas fez carreira no Reino Unido, nos Estados Unidos (Universidade de Stanford, onde era professor emérito) e Itália (Universidade de Pavia, onde começou os seus estudos, no curso de Medicina). Estudou genética, quando o gene e os mecanismos da hereditariedade eram ainda um livro cheio de páginas em branco para os cientistas, e também estatística. Essa escolha poderia parecer um pouco heterodoxa quando ele era jovem, mas faz todo o sentido hoje em dia, com a ascensão da genómica – o estudo dos genomas, o livro de instruções dos seres vivos, escrito com letras feitas de ADN. 
A partir dos anos 1960, depois de ter trocado a genética das bactérias pela genética humana na década anterior, como explicou numa entrevista à Natureem 2007, Cavalli-Sforza começou a publicar os trabalhos que o tornaram célebre (ver Genes, Povos e Línguas, Instituto Piaget). Traçou as migrações em massa do passado remoto da humanidade não apenas através das escavações arqueológicas, como se fazia tradicionalmente, mas também procurando pistas no sangue dos humanos actuais. Tornou-se o fundador de uma nova área do saber, em que o estudo da distribuição geográfica de variantes genéticas permite, por exemplo, reconstruir a expansão da humanidade pelo planeta.
Cavalli-Sforza animou várias iniciativas de cooperação científica internacional, como o estudo do cromossoma Y e o Projecto de Diversidade do Genoma Humano – passar da leitura do genoma de uma única pessoa para a leitura de várias pessoas, para tentar compreender o que torna cada indivíduo “único e irrepetível”. Tem ADN de 1050 pessoas de 52 pessoas de todo o mundo, guardado na Fundação Jean Dausset, em Paris – mas enfrentou a hostilidade de alguns povos indígenas, que acusaram os cientistas de biopirataria, sentindo que se apropriaram indevidamente do seu património genético.
Foi uma desilusão do cientista italiano, mas este é um campo minado e cheio de mal-entendidos culturais, dos quais não foi alheio Cavalli-Sforza. O investigador que mostrou a proximidade genética entre as populações humanas, reduzindo a raça a um conceito cultural sem justificação biológica, recebeu muito correio de ódio de supremacistas brancos, revelava a revista da Universidade de Stanford, num artigo sobre o seu professor emérito em 1999.





Público

3 h
Ensinou-nos algo ainda mais profundo: que o conceito de “raça” não tem qualquer utilidade em termos biológicos.
Comentários

João Santos Ele é um exemplo com seu trabalho cientifico e genético. Teve que enfrentar pelos vistos não só grupos racistas ("recebeu muito correio de ódio de supremacistas brancos"), como de muitos anti racistas com suas apropriações culturais, quotas raciais outras coisas mais que só dividem as pessoas em raças e que o afectaram no seu trabalho ("mas enfrentou a hostilidade de alguns povos indígenas, que acusaram os cientistas de biopirataria, sentindo que se apropriaram indevidamente do seu património genético."). Isto tudo em prol do seu trabalho cientifico e na qual deixou um legado na ciência. Foi Martin Luther King da ciência. 🧐 🤔 😉

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Roberto Carneiro Lopes Oh pá!! O meu professor de matemática era de pantone dérmico mais escuro que os outros, foi o único que me deixa boas lembranças. 
Só coprólitos espíritos conseguem dizer, mas sem argumentos, que existem raças. 
A raça humana é única...

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Ana Silva O odio é tudo o que os racistas têm para justificar a raça !! eaté vou dizer o que pensam com uma noticia destas !! o velho esticou o pernil e isto cai no esquecimento " porque desconhecem como se faz ciência !!

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Gabriel Henriques A raça é um conceito socialmente observável. Do ponto de vista biológico é muito mais complexo e há uma mistura enorme.
Mas é o que é observável que tem interesse sociológico, por isso dizer que raça não existe com base na biologia, não tem qualquer sentido.
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Ana Martins Raça humana. Ponto final.

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José Germano Cavalli-Sforza substituiu o conceito de «raça» pelo conceito de «cline» que basicamente são a mesma coisa! Mas os grunhos globalistas anti-brancos, não sabem a definição de um ou de outro, e repetem a bacorada politicamente correcta de que «só há uma raça a raça humana» Não há uma pessoa com conhecimentos (ainda que básicos) de genética ou da Evolução que engula a parvidade de que «as raças não existem». Negar a existência de raças é negar a Evolução de Darwin.....qual é o cientista que afirma que o titulo da obra prima de Darwin está errado «A Origem da Espécies através da Selecção Natural ou a preservação das RAÇAS Favorecidas na Luta pela Vida»! Se não acreditam na Evolução como é que os Negacionistas das raças explicam o aparecimento de novas espécies?
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Ricardo Mateus Deves te achar um máximo?

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Hermenegildo Silva Tem José Germano, o seu comentário faz muito sentido para tivermos mais carga genética símia.

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José Germano Ricardo Mateus ,Rendo-me! Com esse argumento superior provaste sem dúvida nenhuma que os grunhos globalistas anti-brancos negacionistas de Darwin estão certos! A partir de hoje prometo que nunca mais leio o Darwin e votarei sempre,sempre no BE!
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Ana Martins José Germano Darwin é fruto do seu tempo. Dito isto, pode retirar o hífen de "provas-te".

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José Germano Ana Martins Obrigado Ana.
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José Germano Ana Martins Não há UM cientista que negue a Evolução conforme Darwin a descreveu! Praticamente todos os dias surgem mais evidencias de que Darwin estava certo!
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Mwell Well Tens razao , ha diferentes racas . Ainda bem que nao somos todos da tua . Eu , por exemplo , apesar de branco nao me identifico com acefalos
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José Germano Mwell Well Não é um argumento! Os negacionistas das raças e da Evolução não têm argumentos racionais! Só um ódio patológico e irracional á raça branca!
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João Paulo Roque Tens razão. No entanto tem de concordar que a descoberta veio mitigar as diferenças no sentido em que, pelo simples facto de haver uma origem comum de todas as raças, implica que somos todos da mesma espécie, e as diferenças existem pelo simples facto do processo evolutivo ter continuado em circunstancias diferentes (locais diferentes) e possíveis misturas. Coisa que é diferente se fosse provado que as raças vem de ramos filogenéticos distintos... Por exemplo: Caso os "amarelos" e os "brancos" derivassem de espécies passadas distintas e que as semelhanças fossem somente coincidência de forma.
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Maria Conde Silva Poucos aprenderam!

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Milton Pereira Na ciência nunca existiu essa palavra raça, como muito etnia sempre foi espécie e derivados a raça veio do criacionismo como a filosofia religião etc o criacionismo e materialismo são o que faz do humano um ser sapien

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Ana Silva lol e há quantos anos existe a "ciencia" estas a confundir tudo a "ciencia do antigamente mais precisamte de há 200 anos para trás que foi quando se separaram as varias disciplinas incluindo a biologia ou a "ciencia" do "cientista" das de filosofia , aVer mais
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Maan Sile Deixou-nos uma herança preciosa.

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Anibal Costa Jornal público....anda a dar forte no assunto
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Milton Pereira Resumindo evolução das raças vs adaptação das espécies
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José M Villa Lobos Um dia feliz para os poucos grunhos que sabism da existência deste senhor.
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Hugo Santos A raça não tem um valor biológico mas se as pessoas são interpeladas como se tivesse, tem que reagir contra os seus opositores - os racistas - reapropriando-se das suas lógicas. Digo isto porque a ideia de que não existe uma raça acaba por convir também ao próprio racismo que se nega a si mesmo

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