EDITORIAL
Depois de dois anos fulgurantes, o verniz estalou em definitivo em torno de Rogério Zandamela, o governador do Banco de Moçambique, que saltou do quadro do FMI (Fundo Monetário Internacional) para vir colocar nos eixos a política monetária do país, desbaratada pelo escândalo internacional das dívidas ocultas.
Em 2016, Zandamela substitui um governador desgastado e com um enorme nariz de Pinóquio, depois de cinicamente ter dito desconhecer a empresa ProIndicus e as dívidas contraídas em torno de mais duas instituições do aparelho securocrata e que endividaram o país em dois mil milhões de dólares.
Não só o Banco de Moçambique sabia da criação das três empresas e do projecto securitário, como tinha ordenado pelo menos um pagamento em 2015. Zandamela tinha pergaminhos de 28 anos como funcionário do FMI, era avesso aos corredores das políticas de Moçambique que passam invariavelmente pelo Partido Frelimo e à narrativa socialista que dominou o país durante a primeira década da sua independência.
Os administradores da banca comercial, muitos com traços inequívocos de ligação à Frelimo, são por ele tratados, desprezivelmente, como lobistas políticos. Tal qual anjo exterminador, liquida o Nosso Banco (NB), uma pequena instituição de crédito ligada ao lobby Frelimo e à promiscuidade com o sector público e intervenciona o Moza Banco, órfão das incapacidades do seu parceiro lusitano e de uma imparável derrapagem de liquidez ao longo de 2016.
Depois de dois anos fulgurantes, o verniz estalou em definitivo em torno de Rogério Zandamela, o governador do Banco de Moçambique, que saltou do quadro do FMI (Fundo Monetário Internacional) para vir colocar nos eixos a política monetária do país, desbaratada pelo escândalo internacional das dívidas ocultas.
Em 2016, Zandamela substitui um governador desgastado e com um enorme nariz de Pinóquio, depois de cinicamente ter dito desconhecer a empresa ProIndicus e as dívidas contraídas em torno de mais duas instituições do aparelho securocrata e que endividaram o país em dois mil milhões de dólares.
Não só o Banco de Moçambique sabia da criação das três empresas e do projecto securitário, como tinha ordenado pelo menos um pagamento em 2015. Zandamela tinha pergaminhos de 28 anos como funcionário do FMI, era avesso aos corredores das políticas de Moçambique que passam invariavelmente pelo Partido Frelimo e à narrativa socialista que dominou o país durante a primeira década da sua independência.
Os administradores da banca comercial, muitos com traços inequívocos de ligação à Frelimo, são por ele tratados, desprezivelmente, como lobistas políticos. Tal qual anjo exterminador, liquida o Nosso Banco (NB), uma pequena instituição de crédito ligada ao lobby Frelimo e à promiscuidade com o sector público e intervenciona o Moza Banco, órfão das incapacidades do seu parceiro lusitano e de uma imparável derrapagem de liquidez ao longo de 2016.
Adopta medidas draconianas para estancar a deriva cambial do metical, sobe as taxas de juro, enxuga o mercado de excesso de liquidez, adoptando medidas complementares de controlo da inflacção. Com os números a mostrarem os primeiros sinais de reacção positiva, Zandamela cai na tentação de fazer discurso político, declarando o fim da crise, afirmação que lhe valeu uma onda de adjectivação negativa em grande parte da imprensa local.
Obstinado e com espírito de missão, afasta qualquer possibilidade do regresso da Moçambique Capitais ao controlo do Moza Banco. Num processo muito pouco transparente, envolve o fundo de pensões do banco onde é governador, na recapitalização do Moza. Zurze a banca comercial com multas impiedosas, sugerindo branqueamento de capitais.
Os gestores do Moza são enviados para investigação à PGR (Procuradoria Geral da República) e os administradores da massa falida do NB são abruptamente despedidos na praça pública. Porém, dois anos passados, a divulgação do relatório de auditoria da KPMG, às contas do exercício de 2017 do banco regulador, são um golpe duríssimo à credibilidade do governador e a sua imagem de estar acima dos conflitos.
A “K”, acossada na África do Sul de “estar na cama” com os Gupta, a família que desgraçou as ambições políticas do presidente Jacob Zuma, emite uma opinião adversa às contas do Banco de Moçambique (BM), considerando que “as demonstrações financeiras consolidadas e separadas não apresentam de forma verdadeira e apropriada a posição financeira consolidada e separada do BM a 31 de Dezembro de 2017”.
As reservas da “K” referem que o desempenho financeiro e os fluxos de caixa apresentados pelo banco regulador não estão de acordo com as NIRF (Normas Internacionais de Relato Financeiro).
Considera também que as contas da Kuhanha, o instrumento chave e controverso de Zandamela na “operação Moza”, não foram consolidadas e os lançamentos à margem das normas das diferenças cambiais resultam numa sobreavaliação de 24,9 mil milhões de meticais, o que transforma o lucro de 5.587 milhões de meticais, reivindicado pelo governador, num potencial prejuízo de 19.313 milhões de meticais, qualquer coisa como USD322 milhões de dólares. Ainda sobre a Kuhanha, há o lançamento de um adiantamento sem juros do banco regulador de 11.170 milhões de meticais a favor do fundo de pensões, sensivelmente a importância que foi gasta na recapitalização do Moza.
Claramente, uma matéria a merecer as atenções do Tribunal Administrativo.
Para um governador implacável, que multou, sancionou na praça pública a banca comercial e remeteu à investigação criminal uma dezena de gestores bancários, são demasiadas irregularidades detectadas em sua própria casa.
A sua imagem está agora claramente fragilizada. Em nome da transparência de procedimentos que sempre defendeu, em nome das práticas à revelia do lobby mafioso frelimista que diz abominar, Zandamela tem explicações a dar ao público.
Se não o fizer, é cúmplice e contraditório nos seus próprios argumentos de fazer diferente, num sector com muitos podres e buracos negros e que precisa desesperadamente de um governador com as bolas no sítio.
Estamos à espera Mr. Zandamela!
SAVANA – 21.09.2018
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