sexta-feira, 8 de abril de 2016

Ex-PR moçambicano Joaquim Chissano defende ações militares contra a Renamo

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O antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano defendeu hoje que o Governo deve continuar as suas ações militares contra a Renamo, principal partido de oposição em Moçambique, enquanto o movimento apostar na via armada como instrumento político.

"Se não há outra maneira [de travar as ações armadas da Renamo]. Se a Renamo deixasse de disparar contra a população, não haveria necessidade de se proteger a população, porque não haveria fogo", disse Chissano, em entrevista divulgada na edição de hoje do semanário Savana de Maputo.
O antigo chefe de Estado moçambicano, que governou o país durante 18 anos, lembrou que o executivo que chefiou negociou o Acordo Geral de Paz de 1992, enquanto o país estava em guerra.
"O diálogo de 1990-1992 fez-se no meio do fogo. Não parou a luta, porque o Governo estava consciente de que tinha o dever de defender a população e não podia recuar de qualquer maneira. Fizemos o que nós podíamos e salvámos até onde pudemos", frisou Joaquim Chissano.
Sobre o facto de a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) condicionar o reatamento das negociações com o Governo, para o fim da crise político-militar, Chissano entende que a aparente relutância do executivo em aceitar essa exigência pode estar relacionada com a circunstância de o principal partido de oposição passar a novas exigências logo que as anteriores são satisfeitas.
"É preciso ter-se uma perspetiva. Será que aceitando isto, a Renamo não vai exigir outra coisa? Porque já vimos exigências disto e mais aquilo. Então é preciso saber-se profundamente como agir em torno das propostas que estiverem na mesa, depois de tomar uma decisão", declarou o antigo Presidente da República.
Joaquim Chissano referiu-se em concreto à exigência da Renamo de que um eventual processo negocial deve envolver a União Europeia (UE), assinalando que esta organização congrega vários estados.
"Por exemplo, a UE não é um estado, são vários estados. (...) eu não sei o que iria fazer a UE, quem é a UE? Não sei se a Renamo quer transformar este diálogo entre dois num assunto internacional", enfatizou Chissano.
Realçando que um dia a estabilidade política voltará ao país, o antigo Presidente da República apelou à persistência do povo na exigência pela paz, assinalando que os moçambicanos exigem a estabilidade com cada vez maior vigor.
Moçambique vive uma crise política e militar caracterizada por relatos de confrontos entre as forças de defesa e segurança e o braço armado da Renamo e ataques a veículos civis e militares imputados pelo executivo ao movimento de oposição.
A Renamo não reconhece os resultados das eleições gerais de 2014 e exige governar nas seis províncias onde reivindica vitória eleitoral.
PMA // EL
Lusa – 08.04.2016

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