CanalMoz
Canal de Moçambique, nr. 353 - 20 de Abril de 2016.
Primeiro-ministro dá explicações em Washington
Dívida da EMATUM e da “ProIndicus”.
“A Frelimo só respeita quem lhe dá dinheiro” – Ivone Soares, chefe da bancada parlamentar da Renamo.
Uma equipa chefiada pelo primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, vai reunir com especialistas do Fundo Monetário Internacional para dar esclarecimentos sobre a dívida da EMATUM e da “ProIndicus”.
A ida do Governo a Washington acontece pouco tempo depois de o FMI anunciar a suspensão da cooperação com Moçambique, caso o Governo não esclareça sobre as duas dívidas.
O Governo vai a Washington depois de a bancada parlamentar que o apoia na Assembleia da República, a bancada da Frelimo, se recusar a agendar o debate da situação real da dívida pública.
Depois do anúncio da suspensão da cooperação pelo FMI, o Governo só precisou de vinte e quatro horas para constituir a equipa que vai prestar contas ao FMI.
Ivone Soares, chefe da bancada parlamentar da Renamo, diz que a atitude do Governo revela falta de respeito para com o povo moçambicano e para com a Assembleia da República.
“A Frelimo só respeita quem dá dinheiro e manda passear todo o povo”, declarou Ivone Soares, numa entrevista exclusiva ao CANALMOZ.
A deputada declarou que a bancada da Renamo “não irá demitir-se das suas responsabilidades de representação do povo e fiscalização do Executivo”. Segundo diz Ivone Soares, a bancada parlamentar da Renamo vai “continuar a batalhar para a responsabilização daqueles que lesam a pátria”.
Conselho Constitucional e Assembleia da República devem pronunciar-se
Questionada sobre o passo a seguir, Ivone Soares afirmou: “Dois mil cidadãos poderão exigir que o Conselho Constitucional se pronuncie, ou o próprio parlamento”.
“Nós, deputados da Renamo, não vamos cruzar os braços e esquecer os desmandos e inconstitucionalidades praticados pelo Governo da Frelimo”, disse Ivone Soares, acrescentando que a Renamo vai “continuar a exigir transparência e o cumprimento dos ditames da Constituição da República de Moçambique”.
A Renamo condena a decisão da bancada parlamentar da Frelimo de inviabilizar a ida do Governo à Assembleia da República. “É repugnante ver a bancada da Frelimo a impedir que os deputados cumpram o seu mandato de fiscalizar o Governo”, afirmou Ivone Soares.
Responsabilizar todos os envolvidos no endividamento do Estado moçambicano
“Devemos todos gritar, para todo o mundo ouvir, que exigimos a reposição do bom nome da nossa pátria e a responsabilização dos cérebros desses créditos malparados, sobre cujo montante nenhum de nós foi informado até hoje”, declarou Ivone Soares. (André Mulungo)
CANALMOZ – 20.04.2016
Edgar Barroso
Canal de Moçambique, nr. 353 - 20 de Abril de 2016.
Primeiro-ministro dá explicações em Washington
Dívida da EMATUM e da “ProIndicus”.
“A Frelimo só respeita quem lhe dá dinheiro” – Ivone Soares, chefe da bancada parlamentar da Renamo.
Uma equipa chefiada pelo primeiro-ministro, Carlos Agostinho do Rosário, vai reunir com especialistas do Fundo Monetário Internacional para dar esclarecimentos sobre a dívida da EMATUM e da “ProIndicus”.
A ida do Governo a Washington acontece pouco tempo depois de o FMI anunciar a suspensão da cooperação com Moçambique, caso o Governo não esclareça sobre as duas dívidas.
O Governo vai a Washington depois de a bancada parlamentar que o apoia na Assembleia da República, a bancada da Frelimo, se recusar a agendar o debate da situação real da dívida pública.
Depois do anúncio da suspensão da cooperação pelo FMI, o Governo só precisou de vinte e quatro horas para constituir a equipa que vai prestar contas ao FMI.
Ivone Soares, chefe da bancada parlamentar da Renamo, diz que a atitude do Governo revela falta de respeito para com o povo moçambicano e para com a Assembleia da República.
“A Frelimo só respeita quem dá dinheiro e manda passear todo o povo”, declarou Ivone Soares, numa entrevista exclusiva ao CANALMOZ.
A deputada declarou que a bancada da Renamo “não irá demitir-se das suas responsabilidades de representação do povo e fiscalização do Executivo”. Segundo diz Ivone Soares, a bancada parlamentar da Renamo vai “continuar a batalhar para a responsabilização daqueles que lesam a pátria”.
Conselho Constitucional e Assembleia da República devem pronunciar-se
Questionada sobre o passo a seguir, Ivone Soares afirmou: “Dois mil cidadãos poderão exigir que o Conselho Constitucional se pronuncie, ou o próprio parlamento”.
“Nós, deputados da Renamo, não vamos cruzar os braços e esquecer os desmandos e inconstitucionalidades praticados pelo Governo da Frelimo”, disse Ivone Soares, acrescentando que a Renamo vai “continuar a exigir transparência e o cumprimento dos ditames da Constituição da República de Moçambique”.
A Renamo condena a decisão da bancada parlamentar da Frelimo de inviabilizar a ida do Governo à Assembleia da República. “É repugnante ver a bancada da Frelimo a impedir que os deputados cumpram o seu mandato de fiscalizar o Governo”, afirmou Ivone Soares.
Responsabilizar todos os envolvidos no endividamento do Estado moçambicano
“Devemos todos gritar, para todo o mundo ouvir, que exigimos a reposição do bom nome da nossa pátria e a responsabilização dos cérebros desses créditos malparados, sobre cujo montante nenhum de nós foi informado até hoje”, declarou Ivone Soares. (André Mulungo)
CANALMOZ – 20.04.2016
Edgar Barroso
Nas últimas semanas, uma sucessão de notícias escandalosas sobre as nossas finanças públicas têm aparecido na imprensa internacional. Temos estado a tomar conhecimento de negócios ultra-secretos envolvendo o Estado moçambicano, sem conhecimento e chancela de órgãos fiscalizadores como o nosso parlamento, no mínimo. São negócios que nos envolvem a todos, como cidadãos contribuintes. O anterior Governo, que cessou funções no início de 2015, contraiu até agora 3 (três) empréstimos esquisitos que já estão a chamuscar a briosa imagem internacional recente do nosso desempenho económico, nas últimas décadas.
Eu Já vi cidadãos moçambicanos, comuns e influentes, a serem devidamente (ou injustamente) ouvidos e julgados judicialmente. O músico Azagaia já foi ouvido pela Procuradoria da República, apenas por dizer nas suas músicas que estávamos a ser dirigidos por corruptos e ladrões. O intelectual Carlos Nuno Castel-Branco até foi parar aos tribunais, mesmo sabendo-se hoje que ele tinha de facto razão nas contundentes críticas feitas ao nosso anterior Chefe de Estado. Almerino Manhenje, antigo Ministro do Interior, já foi até preso por ter desviado e usado indevidamente fundos do Estado. A lista se segue por alguns dirigentes superiores ou subalternos do Estado (ou de empresas públicas) nos seus mais diversos sectores. Até funcionários públicos de escalão baixo têm sido levados e responsabilizados na barra da justiça. Porquê é que os que nos dirigiram nos últimos dez anos, no Governo central e principais responsáveis por essa série de escândalos financeiros sem comparação possível a nível mundial, não estão a ser ouvidos judicialmente?!
Este texto pode ter até contornos populistas, já nem me importo. Há tanta falta de informação, tanta desinformação e tanta contra-informação que a única coisa que nos resta, como cidadãos legitimamente preocupados com a gestão da coisa pública e com a imagem do nosso país internamente e além-fronteiras, é este grito de indignação! O Estado é uma entidade, e não um grupo de individualidades. Se houve, no nosso passado recente, responsáveis pela sua gestão danosa, então que sejam hoje devidamente responsabilizados. Os nossos magistrados devem mostrar serviço hoje, mais do que nunca. Se têm sido os primeiros a correr para processar, sem apelo nem agravo, pilha-galinhas e derivados, hoje que sejam os primeiros a agir em nome do Estado e da salvaguarda do Estado de Direito que se dizem ser dignos e briosos guardiões. Caso contrário, também não deverão merecer a nossa credibilidade e respeito, como os gangsters do Estado que nos endividaram insustentavelmente.
Persigam, oiçam, julguem e prendam esses ladrões!
FMI diz que Moçambique reconheceu dívida não comunicada e deu "passo importante"
O primeiro-ministro moçambicano reconheceu na terça-feira que o FMI não tinha sido informado sobre um valor superior a mil milhões de dólares da dívida externa de Moçambique, revelou o organismo, que vê nesta atitude um "primeiro passo importante".
Carlos Agostinho do Rosário reuniu-se com a directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, na terça-feira, em Washington.
"O primeiro-ministro de Moçambique reconheceu que um montante superior a mil milhões de dólares de sua dívida externa garantida pelo Governo não havia sido anteriormente divulgado ao Fundo", informou o FMI, numa nota enviada à agência Lusa.
Segundo o Fundo, Christine Lagarde recebeu a divulgação destas informações por parte das autoridades moçambicanas como um "primeiro passo importante".
Moçambique vai fornecer mais informações e documentação de apoio ao longo dos próximos dias para que se poderem "apurar os factos e permitir que o Fundo efetue uma avaliação completa", destacou o FMI.
"O Fundo e Moçambique vão trabalhar juntos de forma construtiva para avaliar as implicações macroeconómicas dessas informações e identificar passos para restaurar a confiança", lê-se ainda na nota enviada à Lusa.
O FMI cancelou o pagamento da segunda tranche, no valor de 155 milhões de dólares, do empréstimo que tinha acordado no final do ano passado com Moçambique, no total de 285 milhões.
De acordo com o jornal britânico Financial Times, que cita uma fonte interna do FMI, a decisão terá sido tomada na sequência do cancelamento da visita ao país, esta semana, na qual era previsível que fosse dada a autorização para o pagamento da segunda parte do empréstimo acordado no final do ano passado.
"É provavelmente um dos piores casos de entrega de dados errados por parte de um Governo que o FMI viu num país africano nos últimos tempos. Eles esconderam deliberadamente de nós pelo menos mil milhões de dólares, possivelmente mais, em empréstimos escondidos", disse esta fonte do FMI ao Financial Times.
"Moçambique está à beira de uma crise financeira se as autoridades não tomarem medidas para lidarem com os riscos actuais", vincou a mesma fonte, acrescentando que os doadores internacionais, responsáveis pelo financiamento de cerca de 25% do Orçamento, podem também seguir o mesmo caminho e cancelar os pagamentos de 350 a 400 milhões de dólares.
"Aí Moçambique enfrentaria uma crise orçamental e uma crise na balança de pagamentos", concluiu a fonte do FMI citada pelo Financial Times.
O FMI cancelou na última sexta-feira uma missão prevista para esta semana a Moçambique devido às revelações de empréstimos alegadamente escondidos no âmbito do caso dos "títulos do atum", relacionado com o financiamento da empresa pública Ematum, anunciou a directora do Departamento Africano, Antoinette Sayeh.
"O empréstimo em causa ascende a mais de mil milhões de dólares e altera consideravelmente a nossa avaliação das perspectivas económicas de Moçambique", disse Sayeh, na sede do FMI, em Washington, semana passada.
No fim de semana, o Governo moçambicano anunciou que o primeiro-ministro iria a Washington explicar ao FMI os contornos de todos os empréstimos que não foram publicamente anunciados.
FOS // MP
Lusa – 20.04.2016
Sem comentários:
Enviar um comentário