Terça, 19 Maio 2015
A CHAMA da unidade, que se encontra a percorrer a província de Tete, desde o passado dia 12, foi calorosamente recebida ontem no distrito de Zumbo, ido da Marávia, na fronteira com a Zâmbia, onde também arrastou multidões, característica, aliás, em todos os sítios por onde passa.
Fonte em Tete disse ao “Notícias”, que a chama pernoitou na sede distrital de Zumbo, antes de atravessar hoje, o rio Zambeze, a caminho dos distritos de Mágoè, Cahora Bassa e Marara. Prevê-se que a chama pernoite amanhã, na cidade de Tete, de onde partirá na quinta-feira, para a província de Manica, com uma escala de algumas horas no distrito de Changara, limítrofe com o vizinho Guro, que servirá de porta de entrada da chama da unidade a Manica.
Durante o percurso da chama em Tete, multidões de cidadãos oriundos dos diversos cantos da região, juntaram-se à festa colectiva proporcionada pela passagem do símbolo, para manifestar a sua simpatia, alegria e entusiasmo pela ocasião.
Conforme constatámos, aliás, por todas as aldeias, em que a chama passou, foi recebida por milhares de pessoas, que nalguns povoados passaram noites inteiras sem dormir à espera de ter a oportunidade de ver e tocar aquele símbolo da união dos moçambicanos.
Cantando e dançando ao ritmo de vários números do mosaico cultural moçambicano, diversos grupos populares iam abrilhantando a ocasião, com canções tradicionais e da nossa música ligeira, em que se pontificavam artistas da nossa “fina-flor” no panorama musical nacional, como o Ziqo, o Mr. Bow, o agrupamento “niassense” os Massukos, o Thazy, Kaliza e o Jorge Mamad.
Rostos visivelmente emocionados e ansiosos em querer ver e tocar a chama da unidade eram evidentes em todos os presentes, que mal se continham perante a presença daquele símbolo.
No Planalto de Angónia-Marávia, onde a tocha da chama chegou a altas horas da noite também houve festa rija, apesar das baixíssimas temperaturas que ali se registam, por estas alturas do ano (uma média de 9 graus centígrados).
A passagem da chama pela região movimentou multidões que venceram as condições climatéricas adversas, com um grande espírito de sacrifício, para fazerem a festa da ocasião, num sentido patriótico de tudo irrepreensível.
Uma nota positiva digna de realce foi o facto de em quase todos os lugares por onde passou este símbolo da união dos moçambicanos, nenhum cidadão se fez presente vestido ou exibindo algo que representasse as suas afinidades políticas, fora a bandeira nacional.
O SENTIDO DA PAZ
Alguns cidadãos contactados pela nossa Reportagem, em Tete, destacaram o sentido patriótico da chama, a sua força de união, de liberdade, da paz e da globalidade.
“Com as lições que este movimento produz, os políticos deviam reflectirem um pouco sobre a necessidade da preservação da paz, pois, estamos aqui a manifestar o nosso desejo de paz e da unidade nacional, porque só assim é que poderemos estar unidos, circularmos livremente e desenvolver o nosso país, com esta Chama a iluminar o caminho para o progresso do país”, disse Aibo Patel, jovem que completa este ano, 40 “primaveras” e residente em Sena, distrito de Chemba, na província de Sofala.
Para este cidadão, que trabalha em Nyamawabuè, sede distrital de Mutarara, em Tete, como coordenador da Rádio Comunitária local, a unidade nacional é um valor que o povo moçambicano sempre soube estimar.
«Estou satisfeito porque ao completar os 40 anos da minha vida, o facto coincide com os anos da Independência Nacional. Peguei a tocha com o fogo que ilumina o país inteiro e abre os caminhos para a fortificação da unidade nacional. Estou muito feliz pelo momento» - disse Patel.
Para Guerra, um outro jovem que também completa agora os 40 anos, residente em Mutarara, “a Chama da Unidade deve continuar bem acesa para iluminar e abrir a consciência de pessoas com pensamentos contrários, que procuram enfraquecer a unidade dos moçambicanos, empurrando o povo para o sofrimento e tristeza”.
«Queremos continuar a viver livres e unidos como neste momento da passagem da Chama. Aqui no rio (Zambeze) amanhecemos juntos, unidos, jovens de Mutarara e de Morrumbala, a cantar e a dançar sem complexos ou sinais de divisão. Somos todos irmãos e lutamos por uma causa justa; a liberdade, tranquilidade e o progresso social do país» - referiu Guerra.
Bemane de Sousa, administrador do distrito de Angónia, norte da província de Tete, onde a Chama da Unidade chegou por volta das 22.30 horas, afirmou que não foi necessário mobilizar as pessoas para se fazerem presente à cerimónia da recepção da Chama da Unidade.
«As pessoas já sabem o que querem. Não foi preciso uma campanha de mobilização para chamar as pessoas para receber a Chama da Unidade. A mensagem sobre a chegada da Tocha foi transmitida de pessoa para a pessoa e aqui está multidão, apesar de altas horas da noite e dos rigores climatéricos», realçou Bemane de Sousa.
Um facto curioso foi o de cidadãos malawianos, que vivem junto à fronteira com o nosso país, através da província de Tete, nos distritos do Planalto de Angónia-Marávia, terem atravessado a linha fronteiriça para observarem este fenómeno ímpar de união dos moçambicanos.
Foi um momento diferente de convívio entre os moçambicanos e aqueles cidadãos separados apenas por uma linha divisória imaginária, imposta pelo homem tenta dissociar os laços de familiaridade existentes na região, entretanto reunificados pela Chama de Unidade.
BERNARDO CARLOS
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