quarta-feira, 18 de março de 2015

Benjamin Netanyahu, um "mago" que fez as pesquisas em pedaços

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Benjamin Netanyahu, grande vencedor das eleições israelenses realizadas na terça-feira, deixou em pedaços todas as pesquisas dos últimos meses e, com seu conhecido toque de "mago", conseguiu impor-se por cinco cadeiras de diferença sobre seu rival pela chefia de governo, Isaac Herzog.
Com 65 anos e casado com Sarah, sua terceira mulher com quem tem dois de seus três filhos, Netanyahu revalida com esta vitória seu mandato para seguir durante outros quatro anos à frente do Executivo israelense, cargo que ocupa desde 2009 de forma ininterrupta e que já tinha desempenhado antes entre 1996 e 1999.
Ontem à noite, com pesquisas que apontavam um empate técnico com a coalizão de centro-esquerda União Sionista, Netanyahu já se aventurava a dizer que esta era "uma grande vitória para o Likud, para o campo nacional e para o povo de Israel".
O primeiro-ministro fez estas declarações após ver que os prognósticos de 20 cadeiras das últimas semanas subiam nas pesquisas a boca de urna para entre 27 e 28, oferecendo-lhe melhores possibilidades de governar devido à profusão de pequenos partidos de direita e ultra-ortodoxos.
Mas ninguém, nem sequer ele, podia imaginar há menos de 12 horas a dramática mudança de rumo que inclinou a apuração a seu favor, e que hoje deixam boquiabertos tanto os cidadãos como os analistas.
Por sua habilidade para superar situações políticas adversas, seus correligionários não duvidaram em cantar ontem à noite o famoso "É um mago, é um mago!", adjetivo que já ostentava quando reverteu as pesquisas que em 1996 davam a vitória ao veterano Shimon Peres nas eleições realizadas meses depois do traumático assassinato de Yitzhak Rabin por um ultranacionalista judeu.
"A pergunta nestas eleições é quem defenderá melhor os interesses de segurança de Israel", repetiram como papagaios os dirigentes do conservador Likud durante a campanha, enquanto advertiam que deixar o país nas mãos de Herzog e sua companheira de chapa, Tzipi Livni, seria uma "irresponsabilidade".
Em seu discurso após o fechamento das urnas, o dirigente conservador disse que são "grandes" os desafios que Israel enfrenta no campo diplomático e da segurança, e que armará uma coalizão "forte e estável" para lidar com eles.
O mais iminente em sua política é o acordo nuclear que o Grupo 5+1 negocia com o Irã, que em recente discurso perante o Congresso dos Estados Unidos considerou "ruim" e "perigoso" porque deixaria esse país do Golfo Pérsico próximo de uma bomba nuclear.
Um argumento com o qual discordaram durante a campanha dezenas de ex-chefes dos principais organismos de segurança de Israel, que apesar de seus advertências sobre a "obsessão" que tinha se apoderado dele não conseguiram diminuir o apoio do povo a Netanyahu.
Também não tiveram impacto em sua imagem a estagnação do processo de paz - Netanyahu inclusive se comprometeu na véspera do pleito a não criar um Estado palestino se fosse reeleito - nem o crescente isolamento de Israel na comunidade internacional, ou mesmo as ameaças de boicote e as condenações a sua política de assentamentos.
De forma quase mágica também não surtiram efeito a severa crise de habitação que o país sofre desde 2007 - da qual foi recentemente responsabilizado pelo interventor do Estado - nem a diminuição da qualidade de vida da maior parte da população.
Neste contexto, parece que os israelenses sucumbem sempre aos encantamentos de um mago que há anos os deslumbra com seus dotes de oratória, um inglês perfeito e um imponente currículo acadêmico, militar e político.
Vivendo nos EUA por razões de trabalho de seu pai historiador, Netanyahu cursou estudos universitários em arquitetura e administração de empresas no prestigiado MIT e de ciências políticas em Harvard.
Em seguida, e dentro do profundo sionismo de sua família, retornou a Israel para realizar o serviço militar, chegando a ser oficial da famosa Sayeret Matcal, a unidade de elite do Estado-Maior do exército.
Sua carreira política só começaria em 1982 como número dois da legação diplomática de Israel nos EUA, de onde passou a ser embaixador na ONU graças a seu excepcional domínio na comunicação.
Em 1988 retornou a Israel e em uma meteórica ascensão se tornou aos 46 anos o primeiro-ministro mais jovem da história política nacional, isso após ter sido inclusive acusado de incitar indiretamente o assassinato de Rabin nas virulentas manifestações da direita contra os Acordos de Oslo.
Após seu primeiro mandato, se afastou da política para se dedicar aos negócios e dar rentáveis conferências, retornando no final de 2002 como ministro das Relações Exteriores e depois de Finanças sob o comando de Ariel Sharon, com quem rompeu posteriormente por causa da evacuação de Gaza em 2005.
Quando Sharon entrou em coma após um ataque cerebral e seu sucessor, Ehud Olmert, teve que renunciar por vários casos de corrupção, as portas da chefia do governo se abriram novamente em 2009 para Netanyahu e ainda não tem uma data para se fechar.

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