CASO “G 40”: ADELINO BUQUE EM APUROS!
Depois da negação de Filimão Suaze, Calton Cadeado, Alexandre Chivale, Américo Matavele, Gustavo Mavie e Arlindo Langa sobre a existência do G 40, passando pela aceitação de Tomás Viera Mário – que se retirou da reunião em que se criou o grupo por considerar que atentava contra a lei e a Constituição da República – e pela confissão de António Boene – este último que o fez declarando como sendo um “orgulho” fazer parte daquela “esquadra assassina da verdade” – segue-se agora o senhor Adelino Buque, o qual atira algumas das suas farpas ora contra os críticos do G 40, ora contra alguns membros do grupo, ora contra os que criaram o grupo nefasto, num texto em que, lido do princípio ao fim, chega a ser capaz de convencer os mais incautos de que o seu artisculista nada tem a ver com o crime em causa. Mas não é para nós todos que o Buque escreve o seu articulado publicado na edição de hoje do Correio da Manhã. Tem lá os seus visados mais directos. Na infâme lista do G 40, Adelino Buque figura na posição nr. 05. É ele, entretanto, quem escreve nestes termos: “Existe a percepção de que há um “dono dos cachorros” que em algum momento os terá deixado descontrolados e, em consequência, criou estragos que o dono é obrigado a reparar. Facto curioso é que em nenhum momento alguém assumiu que é proprietário desses cachorros”. Vejam vocês que só pela forma de iniciar a sua abordagem, fica claro que Buque distancia-se dos “cachorros”, como se ele não fosse o número 05 da lista. Mas vale a pena ler mais: “Nesta circunstância não se deve assumir que os mesmos são de “rua” e sem nenhum comando?” Essa pergunta, vinda de quem vem, faz-me lembrar a minha avó Salimina, quando costumava dizer “xita thlimba xikatawa, vakhite!” e eu respondia dizendo “ni djula a ku wona a maboleli ya nkantxu”. Quem deve assumir que os cachorros são de rua e sem nenhum comando? Para quem será que Adelino Buque estará a escrever? Para os leitores comuns? Ou para alvos devidamente identificados? Passemos em frente. Diz o seguinte o Buque: “Sim, ainda que por alguma razão esses “cachorros” tenham alguma aproximação a alguém, por alguma razão, isso por se só não vincula os “cachorros” àquele, sabido que em outras circunstâncias esses “cachorros” foram rotulados de G 40, um grupo a “abater”, porque de ideologia contra os interesses da pátria”. Seria o caso de dizermos directamente ao Buque o seguinte: quem não te conhece que te compre. Mas eu de facto não conheço muito bem o Buque, mas o seu texto em si revela a posição de quem está a tentar vender-nos peixe podre ou então de quem está em posição de fuga para frente, senão mesmo em apuros. Sigamos o seu texto, entretanto: “É interessante que algumas personalidades, algumas no topo da hierarquia do presumível “dono dos cachorros”, que se serviram e se viram de alguma forma beneficiados da sua fidelidade “canina” hoje se posicionem como o fazem. Esta atitude, infelizmente, pode levar à percepção pública de que esse dono usa e deita fora esses “cachorros”. Que são elementos descartáveis, o que pode ser perigoso para o presumível dono”. Isto parece-me um recado de um G 40 para Filipe Nyusi, a quem já foi dito por Gabriel Muthisse que “sem a Frelimo não é nada. É muito pior que Raúl Domingos”. Lembrar que o primeiro a utilizar o termo “cachorros” foi o professor Lourenço do Rosário, quando disse ao SAVANA o seguinte: “Quando os cachorros tecem este tipo de comentários nas redes sociais, o assunto até pode ser pacífico e interpretado de outra maneira, mas quando os cachorros esgrimem actos de racismo e até propor a expulsão e execução de pessoas em órgãos de Comunicação Social do sector público, significa que estão a cumprir um determinado comando que por sí só dá a entender que é um comando superior”. Ser um cachorro descartável, segundo Adelino Buque, pode ser perigoso para o presumível dono. Bom, é como se estivessemos aqui a exercer o papel de polícias da palavra, mas não se esqueçam vocês de como Cistac começou por ser assassinado com palavras. E diz mais o Buque: “Os cachorros podem molestá-lo. Como se sabe, um cachorro não devidamente tratado, com vacinas em dia, por exemplo, pode criar graves problemas de saúde para o próprio dono”. Esta conversa pode parecer de loucos para um leitor comum, mas tudo indica que aqui se está a falar de aniquilamentos. Passemos em frente. O que diz Buque é o seguinte: “A aparente não assunção de propriedade por parte do presumível dono também pode encaixar bem na expressão “preso por ter cão e preso por não ter”. No caso, seriam “cachorros”. O debate sobre a existência de “cachorros” pode servir para o dono desfazer-se deles e os ladrões, de uma forma mais simples e a vontade, apropriarem-se do que os cachorros guardam”. Fica aqui a dúvida sobre quem são os “ladrões” a que Buque se refere? E do que é tal coisa que os cachorros guardam? Será o poder de Nyusi? Buque diz muito mais adiante: “Aliás, aprendi uma expressão revolucionária na Frelimo, segundo a qual quando o inimigo nos elogia devemos rever as nossas posições”. Expressões revolucionárias também lembram fuzilamentos, sobretudo quando se fala de “inimigo”. Não deixaremos, entretanto, de olhar para a forma como Buque encerra o seu artigo: “Na verdade, tirando a nova terminologia de “cachorros”, o denominado “G 40” nunca teve simpatias de algumas organizações políticas por contrariar a ideia de uma governação “desastrosa” de Armando Guebuza nos últimos dez anos”. Escutem o Buque, meus senhores: “Esses “inimigos da pátria”, ou “famigerados G 40”, igualmente tiveram algum papel na divulgação da imagem e programa do actual Chefe do Estado e, nessa altura, foram criticados por personalidades que hoje elogiam o Presidente Filipe Nyusi. Esta reflexão quer chamar atenção para que, existindo alguém responsável ou dono dos “cachorros”, saiba assumir-se como tal, não existindo, que os serviços públicos de veterinária, a bem da saúde pública, os recolha e incinere para que a sociedade viva fora deste perigo. Afinal quem são os “cachorros”?” O sociólogo norte-americano John Thompson, já aqui referenciado anteriormente, esclarece-nos sobre o desdobramento do escândalo político, referindo que os indivíduos sobre os quais recaem alegações de haverem transgredido normas, valores e códigos morais, éticos ou até mesmo legais, depois de esgotadas todas as tentativas de negação e ocultação dos factos, tudo farão para obstruir a responsabilização que lhes possa recair, tanto ao nível da administração da justiça, como ao nível da opinião pública, recorrendo a estratégias que podem mesmo levar a exaltação dos seus feitos como tendo sido em nome de interesses supeiores do Estado ou então através de confissões. Talvez aqui resida a grande estratégia de Adelino Buque e outros comparsas. Eles quererão que Filipe Nyusi os reconheça como sendo seus “cachorros”, a fim de que os possa salvar o couro, bastando para tal violar o princípio da separação de poderes e interferir no poder judicial para lhe mandar arquivar qualquer processo que lhes possa levar a verem o sol aos quadradinhos. Mas nós não somos políticos. Nós somos cidadãos, contribuintes do Estado. Se nessa vossa política mesquinha os fins justificam os meios, para nós, cidadãos, o G 40 representa o que há de mais degradante no tecido moral da nossa sociedade. A acção nefasta do G 40 consubstancia uma interferência grosseira na gestão editorial dos órgãos públicos de comunicação social, que vivem dos nossos impostos, atentando contra a liberdade de expressão, de imprensa, o direito à informação, o respeito pelo pluralismo de expressão, de opinião, ideológico, político e atentando, em linha directa, contra o Estado de Direito e Democrático. Continuaremos a estar atentos!
Major-General Henry Miller
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