Sua Santidade
Escrevo-o na qualidade de cidadão moçambicano e cristão católico preocupado com a situação do meu país, Moçambique. O país que Sua Santidade Papa Joao Paulo II visitou em Setembro de 1988, enfrentou uma guerra fratricida que custou vida a milhares de moçambicanos. Os esforços da Sua Santidade Papa Joao Paulo II e da Igreja Católica no geral permitiram que 16 anos depois o país respirasse uma Paz. Tempos depois, vinte anos depois, o machado de guerra voltou a ser erguido, curiosamente pelos mesmos actores e pelas mesmas razões não resolvidas ao longo dos últimos vinte anos da nossa nascente democracia multipartidária.
Papa Francisco, tentarei colocar o problema na forma como o entendo.
Para começar, gostaria de informar a Sua Santidade que os dois actores principais, nomeadamente o irmão Afonso Dhlakama e o irmão Jacinto Nyusi -curiosamente católicos - não conseguem se confiar. A falta da confiança leva com que o seu compromisso pela paz fique pelo meio. Eles vivem o dilema do prisioneiro meu Santo Padre. Vivem assombrados pelo dilema entre cooperar e trair. Para cada um deles, existem abundantes razões tanto para cooperar (interesse nacional) e trair (interesse individual e de sobrevivência política).
O segundo problema é que falta-lhes coragem. A coragem em ser o primeiro a sair da “prisão” em que se encontra cada um destes. Falta-lhes a coragem e paciência. Acima de tudo, falta-lhes LUZ de DEUS. Num dos seus tweets a 29 de Novembro de 2015 Sua Santidade escreveu “Onde reinam a violência e o ódio, os cristãos são chamados a dar testemunho de Deus que é Amor.” É nesta vertente que apelo a Sua Santidade que interceda por nós de modo a que o Espírito Santo desça sobre estes dois irmãos e por esta via, nos deia a PAZ. É meu entender que um cristão consciente das suas obrigações terá coragem necessária para estar em paz consigo mesmo e com os outros.
O terceiro problema é o cidadão moçambicano. Nós, cidadãos moçambicanos, vivemos resignados e sem esperança. Ao longo dos últimos vinte anos, cultivamos uma cultura polarizada e dividida irreconciliável quase, pronto para explodir. Nas suas orações Santo Padre, lembre-se deste povo e ore para que consiga se olhar como pertencente ao mesmo Deus. O verdadeiro Espírito da Reconciliação ainda não convive connosco. A unidade nacional ainda é um projecto que não começou. Como povo, somos manipuláveis por qualquer detalhe separatista e é isto viabiliza os conflitos de baixa intensidade.
Para terminar, gostaria de Pedir à Sua Santidade três coisas
• Ore por nós e pela PAZ em suas homilias enquanto estiver no México
• Chame pelos nomes Afonso Dhlakama (lê Jakama) e Filipe Nyusi, para que a misericórdia de Deus os faça mais atentos ao clamor da PAZ do seu Povo. Como moçambicanos, queremos ser governados enquanto vivos.
• Encoraje Igreja Católica em Moçambique a prosseguir de forma incessante na busca pela Paz.
Muito obrigado pela atenção Santo Padre
Atenciosamente
Egidio Guilherme Vaz Raposo @egidiovaz |facebook.com/egidiovaz |egidiovaz.com
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