segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

'Chavismo' vence eleições estaduais mas Capriles se salva

 

  • O governador do estado de Miranda e líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles
    AFP/AFP - O governador do estado de Miranda e líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles
O 'chavismo' conquistou neste domingo os governos de 19 dos 23 Estados da Venezuela, impondo uma severa derrota à oposição, cujo líder, Henrique Capriles, conseguiu se reeleger no estado-chave de Miranda, em eleições marcadas pelo delicado estado de saúde do presidente Hugo Chávez.
"O governo proporcionou uma derrota estrepitosa (à oposição) e de derrota em derrota vêm", disse o vice-presidente Nicolás Maduro, em referência à reeleição de Chávez em outubro.
"Nos sentimos muito felizes de contar (ao presidente) a esta hora de 16 de dezembro que seu povo aqui cumpriu com um ato gigantesco de amor", completou.
A oposição manteve o governo de Miranda (norte), o estado de Lara e de Amazonas (sul), mas perdeu o mais populoso, o petroleiro Zulia (noroeste), o industrial Carabobo (norte), Táchira, na fronteira com a Colômbia, e Nueva Esparta.
Monagas (noroeste), que tinha um governo independente, também foi vencido por um candidato chavista.
O chavismo controlava 15 estados antes das eleições.

Os resultados deixaram uma sensação amarga na oposição, que pelo menos conseguiu resistir em Miranda, o segundo estado mais populoso, que envolve parte de Caracas, e reforçar a liderança de Capriles.

Capriles bateu o ex-vice-presidente Elías Jaua com 50,35% dos votos, contra 46,13% para o candidato 'chavista', segundo o boletim do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o que mantém o governador de 40 anos como potencial candidato a eleições presidenciais diante da eventual vacância de Chávez, vítima de câncer.
Capriles festejou o triunfo, mas admitiu que a oposição entra em um "momento difícil" com a perda de quatro estados dos sete que governava.
No rico estado de Zulia, o candidato 'chavista' Francisco Arias Cárdenas derrotou o atual governador, Pablo Pérez, informou o CNE após a apuração de 94% dos votos e índice de participação de 53,94% em nível nacional.
Arias Cárdenas, que já governou esta região produtora de petróleo em dois períodos, venceu com 50,99%, contra 46,74% para Pablo Pérez
Os governistas tomaram ao menos quatro estados da oposição - Zulia, Carabobo, Táchira e Nueva Esparta -, enquanto a oposição conservou Lara, além de Miranda.
Nos estados de Amazonas e Bolivar a apuração segue indefinida.
O chefe da campanha 'chavista', Jorge Rodríguez, comemorou "a maioria esmagadora no total de votos a nível nacional", no que qualificou de "vitória de todo o povo da Venezuela, mas principalmente de Chávez".
Até as eleições deste domingo, o "chavismo" controlava 15 estados e agora levou mais quatro.
A votação foi marcada pela apreensão com o estado de saúde de Chávez, que segundo o ministro Jorge Arreaza se recupera de forma "progressiva" em Cuba e fez um "apelo a todos os venezuelanos, especialmente os patriotas (...) para votar e consolidar todos os espaços que nos permitam seguir avançando para a justiça social".
"Desde a sexta-feira, o 'comandante' já se comunica conosco para instruir, governar, dar instruções para que sejam cumpridas lá em nosso país", disse Arreaza, ministro da Ciência e Tecnologia e casado com a filha mais velha de Chávez.
A situação de Chávez foi utilizada pelo vice-presidente, Nicolás Maduro, que convocou os eleitores a comparecer às urnas para "não ficar mal" com o presidente.
"Não podemos falhar hoje, ninguém deve falhar com Chávez (...) Vamos mostrar isto, com coração, com voto, com orações", disse Maduro, designado por Chávez como seu herdeiro político.
O reitor do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) Vicente Díaz reagiu às declarações de Maduro afirmando que o vice-presidente não deveria realizar declarações de "claro sentido eleitoral promovendo a candidatura e a oferta eleitoral do governo nacional". "É um fato sem precedentes (...) e uma aberta violação da lei".
Como nas presidenciais de outubro, nas quais Chávez foi reeleito com 55% dos votos para o terceiro mandato de seis anos, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) adotou a estratégia de 'um por dez', para que cada simpatizante chavista obtivesse dez votos.
Chávez, 58 anos, foi operado na terça-feira passada em um hospital de Havana, pela quarta vez, de um câncer cuja localização jamais foi revelada, e enfrenta um pós-operatório que o governo define como "complexo".
Reeleito no mês de outubro para mais um mandato, Chávez deveria assumir a presidência no próximo dia 10 de janeiro.
O vice-presidente do PSUV, Diosdado Cabello, afirmou no sábado que a eventualidade de Chávez não retornar ao país até 10 de janeiro "depende" dos médicos, mas explicou que "não é a preocupação agora" do partido.
Antes de partir para Havana, Chávez designou o vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, seu herdeiro político para o caso de permanecer "inabilitado", uma decisão inédita que aumentou os temores sobre a gravidade de seu estado de saúde, pois em nenhuma das ausências anteriores ele insinuara a possibilidade de um sucessor.

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