Unay Cambuma
7 min ·
A insustentável operacionalização do processo de DDR
Os últimos desenvolvimentos revelam passos largos para materiazação do processo, pese embora, tenha se iniciado com reticências por ambas partes. Razão óbvia por detrás dessas reticências era, por um lado, uma série de garantias sobre os locais estratégicos a integrar os desmobilizados e por outro, o medo da fragilização e perda de hegemonia no controlo das fds por parte do governo.
O cenário supra levou a constantes retrocessos, uns procurando colocar individuos com grau superior e outros evitandos estes para manipular as posições hierarquicas de cadeia de comando.
Falhas no processo de DDR na PRM
Internamente, na Polícia, não houve um trabalho de casa, levou-se tempo tentando evitar a acomodação dos vários técnicos que clamam pela regularização da situacão de mudança de carreira, negligenciou-se de forma propositada e premeditada a acomodação dos membros formados noutras universidades uma vez que são tratados como sendo polícias não genuínos, foram excluidos do benefícios no desenvolvimento das suas carreiras. Priorizou-se as mais valias para aqueles que já ocupavam cargos de chefia.
Criou-se uma situação divisionista, empregnada no princípio de que estes que não passaram da acipol são de difícil manipulação e instrumentalização por isso foram passados para esquecimento, criando assim um descontentamento no seio da Polícia.
Procurou-se marginalizar membros pura e simplesmente por terem estudado fora da acipol. Esses membros constituem o calcanhar agora, uma vez que se encontram na situação de revoltados, em silêncio vão gerando um desconforto nos seus locais de trabalho.
Com a entrada dos homens da Renamo, vai agudizar o descontemento no seio da Polícia uma vez que estarão criadas as condições para se unirem os descontentes integrados com os já existentes nas fileiras, abrindo assim espaço para serem capturados, aliciados e se aliarem estretegicamente como dois grupos segregados e marginalizados pelo governo.
A olhar para a função estratégica que joga a Polícia nos processos eleitorais, a renamo só sai a ganhar se conseguir aliciar e prometer lugares estratégicos a esses individuos. Sendo esta a segunda maior forca partidária no país, o DDR para além de lhe conferir poder de decisão nas fds, permite que esta indique quem deve ocupar certos cargos. Muitos desses quadros marginalizados estão nas patrulhas nas ruas, mas existem alguns trabalhando directamente com altos oficiais da Polícia, comandantes, assessores e gabinetes diversos no ministério, pelo que estas posições lhes permitem acesso a certos dossiers ainda na fase de maquinação.
Esta marginalização propositada de alguns oficiais da frelimo em relação aos quadros da Polícia formados fora da acipol constitui para renamo um trunfo.
Se por um lado a renamo carece de militares com formação superior, para indicar a certas posições (uma vez que seus homens levaram toda vida nas matas), pode cobrir o seu deficit aliciando os policias descontentes, principalmente os licenciados que se encontram na situação de descontentes e iniciar com estes uma constituição de grupos que velem pelos seus interesses depois do DDR.
Uma vez que está clara a manipulação dos processos eleitorais, a parcialidade deliberadamente orquestrada pela frelimo, para conferir vitórias (as famosas esmagadoras), a renamo para travar esse cenário precisa lutar usando a Polícia nos mesmos moldes, nos locais onde ocorre a votação.
Daqui para frente, depende muito das lideranças da renamo que futuro querem, as estratégias estão aí expostas.
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