quinta-feira, 21 de abril de 2016

Traidor da Constituição é traidor da Pátria


No momento em que os brasileiros reverenciam a figura heroica de Tiradentes, em data consagrada do dia 21 abril, não podemos deixar jamais que a Constituição de nosso país seja rasgada e vilipendiada pelos traidores da pátria que querem usurpar do poder de uma presidenta legitimamente eleita pelo povo
Por Carlos Décimo – de Brasília:
Não podemos deixar que fascistas e antipatriotas que pregam o ódio maculem a democracia em nosso país. A direita brasileira, os neoliberais e os fascistas nunca defenderam o Brasil nem antes, nem agora. Ulysses Guimarães, disse quando da promulgação da Constituição em 1988: “A constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar sim, divergir sim, descumprir jamais. Afrontá-la nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria”.
Temer tal qual Silvério dos Reis, o traidor da inconfidência mineira
Temer tal qual Silvério dos Reis, o traidor da inconfidência mineira
Outro ilustre brasileiro, jornalista Barbosa Lima Sobrinho afirmava com muita convicção e clareza, que no Brasil só existiam dois partidos políticos: O dos heróis, representados por Tiradentes e o dos seguidores do traidor Joaquim Silvério dos Reis.
A bandeira empunhada pelos golpistas nas ruas é a bandeira de Silvério dos Reis, não é, e nunca será a bandeira de Tiradentes. A bandeira empunhada pelos traidores é a do retrocesso, da perda de direitos dos trabalhadores, da entrega de nossas riquezas como o pré-sal e o fim da soberania nacional.
Eles querem o golpe para retirar os direitos conquistados pelos trabalhadores. Eles querem o golpe para retirar os direitos conquistados pelas mulheres. Eles querem o golpe para retirar os direitos dos estudantes. Eles querem o golpe para entregar a Petrobras e o pré-sal ao capital estrangeiro.
A bandeira empunhada pelos traidores da pátria, não é, e nunca será a bandeira dos pracinhas da Força Aérea Brasileira (FAB) que fincaram a bandeira da liberdade e da democracia no combate aos nazifascistas em solo italiano.
O conluio de Cunha e Michel Temer mostra bem a cara da traição. Como disse a Presidenta Dilma, eles ficarão conhecidos como golpistas e traidores da história da democracia brasileira. O nosso povo não suporta traição, não gosta de traição, muito menos a orquestrada por um vice-presidente.
Ao reverenciar a figura de Tiradentes que simboliza a nossa Independência, a nossa Liberdade e a nossa Democracia, reafirmamos o compromisso de lutar contra os traidores da pátria e pela defesa intransigente da nossa Constituição, contra o golpe que se avizinha sorrateiramente.
“Mas, se ergues da justiça a clava forte
Verás que um filho teu não foge à luta.”
Fascistas e traidores não passarão!
Viva Tiradentes! Viva a Democracia! Viva o Brasil!
Carlos Décimo, é Engenheiro de Pesca e Secretário de Organização PCdoB do DF

O assalto à soberania popular


A deposição não realiza o golpe todo: ela é o ponto de partida para uma mudança contra o pronunciamento majoritário da soberania brasileira
Por Roberto Amaral – de Brasília: 
O esperado relatório do irrelevante deputado Jovair Arantes, do pouco ilibado PTB de Roberto Jeferson, um símbolo da miséria da política brasileira, recentemente redescoberto pela grande mídia graças à sua tenaz campanha pelo impeachment, no que, aliás tem a companhia ínclita do notabilíssimo Paulo Maluf, não é um raio caído de um céu azul.
O deputado Jovair Arantes, relator do impeachment na comissão especial
O deputado Jovair Arantes, relator do impeachment na comissão especial
Isto pois responde a momento crucial do processo de captura sem voto do Estado, dirigido de fora, com o propósito, entre outros, de abocanhar o Pré Sal, a maior descoberta de petróleo das últimas décadas no planeta, com o apoio da inefável FIESP e seus acólitos, desde sempre comprometida com tudo que é antinacional e antipovo.
A cisão direita x esquerda, mais uma vez, e repetindo 1954, 1961 e 1964, se deu por iniciativa da direita, inconformada, agora como sempre, com as ameaças que passou a ver na emergência das massas, proporcionada pelos governos de centro-esquerda liderados pelo Partido dos Trabalhadores.
Em face daqueles episódios de violência institucional, há, porém, hoje, duas distinções fundamentais: o silêncio das Forças Armadas, antes chamadas a intervir, realizando o golpe maquinado pela classe dominante, e a disposição dos de baixo de não mais aceitarem passivamente a ruptura da ordem constitucional que visa à supressão de seus direitos e conquistas recentes.
A história não se repete, a não ser a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa. No Brasil, porém, a história é recorrente. O processo de impeachment a serviço do atraso, comandado a ferro e fogo por um meliante deputado-réu poderosíssimo, é a farsa que pretende dar contornos constitucionais, a obediência a ritos que se alteram como as nuvens nos céus,  a um golpe de Estado de novo tipo, cujo objetivo é a implantação de um governo autoritário, antinacional e anti-povo.
Repitamos mil vezes: o conflito, mais profundo do que aparenta, não se encerrará com o eventual impeachment, que a sociedade, os movimentos sociais e os trabalhadores desta feita não assimilarão, pois esse expediente é pura e simplesmente o biombo que escamoteia o verdadeiro golpe, cujo objetivo declarado é a construção de um governo necessariamente repressivo porque essencialmente reacionário, antipovo e antinacional, a serviço do grande capital internacional, do qual os rentistas da FIESP são meros e secundários contribuintes, desprezíveis serviçais do restabelecimento da hegemonia do neoliberalismo, com toda a sua carga de redução de direitos sociais e contenção do desenvolvimento nacional independente.
Seu catálogo de terror está nas propostas do candidato Aécio repaginadas pelo ‘Ponte para o futuro’, peça de campanha de Michel Temer, o vice sem honra, que preside um PMDB desonrado que, depois de liderar a luta democrática contra a ditadura (o MDB de Ulisses Guimarães, Teotônio Vilela e Tancredo Neves), se resigna em morrer como empresa de interesses escusos de políticos menores. A história é assim: depois de Ulisses Guimarães na presidência da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Depois dos vice Itamar Franco e José Alencar, Michel Temer.
O projeto neoliberal, uma vez levado a cabo, retomaria o sonho frustrado de FHC: enterrar ‘a era Vargas’, revogando direitos dos trabalhadores, a começar pela política de valorização do salário mínimo. E uma vez mais enfrentaria a resistência popular. É, pois, sua simples possibilidade, que não pode ser descartada, o anúncio de dois anos de instabilidade política e caos social.
O papelucho que mandaram o sr. Jovair ler apenas cumpre o rito da trama golpista articulada pelo menos desde 2013, embora mais ostensivamente só a partir de 2014 com o insucesso eleitoral da direita, que visa à deposição da presidente Dilma Rousseff, mediante processo de impeachment ilegítimo, ilegal e inconstitucional, porque a presidente, consabidamente, não cometeu qualquer crime de responsabilidade, única justificativa constitucional para o remédio extremo.
Aliás, o impeachment visa a muito mais do que a cassação de um mandato legítimo conquistado em eleições legítimas, insisto na tese, porque a deposição não realiza o golpe todo: ela é o ponto de partida essencial, inafastável (mas sempre apenas ponto de partida) para uma mudança fundamental a realizar-se contra o pronunciamento majoritário da soberania brasileira que falou nas eleições de 2014 depositando 54,5 milhões de votos na candidata Dilma Rousseff.
Essa votação, para além da derrota do candidato da direita, vale dizer a rejeição de suas teses, era, de igual forma, a aprovação dos quatro primeiros anos de governo da presidente reeleita.
Trata-se, pois, o impeachment, de tentativa de golpe contra a soberania popular.
Ao mesmo tempo conjurada nas entranhas do poder e nas páginas da grande imprensa, a maquinação golpista é a congregação de forças poderosíssimas, que compreendem, tanto setores da alta burocracia estatal (a facção operativa), quanto setores patronais congregados pela FIESP (estima-se que, para o que for necessário a Avenida Paulista arrecadou R$ 500 milhões) quanto o capital internacional, vivamente interessado em retomar a preeminência que sempre exerceu em nossa economia tradicionalmente dependente, e que, para a fruição de seus interesses, dependente precisa permanecer.
Dentro de casa atuam com desenvoltura desconhecida o Ministério Público Federal, e o sr. Janot é a “inteligência’’ do processo, setores da Polícia Federal e do Poder Judiciário, as corporações patronais financiadas pelo ‘sistema S’, e a grande imprensa, numa unanimidade do tamanho de seu desvario ético.
O mote para as grandes massas, o discurso aparente, é o combate à corrupção, ficção que a ninguém pode enganar, pois, de Eduardo Cunha e seus acólitos, como dos Skafs da vida, tudo se pode esperar, menos a motivação do interesse público. Alguém neste mundo acreditará que Veja, Isto é, o Sistema Globo e os sonegadores da FIESP estão nesta campanha ferocíssima pensando no país e em seu povo?
A propósito do patriotismo da Avenida Paulista: o Sindicado dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) calcula que a sonegação de impostos representa para a União um prejuízo anual de R$ 500 bilhões.
A operação Lava Jato foi transformada em instrumento essencial de repressão e propaganda, com os destemperos verbais do sr. Mendes (o ministro que agride o decoro do STF), as arbitrariedades do juiz Moro e os pareceres oportunísticos do Procurador Geral da República (elementos de um conjunto harmônico) alimentando o fim de semana da imprensa partidarizada, com o evidente objetivo de tático de deter os avanços da campanha contra o golpismo.
Vê-se a intolerável invasão de competência dos poderes, com o STF judicializando a política e, com o concurso da Câmara dos Deputados, impedindo o governo de governar: chega-se ao cúmulo de a presidente da República ver suprimido seu direito de nomear um ministro de Estado, atributo indeclinável que lhe confere o presidencialismo!
O combate à corrupção, transforma-se assim e claramente em instrumento político de uma conspiração golpista em marcha acelerada que passa por cima de todas as cautelas jurídicas, pois compreende a relação promíscua de um juiz de primeira instância, mas com inusitada jurisdição nacional, com investigadores, procuradores e policiais, quando Polícia Federal, Ministério Público e Poder Judiciário não podem andar de mãos dadas, em relação de cumplicidade, como andam agora, pois cada instituição precisa controlar os excessos da outra.
Procuradores no papel de agentes de policia agem sobre réus para obter a narrativa de que carecem para fundamentar a condenação prévia; os instrumentos da prisão provisória e da prisão preventiva, violando todos os prazos judiciais e razoáveis, são utilizados para forçar delações premiadas dirigidas contra os acusados que o complexo MP-PF-Judiciário quer condenar.
A associação juízes-mídia assegura a espetacularização das operações judiciais, alimentadas por vazamentos seletivos de delações selecionadas, essencialmente políticas, para construir junto à sociedade um clima de aprovação a toda sorte de arbitrariedade, como se o combate à corrupção pudesse justificar a corrupção da Constituição.
A oligarquia quer o poder. Na expectativa de derrota do pedido de impeachment no plenário da Câmara, já outros expedientes estão nos laboratórios de seus alquimistas, e compreendem desde a convocação extemporânea de eleições gerais ainda neste 2016, à implantação de um parlamentarismo à la 1961, ou uma ‘parlamentarização’ do atual presidencialismo, nas duas últimas hipóteses a fórmula universal que visa a reduzir a preeminência das massas na luta pela hegemonia.
No bolso do colete está a possiblidade golpista de uma intervenção do Superior Tribunal Federal, cassando o mandato da presidente e de seu vice. Nenhuma possibilidade de assalto à vontade da soberania do voto está descartada.
O fato objetivo é que a direita não faz concessões à democracia, porque o sistema de propriedade e concentração de renda é incompatível com o exercício durável da democracia formal, daí o golpismo cíclico. Nesse contexto, quando a Constituição não é abolida, ela é estuprada. Na tragédia de nossos dias com o concurso de um STF nascido para por ela velar.
Roberto Amaral, é escritor e ex-ministro de Ciência e Tecnologia

CRÓNICA

O mínimo e o máximo em Prince

Numa era de fragmentação cultural, em que é cada vez mais difícil subsistirem superestrelas intergeracionais, ele era um dos últimos exemplos de universalidade.
Visionário, livre, excêntrico. Era assim Prince. A década de 1980 foi a sua fase mais cintilante, aquela que marcou os caminhos da música popular em álbuns como Controversy (1981), 1999 (1983), Purple Rain (1984), Parade (1986) ouSign ‘O’ Times (1987).
A sua música era esquelética, de grande economia narrativa, capaz de congregar numa só miligrama de som recursos de funk, soul, folk, pop ou rock, de forma lasciva e apaixonada. E depois havia aquele falsete ou os solos de guitarra sem sacarina. Curiosamente num tempo em que o artifício não era reinante, a sua postura, o seu visual e o imaginário que transmitia eram sumptuosos.
Era como se, na música, optasse pelo mínimo de movimentos para obter o pleno de eficácia. E na forma como se comunicava optasse pelo máximo, sendo excessivo. Nessa altura foi como se sintetizasse tudo o que vinha de trás (a soul de Marvin Gaye, o jazz de Miles Davis, o funk de Sly Stone, a fisicalidade de James Brown ou a pop dos Beatles) ao mesmo tempo que prenunciava quase tudo o que se seguiria na música popular, e não só, dos anos vindouros (Pharrell Williams, Kanye West, Justin Timberlake, Timbaland, Beck, Jamie Lidell, OutKast, D’ Angelo, Amy Winehouse, Benjamin Clementine, James Blake).
Durante anos, que coincidiram com o período de ouro da MTV, insistiu-se numa rivalidade com Michael Jackson. Mas eram mundos diferentes. Jackson era o homem que tentava sempre ajustar-se ao centro do mercado. Prince não queria saber. Era mente livre.
E também extravagante. Famosas ficaram as digressões faraónicas pela Europa. Era vulgar dar dois concertos na mesma noite (como aconteceu, em 1998, quando tocou no Pavilhão Atlântico e, horas mais tarde, no Lux) e depois viajar no seu jacto particular para o estúdio de Minneapolis onde tinha músicos à espera para registar uma ideia qualquer que havia tido nessa mesma noite. Depois, na manhã seguinte, regressava à Europa para mais um concerto.
Ao contrário da maior parte das celebridades pop, proibiu o YouTube e o iTunes de utilizarem a sua música e olhava para a Internet como um sério inimigo da música. Mas ao longo dos anos nunca deixou de fazer o que desejava, dando os concertos que queria e no modelo que lhe apetecia, sempre acompanhado de um naipe irrepreensível de grandes músicos e cantores de apoio.  
Parte dos anos 1990 e o início dos anos 2000 foram os seus tempos mais difíceis. Tudo terá começado em 1996 quando um filho faleceu e, poucos anos depois, os pais morreram também. Mas na última década recuperou todo o fulgor. Tornou-se um ícone. Alguém que toda a gente citava como influência. Nos seus últimos discos já não expandiu a paleta da sua música, mas redefiniu-a com sabedoria. É como se nos últimos tempos Prince fizesse álbuns à Prince, depois de assimilado o que aqueles que nele se inspiraram já haviam feito.
Numa era de fragmentação cultural, em que é cada vez mais difícil subsistirem superestrelas intergeracionais, ele era um dos últimos exemplos de universalidade. Pela personalidade. Pelo talento invulgar. Por Kiss. PorControversy. Ou por Purple rain.  

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