segunda-feira, 18 de abril de 2016

O que é que aconteceu com o Zimbábwe, afinal?

Tivemos aulas com um professor convidado zimbabweano. Veio falar, dentre outros assuntos, sobre a conturbada reforma agrária que tem estado a acontecer por lá. As imagens na foto são de uma nota da moeda local que o docente trouxe para as aulas, espelhando um dos períodos mais críticos da economia zimbabweana. É uma nota só de CEM BILIÕES DE DÓLARES (que comprava quase nada, naqueles tempos, antes de "extinguirem" a moeda local e começarem a usar o Dólar norte-americano e o Rand sul-africano).
Mas isso, apesar de ser extremamente hilariante, nem foi o que mais andamos a discutir nas aulas. Ficamos a saber que a reforma agrária zimbabweana foi um colossal erro de Robert Mugabe e dos seus correlegionários da ZANU-PF, essencialmente pela forma como foi conduzida. As repercussões na economia daquele país é que desembocaram em taxas surreais de inflação expressas pelo número de zeros que uma simples nota para comprar pão ou açúcar tinha.
O que é que aconteceu com o Zimbábwe, afinal? O regime de Robert Mugabe atravessava um dos piores índices de popularidade, entre os finais da década de 1990 e inícios da década de 2000. Como uma medida desesperada para não perder o apoio popular para o MDC, partido na oposição então em franca ascensão, desencadeou através dos seus órgãos de massas (maioritariamente antigos combatentes), um processo de "reapropriação" das terras sob propriedade dos farmeiros brancos locais para as mãos dos negros. Foi um processo violento (houve assassínios), deliberadamente descontrolado (com a cumplicidade do regime no poder) e altamente destrutivo (vandalização de meios de produção e até culturas agrícolas).
As farmas acabaram sendo retalhadas e atribuídas a antigos combatentes, dirigentes governamentais e membros das forças de defesa e segurança, comprando lealdades e garantido a manutenção do regime. Entretanto, os novos donos das terras não detinham suficiente capital financeiro, tecnológico e "know-how" para manter os níveis de produção e de produtividade agrícola, ou de acesso a mercados. O país começou a sofrer sanções internacionais. Rapidamente, o Zimbábwe passou de "celeiro de África" a "vergonha mundial".
A propalada "reforma agrária" foi, pelo que o professor zimbabweano disse, mais um processo deliberado de apropriação e de vandalismo do que de redistribuição de terras. Não foi conduzida de modo democrático e com respeito às normas legais locais, foi desencadeada por motivações políticas e não trouxe nenhuma transformação social até hoje. As terras simplesmente passaram das mãos da elite branca para as mãos da elite negra; os agricultores negros escancararam os tractores e outros meios de produção, as terras estão ou a produzir marginalmente ou em estado de completo abandono, as massas continuam a viver em palhotas, não há energia e água... A única coisa de diferente quea tal reforma trouxe foi o "orgulho negro" de se ser proprietário de terras, por parte da elite política local.
PS1: Moçambique, felizmente, não tem ainda esses problemas de terra e derivados. Ou, pelo menos, não na dimensão zimbabweana. Mas temos as nossas "reformas" a ocorrer e, mais cedo ou mais tarde, podemos ter também o mesmo fim. A nossa moeda está a derrapar, por conta do processo de "acumulação primitiva de capital" de gente muito bem conhecida. A dívida pública está para lá do vermelho e o Metical, a nossa moeda, pode entrar em queda livre muito mais acentuada a qualquer momento...
PS2: Sobre os fãs da liderança "pan-africanista" de Robert Mugabe (o Mendes Mutenda e o Américo Matavele são apenas dois deles), o docente zimbabweano disse que o "líder" é ovacionado pelos camaradas africanos (e seus associados) apenas pela sua retórica de confrontação demagógica contra o Ocidente. E por ser o mais velho entre os Chefes de Estado africanos. Interessante essa nossa predisposição para desenvolvermos e exibirmos orgulhos vazios, não é verdade? smile emoticon
Ginho Bombe, Denzel Nhamuave, Espadachim Max e 72 outras pessoas gostam disto.
Comentários
Chil Emerson David
Chil Emerson David Tenho de ler isto, comentei para acompanhar o debate!
110 h
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Mendes Mutenda
Mendes Mutenda Volto. Ainda a aumentar conhecimento. Até breve
110 h
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Giza Girll
Giza Girll Hum!!! Interessante.
110 h
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Paula Maria Araujo
Paula Maria Araujo Importante comparar a reforma agrária feita no Zimbabwe e na África do Sul. Importante também ver como reagiu Mugabe à decisão do Tribunal da SADC sobre o que foi considerada uma discriminação racial na expropriação de terras no Zimbabwe e à decisão do mesmo Tribunal de devolver as terras aos seus legítimos donos.
210 h
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Pois, Paula. O nosso professor disse que os farmeiros brancos tem estado a encetar diligências nesse sentido. Muitos deles têm ainda os títulos de propriedade e, legalmente, ainda são os donos das suas farmas. Emoji smile
110 h
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Paula Maria Araujo
Paula Maria Araujo Parece que Mugabe está a ceder algum terreno nesse sentido.
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Paula Maria Araujo
Paula Maria Araujo Quando eu vivia na Beira, gostava de comprar um vinho sul-africano chamado Libertas que era originário de uma propriedade resultante da reforma agrária. Investiguei um pouco e descobri que há vários vinhos na área do Cabo com nomes simbólicos, resultado dessa reforma.
110 h
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Neidy Tinga
Neidy Tinga O ano passado estava a viver em harare.. e soube que mugabe estava a negociar a volta dos farmas e a condicao era devolver essas terras aos respectivos donos... mas o que acontece e q a propria instabilidade e as derrapadas do proprio Mugabe os deixa inseguros em voltar...
16 h
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Neidy Tinga
Neidy Tinga E digo mais edgar nao sei se o seu professor falou de que o zimbabwe esta em diflaccao e cada vez pior
16 h
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue Interessante essa predisposição do ocidente de analisar e intrometer-se nos assuntos africanos, como se fossem anjos(todos poderosos) enviados por seus Deuses para ajudar África (desabilitada e desamparada).
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Ninguém do Ocidente meteu-se nos assuntos africanos. Eu não sou ocidental, muito menos o docente zimbabweano. É esse tipo de análise de vidro que nos lixa.
15 h
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Mendes Mutenda
Mendes Mutenda Kikkkkkk... estás a perceber Edgar Barroso que é frustrante reduzir um debate de Tudo é Ocidente nem?
15 h
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Mendes Mutenda
Mendes Mutenda Já agora o ocidente quer nos ver desenvolvidos.
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue Esse é o vidro pelo qual vejo a historia do continente desde a colonização aos dias de hoje.
15 h
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue Ora sim! Por isso é que negocios como os que afundaram a economia da perola do indico são feitos lá.
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Mendes Mutenda , heheheheheh... Será que as nossas elites dirigentes nos querem ver desenvolvidos?
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue Esse é o tipo de assunto que devíamos resolver internamente.
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Concordo. Uma das formas de fazer isso é precisamente esse exercício de exorcismo que o docente zimbabweano fez, em relação à situação correte do seu país.
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue Só é bom líder quem fizer como o ocidente mandar.
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Filho Do Cinzentinho
Filho Do Cinzentinho Tu és muito contra o ocidente. No que é que confias?
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue Filho Do Cinzentinho Não! Sou contra as políticas do ocidente em relação ao mundo, a Africa em particular.
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George Mabuza
George Mabuza É incrível como alguns de nós negros (talvez a maioria) consegue ser mais racista, e racismo no vazio. há que reconhecer que o ocidente trouxe-nos ao conhecimento e a um estilo de vida válidos, e que se copiassemos devidamente (e com sabedoria) iriamos tão longe ao ponto de "quiça" suplanta-los, partindo do princípio que estamos todos de passagem "na vida", urge-nos "viver "literalmente" enquanto ainda vivos estamos. A natureza acaba sempre mudando o rumo dos acontecimentos a par das vontades, do orgulho e da iniquidade do homem, o Mugabe daqui a pouco Deus vai-lhe "tomá-lo", morrerá com os seus ideais, eish que tudo se tornará Novo outra vez, em fim o homem negro precisa de mais uma revolução.
55 hEditado
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Leonel Muhapane Júnior Pequenino
Leonel Muhapane Júnior Pequenino não é errado pedir as terras, afinal de contas são nossas.
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Estevao Pangueia
Estevao Pangueia As terras são nossas mas deixemos quem têm capital, financeiro e humano para o trabalho. Não basta só ter terra sem aproveitar caro Leonel Muhapane.
19 h
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Leonel Muhapane Júnior Pequenino
Leonel Muhapane Júnior Pequenino não nego. o problema é o discurso dele, é como se fosse errado nos apropriarmos do que é nosso só porque outros tem capital. imagine teu pai pobre e apareça um branco rico querendo ser teu padrasto, deixavas? se não devias porque ele vai te cuidar melhor de modo que dê bons frutos segundo o vosso raciocino.
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Neidy Tinga
Neidy Tinga Mas Leonel a maioria dos farmas sao nascidos e criados no zimbabwe e com nacionalidade zimbabweana. O que aconteceu nao pensaram q muitos daqueles brancos eram naturais daquela terra. So pensaram em ter as terras para eles... e o capital financeiro? A manuntencao das maquinas? O conhecimento sobre a terra? Infelizmente o zimbabwe e o que e hoje...quintas enormes abandonadas, moradias abandonadas... os precos de venda das casas e quintas sao um absurdo en termos de precos baixos. Chegaram nos a propor 10 mil dolares por uma quinta.... a propria crise e a forma como foi feita essa tirada das terras faz com que as pessoas ate hoje vivam numa grande inseguranca...
16 h
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Exactamente, Neidy Tinga.
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Leonel Muhapane Júnior Pequenino
Leonel Muhapane Júnior Pequenino agora a culpa disso tudo é nossa? ou do Ocidente que não engoliu a história de ver seus descendentes e herdeiros da colonização perderem as terras? tudo foi trancado porque a colonização terminava ali, então a porta Ocidental que eles tinham cá que também foi expulsa desabar o que eles tinham ainda pra ganhar? NADA, agora sintam a vingança dos que se dizem nativos e amarem a terra que lhes viu nascer. eles lá com os pais verdadeiros e vocês a defenderem a eles porque acreditam que tem irmão Bom-branco e culpado foi papa que expulsou aquele que ocupava a cadeira dele e se dizia filho. agora está lá com a mãe nem o BAD consegue...
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Edgar Barroso
Edgar Barroso É essa a filosofia africana de desenvolvimento que defendes? Emoji smile
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Estevao Pangueia
Estevao Pangueia Mano Edgar Barroso, é importante compreender a política agrária no Zimbábue no contexto da euforia pela independência, para muitos como Mugabe, a independência significativa expulsar o branco da posição de relevo na esfera política, econômica e social, foi uma medida precipitada, populista que não tardou colher resultados.
Moçambique não teve problemas como os de Zimbábue, mas viveu grande crise de falta de pessoal qualificado logo depois da independência por causa de medidas semelhantes.
29 hEditado
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Cofe Emanuel Vilanculos
Cofe Emanuel Vilanculos NACIONALIZAÇÕES EM MOZ FOI UM PROCESSO PARECIDO
19 h
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Filho Do Cinzentinho
Filho Do Cinzentinho Nelson Mandela.
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue George Mabuza " O ocidente trouxe-nos conhecimento e estilo de vida válidos"? Sinceramente.
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Filho Do Cinzentinho
Filho Do Cinzentinho ?
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George Mabuza
George Mabuza Damião Dom Damião Catingue, achas que não?
38 h
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Zarito Mutana
Zarito Mutana Nunca ouvi falar dessa nota. Kakakakakakakakakakakakakakakakakakak não estou a rir estou a lamentar
19 h
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Jose Gomes Pepe
Jose Gomes Pepe Edgar Barroso aproveita a tua estadia ai e vai ao alentejo falar sobre a reforma agraria.... A história repete-se
28 h
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Edgar Barroso
Edgar Barroso heheheheheheh...
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue Quando Vasco da Gama aqui chegou não bebeu água em cafulos nem comeu em folhas de bananeira.
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Jerry Revelador Fonseca
Jerry Revelador Fonseca É impressionante como os pretos prontamente ocidentalizam outros pretos só por ter a coragem de dizer na cara o que está podre em África. Em África ovacionamos o populismo barato e chamamos filho ingrato que ousa dizer merda a merda.
58 h
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Carlos Aragao
Carlos Aragao Essa regra do mais velho nunca percebi...pq é que os líderes africanos não falam mal a frente do mais velho por respeito sabendo q o tal mais velho não tem capacidade para governar...como é que um tipo com 92 anos ainda governa um país cuja população e maioritariamente jovem e muito jovem...enquanto o tal velho de 92 anos era jovem não expulsou os agricultores brancos porque precisava deles...até estudou em Inglaterra com não quantos mestrados e doutoramentos...depois como achou que já não precisava deles deu uma corrida...ou melhor pensou isso...e ainda por cima quando lhe perguntam pq não abandona o poder compara-se com a rainha de Inglaterra e diz q só sai quando morrer ...quer dizer para as coisas que lhe interessa é igual a rainha e até diz em viva voz mas quando não lhe interessa então fora com agricultores brancos ( muitos até à gerações que são Zimbabweanos como os negros)...qual é a lógica do tipo???
18 h
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Heheheheheheh... o mais velho é um semi-deus.
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José Luis Sousa
José Luis Sousa Interessante
17 h
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Abilio Cossa
Abilio Cossa O teu professor omitiu uma parte. Os compromissos do acordo de "Lancaster House" sobre a reforma agrária. O papel da Inglaterra e dos EUA em subsidiar a reforma agrária gradual no Zim. Ninguém cumpriu as promessas e o período estipulado no acordo esgotou.
37 h
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Não constava do acordo a apropriação à força, violenta e com contornos criminais.
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Carlos Aragao
Carlos Aragao O que é certo é que hoje o povo Zimbabweano está sofrer sem fim a vista sem necessidade por falta de entendimento entre políticos...meia dúzia de gatos pingados conseguem hipotecar o futuro de milhões de pessoas...
27 h
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue George Mabuza, com certeza. Mesmo porque existem escritos que relatam a região do Egipto(Mesopotânia) como civilizada já nos anos 4.000 A.C
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Circle Langa
Circle Langa Edgar, bro. Se essa transposição do pensamento do teu professor foi fiel, devo dizer que ele está deveras irado e não conseguiu ocultar isso, pelo que respeito a sensibilidade dele mas não concordo. Sua ira o levou a atropelar metodologia no modo como tratou suas variáveis. Apontou negativismo de Mugabe e ignorou externalidades.

Essa pré disposição em manifestar um espírito selectivo na abordagem e análise do asunto do Zimbabwe, só acomete aqueles que andam irados. Há malefícios sobre o Zimbabwe que são extrínsecos a Mugabe que o professor devia ter falado. Houve muita mão externa para que Zimbabwe se tornasse no que é hoje.

Essa analogia que Paula faz sobre RSA é prenhe de falsidades. Mandela teve que passar seu povo para trás para poder ter "sossego". A economia sul africana está em 90% nas mãos dos branco (desculpem o termo aparentemente rácico mas não é). Se olharmos para o rendimento médio das famílias sul africanas (brancos; asiáticos e pretos), constata-se que os pretos têm o rendimento mais baixo. Foquei-me mais no P.S.
26 hEditado
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Paula Maria Araujo
Paula Maria Araujo Quais foram as falsidades que eu escrevi?
15 h
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Bom, Circle Langa... Seria interessante se trouxesses tais externalidades para o debate. Por exemplo, que mão externa é essa que fez com que a "reforma agrária" eclodisse nos termos em que aconteceu? Repare, a situação catastrófica do Zimbábwe hoje é, entre outras razões, reflexo do caos em que tais apropriações ilegais aconteceram (claramente também influenciadas pelo impacto das sanções internacionais). Portanto, uma consequência. Não uma causa.
15 h
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Circle Langa
Circle Langa Amigo Edgar Barroso... A parte ingrata das análises, pior do que escolhermos indicadores que nos convêm, é basearmo-nos em relatórios do “juiz que julga a pessoa a quem ele mesmo ofendeu”. Não me refiro necessariamente a tua mas a do professor que suporta este debate.

O jornal português DN, entre outros “sapos e baratas”, publicou em 2005 um artigo referindo que “Reforma agrária deixa Zimbabwe mais pobre” obviamente depois de Mugabe ter ordenado, em 2000, o início da invasão das propriedades da minoria branca, considerando que a "reforma agrária" servia para "corrigir as injustiças" da colonização britânica. O jornal sublinhou que cinco anos depois, a agricultura do país continua à beira da ruína.

Em 2013, o mesmo jornal (DN) publicou outro artigo que citava Joseph Hanlon e Teresa Smart, referindo que A controversa reforma agrária no Zimbabwe conseguiu corrigir uma injustiça colonial, porque promoveu uma classe de agricultores negros tão bem sucedidos como os seus colegas brancos. O jornal cita a obra desses autores referindo que é desconstruída a ideia de que o Presidente Robert Mugabe, do Zimbabué, usou a reforma agrária para distribuir terra pelos generais do partido no poder, União Nacional Africana do Zimbabué -- Frente Patriótica (ZANU-PF), e reforçar a lealdade dos militares no seu intento de continuar no poder. Bem, houve quem decidira negligenciar isto, como por exemplo o professor que por sinal está em Portugal. Mas um outro pesquisador agrário, brasileiro, referiu no seu artigo que “com a vitória na guerra revolucionária, no final da década de 70, a base da revolução era negra e queria ter acesso a terra, queria reforma agrária. Os governos da Inglaterra e dos Estados Unidos da América, fazendo pressão sobre o governo eleito no Zimbábue, colocaram duas possibilidades: (i) fazer a reforma agrária e sofrer as consequências de uma invasão militar, ou (ii) não fazer a reforma agrária, manter a terra sob controle dos brancos, e receber 100 milhões de dólares para recuperar a economia do país. Então, não houve reforma agrária e também o dinheiro não foi repassado. Esta é a informação que volitivamente não queremos transpor mano mas que denuncia a génese da pressão e ingerência ocidental no processo de reformas (mão externa). As sanções que os governos do Ocidente impuseram ao país e só foram retiradas no ano de 2013 são, sim, partes integrantes dos factores nocivos que quebraram a economia do Zimbábue Edgar. Qualquer Estado na condição de Zimbabwe, naquela altura, centraria sua atenção na produção de alimentos para autoconsumo e comercialização num mercado informal.

P.S.1 Irrita-me essa “miopia volitiva” dos africanos que fazem questão de vangloriar ocidente por tudo e por nada.

P.S.2 O mapa do escândalo do Panamá, que todos tivemos acesso, é revelador de maior concentração de casos gritantes de corrupção na Europa mas não vejo questionamentos a respeito desses que são nossos “doa dores”, só temos lupa para os nossos africanos. Somos todos ladrões, diferença é que uns são mais ladrões que os outros.
12 h
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Circle Langa
Circle Langa Paula, falsidade não seria o termo correcto porque remete a acusação, sorry. Permita-me substituir por imperfeições para não dizer omissões (que também é acusatório). Mas o que eu pretendia dizer, na essência, é que o contexto sul-africano não é adequado para estabelecer essa comparação com o Zimbabwe porque há questões política que ditaram e continuam ditando até hoje a realidade sul-africana. Mandela não foi o "santinho" que se propala por ai. Há artigos que explicam melhor essa cleptocracia com aliança democrática e que empurrou seu povo para trás. Mugabe nega até hoje a realidade sul-africana porque a economia sul-africana não foi apropriada pelo sul-africano preto senão essa "almofada" de leasing que vai gerando sonolência não sei até quando.
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Heheheheh... certo. São as tuas fontes. Por acaso, num debate suscitado por uma questão que deixei ficar ao professor (relativamente ao impacto das sanções no recrudescimento da crise e se havia casos de sucesso na "reforma agrária"), ele respondeu o seguinte:

1. O regime de Mugabe estava ciente das sanções que adviriam da violação do Acordo de Lencaster House. O que aconteceu foi consequência lógica do "pau e cenoura"; se te comportas mal levas porrada ou se te comportas bem recebes a cenoura. Mugabe escolheu o pau.
2. Naturalmente que houve casos de sucesso, mas demasiado inexpressivos para serem tomados em generalização; aliás, e segundo ele, os que conseguiram adaptar-se foram exclusivamente os da elite dirigente local (com acesso a fundos públicos), mas num nível claramente inferior ao dos farmeiros brancos de então.

Também senti uma certa dureza no depoimento do Prof. Vimbai C. Kwashirai (you can google him), mas é o de alguém que é de lá e que estudou seriamente aquilo. Tenho alguns textos dele aqui, se quiseres ler.
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue O maior desafio dos africanos é saber quem realmente são. "Saberás a verdade e a verdade te libertará". Infelizmente tudo que tinhamos como registo foi nos tirado e destruído pelos mesmos anjos que hoje querem ensinar-nos a nossa história.
16 hEditado
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Abilio Cossa
Abilio Cossa Na verdade o k sufocou a economia do Zimbabué até aqueles níveis de inflação foram as sansoes que foram impostos por alguns países como castigo ao "regime". Mas na verdade as sansoes prejudicaram o povo. Uma coisa certa é : Zimbabwe está recuperando aos poucos ou seja a situação não tende piorar neste momento.
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue Só por curiosidade Barroso, ai no Ocidente estudasse mais oqué? Tenho a impressão de estudarem mais África que os propios africanos!
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue Deve ser, por ser, seu maior cliente.
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Edgar Barroso
Edgar Barroso O que é que pretendes dizer? Heheheheh...
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue Que o ocidente estuda Africa, como um produtor estuda seus clientes.
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Os africanos taambém estudam o Ocidente.
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue Verdade! Mas não esta lá nenhum africano a resolver-lhes os problemas.
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Porque nem é preciso. Mas nós os convidamos sempre. Emoji smile
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue Alguns obrigam-nos a convida-los.
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Ah é? E como é que é feita essa obrigação? Emoji smile
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue Com promessas falsas de cooperação e desenvolvimento.
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Por que é que nós vamos atrás dessas promessas, se sabemos que não prestam? Emoji smile
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Damião Dom Damião Catingue
Damião Dom Damião Catingue Outro assunto que devíamos resolver internamente, não necessariamente o facto de irmos pedir emprestado dinheiro, mas pra quê? Isso faria de nós autênticos responsáveis da divida e verdadeiros beneficiados.
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Sic Spirou
Sic Spirou Com Moçambique não vai acontecer na dimensão do Zimbábue : a terra aqui é do estado e os países ex colónias da sua majestade parece que não enveredarem após a independência, pela nacionalização da terra. Bem ou mal a prova pode ser essa: os negros não estavam preparados pra lidar com isso. Felizmente África do Sul não alinhou nesse diapasão e salvou se.
Estou a tentar pensar neste assunto fazendo comparação com a actuação do Movimento Sem Terra do Brasil, que também de forma violenta, ocupou algumas fazendas e com assassinatos de ambos lados (fazendeiros e camponeses ). Mas no Brasil é /era mesmo necessário o redimensionar da distribuição da terra.
16 h
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Claramente.
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David Mudaca
David Mudaca Mugabe é um dos lider que ainda da dor de cabeça a ocidente..., ele tem um pensamento unico (como: a Africa é dos Africanos) que assusta ocidente, imagine se 10 liders africanos tivesse este pensamento( e transmitissem a geroçoes vindoras).. A estrategia do ocidente é desacreditar o mugabe e cimentar ainda mais a ideia de que nao podemos prosperar sem a mao do branco... Podemos sim prosperar se fossemos unidos e com espirito de ajuda mutua... Como dizia o saudoso Kwame krumah, "africa must be united"... So assim alcançaremos a independencia economica.
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Heheheheh... se podemos prosperar sozinhos, o que é que estamos a ir fazer junto do FMI?
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Mendes Mutenda
Mendes Mutenda Muito parcial o Professor. quando so olha o mal de Mugabe. O que falhou na questao da terra no zimbabwe entre harare e Londres? Ee mais uma opiniao e apenas devo respeita-la
35 h
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Sic Spirou
Sic Spirou David podes falar do povo do Zimbábue e d que tem passado sem recorrer ao ocidente? Tenta lá. Aliás tenta começar de países como África do Sul ou Moçambique sem pensar antes no exterior. Não podes pensar que os africanos povos não pensam e não sabem que o que se passa aqui, tem a ver muito com a governação dos seus líderes. Tenta lá pensar pra dentro!
15 h
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Mendes Mutenda
Mendes Mutenda Sic Spirou, ee possivel falar do Zimbabwe sem Ocidente? ee possivel falar da Libia sem Ocidente? ee possivel falar da Africa sem Ocidenete... se ate a medida da saia querem nos controlar nao imagino o resto
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Sic Spirou
Sic Spirou Portanto vc vive pelo ocidente? Eheheheh. Vai lá perguntar em balama ou em zitundo se os faz diferença isso.
15 h
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Sic Spirou
Sic Spirou Traga ocidente quando vc vai lá pedir emprestado dinheiro e usa mal...a dizer ao tal ocidente que vai fazer chegar o dinheiro a esses povo lá dos distritos esquecidos. Aí sim fale do ocidente.
15 h
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Heheheheheh...
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Edgar Barroso
Edgar Barroso Mendes Mutenda, sabes o que é que está a faltar (ou a ser deliberadamente distorcido) na questão zimbabweana? É a RESPONSABILIZAÇÃO INTERNA.

E isso não é só no Zimbábwe...

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