Estou a ver, com muita frequencia, pessoas jovens, adultas, da terceira idade, com formacao academica ao nivel superior ou com formacao basica a reclamar da situacao actual da divida publica de Mocambique. A reclamacao vai ao nivel de exigir responsabilizacao do anterior governo, principalmente do Presidente Guebuza. Acho isto um bom exercicio de cidadania e uma revelacao de maturidade. Contudo, este exercicio de cidadania peca pela tamanha hipocrisia que reina na exigencia. Digo isto porque todos nos queremos desenvolvimento, mas somos os primeiros que nao pagamos impostos como deveriamos. Alias, pagar impostos eh o sinal alto do contrato social que nos da o direito de exigir o que quer que seja. Entao, como ter desenvolvimento sem dinheiro para gerar desenvolvimento? Ficar inerte ou pedir dinheiro? Pedir pouco para fazer coisas pequenas e permanecermos subdesenvolvidos? Pedir muito dinheiro para fazer coisas grandes, permanecermos subdesenvolvidos, mas com perspectivas desenvolvimentistas?! Sera estamos condenados a pensar pequeno para ter ganhos pequenos? Sera que estamos condenados a fazer coisas pequenas para contemplarmos sempre o nosso sofrimento?! Sera que estamos fatalmente condenados a ter visao imediatista? Depois de respondermos a todas estas perguntas vamos perceber que o melhor momento para entender o lider de hoje eh amanha.
Ao ver a exigencia da responsabiliacao, constato que ha uma expressao (i)legitima de frustracao, mas que peca pelo auto-flagelo e pela visao desenvolvimentista imediatista. Entendo esse problema, pois nao se pode exigir paciencia a uma pessoa que sente profundamente a insatisfacao das necessidades basicas e a dor da pobreza. Por esse motivo percebo a exigencia. Contudo, parece um erro de abordagem, pois quem exige responsabilizacao esquece de dizer que tambem eh parte do problema, pois se todos fossemos “cidadaos de verdade” (aquele que paga impostos), talvez nao teriamos necessidades de andar a pedir muito dinheiro.
Ademais, ao ver a exigencia de responsabilizacao, constato que ha muita emocao e pouca racionalidade e ponderacao. Digo isto porque nao vejo nessa exigencia uma clareza do significado de responsabilizacao. O que significa responsabilizacao? Mandar gente para cadeia?! Mandar gente devolver dinheiro?! Quem deve devolver e quanto dinheiro deve devolver? Devolver os barcos da EMATUM? Devolver o equipamento adquirido para a defesa nacional?! Seria mandar parar a construcao da circular? Seria mandar parar a construcao da ponte?! Seria mandar parar a construcao da estrada Beira - Machipanda?! Aqui eh onde esta evidente a visao imediatista e fatalista. Ninguem esta a perguntar quanto vamos ganhar com todo esse investimento, amanha?! Ninguem esta a dizer se o que vamos ganhar amanha compensa o sacrificio de hoje?! Uma coisa eh certa. Quando comecarem as inaugaracoes dos grandes empreendimentos vamos nos lembrar da palavra responsabilizacao e vamos nos lembrar da lideranca. Por isso, o melhor momento para entender o lider de hoje eh amanha.
Por ultimo, quero reiterar que o melhor momento para entender o lider de hoje eh amanha! Os mais atentos e mais pragmaticos vao se lembrar que Samora foi velipendiado, mas hoje eh "Endeusado". Chissano foi velipendiado. Mas hoje eh venerado. Que bases existem para pensar que Guebuza nao vai passar pela mesma trajectoria?!
Zeze Junior Sempre bom beber dessa Fonte.Ser Grande é isso.Ensinar aos mais novos a pensarem oque não pensavam, analisarem oque não analisaram antes e entender oque não entendiam!
Feliz por esse esclarecimento.
Frelimo Sim Obrigado pelo texto. Um abraco amigo
Valter Tale Caro Calton Cadeado, o que nos entristece não são os empréstimos que foram contraídos, mas sim a falta de transparência. Não se justifica que um Estado contraia um financiamento, e meia dúzia de pessoas é que tenham conhecimento. Em outros países esse tipo de assuntos são debatidos no parlamento, porque afecta a vida do país e dos cidadãos. Respeito a sua opinião, embora não concorde. Teria muito mais por escrever, mas aguardo pela sua resposta.
Amilton Munduze Calton, fizeste um bom exercício para nos fazer perceber que nada está perdido e que o sacrifício de hoje pode trazer-nos dias melhores. Ao mesmo tempo fizeste um bom exercício para colocar-me no meio do problema como um dos culpados do nosso subdesenvolvimento porque não pago imposto, daí que eu cidadão comum e Guebuza estamos na mesma situação, a diferença é dos níveis de responsabilidade. Meu caro, neste país não pagar imposto é até uma regra, e pagar é excepção. Veja que quanto maior for o teu cargo público maiores são as tuas isenções fiscais. Daí que quanto a isso ninguém tem moral de apontar o dedo a ninguém. Converse com alguém das Alfândegas em privado para ouvir o que os barrões deste país fazem no que diz respeito à fuga ao fisco nas suas importações.
Em relação a EMATUM e hoje Proindicus, meu caro, duvido que haja advogado que ilibe os seus mentores porque a olho de qualquer um é visível que foi um péssimo negócio. Estão ali no porto os barcos atracados sem fazer nada. Quem não os vê? Mais do que isso, tu mesmo Calton um dos aspectos que domina as tuas aulas é a questão da transparência no contexto da boa governação. Como é que hoje podes ser advogado da EMATUM, um negócio que não respeitou os preceitos básicos de transparência? Não houve concurso público! Não se discutiu no parlamento! Tivemos informação da sua existência através de jornais de fora. Etc. Enfim, é legítimo o grito dos moçambicanos porque foram burlados. Não atire culpa a mim porque não pago impostos. O Estado tem meios para me cobrar porque voluntariamente não temos nem educação para tal.
Agnaldo Antonio Pedro Thanks Amilton Munduze falou e disse tudo ja nem da para comentar mas nada
Mc Nota Passe Li o texto, ele traz alguns aspectos meritórios. Por exemplo, "o melhor momento para entender o líder de hoje é amanha". Mas nem sempre acontece (boas práticas de liderança sim).
O que não percebo é: que relação existe entre a Gestão dos Recursos Financeiros postos a disposição de um servidor público com o pagamento de impostos?
A resposta é simples, nenhuma.
A despesa Pública tem as suas fases diferentes das da receita pública. A despesa fixa-se, enquanto a receita prevê-se. A não cobrança da receita programada é uma coisa.
Por outro lado, a realização da despesa pública é outra coisa. Não kero aqui, com isso, dizer que houve má gestão da despesa, não sou a pessoa indicada. Mas também, sob ponto de vista da Ciência Política, como é do domínio do ilustre, quando alguém é eleito significa que não tem poder, logo, deve satisfação ao seu eleitor por tudo a que o eleitor, pela sua ignorância, não perceba. Não acha que alguém devia dar uma explicação aplaudível sobre o assunto, há vários estudos que mostram que, por exemplo, a EMATUM esta tecnicamente falida, o que contrasta com a posição do Governo que garante que esta a trabalhar.
Há um adágio que diz: quando quem devia dar a informação certa não o faz, as mentiras e desinformações tornam-se legitimas informações.
Esta última informação pode concorrer para sustentar o seu post.
Por fim, informar que o cidadão, por natureza, não gosta de pagar impostos, ao que é tarefa da Administração Financeira (AT e outros) dispuserem-se de meios e optarem pela coerção. Mas também, nem todo o cidadão não paga impostos.
Edson Chiziane Helio Thyago Krpan Nelson Matsinhe Mauro ManhicaChacate Thinker vamos apreciar este ponto de vista.
Moçambicanos: um povo rico e generoso
Não é preciso pendurarmo-nos nos relatórios lavrados nalguns escritórios em Maputo, cujos resultados do estudo dependem do humor dos nossos pseudo-especialistas que vivem numa constante modorra física e, com uma chávena de café e salgadinhos de lado, produzem os documentos eivados de nada e de nenhuma coisa, para ter a real dimensão da desgrenhada miséria para qual o Governo da Frelimo empurrou (e continua a empurrar) os moçambicanos. Basta derrubarmos as ameias ideológicas e revestir-nos de sentimento e juízo para vermos a preocupante situação financeira a que nos encontramos.
Basta abandonarmos o sossego dos nossos lares e o conforto da nossa mediocridade para nos depararmos com a realidade mais obscena sem precedentes que hoje o país atravessa. Só não vê que não quer ver.
Primeiramente, diante da actual situação financeira, provocada pela EMATUM, o pensamento que tínhamos é de que os moçambicanos eram um povo rico e com muito dinheiro sobrando nos bolsos. Mais tarde, surgiu-nos um pensamento contrário. Ou seja, os moçambicanos não eram um povo rico, eram, na verdade, apenas um povo generoso. Porém, presentemente, apercebermo-nos de que os moçambicanos para além de ricos, são generosos, até porque só um povo rico e generoso acha normal e aceitável quitar as dívidas da EMATUM e da Proindicus, contraídas ilegalmente pelo Governo da Frelimo para fins obscuros.
Na verdade, nessa história toda, o mais preocupante é o silêncio cúmplice dos moçambicanos que não se mostram indignados com a dívida de mais de um bilião de dólares norte-americanos que hipoteca o futuro de toda uma nação. Dito sem metáforas, as próximas gerações de moçambicanos estão condenados a viver à pão e água devido a essa irresponsabilidade de um Governo que só pensa no seu próprio umbigo.
Os moçambicanos assistem serenos a esse cenário. Só um povo rico e generoso não reclama e não se importa em pagar um empréstimo que não se destinou à construção de hospitais, escolas, estradas, entre outras infra-estruturas socio-económicas para o bem do país. Só um povo rico e generoso não sai às ruas para exigir explicações ao Governo de turno, e aceita de ânimo leve pagar, com o suor do seu trabalho, uma dívida que se destinou a ampliar patrimónios financeiros pessoais de certas figuras ligadas ao partido Frelimo.
Jornal @Verdade - EDITORIAL:
Se já estávamos no fundo do poço, as últimas notícias sobre o estado das nossas finanças vieram fortificar uma das Leis de Murphy que diz "(...) Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível".
Ou seja, já não bastava a dívida da EMATUM, temos agora que aturar uma outra (suposta) gigantesca dívida causada no reinado de Armando Guebuza.
O que mais me inquieta em tudo isso não é saber que o Ministro Maleiane consegui amainar a dívida da EMATUM junto dos credores, mas, é saber que os culpados dessa desgraça continuam impunes e a deliciar-se do atum.
Meus amigos, me preocupa ainda o silêncio uníssono que a sociedade no seu todo mostra perante essas dívidas. Eu sei que a vida diária é corrida e esta coisa de economia não é para todos, mas o nosso silêncio de hoje terá efeitos nefastos amanhã.
Numa era onde os "Lava Jatos" e escândalos do nosso amigo Jacob Zuma ganham mais ímpeto, o que nos falta aqui na pátria amada ter o nosso "PescAtum"?
Se está difícil debater esses assuntos em praça pública, o que nos custa, no mínimo, copiar o que os brasileiros fazem com casos de corrupção como estes?
Sem comentários:
Enviar um comentário