Canal de Opinião por Noé nhantumbo
Já não olham a meios para demonstrar a sua supremacia.
Esquivam-se de mencionar o que todos sabemos ser verdade. Agarram-se ao poder que nem pulgas.
Acusam e disparam para tudo o que é lado, proclamando que os outros estão impedindo que a paz floresça em Moçambique.
Uma fachada de normalidade não esconde que os belicistas e amantes da guerra estão aquartelados nas hostes conhecidas do partido no poder.
Quando dizem que se deve aproveitar a Páscoa para recuperar a paz, estão ensaiando novas formas de agudizar o conflito, como se viu com a invasão gratuita à casa oficial de AMMD em Maputo. Isso soma-se a outros incidentes organizados com o objectivo de eliminarem fisicamente um estorvo que não os deixa sossegados na sua senda de acumulação de riquezas. É um exercício de gatunagem sem travões.
A Renamo, o MDM e outros partidos discordantes estão impedidos de verem os votos que têm convertidos em assentos parlamentares, e isso foi visto desde 1994.
Uma sucessão de eleições suspeitas é o principal factor de desestabilização em Moçambique.
Um país que anda a quatro ou cinco tempos tem tudo para dar errado.
A Frelimo pretende continuar a impor a sua supremacia através de um aparato bélico e serviços de segurança que obedecem a comandos partidários. É sobejamente conhecido e visível que a Comissão Política da Frelimo é a detentora do poder real em Moçambique.
Torce as leis a seu favor e nesse exercício busca apoios de uma “intelectualidade faminta”.
A Renamo, com a sua liderança encostada à parede pelos seus apoiantes, voltou a activar as suas forças militares residuais, que jamais foram desmanteladas por causa de uma agenda que só Joaquim Chissano e a sua Comissão Política nos podem explicar. Somam-se as notícias de membros da Renamo sequestrados, que posteriormente aparecem mortos.
Que também tem havido retaliação, isso a PRM tem noticiado que já foram mortos membros da Frelimo de forma parecida.
O MDM procura fazer oposição política sem armas, mas já conheceu na pele a intolerância das brigadas de choque da Frelimo e da acção da UIR desbaratando os seus comícios e seviciando os seus membros, alguns dos quais já foram mortos.
Alguns dos seus membros já foram violentados e mortos.
As igrejas de diversas denominações são campo para manifestações diversas face aos conflitos que se verificam no país. As chamadas “protestantes” tendem a pautar por um alinhamento com a Frelimo ao declararem repetidamente que só a Renamo é que tem culpas no cartório. Apelam a um desarmamento unilateral da Renamo, ignorando que a Frelimo também tem milícias armadas camufladas em FDS do Governo.
Nisso tem tido alguma aliança em “sheiks” de algumas mesquitas do país. O posicionamento da Igreja Católica tem sido criticado por alguns analistas por entenderem que esta inclina-se para a condenação do Governo do dia. É salutar que as confissões religiosas nos mostrem de que lado estão? Elas deveriam antes de tudo cumprir a sua missão de educação ético-social e moral, sem jamais aceitarem ser veículos de propaganda lesiva para os moçambicanos.
Não queremos capelões nas FADM nem na PRM. Também não queremos ver os nossos dignitários religiosos tomando parte em banquetes suspeitos com qualquer força política. A sua equidistância nunca foi tão importante.
A questão não é tirar legitimidade ao Governo do dia, mas questionar os seus procedimentos e agendas.
Quando se sabe que uma das razões de fundo para a inflexibilidade arrogante reside nos esforços de protecção de impérios económicos construídos ilegalmente, torna-se claro e cristalino que a actual onda de hostilidades tem como objectivo primordial impedir que aconteça o óbvio.
Estamos numa situação em que a discriminação política se casa com a discriminação económica de forma venenosa e violenta.
Através da persistente recusa de respeitar o veredicto popular expresso nas urnas, temos assistido a uma mascarada de democracia triunfando e sendo legitimada por órgãos manifestamente partidarizados e por parceiros externos de cooperação que querem que os moçambicanos se satisfaçam com uma “democracia de segunda classe”.
De maneira insidiosa, a observação eleitoral africana e internacional tem sido feita de maneira clamorosamente tendenciosa. Os seus agentes são como que turistas procurando areias de praias tropicais e delícias marinhas para os seus banquetes. Pagos a peso de ouro, são rápidos a declararem livres, justos e transparentes processos eleitorais cheios de irregularidades, que nos seus países seriam liminarmente recusados.
A batalha mediática pela paz revela desespero pela manutenção do poder. O poder político pode e deve ser repartido, para que os interesses de todos sejam respeitados. Não se fechar espaço a que se discuta o que opõe as partes, alegadamente porque a CRM deve ser respeitada. É infeliz que pessoas que, no passado, desempenharam honrosas funções de PGR venham a público “vomitar” opiniões que revelam ultraje ao que interessa aos moçambicanos.
A CRM só é sagrada quando integralmente respeitada por todos e, mesmo assim, não está isenta de discussão para alterações que enformem e reflictam a evolução do entendimento político e as aspirações dos moçambicanos.
Quem rouba votos e faz enchimento de urnas não se pode arvorar o direito de impedir que se discuta a CRM. PGR que se recusam a acusar delitos eleitorais tornam-se promotores da crise política.
Diga-se, porque é verdade, que um CC que leva meses a declarar ou homologar um vencedor torna-se logo suspeito á luz das possibilidades técnicas existentes em receber, analisar e deliberar sobre expediente eleitoral. Se um STAE actua de maneira a dificultar a democracia, torna-se num órgão eleitoral ao serviço da fraude.
São estas questões que os nossos partidos políticos devem ter a coragem de debater e aprofundar, pois só isso trará aquela paz de que está na moda falar nos dias de hoje.
Ultrapassar dificuldades, com criatividade, em defesa do povo moçambicano é bem mais importante do que cultivar imagens e promover uma cultura de mediocridade e de seguidistas profissionais.
É salutar, por exemplo, que numa mesma cidade se discuta e se aprove a denominação de algumas ruas e praças com nomes de figuras políticas da Frelimo Renamo e MDM e de religiosos e desportistas nacionais. Isso é um exercício de reconciliação que deve ser alargado a todo o país.
Tem de ficar claro que paz significa reconciliação, assim como democracia política e económica.
Não é preciso ser doutorado ou exímio analista para descobrir isso.
Os que não querem que isso aconteça estão morbidamente mergulhados numa ambição doentia e megalómana. (Noé Nhantumbo)
CANALMOZ – 05.04.2016
Posted at 17:28 in Noé Nhantumbo - Uma opinião | Permalink ShareThis
Comments
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THIMBUINE said...
Tudo meu amigo terá fim. Eles não mudam. Não ouvem conselhos que gente de boa fé teem emitido. Os seus conselheiros são os chamados lambe botas que os defendem até as unhas. Nesse dia, todos acabarao fugindo com a seringa no cu. Nada é eterno neste mundo. Podem dominar, humilhar e reinarem séculos mas um dia, inesperadamente, terá fim. Tenho repetido muitas vezes de que o fim de todos esses pacatos será trágico. A história vai os julgar, condenar e fazer justiça. Já k eles são a própria justiça neste país.
Viva colonos negros, continuem a reinar. Moçambique é vossa machamba!
05/04/2016 at 18:26