terça-feira, 19 de abril de 2016

FMI cancela pagamento de segunda tranche do empréstimo a Moçambique


"É provavelmente um dos piores casos de entrega de dados errados por parte de um Governo que o FMI viu num país africano nos últimos tempos. Eles esconderam deliberadamente de nós pelo menos mil milhões de dólares, possivelmente mais, em empréstimos escondidos"



19 de Abril de 2016, 13:02

O Fundo Monetário Internacional (FMI) cancelou o pagamento da segunda tranche, no valor de 155 milhões de dólares, do empréstimo que tinha acordado no final do ano passado com Moçambique, no total de 285 milhões.



De acordo com o jornal britânico Financial Times, que cita uma fonte interna do FMI, a decisão terá sido tomada na sequência do cancelamento da visita ao país, esta semana, na qual era previsível que fosse dada a autorização para o pagamento da segunda parte do empréstimo acordado no final do ano passado.

"É provavelmente um dos piores casos de entrega de dados errados por parte de um Governo que o FMI viu num país africano nos últimos tempos. Eles esconderam deliberadamente de nós pelo menos mil milhões de dólares, possivelmente mais, em empréstimos escondidos", disse esta fonte do FMI ao Financial Times.

"Moçambique está à beira de uma crise financeira se as autoridades não tomarem medidas para lidaram com os riscos atuais", vincou a mesma fonte, acrescentando que os doadores internacionais, responsáveis pelo financiamento de cerca de 25% do Orçamento, podem também seguir o mesmo caminho e cancelar os pagamentos de 350 a 400 milhões de dólares.

"Aí Moçambique enfrentaria uma crise orçamental e uma crise na balança de pagamentos", concluiu a fonte do FMI citada pelo Financial Times.

O FMI cancelou na sexta-feira uma missão prevista para esta semana a Moçambique devido às revelações de empréstimos alegadamente escondidos no âmbito do caso dos "títulos do atum", anunciou a diretora do Departamento Africano, Antoinette Sayeh.

"O empréstimo em causa ascende a mais de mil milhões de dólares e altera consideravelmente a nossa avaliação das perspetivas económicas de Moçambique", disse Sayeh, na sede do FMI, em Washington.

Observando que não se pode fazer julgamentos ao Governo moçambicano antes de haver mais informação e admitindo que o próprio executivo tenha sido apanhado de surpresa, o parceiro internacional, contactado pela Lusa, disse ser igualmente cedo para tirar conclusões sobre os danos no nível de confiança dos doadores: "Depende da forma como as coisas vão ser geridas por ambas as partes", comentou.

Além do FMI, também o diretor do Banco Mundial para Moçambique disse à Lusa que a revelação de um novo empréstimo no âmbito do caso Ematum pode afetar aumentar o risco de endividamento excessivo e afetar os recursos disponibilizados pela instituição no futuro.

"É importante lembrar que Moçambique é um país beneficiário da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA) e tem um risco moderado de sobre-endividamento. Qualquer potencial análise em baixa da estabilidade da dívida poderá afetar o montante global dos recursos disponíveis para os próximos anos", explicou Mark Lundell.

Logo após o Governo moçambicano ter realizado uma reestruturação bem-sucedida dos chamados "títulos do atum", que implicou uma garantia do executivo em 2013 a um empréstimo de 850 milhões de dólares, o Wall Street Journal noticiou, há duas semana, a existência neste caso de um segundo encargo escondido, de que os investidores na operação de recompra de títulos de dívida da Ematum não foram informados, no valor de 622 milhões de dólares.

Na primeira reação ao caso, o ministro da Economia e Finanças de Moçambique, Adriano Afonso Maleiane, negou a existência de empréstimos escondidos e disse que "houve alguma confusão" no âmbito do financiamento da Ematum.

"Houve alguma confusão e acabou colocando Moçambique num barulho sem necessidade. Tudo aquilo que tem a garantia do Estado, está garantido. Nós assumimos tudo o que havia sido assumido pelo Governo. Essa é a tranquilidade que eu continuo a dar aos investidores", disse Maleiane na sexta-feira à agência Lusa, durante a sua passagem pelos encontros de primavera do FMI e Banco Mundial.

No fim de semana, o Governo moçambicano anunciou que o primeiro-ministro iria a Washington explicar ao FMI os contornos de todos os empréstimos que não foram publicamente anunciados.

Lusa

FMI cancela pagamento de segunda tranche do empréstimo a Moçambique


Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi

| REUTERS/HANNIBAL HANSCHKE

"É um dos piores casos de entrega de dados errados por parte de um Governo que o FMI viu num país africano nos últimos tempos"

O Fundo Monetário Internacional (FMI) cancelou o pagamento da segunda tranche, no valor de 155 milhões de dólares, do empréstimo que tinha acordado no final do ano passado com Moçambique, no total de 285 milhões.

De acordo com o jornal britânico Financial Times, que cita uma fonte interna do FMI, a decisão terá sido tomada na sequência do cancelamento da visita ao país, esta semana, na qual era previsível que fosse dada a autorização para o pagamento da segunda parte do empréstimo acordado no final do ano passado.

"É provavelmente um dos piores casos de entrega de dados errados por parte de um Governo que o FMI viu num país africano nos últimos tempos. Eles esconderam deliberadamente de nós pelo menos mil milhões de dólares, possivelmente mais, em empréstimos escondidos", disse esta fonte do FMI aoFinancial Times.

"Moçambique está à beira de uma crise financeira se as autoridades não tomarem medidas para lidaram com os riscos atuais", vincou a mesma fonte, acrescentando que os doadores internacionais, responsáveis pelo financiamento de cerca de 25% do Orçamento, podem também seguir o mesmo caminho e cancelar os pagamentos de 350 a 400 milhões de dólares. "Aí Moçambique enfrentaria uma crise orçamental e uma crise na balança de pagamentos", concluiu a fonte do FMI citada peloFinancial Times.

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O FMI cancelou na sexta-feira uma missão prevista para esta semana a Moçambique devido às revelações de empréstimos alegadamente escondidos no âmbito do caso dos "títulos do atum", anunciou a diretora do Departamento Africano, Antoinette Sayeh.

"O empréstimo em causa ascende a mais de mil milhões de dólares e altera consideravelmente a nossa avaliação das perspetivas económicas de Moçambique", disse Sayeh, na sede do FMI, em Washington.


Observando que não se pode fazer julgamentos ao Governo moçambicano antes de haver mais informação e admitindo que o próprio executivo tenha sido apanhado de surpresa, o parceiro internacional, contactado pela Lusa, disse ser igualmente cedo para tirar conclusões sobre os danos no nível de confiança dos doadores: "Depende da forma como as coisas vão ser geridas por ambas as partes", comentou.

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Além do FMI, também o diretor do Banco Mundial para Moçambique disse à Lusa que a revelação de um novo empréstimo no âmbito do caso Ematum pode afetar aumentar o risco de endividamento excessivo e afetar os recursos disponibilizados pela instituição no futuro.

"É importante lembrar que Moçambique é um país beneficiário da Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA) e tem um risco moderado de sobre-endividamento. Qualquer potencial análise em baixa da estabilidade da dívida poderá afetar o montante global dos recursos disponíveis para os próximos anos", explicou Mark Lundell.

Logo após o Governo moçambicano ter realizado uma reestruturação bem-sucedida dos chamados "títulos do atum", que implicou uma garantia do executivo em 2013 a um empréstimo de 850 milhões de dólares, o Wall Street Journalnoticiou, há duas semanas, a existência neste caso de um segundo encargo escondido, de que os investidores na operação de recompra de títulos de dívida da Ematum não foram informados, no valor de 622 milhões de dólares.

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Na primeira reação ao caso, o ministro da Economia e Finanças de Moçambique, Adriano Afonso Maleiane, negou a existência de empréstimos escondidos e disse que "houve alguma confusão" no âmbito do financiamento da Ematum.
"Houve alguma confusão e acabou colocando Moçambique num barulho sem necessidade. Tudo aquilo que tem a garantia do Estado, está garantido. Nós assumimos tudo o que havia sido assumido pelo Governo. Essa é a tranquilidade que eu continuo a dar aos investidores", disse Maleiane na sexta-feira à agência Lusa, durante a sua passagem pelos encontros de primavera do FMI e Banco Mundial.

No fim de semana, o Governo moçambicano anunciou que o primeiro-ministro iria a Washington explicar ao FMI os contornos de todos os empréstimos que não foram publicamente anunciados.

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abril 18, 2016

Ramos Miguel


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CIP avisa para redução do fluxo do capital estrangeiro.

O Centro de Integridade Pública (CIP) diz que o cancelamento de uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) a Moçambique por causa de um empréstimo de mil milhões de dólares mantido em segredo já fez disparar a taxa de câmbio do dólar no sector informal e poderá afectar os desembolsos de outros parceiros governamentais.

Suspensão da visita do FMI faz disparar o dólar em Moçambique - 3:02 (3:02)
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A visita a Moçambique de uma missão do FMI estava prevista para esta semana, mas foi cancelada por causa de dúvidas surgidas relativamente a uma dívida referente à empresa ProIndicus, criada pelo Governo moçambicano para a aquisição de material militar.

Para tentar reverter a situação, o primeiro-ministro Carlos Agostinho do Rosário chega amanhã a Washington para discussões com o FMI.

O CIP, vocacionado para a promoção da boa governação, transparência e integridade, na voz de Celeste Banze, do pelouro de Receitas e Despesas Públicas, diz que a decisão do FMI vai ter graves implicações na economia moçambicana.

"O que nós podemos indicar como implicações, a curto prazo, é a redução das expectativas dos próprios investidores. Moçambique tem registado atrasos em termos de fluxo de capital estrangeiro e esta decisão do FMI pode deteriorar ainda mais a capacidade do país de beneficiar desses fluxos de capital", destaca Celeste Banze.

Aquela responsável refere ainda que, para além disso, as expectativas dos agentes económicos moçambicanos vão ser influenciadas por estes acontecimentos, o que, imediatamente, terá um impacto na taxa de câmbio e sublinhou que "no mercado informal, esta segunda-feira, 18, o dólar está a ser transacionado a 60.50 meticais", contra os pouco mais de 50 da semana passada.

O economista João Mosca considera ser necessário um trabalho muito sério sobre a questão da dívida soberana moçambicana, "porque há muitas lacunas de transparência e muitos assuntos que não estão claros".

De referir que a reunião do Comité Central da Frelimo, concluída no sábado, na Matola, instruiu o Governo a desencadear um processo de esclarecimento público sobre as dívidas da Ematum e do ProIndicus.

Alarmistas de razão curta

Quem só lê os títulos dos jornais, e logo têm uma opinião sobre o que se diz nesses títulos, é um indivíduo perigoso. De facto, um indivíduo desses pode causar danos inculcáveis à uma Nação inteira por soar alarmes falsos.
É política editorial de quase toda a imprensa colocar em manchetes notícias que permitem cativar o interesse do público alvo. E isso faz-se para aumentar as vendas e fazer prosperar o negócio.
Por exemplo, quem só lê o antetítulo, o título e o primeiro parágrafo em destaque no artigo que partilho aqui, só pode ficar com a impressão de que Moçambique está muito mal. O mal disso é esse leitor vai limitar a sua análise aos três elementos e vai chegar, obviamente, a conclusões erradas, e vai veicular as suas conclusões erradas com tal eloquência que parecerão bem tiradas por quem lhe ouvir. E como as notícias que vendem melhor são, geralmente, as más, a conclusão errada do pobre leitor vai propagar à velocidade da luz ou do som, dependendo do meio de comunicação usado (se mecânica ou electromagnética). Daí eu propor a designação de "alarmistas de razão curta" aos indivíduos de fazem isso. São "alarmista de razão curta" porque tiram conclusões só com dados preliminares, antes de obterem informação completa sobre as notícias que tentam reproduzir, acabando por fazer soar alarmes falsos.
Por fim, uma lição e um conselho. A lição é que informação não é conhecimento. O conhecimento só se obtém a partir da análise de informação, esta que se produz a partir de dados, estes que se recolhem através da leitura e de inquéritos e/ou medições. Portanto a análise sempre envolve a razão para produzir a verdade, preferencialmente a verdade verificável, que é o conhecimento.
O conselho é que para obter dados, a partir dos quais produzir informação, a partir do qual se produz o conhecimento, o interessado tem que arranjar tempo e disposição, e desenvolver paixão pela razão. É da razão que decorre tudo o que sabemos sobre nós e sobre o mundo que nos rodeia. Não cai na tentação de reproduzir notícias que não entendes, para não seres um alarmista de razão curta.
Moçambique não está em crise nenhuma, embora a sua situação sociopolítica e socioeconómica não se seja boa. E só a Frelimo pode mobilizar e organizar os moçambicanos e as suas instituições para se sair da situação incómoda em que nos encontramos para uma melhor. Para o pior só iremos se cedermos à pressão para que sejamos alarmistas de razão curta. Cuidado com os teus passos, o abismo está na tua sombra todo o tempo!
"É um dos piores casos de entrega de dados errados por parte de um Governo que o FMI viu num país africano nos últimos tempos"
DN.PT|DE DN/LUSA

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Comentários
Maria Paula Meneses Se fosse o melhor jamais publicariam a noticia, não será?

1 comentário:

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