Panificadores, que roubam no peso do pão, querem voltar a aumentar o preço quando se regista uma baixa mundial do trigo |
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Escrito por Adérito Caldeira em 04 Abril 2016 |
“Os critérios para o exame e determinação quantitativa do conteúdo efectivo do pão são os seguintes: a) Pesos nominais que devem ter os seguintes valores: 45g, 68g, 100g, 130g, 210g, 240g, 450g, 500g e 1000g; e b) A tolerância para o peso do pão, nos valores definidos no número anterior, é de 6% para menos, +- 6% sem considerar a parte positiva”, lê-se no Artigo 18 da Secção II do Regulamento de Produtos Pré-medidos do Diploma Ministerial nº 141/2013 de 23 de Setembro e que entrou em vigor 60 dias após a sua publicação.
Não é nem precisa uma balança para os moçambicanos sentirem que o pão que compram não tem o peso que deveria ter.
Entretanto o @Verdade voltou a medir os pães que são vendidos em algumas das mais antigas padarias da capital do país, e da chamada capital do Norte, e verificou que continuam a possuir muitas gramas a menos em relação ao que deveriam pesar.
Os panificadores têm violado também o Artigo 19 do Regulamento de Produtos Pré-medidos, pois em nenhuma das padarias que visitamos existe uma balança verificada por entidades competentes para permitir ao consumidor conferir o peso.
“Nós estamos a trabalhar no sentido de implementar a legislação que existe, começamos por fazer de forma pró-activa tendo encontros com a AMOPÃO (Associação Moçambicana dos Panificadores), para chamar atenção, e estamos a trabalhar no sentido de para o próximo ano introduzir a nível das padarias balanças que permitam que os utentes possam aferir se o peso do pão que estão a adquirir é o peso que está anunciado”, afirmou em Dezembro passado Ernesto Max Tonela, o ministro da Indústria e Comércio.
Passaram três meses e nada aconteceu. Na passada sexta-feira(01), o ministro Tonela afirmou que o “Governo está preocupado com a questão do preço do pão e por isso temos vindo a trabalhar com todas as partes interessadas, incluindo os panificadores através da sua associação, a AMOPÃO, mas também com os industriais que importam e processam o trigo”, prometendo para esta semana um decisão sobre se haverá aumento e em que medida.
“Existe já o compromisso de em breve todas as padarias terem balanças que vão permitir não só a fiscalização mas também que o cliente possa, quando adquirir, fazer a aferição do peso do pão que está a adquirir”, acrescentou o ministro da Indústria e Comércio em conferência de imprensa em Maputo.
O facto é que o Governo, que persegue e confisca os produtos dos moçambicanos que à falta de emprego tornam-se empreendedores vendedores de rua, assiste impávido ao incumprimento dos panificadores.
Contudo em finais do ano passado, quando a desvalorização do metical em relação ao dólar norte-americano atingiu o seu auge e o preço das matérias-primas, incluíndo o trigo, desceram em todo mundo, o Executivo de Filipe Nyusi decidiu para de subsidiar a farinha, uma medida que durava desde a revolta do pão que paralisou as cidades de Maputo e da Matola em 2010, redireccionando os 475 milhões de meticais que gastava com os panificadores para “subsídios de produção” aos agricultores.
Acontece que estes subsídios de produção são outra demagogia do Governo pois não é realista esperar que a curto, ou médio prazo, Moçambique comece a produzir trigo em quantidade necessária para a demanda do mercado interno e nem a custos que sejam melhores do que os dos mercados internacionais.
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