segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

As metamorfoses da Imprensa em Moçambique

"Os homens passam e os órgãos ficam" é o que podemos dizer das recentes baixas na SOICO e no Canal de Moçambique. Mas pensar assim seria o mesmo que abraçar com inusitado amor uma mentira. Os homens passam e os órgãos perdem qualidade em Moçambique. O que seria, por exemplo, do Savana se conservasse ainda Ericino de Salema, Milton Machel, Armando Nenane e tantos outros que por lá passaram? Os órgãos estão cada vez mais fracos e as Organizações da Sociedade Civil bem mais fo...rtes com os repórteres que abocanham nas redacções deste país. É normal que as pessoas queiram mudar de vida e ganhar salários mais dignos. E como isso de dignidade não se encontra na paisagem salarial dos órgãos de informação deste rochedo à beira-mar é natural que os mesmos fiquem privados dos seus melhores repórteres. E é com base nessa lógica que eu julgo que os órgãos de informação contribuem para a manutenção do poder nas mesmas mãos e assassinam a possibilidade de alternância. Ou seja, a fuga de cérebros retira, como é óbvio, a capacidade de informar de forma incisiva. E, quando assim acontece, o poder sorri diante do enfraquecimento dos órgãos de informação. O que não se percebe ou não se quer perceber é que é confortável aos governantes que os órgãos enfraqueçam. O mais triste é que esta tendência de enfraquecimento veio para ficar. Alguém dúvida que o Savana e o Mediafax já foram muito melhores do que são hoje? Alguém dúvida que a saída do Borges Nhamirre irá enfraquecer o Canal? Ou alguém dúvida que a saída do Emidio Beula [embora para outro órgão] enfraqueceu o Savana? É uma questão de tempo até decretarmos a morte da imprensa pelo andar da carruagem. Um dia os gestores irão acordar com as redacções desertas...See more

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