Rússia e Egito redinamizam colaboração: Voz da Rússia

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Liubov Kurianova

27.03.2013, 15:17, hora de Moscou

© ru.wikipedia.org/EPA

O presidente russo, Vladimir Putin, reuniu-se, à margem da cúpula do grupo BRICS em Durban sul-africana, com o seu homólogo egípcio Mohamed Mursi. Este último declarou, há pouco, que o seu país poderá aderir a esta entidade internacional.

Enquanto isso, o assessor presidencial, Yuri Ushakov, anunciou que ambos os líderes tinham mantido dois contatos telefônicos, sem terem, desde há muito tempo, quaisquer encontros pessoais. Agora, no ano em que se assinalam 70 anos do estabelecimento das relações diplomáticas, surgiu, para o efeito, um bom pretexto. Segundo o alto governante russo, os dois líderes discutirão a situação no Oriente Médio, em particular, na Síria, na África Setentrional, bem como o estado das relações russo-egípcias.

Claro que as relações bilaterais, não obstante os processos sócio-políticos complicados, continuam a desenvolver-se. Nos últimos dois anos, as trocas comerciais tem registrado um aumento de 70%, tendo somado, no ano passado, mais de três bilhões de dólares. Na pauta de exportações russas, o maior peso cabe ao trigo, madeira cerrada, metais e equipamentos. Os principais capítulos de importação (cerca de 90%) têm sido constituídos por laranjas, batata e produtos agrícolas. Os empresários russos têm revelado um interesse em relação aos investimentos a fazer na área de petróleo e gás, prospecção de jazidas de ouro, o ramo automóvel e equipamentos industriais.

Mas, neste caso, tem sido importante ainda o aspecto político. As transformações dramáticas ocorridas no Egito, que levaram ao poder o atual Presidente, ainda não estão concluídas, frisou Vladimir Beliakov, investigador cientifico sênior do Instituto de Pesquisas Orientais.

"Passaram seis meses desde que Mursi tomou posse, mas a situação continua tensa, complicada e instável. Tudo isso, levou ao agravamento de problemas sócio-econômicos . Por isso, Mursi não tem motivos de regozijo. A Rússia, seguindo seus interesses específicos, gostaria de ver um Egito estável e próspero. Temos os interesses econômico-comerciais, sendo o Egito um bom parceiro nosso no domínio turístico. O número de turistas russos, tendo diminuído um pouco após a Revolução de 2011, se estimou, no ano passado, em 2 milhões de pessoas. É um indicador sério. Por isso precisamos de um Egito calmo e estável."

As relações com o Egito são de longa data, constata Vladimir Beliakov, especificando tratar-se de contatos estabelecidos há mais de mil anos.

"Já não me refiro aos tempos menos remotos, por exemplo, aos anos 60 ou ao início da década 70 do século passado em que a nossa colaboração abrangia todas as esferas da atividade e sem a qual o Egito nunca poderia ter alcançado um nível de desenvolvimento atual, ou seja, o patamar de um país bem desenvolvido, autônomo e independente. Creio que o Egito não tenha desistido do apoio econômico da parte da Rússia. Para não falar de um aspecto político da cooperação bilateral. A Rússia é um Estado influente, de grande porte político internacional. E o Egito está bem ciente disso."

Quanto à eventual adesão ao grupo BRICS, tal perspectiva não se afigura como real para se concretizar dentro em breve, assinala o perito. Mas esta hipótese não lhe surgiu ao acaso.

"Em meados dos anos 2000, o Egito tinha registrado um crescimento impetuoso. O aumento do PIB excedia 7%. Naquela altura, o país desenvolvia a economia de mercado no sentido liberal similar à economia dos BRICS. Por isso, sob este prisma, a candidatura do Egito não está em causa, pelo que se trata de um país com elevado potencial econômico."

Resumindo, perante o Egito se abrem perspectivas motivantes.