Falando à imprensa após uma sessão da comissão mista em Maputo, Jacinto Veloso disse que foi destacado um grupo de trabalho para estudar os mecanismos para a deslocação segura da equipa de mediação.
"Esta questão está a ser debatida e esperamos que o mais breve possível isso aconteça", disse o chefe da delegação do Governo nas negociações com a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), sem avançar datas.
Além de destacar uma equipa técnica para organizar a ida dos mediadores à Gorongosa, na província de Sofala, onde presumivelmente se encontra Afonso Dhlakama há vários meses, a reunião de hoje serviu para o debate de uma proposta apresentada na semana passada pelos mediadores a respeito do ponto de agenda da governação nas seis províncias onde a Renamo revindica vitória eleitoral em 2014
"As contribuições de hoje levaram à introdução de algumas emendas no documento apresentada pelos mediadores e esperamos que na próxima sessão sejam examinados novamente estes pontos", declarou Jacinto Veloso, escusando-se a avançar detalhes sobre o conteúdo do texto.
Além da exigência da Renamo em governar em seis províncias, a agenda de negociações integra a cessação imediata dos confrontos, a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança, incluindo na polícia e nos serviços de informação, e o desarmamento do braço armado da Renamo e sua reintegração na vida civil.
A região centro de Moçambique tem sido a mais atingida por episódios de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança, existindo denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.
As autoridades moçambicanas acusam a Renamo de uma série de emboscadas nas estradas e ataques nas últimas semanas, em localidades do centro e norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos, como comboios da mineira brasileira Vale.
O líder da Renamo já reconheceu a autoria de vários ataques, justificando com a estratégia de dispersar as Forças de Defesa e Segurança da serra Gorongosa, onde supostamente permanece refugiado.
Na sexta-feira, as autoridades revelaram um ataque de homens armados da Renamo, na vila sede do distrito de Morrumbala, na Zambézia, centro de Moçambique, que se seguiu a outra investida denunciada em Mopeia, na mesma província, e também a localidades em Niassa, no norte do país.
Também na sexta-feira, duas viaturas da Rádio Moçambique e Televisão de Moçambique foram alvo de uma emboscada quando seguiam numa coluna de veículos num troço da estrada N7, na província de Manica, sujeita a escolta militar obrigatória, e que as autoridades atribuíram a homens armados da Renamo, uma acusação refutada pelo maior partido de oposição.
No mesmo dia, seis pessoas foram mortas a tiro e depois queimadas no distrito de Cheringoma, província de Sofala, num episódio também sujeito a versões contraditórias, em que a polícia acusa a Renamo, e duas testemunhas citadas pelo jornal o País responsabilizam as Forças de Defesa e Segurança.
Apesar da frequência de casos de violência política, as duas partes voltaram ao diálogo em Maputo, com a presença de mediadores internacionais, e a primeira fase das negociações tem sido dominada pela exigência da Renamo em governar nas seis províncias que reivindica e pelas condições exigidas para um cessar-fogo.
EYAC (AYAC/HB/PMA) // MAG
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