sexta-feira, 15 de maio de 2015

O suor do chefe

BLOG ANÁLISE - 
Sexta, 15 Maio 2015

"É uma falta de responsabilidade esperarmos que alguém faça as coisas por nós” - JohnLennon
O maior desafio para o gestor de uma empresa é orientar a sua relação com os recursos humanos pois são, na verdade, o activo mais precioso para a maximização da produtividade da empresa. O mais complicado não é dar ordens. Isso qualquer um pode fazer, e todos podem cumprir. Todavia, essa pode ser a pior forma de gerir uma equipa, na medida em que coloca o trabalho dos colegas dependente das ordens do seu chefe.
Isso faz-me lembrar quando eu era pastor de gado bovino, ainda na infância. Recordo-me que, com um tipo de assobio, fazia parar uma manada de 80 cabeças de gado do velho Jhohanhane. Com outro tipo de assobio punha-lhes a andar e, com mais um viravam à direita ou à esquerda, de acordo com a minha orientação, com muito menos complexidade do que, claramente, se pode imaginar com seres humanos.
Os sociólogos já ultrapassaram estes estudos e definiram a orientação do carácter do ser humano no trabalho, e talvez mesmo na sua vida quotidiana, em várias fontes entre outras a normativa e a de responsabilidade.
Um homem orientado pela fonte normativa só executa aquilo que a norma (regra ou lei) impõe. Se este homem estiver a conduzir em frente a um hospital, mesmo sabendo, se não vir um sinal de proibição de buzina, ele irá buzinar sempre que lhe apetecer pois nada lhe proíbe de assim proceder.
Por seu turno, o homem que se baseia na fonte de responsabilidade ou de convicção, como define Max Weber, não precisa da presença do sinal de proibição de buzina em frente do hospital para não buzinar, pois este entende que buzinando poderá criar susto, incómodo ou outro mal-estar aos doentes que se encontram internados. Agirá, desta forma, com responsabilidade individual. Este é o tipo de recursos humanos que a empresa precisa mobilizar.
Este é o maior desafio dos gestores. Primeiro fazer com que os seus colegas façam o seu trabalho com excelente qualidade, porque assim o querem e entendem ser necessário, não porque alguém os manda; segundo, fazer com que os mesmos o façam com liberdade criativa e responsabilidade individual, isentos de qualquer ordem que possa afectar a sua criatividade e emoção.
O desafio é ainda maior nas empresas comunicação social onde os homens necessitam de, cada vez mais, criatividade e isenção para melhor elaborarem as suas histórias, pois todos os dias as histórias retratam personagens diferentes com abordagens também diferentes.
Talvez eu seja um sortudo pelo facto de estar a gerir um jornal com cerca de 90 anos de existência, com uma cultura profissional mais sólida e rodeado de jornalistas profissionais e com larga experiência, de quem, com a devida vénia e humildade, só tenho a aprender. Por isso, o meu papel assemelha-se ao de um treinador de futebol que ganha vários campeonatos, sem nunca ter jogado futebol.
Bem hajam os jornalistas do Notícias.

Sem comentários: