Damiao Cumbane
31 min
Meu caro ELVINO DIAS, o exercício da profissão conheceu o seu fim abrupto naquela noite de Sexta-feira feira, 18 de Outubro.
Hoje vais ao repouso final.
De um ELVINO DIAS, pacato advogado e ferrenho adepto do Real Madrid, quis o triste destino que hoje tivesses de vir a ser acompanhado por multidões que te levarão ao local do repouso final.
A tua toga, os teus livros, o teu computador e a tua sabedoria, eram as únicas armas de que te muniste quando decidiste abraçar a causa da política, a causa de querer que, alguém, efectivamente pudesse dirigir outras pessoas através do voto popular.
Tu te iludiste demais, que estavas num país democrático à moda dos manuais, sem dares conta de que a Democracia que se vive no teu país, não é a dos Manuais do Direito.
É a Democracia feita por eles, à moda deles e para agradar a eles.
Tu, na tua ilusão de Democracia dos manuais, te convenceste que quem manda é o povo.
Na jornada na qual tu te meteste, quem manda não é o povo, não é o voto popular. São as instituições e os Comandos que andam nelas.
Tu incomodaste em demasia o STAE, a CNE, o Conselho Constituconal, tu provocaste-lhes dores de cabeça e embaraços juridicos contra os quais nunca puderam-te vencer e convencer pela razão, senão pelos malabarismos e, foi nos embaraços que causavas que o teu fim começou a ser desenhado.
Aqueles dois que naquela noite descarregaram sobre ti as 25 balas de AKM, foram os escolhidos dentre os ignorantes mais cruéis para executarem a missão, com a brutalidade como a executaram mas não foram eles que desenharam o projecto da sua morte.
Os que desenharam esse projecto são aqueles que sempre se serviram da aldrabice juridica para contornar a razão. São aqueles que fora do poder deixam de ser moçambicanos e a República desaparece.
Os teus assassinos são aqueles que punham as leis eleitorais a colorirem-se em função dos sujeitos.
Se as instituições tais como o STAE, a CNE e o Conselho Constituconal tivessem sido o que as suas leis rezam, nunca terias tido a necessidade de as incomodar, tal como as incomodaste, até ao juízo final.
Seria uma luta e esforço inglório se tentasse pensar na tua morte longe das eleições.
Foi o processo eleitoral de 2024 a causa da sua morte e, aquelas pessoas que continuarão a peregrinar pela terra da qual o teu respirar foi interrompido abruptamente, verão que as Resoluções e os Acórdãos da CNE, STAE e Constituconal Constituconal vão desfilar sem a habitual oposição e cuidado que o teu envolvimento obrigava que tivessem.
Vai em paz meu caro, é apenas um adiamento pois, da fila, ninguém escapará.
Um dia, voltarás a te encontrares com os teus amigos, colegas, os 2 pobres algozes que te executaram, toda a cúria do STAE, CNE, Constituconal Constituconal e, claro, todas as elites a quem estas instituições sempre serviram fielmente e, nesse juízo final poderemos dar conta de que não havia necessidade de terem agido como agiram pois, até lá, tudo o que é da terra, terá ficado na terra pois, para fora dela, ninguém leva nada e, mesmo as mordomias e os prémios pagos como recompensas da tua morte serão admitidos levar.
Eterno descanso meu caro ELVINO DIAS e não te esqueças de 3 coisas:
1. A primeira vez que nos encontramos e falamos nas instalações do Restaurante da Açucareira Maragra, na Manhiça;
2. A última vez que conversamos no recinto do Tribunal Judicial da Cidade no decurso da Campanha Eleitoral;
3. A última vez que falámos juntos, acima de 8 minutos, naquela manhã do dia 16 de Outubro, sem darmos conta de que apenas te sobravam 2 dias.
Até sempre ELVINO DIAS
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Amade Cobr
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