quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Confronto entre PRM e Mondlane causa violência e detenções

 

Confronto entre PRM e Mondlane causa violência e detenções
No dia 16 de outubro de 2024, a cidade de Nampula foi palco de confrontos violentos envolvendo apoiantes de Venâncio Mondlane, candidato presidencial do partido PODEMOS, e a Polícia da República de Moçambique (PRM). O tumulto ocorreu durante uma marcha liderada por Mondlane, que inicialmente se desenrolava de forma pacífica, mas acabou por degenerar em violência, resultando em detenções, feridos e danos a propriedades públicas e privadas.
Intervenção da PRM: oferta de segurança recusada
Segundo declarações de Gilberto Inguane, Diretor de Ordem da PRM em Nampula, a polícia ofereceu segurança ao candidato logo à sua chegada à cidade, mas essa oferta foi recusada. Mondlane alegou que a sua visita era de carácter privado e não tinha informado previamente as autoridades locais, nem a imprensa. “À chegada, fomos saudá-lo e imediatamente oferecemos a nossa segurança para sua proteção”, afirmou Inguane. No entanto, Mondlane indicou que a visita era privada e não necessitava de cobertura ou coordenação com as autoridades, o que resultou na ausência de uma cobertura formal da imprensa local na ocasião.
A marcha, que partiu do aeroporto e seguiu em direção ao centro da cidade, mobilizou um grande número de apoiantes, o que começou a gerar embaraços na circulação de pessoas e veículos. A PRM, que acompanhava o movimento, interveio no sentido de guiar a comitiva por rotas alternativas, com o objetivo de minimizar os distúrbios. No entanto, segundo Gilberto Inguane, Mondlane optou por desobedecer às instruções das autoridades. “A princípio, concordou em seguir o itinerário definido pela polícia, mas ao ver a avalanche de pessoas que o seguiam, emocionou-se e decidiu seguir por uma rota contrária”, explicou o Diretor de Ordem.
Escalada da violência: incitação aos confrontos
A situação agravou-se quando Venâncio Mondlane, segundo testemunhas e as autoridades, incitou os seus apoiantes a confrontarem a presença policial, o que resultou em uma escalada rápida da violência. “O candidato orientou a população a confrontar a polícia, o que levou ao arremesso de pedras e outros objetos”, relatou Inguane. A PRM foi então obrigada a intervir de forma mais enérgica, recorrendo a métodos de dispersão de multidões para controlar a situação, que se desenrolava especialmente na Avenida 25 de Setembro, uma das principais artérias da cidade.
Durante o confronto, bens públicos e privados foram danificados, incluindo a destruição de sinais de trânsito e janelas de edifícios próximos. Em determinadas zonas, como no bairro do Matadouro, pneus foram queimados por manifestantes, o que contribuiu para a deterioração da ordem pública. A PRM agiu rapidamente para conter os atos de vandalismo, mas não sem antes haver registo de vários feridos entre a população e os agentes policiais.
Detenções e feridos: ação da PRM
Em consequência dos confrontos, a PRM deteve quatro indivíduos que, de acordo com Gilberto Inguane, estão sob custódia policial e serão responsabilizados pelos atos de vandalismo e incitação à violência. Entre os detidos encontra-se o delegado do PODEMOS/CAD em Nampula, bem como outros simpatizantes que participaram ativamente nos distúrbios. Um dos apoiantes do partido PODEMOS sofreu ferimentos durante o confronto com as forças policiais e foi assistido em unidades de saúde locais. “Neste momento, temos sob nossa custódia quatro detidos por conta destas ações”, confirmou Inguane.
Os ferimentos relatados pela PRM foram considerados ligeiros, principalmente resultantes do arremesso de pedras e outros objetos contra os agentes da polícia e a população em geral. Gilberto Inguane sublinhou que a PRM agiu em conformidade com a lei, utilizando os meios adequados para dispersar a multidão e evitar uma escalada ainda maior da violência. “A polícia teve que intervir para poder controlar a situação. Sabemos que o direito a manifestações é um direito constitucional, mas há regras que devem ser respeitadas”, destacou.
Apelo à calma: evitar o uso da violência
Nas suas declarações à imprensa, Gilberto Inguane apelou à população de Nampula para que não se deixe influenciar por apelos à violência, sublinhando que o país não se constrói com destruição. “Moçambique não se constrói destruindo”, afirmou, pedindo aos jovens e à população em geral que mantenham a calma e não se envolvam em atos de vandalismo ou confrontos com as autoridades. Inguane foi claro ao afirmar que a PRM está comprometida em garantir a segurança de todos os cidadãos, mas que qualquer violação das leis será tratada com o rigor necessário.
O Diretor de Ordem aproveitou também para apelar aos políticos, lembrando-os de que há instituições próprias para lidar com conflitos e desentendimentos de natureza política. “Apelamos aos políticos para que não incitem a população à violência. Há meios próprios para contestar decisões e para resolver questões. Moçambique é um país organizado, e a destruição não pode ser o caminho”, frisou.
Circulação de vídeos e mensagens de incitação
Um dos fatores que agravou a situação foi a circulação de vídeos e mensagens de incitação à violência nas redes sociais. Segundo a PRM, estes conteúdos foram amplamente partilhados entre apoiantes de Venâncio Mondlane, incentivando o uso de gasolina para a produção de bombas caseiras e sugerindo ataques contra a polícia e outras instituições públicas. Gilberto Inguane condenou veementemente a disseminação destas mensagens e apelou à população para não aderir a tais apelos. “Moçambique precisa da sua população para crescer e desenvolver. Não podemos permitir que a violência se instale”, alertou.
A PRM afirmou que está a monitorar a situação de perto e que continuará a agir para manter a ordem e a segurança em Nampula. A presença policial foi reforçada em várias zonas da cidade para garantir que a normalidade seja restabelecida, e as operações continuarão até que todos os responsáveis pelos distúrbios sejam identificados e responsabilizados.
A situação atual em Nampula
Após a intervenção da PRM, a situação em Nampula foi considerada calma e controlada, com a circulação de pessoas e bens a ser restabelecida gradualmente. “Neste momento, a província está calma e controlada, depois da intervenção policial”, assegurou Gilberto Inguane. No entanto, a PRM mantém uma vigilância apertada em áreas identificadas como potenciais focos de novos confrontos, garantindo que qualquer tentativa de retomar a violência seja prontamente neutralizada.
Inguane voltou a apelar à calma, especialmente aos jovens, pedindo que se concentrem nas suas atividades produtivas e não se deixem envolver em ações que possam comprometer a sua liberdade ou integridade física. “Apelamos em especial aos jovens de Nampula para que não adiram a orientações que possam colocar em causa a sua liberdade”, concluiu.
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Cremildo Nhalungo
O problema é que o povo NÃO CONFIA NESSAS INSTITUIÇÕES.

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