Quando quiser realmente ser terceira força
Pode emitir um comunicado inspirando-se aqui:
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É com profunda e crescente apreensão que o nosso partido, a terceira maior força política do País (também porque só há três...), tem vindo a acompanhar a evolução da situação de segurança em Cabo Delgado. As notícias não confirmadas dos vários revezes que as nossas Forças de Defesa e Segurança têm vindo a sofrer no terreno frente a um adversário descrito como sendo um bando de malfeitores pelo mais alto magistrado da nação, causam-nas profunda consternação e vergonha. Elas não são nada abonatórias da qualidade da nossa liderança e fazem-nos recear que esta não tenha nenhum controlo sobre as FDS. Exigimos, por isso, que o chefe de Estado mostre maior compromisso com o juramento que ele prestou e se dirija à nação para explicar o que se passa em Cabo Delgado, que dificuldades ele está a enfrentar para resolver a situação e o que as forças vivas da sociedade podem fazer para o ajudar nesses esforços.
O nosso partido sempre lutou por “Um Moçambique para Todos”. Cabo Delgado é parte integrante do Moçambique pelo qual nós lutamos, por isso, quando Cabo Delgado sofre e chora a morte de inocentes é, para nós, todo o Moçambique que sofre e chora a morte de inocentes. A aparente indiferença do governo que não se digna dirigir palavras ao povo que o elegeu leva-nos a concluir que aparentemente somos os únicos que nos interessamos por um Moçambique que seja verdadeiramente de todos.
É verdade que a nossa própria acção não tem sido sempre coerente. O nosso presidente, que é também membro do Conselho do Estado, descuidou-se recentemente numa entrevista ao apoiar as reivindicações da junta militar do segundo maior partido. Ele devia ter defendido a constituição e destacado os meios que ela prevê para a articulação de preocupações. Não foi sensato da sua parte dar a impressão de que apoia qualquer reivindicação mesmo que ela seja feita com recurso a meios que atentam contra a ordem constitucional. A evolução da situação em Cabo Delgado, que o nosso partido analisou com profundidade em reunião convocada de emergência para esse efeito, mostrou-nos que o nosso compromisso com a ordem constitucional tem que ser consequente, mesmo que o partido no poder abuse do seu poder para fragilizar os mecanismos constitucionais. É a sobrevivência de Moçambique que está em causa e que não pode ser garantida senão através duma aposta cada vez mais forte na própria democracia.
A nossa bancada parlamentar recebeu instrucções para exigir a criação duma comissão parlamentar que integra todos os partidos nele representados para se dedicar única e exclusivamente à situação em Cabo Delgado. Exigiremos que essa comissão parlamentar tenha poderes para convocar as lideranças dos órgãos de defesa e segurança para explicarem aos representantes do povo que dificuldades enfrentam nos seus esforços de repelir os agressores. Iremos também exigir a criação duma comissão de inquérito para averiguar o funcionamento desses órgãos, os nós de estrangulamento que enfrentam assim como questões disciplinares, sobretudo na relação entre membros das FDS e população. Esta iniciativa parlamentar tem como objectivo não só documentar o nosso compromisso com o País e com a democracia como também marcar uma nova postura política.
Fazer oposição não é apenas criticar quem está no poder. É também fazer-se presente nos grandes momentos do País e activar todos os mecanismos constitucionais existentes para que o governo não relaxe no seu trabalho. Esta nova postura resulta da consciência cada vez mais forte de que a nossa democracia revela graves deficiências estruturais. É praticamente impossível exigir contas ao poder político. Essa impossibilidade enfraquece a democracia e fortalece aqueles que, no seio do partido no poder, têm tendências autoritárias ou mesmo criminosas. O poder corrompe. O poder absoluto corrompe absolutamente. Com a nova postura queremos lutar pela melhoria das nossas estruturas políticas para garantir que o governo respeite o povo e oiça os seus conselhos.
O nosso partido pode ter sido incapaz de fazer ouvir a sua voz em Cabo Delgado aquando das últimas eleições. Isso explica o nosso fraco desempenho lá. Contudo, o nosso partido olha para os poucos votos que nos asseguraram assentos no parlamento como sendo também os votos daqueles que preferiram outros partidos. Votaram nos outros porque acreditam na democracia e na importância da discussão de alternativas. Queremos que quando forem de novo convidados às urnas (e se Cabo Delgado ainda fizer parte de Moçambique) saibam que nos solidarizamos com eles no seu momento mais difícil exigindo das autoridades o mínimo de respeito por aqueles que nelas votaram. Queremos que todos os eleitores de Moçambique saibam que um governo liderado pelo nosso partido vai sempre primar pela comunicação directa com a população, pois é nela que se mantém o vínculo entre o Estado e a sociedade para que todos os moçambicanos se sintam parte deste Moçambique que nós queremos que seja para todos.
Quiquiricó!
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