Conhecimento
Partilho aqui três livros interessantes. O principal foi escrito por um antropólogo inglês, Paul Richards, sobre a epidemia do Ébola na Guiné, Libéria e Serra Leoa. Os outros dois são da autoria dum filósofo de ciência, Joseph Stegenga, sobre a medicina e duma médica de origem paquistanesa, Azra Raza, que trata e pesquisa sobre o cancro. Trago os livros à vossa atenção para dizer que há conhecimento absolutamente imprescindível na abordagem de desafios políticos. A tese de Stegenga é fascinante. Basicamente, ele diz que não sabemos porque muito medicamento funciona e que, na verdade, há muito remédio que faz mais mal do que bem. A Raza, sem se referir a Stegenga, corrobora com o seu argumento segundo o qual o tratamento do cancro, dum modo geral, faz mais mal do que bem e que devia ser repensado. Paul Richards é mais interessante porque apresenta uma tese bem arrojada: a ciência do povo, isto é o saber local, desempenhou um papel importante no controlo do ébola. Na verdade, segundo ele, quando a ajuda internacional chegou, essa ciência do povo já tinha conseguido reverter as coisas.
Espero que a comissão técnica tenha conhecimento deste tipo de estudos. Espero que ela integre cientistas sociais. O conhecimento local vai ser fundamental para lidar com o coronavírus em Moz. Na verdade, não vai ser o governo, nem a saúde que vai salvar o povo. Vai ser o próprio povo.
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