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Naita Ussene
As explicações de Ossufo Momade sobre o atraso do DDR
Adeus
Kalungano
Págs. 2, 3 e 4 Pág. 6
TEMA DA SEMANA 2 Savana 21-02-2020
S
ão 13h:45 min. Depois de
meia hora de espera, “Maçaroca”, nome de guerra de um
dos homens da segurança de
Ossufo Momade, leva-nos pelos corredores que dão acesso à casa que acomoda o presidente da Renamo, numa
das mais nobres estâncias hoteleiras
da capital moçambicana. Nas escadas
que dão à sala, nos espera o general,
que nos estende a mão com toda a
cordialidade. Vai começar a entrevista com o líder do maior partido da
oposição, um estatuto que ele recusa.
Momade considera-se o verdadeiro
presidente da República, mau-grado
o “ladrão de votos”, como trata Filipe Nyusi. Em uma hora, o general
fala de um pouco de tudo. De peito
aberto. Responde ao chefe de Estado
sobre a alegada inflexibilidade da Renamo no andamento do processo de
Desarmamento, Desmobilização e
Reintegração (DDR). Diz que Nyusi
está, simplesmente, a faltar à verdade.
Considera o pacote de descentralização como uma vergonha para o país,
responsabilidade da Frelimo. O general diz que não regressa à serra da
Gorongosa. “Não vou cometer esse
erro”, frisa. Nega haver crise na Renamo e indica que Mariano Nyongo
não é nenhuma preocupação para o
seu partido. Não perca a entrevista:
Em Janeiro de 2019, foi eleito presidente da Renamo. Um ano depois,
qual é o balanço que faz da sua presidência?
A Renamo teve um presidente histórico que dirigiu o partido por mais de
30 anos. Ossufo Momade só tem um
ano. É um desafio. Foi em Janeiro de
2019 que fui eleito presidente do partido através de um Congresso e, daí,
não tive alguma margem em relação
àquilo que todos os políticos têm tido.
Fiquei confinado na Serra de Gorongosa por causa das minhas obrigações.
Saí da Serra no dia 1 de Agosto para
assinar o Acordo de Cessação das
Hostilidades Militares e, no dia 6 de
Agosto, assinamos o Acordo de Paz e
Reconciliação em Maputo. Só depois
disso é que tive tempo e espaço para
fazer trabalho político e ser conhecido
a nível nacional. De Agosto a Outubro, foi um espaço muito curto, muito
pouco tempo. No entanto, agradeço aos nossos membros a diferentes
níveis, porque, quando chegou a vez
de nos fazer conhecer ao povo, todos
fizeram a sua parte e o resultado foi
bem visível. Em todos os locais onde
passava, era notável a moldura humana, arrastava milhares de pessoas, parecia um dirigente que está no terreno
há mais de 20 anos.
A nossa campanha eleitoral foi marcada por uma participação massiva da
população em todas as províncias. A
nossa recepção por onde passávamos
fez admirar os nossos adversários.
Resumindo, o meu primeiro ano na
liderança da Renamo foi um período
de muito trabalho e de muita experiência. Saímos das matas e fomos às
eleições e, em pouco tempo, mostrámos o nosso potencial. Todos os moOssufo Momade em grande entrevista ao SAVANA:
“Pacote de descentralização
é uma vergonha para o país”
çambicanos viveram as eleições, todos
cenários que passamos e o comportamento do nosso adversário.
O que passaram?
Não vou repetir. O relatório de observadores da União Europeia, divulgado semana passada, ilustra todas as
irregularidades que marcaram o processo eleitoral. Vem complementar
a nossa reivindicação em relação ao
comportamento do nosso adversário.
Por exemplo, quando dizíamos que
houve enchimentos, houve uma coligação entre a Frelimo/Polícia/SISE
e toda máquina pública para desvirtuar a verdade eleitoral, todos podiam
pensar que estávamos a exagerar, mas
hoje, através do relatório dos Observadores da União Europeia, ficou
claro que as exigências da Renamo
tinham razão de ser.
“Dhlakama foi Dhlakama”
Como é substituir uma figura carismática como Afonso Dhakama?
Quando perdemos um pai há sempre
um sentimento de dor, é uma realidade que nunca é fácil de encarar, porque nós, como filhos, estávamos habituados ao nosso querido pai. Com
o passar do tempo, acabamos acostumando e é o que está a acontecer
dentro da família Renamo. No início
foi difícil acreditar que o nosso pai
tinha partido para nunca mais voltar.
Mesmo para mim, que hoje estou a
dirigir o partido, foi-me muito difícil.
O presidente Dhlakama era um pai.
Ele é que me amparava, sem ele fiquei
numa solidão. No entanto, através
do carinho do povo, simpatizantes,
membros e quadros da Renamo, hoje
estamos a avançar rumo à conquista
dos nossos objectivos.
Algumas vozes, até de dentro da
própria Renamo, dizem que o partido nunca terá um líder como Afonso
Dhlakama. Concorda?
Nunca serei Dhlakama... Dhlakama
sempre foi Dhlakama... Dhlakama
também não foi André Matsangaísse.
Agora é tempo de Ossufo Momade e
todos devem acreditar em mim como
presidente e como líder deste partido.
Todos somos continuadores de André
Matsangaísse e de Afonso Dhlakama.
Portanto, essa afirmação é de algumas
pessoas que não acreditam naquilo
que é a história da Renamo. Tivemos
um presidente que iniciou a guerra,
que foi André Matade Matsangaísse.
Perdeu a vida em combate e, no seu
lugar, entrou Afonso Dhlakama. Nessa altura, alguns pessimistas diziam
que não chegaria a lado nenhum, mas
não foi o que aconteceu. Mostrou-
-se como um verdadeiro líder. Todos
estamos seguros de que o futuro será
brilhante para toda a família Renamo.
Esta quarta-feira esteve no velório
de Marcelino dos Santos, um veterano da Frelimo que, em vida, sempre apelidou a Renamo como um
movimento terrorista e desestabilizador. O que motivou a sua presença
no evento?
Não podemos misturar as coisas. A
morte é natural. Quem julga aquilo
que alguém faz em vida não é Ossufo
Momade, é Deus, é a natureza. Fui ao
velório para manifestar o meu sentimento humano. Um moçambicano
perdeu a vida e eu, como moçambicano, não vi nenhum mal em estar lá
para, junto à família enlutada, prestar
condolências. A Renamo, como um
partido moçambicano, solidarizou-
-se com o momento. Nem a Renamo
como partido, nem o seu presidente,
nem seus quadros, guiam-se pelo que
o malogrado falou no passado. Este
não é o momento de julgar o homem
pelos seus posicionamentos no passado.
Seis meses depois da assinatura do
Acordo de paz definitiva de Maputo,
como está o DDR?
A Renamo está a cumprir com as
suas responsabilidades. Do nosso lado
o processo do DDR está a andar e é
por isso que até hoje estou a residir na
cidade de Maputo. Se estivesse bloqueado, não estaria na cidade. Os nossos militares estão nas bases e estão
conscientes daquilo que vai acontecer
daqui a algum tempo. Assinamos os
acordos, iniciámos com os processos,
mas logo tivemos eleições e o processo de DDR foi interrompido. Após
as eleições, outras partes do processo
foram de férias. Portanto, o processo
ficou parado. Neste momento, as partes aproximaram-se para reiniciar e
acredito que com muita força.
“Nyusi está faltar à
verdade”
O Presidente da República acusou a
Renamo, semana passada, em Cabo
Delgado, de estar em manobras dilatórias, que estão a atrasar a materialização do DDR. Afinal, o que se
passa, senhor presidente?
Seria pertinente que fizessem essa
questão ao presidente da República.
Ele é que devia explicar os motivos
que o levaram a dizer isso. Como
disse antes, a Renamo está a cumprir
com as suas responsabilidades conforme o acordado. Dentro do calendário
estabelecido, a Renamo entregou os
nomes dos 10 oficiais que deviam integrar a Polícia da República de Moçambique.
Está a dizer que o presidente da
República faltou à verdade ao dizer
que a Renamo é que está a atrasar o
DDR?
Sim, o presidente da República está
a faltar à verdade aos moçambicanos.
Vejam que os nomes dos 10 oficiais
da Renamo foram entregues ao Governo, as pessoas foram aos treinos e
concluíram a formação com sucesso
em Novembro. Até hoje estão em
Moamba à espera de enquadramento. A integração do grupo na Polícia
seria o espelho de que o Governo tem
vontade de cumprir com os acordos
assinados com a Renamo. Serviria de
efeito motivador para aqueles que estão nas bases. Se a Renamo não honrasse com o seu compromisso não teria entregue os nomes dos 10 oficiais
para a PRM.
Se quiserem podem contactar aqueles
que fazem parte do grupo de contacto
para ouvir deles se a Renamo está a
falhar nalgum ponto. Claramente que
vão dizer que o que o presidente da
República anda a propalar não é verdade.
A Renamo está disposta a dar os
passos subsequentes mesmo que o
Governo não tenha cumprido os
anteriores?
A Renamo está comprometida com
a paz. Portanto, tudo o que for em
nome da paz, a Renamo vai cumprir.
Contudo, gostaríamos que a outra
parte pudesse cumprir com os memorandos de entendimento, porque não
pode ser a Renamo a avançar enquanto a outra parte não está a fazer nada.
Vejam que, mesmo com essas manobras do Governo, a Renamo procura
sempre avançar. Neste momento que
estamos a conversar, no distrito de
Dondo [Sofala], na base de Savane, já
há um avanço positivo que toda a comunidade internacional tem conhecimento. Todos os guerrilheiros que estão naquele local estão registados, têm
NUIT [Número Único de Identificação Tributária] e contas bancárias.
Isso é apenas um exemplo de que, da
nossa parte, estamos a avançar. A comunidade internacional, que faz parte
do grupo de contacto, já visitou todos
os locais que servirão de centros de
acantonamento dos nossos homens.
Se não tivéssemos vontade de avançar
com o DDR, não teríamos dado esses
passos todos. Também entregámos o
número de efectivos que temos.
Uma semana antes de Pemba, o PR
havia dito, em Londres, que a Renamo estava a manipular números
dos seus guerrilheiros e de oficiais.
O que está a acontecer com os números?
A Renamo apresentou o número de
efectivo que tem no terreno. Se quiserem confrontar, que vão às nossas bases. Não há nenhuma invenção. Apresentámos o efectivo real. Ou talvez
queriam que escondêssemos outros
efectivos e entregar números irreais.
É isso que queriam? Que digam... nós
entregamos o número de todo nosso
efectivo. Agora, se quiserem, podemos
repartir ao meio. Entregámos uma
parte e a outra fica connosco nas matas. É isso que o Estado quer? Ossufo
Momade não fabrica pessoas, quando
morreu o presidente Dhlakama fui
indicado interinamente para dirigir o
partido e fui viver em Santugira, onde
residia o nosso saudoso presidente. Quando lá cheguei, encontrei os
efectivos nas unidades. Não recrutei
ninguém. Agora, se apresento oficialmente aquele número que encontrei e
alguém vem reclamar, então isto está
a contrariar aquilo que é fé que temos
em relação ao processo. Talvez seja
por isso que aparecem para dizer que
não estamos disponíveis para avançar,
enquanto foram eles que nos mandaram parar, porque íamos às eleições e
depois para férias. Eu, Ossufo Momade, em nenhum momento mandei
parar o DDR. Pelo contrário, estou
preocupado em estar com as pessoas no mato sem fazer nada.
Ademais, no diálogo, sempre
Por Raul Senda e Armando Nhantumbo (texto) e Naita Ussene (fotos)
“Nunca serei Dhlakama... Dhlakama sempre foi Dhlakama”, Ossufo Momade
TEMA DA SEMANA Savana 21-02-2020 3
acordamos que assuntos atinentes
ao DDR não podiam ser tratados na
imprensa, mas como a outra parte
adiantou, não tenho outra alternativa
se não explicar a verdade aos moçambicanos através da imprensa.
Acha que o presidente Nyusi não
está interessado em dar passos para
frente em relação a este processo?
Não diria que não está interessado.
Vamos ver agora quando reiniciar o
processo visto que a Renamo já deu
vários passos e o Governo não.
Quantos guerrilheiros e oficiais
superiores que a Renamo pretende
reintegrar?
Precisaria de ter o mapa, não tenho
em mente os números exactos.
“Pacote de
descentralização é uma
vergonha para o país”
Senhor presidente, os governadores
e os secretários de Estado estão em
guerra nas províncias. Afinal é esta a
descentralização que a Renamo prometeu aos moçambicanos?
Aquando da aprovação deste pacote,
a Renamo veio a público questionar o
papel do secretário de Estado, porque
o objectivo era permitir que a população de cada província escolhesse o seu
governador e ninguém nos deu ouvidos. No primeiro encontro que tive
com o Mirko Manzoni [coordenador
do grupo de contacto no diálogo político
Governo-Renamo] após a aprovação
deste pacote, manifestei essa preocupação porque, para nós, aquilo era
uma armadilha. O espírito do diálogo
com o presidente Dhlakama não era
no sentido do governador ser um corta- fitas. A Renamo questionou isso
em todos os sítios e ninguém quis nos
ouvir.
Hoje, o feitiço virou contra o feiticeiro. Roubaram-nos nas urnas, hoje
estão a governar todas províncias, e
entre eles estão a desentender-se.
O governador esteve na campanha
eleitoral a pedir voto e, hoje, quem
dirige na prática a província é o secretário de Estado.
É preciso que trabalhemos para mudar este cenário. Este pacote de descentralização é uma vergonha para
o país. O eleito é um subalterno e o
nomeado é que tem o poder. Isto não
pode continuar assim, não é aquilo
que foi o sonho do saudoso presidente Dhlakama.
Está a dizer que a Frelimo desvirtuou a descentralização que a Renamo pretendia?
A Frelimo provou que, na prática, não
queria a descentralização. Se a Frelimo estivesse interessada na descentralização, hoje não teríamos governadores com poderes fictícios. Ademais,
cometeram todo tipo de fraude, nas
eleições, para que a Renamo não ganhasse em nenhuma província, mesmo as que tradicionalmente votam na
Renamo.
A Renamo não perdeu eleições em
todas as províncias. A Frelimo viciou
o processo eleitoral para ficar com todos governadores.
Mas há quem diz que a Renamo foi
vítima de si própria, na medida em
que a Renamo, tal como a Frelimo,
recusou a inclusão de outros partidos e da sociedade civil na mesa do
diálogo. Não terá a Renamo engolido a isca da Frelimo?
O pacote da descentralização passou
da Assembleia da República e lá, não
é só a Frelimo e a Renamo que estão
representados. O Movimento Democrático de Moçambique também está
representado. Também foram feitas
várias auscultações a organizações da
sociedade civil. Portanto, não é verdade que houve exclusão.
Com a experiência que está a ser o
caso dos governadores e secretários
de Estado nas províncias, a Renamo
vai avançar para a eleição de administradores em 2024?
Isto é um processo e acho que a solução não é parar. É criar condições
para que as coisas melhorem. Precisamos de rever este pacote de descentralização no sentido de melhorá-lo.
Este pacote não pode continuar assim. Este pacote não só preocupa a
Renamo, mas a Frelimo também não
está sossegada. As disputas que hoje
assistimos entre o governador e o secretário de Estado é sinal de que algo
não vai bem. Precisamos de encontrar
fórmulas que nos façam avançar.
Nyusi “é ladrão de votos”
Continua a pensar que o senhor e
a Renamo são os justos vencedores
das eleições do ano passado?
Sim, senhor. Eu sinto-me vencedor
na medida em que o povo moçambicano confiou-me. Quando eu vou
lá ao seio da população, eu sinto esse
calor. Olha, quando alguém que foi
eleito, quando passa num sítio e é
chamado de ladrão, esse não foi eleito.
Vai parar na Malanga, quando passa o presidente Nyusi, todos gritam
“ladrão, ladrão”. Não foi eleito. Mas
Ossufo, no dia em que eu for lá, todos
hão-de vir atrás de mim.
O presidente Nyusi é ladrão?
De votos. Sim, senhor, é ladrão de
votos. Aquilo que acompanharam
no dia da apresentação do relatório
da União Europeia é que a Frelimo
roubou, o presidente Nyusi roubou. E
há um aspecto muito errado que estão
a provocar em Moçambique. Quando dizem que estão para combater à
corrupção, quando eles estão a criar
um ambiente negativo no seio da população e, particularmente, da camada jovem, que é obrigar um jovem a
esconder boletins de voto para ir introduzir, não é roubar? O jovem fica
com uma mentalidade de que, quando
quer ter boa vida, é preciso tirar de alguém. Aqueles que hoje são nomeados como ministros, vice-ministros, é
graças aqueles jovens que introduziram e nas suas mentalidades fica naquilo de que, afinal de contas, o nosso
presidente está a governar porque nós
é que introduzimos para ele continuar
no poder e esta mentalidade não nos
leva a lado nenhum, é uma vergonha
para o país. Quando nós dissemos
que queremos criar um homem com
moral, enquanto nós os mais velhos é
que estamos a induzir os jovens para
ter esse tipo de comportamento, não
vamos ter um país livre de corrupção.
Na nota introdutória, o presidente
falou de uma coligação entre a Polícia, o SISE e a própria Frelimo para
roubar votos. Ora, uma das discussões nas negociações entre o Governo da Frelimo e a Renamo foi a incorporação dos homens da Renamo,
quer no SISE, quer na Polícia, entre
outras áreas, para que tivessem também controlo do sistema. O que terá
falhado para que fossem às eleições
sem essa incorporação?
É aquilo que eu disse logo no
início, que nós assinamos o Acor-
TEMA DA SEMANA 4 Savana 21-02-2020
Ossufo Momade diz que o sonho de Dhlakama não era no sentido do governador
ser um capataz de secretário de Estado
do de Cessação das Hostilidades no
dia 1 de Agosto e o Acordo de Paz e
Reconciliação no dia 6 e os primeiros
oficiais que queríamos que fossem enquadrados são esses 10 que, até aqui,
ainda não foram enquadrados no
Comando-geral da Polícia como vem
acordado no memorando de entendimento. Até aqui nós não temos ninguém na Polícia. A Polícia trabalhou
sem elementos da Renamo. SISE
funcionou sem a presença da Renamo. Foi uma coligação fora da Renamo. Se nos estivéssemos lá, talvez isso
não teria acontecido.
O senhor só saiu da serra de Gorongosa em Agosto e logo em Outubro
tínhamos eleições, ou seja, só teve 2
meses de trabalho no terreno. Depois, a Renamo saía de uma situação
de perder um líder que vinha dirigindo o partido há mais de 3 décadas. A Renamo já chamou a si esses e
outros factores internos como tendo
contribuído para o resultado eleitoral que teve?
O resultado eleitoral não tem nada a
ver com o tempo. Não tem.
Mas as crises internas na Renamo…
Nós não temos crises. Não temos. Não
temos crises internas. Só para ver, nós
fizemos uma campanha em que todos
os quadros participaram e avançámos
juntos porque nós contamos com a
Renamo unida rumo à vitória.
“Não existe nenhuma preocupação
em relação a Nhongo”
Quando aparecem indivíduos como
o general Nhongo, quando em Sofala há levantamentos como aquele liderado pelo então deputado Sandura Ambrósio, quando na Zambézia
se fala de recrutamento, a direcção
da Renamo não enquadra isso no
capítulo de crises?
Olha, o Nhongo não é um político, em primeiro plano, é um militar
[risos], não influencia a parte política [risos], é um militar que apareceu
assim como apareceu e não tem nenhuma influência na arena política.
Para dizer que, para mim, não existe
nenhuma preocupação em relação a
Nhongo, porque não é uma pessoa
que tem uma base política. Sobre
aquilo que aconteceu na Beira – não
é Sofala, mas Beira – é que nós queríamos um delegado, apareceram algumas vozes que queriam tentar manipular a opinião pública, mas falhou,
nós agora temos o delegado, que é o
delegado da Renamo. E onde estão
esses que reivindicavam ser delegado
da Renamo? Estão no MDM. Para
dizer que eles faziam trabalho de um
determinado partido para fragilizar o
partido Renamo naquela cidade para
que pudessem pôr em cima o partido MDM, mas, mesmo assim, nós
continuamos. E, na Zambézia, não é
a Renamo, foram apanhados aqueles
sujeitos que, imediatamente, disseram
a fonte da sua manipulação. Não são
os políticos da Zambézia.
Quem fez isso?
Eu é que teria de perguntar a vocês
porque a pergunta é vossa.
Os críticos da Renamo argumentam
que, com os desastrosos resultados
que a Renamo teve em suas mãos,
talvez fosse bom que o senhor renunciasse a liderança. Quer comentar?
Houve uma manipulação de resultados. Fomos roubados. A derrota seria
a população não participar na nossa
campanha. Posso ir convosco logo que
sair daqui, vão acompanhar a população a perguntar como foi possível isto.
A Frelimo roubou, como tem vindo
roubando desde 1994. Nem com o
presidente Dhlakama vinha roubando. O presidente Dhlakama já havia
governado o país? Agora, como é que
dizem que eu é que fiz perder. Pelo
contrário, nós estamos a governar 8
Municípios. A Frelimo apercebeu-se
desse nosso poderio de apoio e fez as
suas manobras para que não pudéssemos ter as províncias da nossa influência e vocês viram como é que foi
o recenseamento eleitoral. As províncias de influência da Renamo foram
excluídas. À província de Gaza foi
atribuído maior número de eleitores.
Nós viemos a público e dissemos que
devia se mudar o cenário. Até instituições do Estado se contradisseram,
o STAE [Secretariado Técnico de
Administração Eleitoral] e o Instituto Nacional de Estatística [INE], que
obrigou o PCA [presidente do Conselho de Administração] do Instituto
Nacional de Estatística a deixar o seu
lugar à disposição.
Nos ataques na região centro do
país, a Polícia fala de homens da
Renamo, embora o seu partido desminta. O senhor, enquanto presidente da Renamo, já equacionou a
possibilidade de mandar uma delegação para ir negociar com Mariano
Nyongo?
Em primeiro lugar eu gostaria de dizer que, qualquer movimento que vir
a aparecer na via pública a atacar, sem
receber uma orientação do Estado-
-maior da Renamo, não há Renamo
aí. A Renamo tem uma única liderança. Quem lidera a Renamo é Ossufo
Momade. E temos um único Estado-
-maior general, que está lá na serra
onde eu estava sedeado e o chefe do
Estado-maior é [Timothy] Maquinze. Para dizer que aquilo que está a
acontecer não tem nada a ver com a
Renamo. Nós assinamos um acordo
e estamos a cumprir no espírito e na
letra esse acordo. As nossas bases estão cientes daquilo que nós estamos a
cumprir hoje. Não há nenhum soldado da Renamo que abandonou a sua
base para ir disparar. O Nyongo saiu
antes do acordo. E quando o Nyongo apareceu em público dizia que ia
matar Ossufo Momade. Ossufo Momade sou eu. E até vinha a público
dizer que Ossufo Momade não tinha
nenhum guarda. Convidava vocês jornalistas, iam ao encontro dele. Onde
é que estava o Estado? Porque ele
não ameaçava só o Ossufo Momade.
Ameaçava matar a população. E esse
Estado está aonde? Porque o Estado
tem os seus serviços [de Informação
e Segurança]. Para dizer que nós não
comungamos com Nyongo e Nyongo não comunga connosco. Quando
Nyongo realizou uma reunião na qual
dizia que ia eleger um presidente, os
jornalistas para lá foram. Será que o
Estado não tem seus serviços?
Acha que o Estado é cúmplice de
Nyongo?
Eu estou a perguntar: o Estado não
tem o seu serviço? Vendo perigo de
Nyongo, por quê o Estado não se
aproximou. Eu não estou a dizer que
o Estado tem cumplicidade naquilo.
Eu estou a perguntar: alguém que
promete matar um cidadão, alguém
que promete destruir infra-estruturas,
alguém que promete maldades para
V
árias vezes, a deputada Ivone Soares manifestou-se publicamente contra os sem
coragem para enfrentar a Frelimo e suas
eleições fraudulentas, aqueles que hoje se
esforçam em apagar o legado de Afonso Dhlakama
na Renamo. O presidente sente que fez tudo que
devia fazer para repor a justiça eleitoral?
Afinal de contas queriam que eu fizesse o quê? Voltar à
guerra? Nós já viemos a público[contestar]. Já fizemos
recursos e tudo. Nós já temos uma grande lição em
relação àquilo que foi o passado. Irmos à montanha,
depois de 4 anos, os outros nos chamaram quando falta só um pequeno espaço de tempo. Eu não vou repetir
esse erro. Não vou. Não vou.
O senhor já não volta a Satunjira?
Posso voltar quando for uma obrigação contra a minha pele. Mas voltar por voltar, não posso. Mesmo o
presidente Dhlakama, se subiu à montanha, não foi
de livre e espontânea vontade. Foi obrigado, foi emboscado por duas vezes. Foi cercada a sua casa. Ele
gostaria também de ter estado aqui connosco. Quando
veio assinar o Acordo de 5 de Setembro de 2014, ele
não tinha intenção de voltar mais às matas, mas sofreu
ataques, emboscadas. Sofreu emboscadas e dali ele foi
para as matas, houve uma negociação de pouco tempo,
voltou, quando chega à cidade da Beira, dia seguinte a
sua casa foi tomada e viu-se em perigo, foi quando ele
foi se refugir nas matas, não que ele quisesse ficar nas
matas. Depois do fim da guerra dos 16 anos, ele esteve
aqui connosco. Foram quase 25 anos. Para dizer que
ele não foi às matas de livre e espontânea vontade para
deixar a sua família e sua vida. É o que estou a dizer
hoje. Eu não vou poder abandonar o meu partido para
ir às matas para que amanhã me chamem de novo faltando dois meses para eleições. Isso é uma brincadeira
de mau gosto.
Como está a sua relação com a deputada Ivone Soares?
Uma relação como dos outros quadros da Renamo.
Muito mais que ela é presidente da Liga da Juventude.
Como é que vaticina os próximos 5 anos do presidente Nyusi, tendo em conta o contexto do país?
Não gostaria que fossemos até 5 anos. Este mês ele
tinha de recuar para cumprir com aquilo que foi o relatório da União Europeia, dissolver o Governo para
que tenhamos eleições justas e transparentes.
Depois das eleições de 2014, o presidente Dhlakama
não tomou posse como segunda figura mais votada,
cujo estatuto foi aprovado pelo Parlamento, com
Gabinete, Orçamento e todo um conjunto de mordomias. O senhor irá ocupar esse posto?
Olha, esse posto não é uma oferta da Frelimo. Vem
na lei. Mas até aqui eu tenho de esperar aquilo que
vai ser o pronunciamento do meu partido. Mas neste
momento não me sinto como o segundo mais votado.
Sinto-me como presidente da República.
O presidente Ossufo irá viver eternamente aqui,
numa estância hoteleira?
É uma pergunta um pouco difícil, na medida em que
depois de eu ter descido da serra da Gorongosa, o lugar onde a comunidade internacional me confiou para
que pudesse estar é aqui. E até um hotel não é um
lugar onde uma pessoa pode criar as suas condições de
vida. Nem posso comprar geleira, não posso comprar
mobília. Eu gostaria também de estar como outro, mas
não tenho casa em Maputo.
E quem custeia as despesas da sua estadia, família e
membros da Renamo que o acompanham?
É a comunidade internacional, não é a Frelimo. Porque muitos dizem que “ah, recebeu…”, não é a Frelimo, é a comunidade internacional. E eu gostaria de estar fora disto porque não é confortável, eu gostaria de
estar na minha própria casa. Mas não é a minha vontade, vai depender daqueles que me colocaram aqui,
que arranjem um sítio seguro, que não aconteça aquilo
que aconteceu na Beira com o presidente Dhlakama:
ser cercado.
Não volto à montanha
um país, por quê o Estado não foi lá?
Sente que alguém de direito está a
proteger Nyongo?
Vocês é que estão a dizer. O que eu
estou a dizer é que aqui temos dificuldades em alguma coisa e hoje é uma
realidade que o Nyongo está a atacar
na via pública, está a matar a população, não está a matar o Ossufo. Ossufo
não vive na via pública. É preciso que
tenhamos uma responsabilidade nisso. E não vão me dizer que eu tenho
de negociar com o Nyongo porque o
Nyongo está a matar a população. Eu
não sou o Estado. O Nyongo abandonou o partido, abandonou a base
como ontem Uria Simango abandonou a Frelimo. Quando Uria Simango abandonou a Frelimo, continuou
Frelimo? É preciso que possamos ver
essas coisas porque não podemos ter
dois pesos e duas medidas
“Bissopo disse que queria
descansar”
De qualquer das formas, Mariano
Nyongo parece que é apenas o rosto
de tanto mal-estar, tanto descontentamento na Renamo. É verdade que
o senhor afastou os antigos colaboradores de Afonso Dhlakama?
Eu sou um dos colaboradores do presidente Dhlakama. Fui general, muito
temido, hein. Eu dirigi a guerra do
presidente Dhlakama. Fui um dos
generais que, pela primeira vez, apareceu aqui em Maputo. Eu, o Hermínio Morais, o [Mateus] Ngonhamo,
éramos três generais, os primeiros
generais que chegamos aqui no Maputo. Eu como tenente general com
três estrelas. Está aqui o Manteigas.
Não foi colaborador do presidente
Dhlakama? Quem o indicou como
porta-voz não foi Ossufo Momande,
foi o presidente Dhlakama. Está aí o
[Fernando] Mazanga na CNE. Não
foi colaborador do presidente Dhalakama? O actual chefe da bancada
da Renamo, o Viana Magalhães, até
chegou a ser secretário-geral do partido. Mais outros. Não há ninguém que
nós deixamos de fora. Quem é que
está de fora?
Mas presidente, quando se abre a
outra página do livro, encontra-se
pessoas como Manuel Bissposo, o
antigo secretário-geral da Renamo
que veio dizer, publicamente, que se
sentia isolado.
Bissopo?
Sim.
Bissopo não foi deixado de fora. Para
o vosso conhecimento, depois de ele
ter deixado o lugar de secretário-geral,
eu lhe convidei para que fosse director central do gabinete eleitoral. Ele
sozinho disse que queria descansar.
Eu, Ossufo, instruí o delegado provincial de Sofala para que convidasse
o Bissopo para que ele reunisse a sua
documentação para ser deputado. Ele
mandou passear. É Ossufo que deixou
de fora? Em nome de Allah, eu não
fiz isso. Eu sou muçulmano, não divido a família. Eu convidei o Bissopo
estando aqui. Esses são boatos que as
pessoas estão a criar. Eu convidei o
Bissopo para que dirigisse o Gabinete
Central de eleições. Mas não é chefia
essa? O lugar de secretário-geral não
é vitalício. Eu já fui secretário-geral.
[Vicente] Ululo já foi secretário-geral. O João Alexandre já foi secretário-geral. O Viana Magalhães já foi
secretário-geral. Sempre tem de haver mudanças para mais dinamismo.
Agora, quando alguém fica frustrado
porque deixou este lugar, não queria
este lugar, já não é responsabilidade
do Ossufo. Até eu acompanhei uma
das entrevistas que ele deu a dizer que
estava se sentindo isolado. São pessoas de má-fé, não dizem a verdade.
TEMA DA SEMANA Savana 21-02-2020 5
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PUBLICIDADE 6 Savana 21-02-2020 SOCIEDADE
A
agenda oficial do país esteve, nestas terça e quarta-
-feira, virada ao último
adeus ao combatente da
luta de libertação nacional Marcelino dos Santos, cujos restos mortais jazem na cripta dedicada aos
heróis nacionais. Falecido a 11 de
Fevereiro passado, Marcelino dos
Santos é uma figura incontornável
da história do país bem como do
continente africano para a criação dos movimentos libertadores. Perante a sua urna, colocada
em câmara ardente nos paços do
Conselho Autárquico de Maputo,
o Presidente da República, Filipe
Nyusi, jurou não vacilar na defesa
da soberania e unidade nacional,
numa altura em que o norte do país
é sacudido por ataques terroristas,
sem deixar de lado o que sucede na
zona centro.
Quando o relógio marcava, precisamente, 13:08 minutos desta
quarta-feira, a urna contendo os
restos mortais de Marcelino dos
Santos era depositada na praça dos
heróis, onde já repousa, ladeado por
outros heróis como Paulo Samuel
Khakomba e Obadias Muianga.
O derradeiro cortejo fúnebre de
Kalungano, como é carinhosamente
tratado no mundo literário, levou
cerca de duas horas. Partiu da praça
da independência, escalou algumas
avenidas até desaguar na Avenida
Acordos de Lusaka, que leva à cripta dos heróis.
Uma equipa de oficiais das Forças
Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), juntamente com a
banda militar, marchando a passo
lento, acompanhou em procissão a
viatura da funerária de modo a permitir que as populações rendessem
a sua última homenagem no trajecto.
O cortejo fúnebre foi recebido pelo
chefe de Estado acompanhado
pela filha mais velha do malogrado.
Seguiu-se à retirada da bandeira,
símbolos nacionais da urna que foram entregues à família, incluindo
a foto. Três tiros de espingarda
denunciavam o depósito do caixão
no sepulcro, ao que se seguiu o hino
nacional, 19 salvas de canhão e a
deposição de flores por diversos intervenientes.
As populações demonstraram teimosia ao não comparecer em massa,
tal como se tem verificado noutras
cerimónias partidárias.
Aliás, tal atitude iniciou na manhã
desta terça-feira, dia em que a urna
foi colocada em câmara ardente nos
passos do Conselho Autárquico de
Maputo, para que o povo velasse o
seu herói. De um modo geral, destacaram-se familiares, amigos, membros do partido e pequenos grupos
de crianças mobilizadas nas escolas
para acompanharem o evento.
Quer as mamanas da OMM, a
OJM e antigos combatentes apareceram em pequenos grupos e não
como nos habituaram quando são
mobilizados e levados aos eventos
por viaturas de transporte público.
Na praça da independência, foram
montadas duas telas gigantes para
que o verdadeiro povo pudesse
acompanhar as cerimónias, mas debalde, apenas seguranças, vendedores ambulantes e funcionários das
instituições próximas. O mesmo
cenário foi constatado na praça dos
heróis que mais registou presença
de crianças provenientes das escolas
próximas.
Numa rara ocasião em cerimónias
de Estado, a Renamo se fez presente ao seu mais alto nível, através
do seu presidente Ossufo Momade,
do secretário geral André Madjibir
e outros destacados dirigentes do
partido. Momade disse que a morte é natural e reconheceu o papel
desempenhado por Marcelino dos
Santos para a independência do
país. Numa atitude de reconciliação, o presidente da Renamo apelou
para que não se julgue o que alguns
libertadores fizeram depois da independência.
O socialismo que não
vingou
Esta quarta-feira, foi o derradeiro
dia em que o Major-General na
reserva, Marcelino dos Santos foi
sepultado.
Cânticos, dentre religiosos e revolucionários, declamação de poemas
e leitura de mensagens marcaram
as actividades dedicadas à primeira
parte oficial do evento. Nascido a 29
de Maio de 1929 em Lumbo, parte insular da Ilha de Moçambique,
muito cedo revelou a vontade de
libertar o seu povo do colonialismo
e não só.
Kalungano foi recordado como homem fiel aos princípios e valores
que defendia pelo que entendem
que a única maneira de o homenagear é colocar em prática os seus
ensinamentos e transmiti-los às gerações vindouras. Publicamente sabe-se que Marcelino dos Santos foi
até aos seus últimos dias de vida um
acérrimo defensor do socialismo de
orientação marxista-leninista como
a melhor opção para o desenvolvimento do país.
Dos Santos acalentava ainda o sonho de ver implantado em Moçambique um sistema que pugne pela
justiça social e igualdade.
O Presidente da República, Filipe
Nyusi, recordou essas qualidades
quando deu a conhecer que, vezes
sem conta, Marcelino dos Santos
negou a oferta de tratamento médico no estrangeiro, advogando que
essa oportunidade tinha que ser
dada ou redistribuída pelos que têm
menos posses. Sucede que contrariamente aos seus ideais, o país está
mergulhado num capitalismo selvagem em que há uma minoria que
goza de privilégios, abocanhando o
grosso das oportunidades por estar
acoplada ao partido a que ajudou a
fundar.
O antigo ministro da Justiça no
tempo de Samora Machel, Teodato Hunguana, disse que a mudança
do socialismo para o capitalismo foi
alvo de acérrimos debates no seio
do partido.
Anotou que obviamente, nos debates, foram notórias as diferenças com Marcelino por defender o
socialismo, porque sabia-se o que
ele pensava e estava consciente das
causas daquela situação.
“Isso não transformou Marcelino
em inimigo. É por isso que continuou no seio da Frelimo a gozar de
um grande prestígio ético e moral
até hoje. Não me identifico a 100%,
digamos, com o que chamamos de
linha do Marcelino, mas eu guardo enorme respeito pelo núcleo de
valores essenciais que alimentava a
sua posição socialista marxista leninista”, disse.
Acrescentou que o núcleo desses
valores é que é a alma do serviço ao
povo e aí quer seja socialista ou não
estão juntos firmemente. ‘‘Daí que
quando diz que é preciso refazer a
revolução, estou completamente
com ele’’.
Defender a soberania
O elogio fúnebre de Nyusi marcou
o fim da leitura das mensagens de
homenagem ao nacionalista.
E por ter sido um homem que deu
a sua vida pela causa da nação moçambicana, a independência nacional, Nyusi jurou perante a urna do
antigo combatente defender a soberania nacional que nestes dias anda
ameaçada com os ataques terroristas que devastam o norte do país. O
cenário de instabilidade também é
vivido na zona centro do país, onde
as Forças de Defesa e Segurança
tiveram de reativar as escoltas militares para garantir a circulação de
pessoas e bens.
“Partes num momento singular da
nossa história, numa altura em que
forças estranhas aos interesses dos
moçambicanos procuram colocar
um travão à nossa marcha, rumo à
paz e a nossa emancipação económica e social. Perante o teu corpo,
Marcelino, juramos-te que, como
no passado, também hoje não vacilaremos. Juramos defender com
nossas vidas cada palmo do nosso
território, da nossa soberania e da
nossa unidade nacional, as maiores
conquistas do nosso povo”, disse.
No entender de Nyusi, o herói nacional declarado em 2015 não morreu, mas vive e viverá para sempre
em cada moçambicano. Mais do
que chorar há que celebrar a sua
verticalidade, coerência, franqueza,
trato simples e o seu inabalável optimismo.
Segundo o PR, dos Santos escreveu
poemas e livros, sendo que mais do
que tudo, escreveu a vida dele nas
páginas de Moçambique, “onde
deixou registado que este mundo é
feito de generosidade dos que dão
e pela gratidão dos que recebem”.
Apropriou-se das célebres palavras
do finado segundo as quais “enquanto houver revolução por refazer não há tempo para morrer” para
dar vazão ao seu lema do quinquénio “com o trabalho, trabalho, trabalho não há tempo para morrer.
Todas árvores tem o seu dia
Em representação da família, Ilundy dos Santos enalteceu as qualidades do seu pai, evidenciadas por
valores como honestidade, humildade, coragem de enfrentar tudo
de modo a defender os seus ideais.
Assinalou que todas as árvores por
mais fortes que sejam tem o seu dia
e este era o dia dele (Marcelino).
Mostrando que bebeu da poesia do
pai, falou em metáforas, apontando
que “haverá certamente lá no futuro, mundos maravilhosos, o sonho
comum que defendeu, a utopia da
justiça, da verdade, da educação, que
devem ser abraçadas para o futuro
do povo sob a nossa bandeira, sendo que, de facto, esta liberdade que
tanto apregoou será acatada pelos
rios, montes e pelo mar”.
‘‘Estamos aqui para testemunharmos a certeza de um mundo melhor
que sonhou para todos os moçambicanos’’, disse.
Fonte de inspiração para
combate
Para a Associação dos Combatentes de Luta de Libertação Nacional
(ACLLIN), mais uma estrela de
luta de libertação nacional se apagou. Fernando Faustino, Secretário
Geral da agremiação, descreveu o
falecido como um indivíduo fiel aos
seus princípios e valores que defendia, ou seja, um homem de carácter
humanista.
Referiu que, embora reconheça que
a morte é uma fatalidade biológica, os veteranos da luta de libertação recusam-se aceitar que ele nos
deixou, aceitando apenas que a sua
partida foi física e seus feitos permanecerão nos corações de cada
um de nós. Faustino, que já pediu
armas a Nyusi para combater a
Renamo e não o faz agora com os
insurgentes, disse que Marcelino
continuará a ser fonte de inspiração
no prosseguimento das batalhas de
hoje, principalmente contra todas
as forças hostis aos nobres propósitos como a igualdade, independência, justiça, liberdade e bem estar de
todos os moçambicanos. Prometeu
vingar a morte do nacionalista até
que o país tenha sossego e paz para
que os seus sonhos constituam realidade.
Povo ausente no adeus ao seu herói
Por Argunaldo Nhampossa
Frelimistas e crianças notabilizaram-se no último adeus do nacionalista
Familiares e amigos despedem-se de Marcelino dos Santos na esperança de fazer vincar seus ideias
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PUBLICIDADE 10 Savana 21-02-2020 OPINIÃO
O Observatório do Meio Rural (OMR) teve conhecimento, com grande tristeza e consternação,
do falecimento do Dr. Mário da Graça Machungo, que foi seu membro fundador e Presidente
da Mesa da Assembleia Geral desta organização entre 2011 e 2018. Todos os membros e trabalhadores do OMR apresentam à família e aos mais chegados ao Dr. Mário Machungo, as mais
sentidas condolências.
O Dr. Mário Machungo, além de Presidente da Assembleia Geral, sempre demonstrou grande
simpatia e apoio aos trabalhos realizados do OMR, revelando e estimulando abertura de espírito, respeito pela diversidade de opiniões e pela independência da ciência. Pessoa de convicções,
ÀUPHQRVSURSyVLWRVHHFRQRPLVWDFRPSHWHQWHHFRQKHFHGRUGDVUHDOLGDGHVGRSDtV JUDQMHRX
HVWLPDSRUSHVVRDVGHYiULRVTXDGUDQWHVSROtWLFRVHSURÀVVLRQDLV
Mário Machungo é uma incontornável personalidade moçambicana, antes e depois da independência. Primeiro, como militante activista e militante clandestino em Portugal e Moçambique e,
após a independência, pelos altos cargos desempenhados na Frelimo e em governos da República.
Paz à sua alma, eterna presença no nosso sentimento e luz que brilhará no OMR e certamente
nos recantos da sua pátria querida.
Maputo, 17 de Fevereiro de 2020
João Mosca
------------------------------
Director Executivo do OMR
E
screvo sobre os cinco mas
não sinto o que descrevo,
pois faço-o sem ver, tal
cego que só enxerga as cores graças à sua infinita bondade.
O tempo ensinou-me que quando vivemos demasiado perto de
pessoas que transpiram firmeza
e inspiram tranquilidade, malta
Bêeme, Zêa, Zêagá, EmmeEsse,
Errepê1 & companhia, figuras que
sem pretenderem ser perfeitas
acabam conquistando a estima
geral e deixam legado, se não formos suficientemente maduros, a
mente castiga-nos e o corpo paga
por tabela. Passamos a vida a fazer comparações, tentando descobrir porquê diabo somos um
fracasso, coisa que nem sempre
é verdade. Procuramos o médico,
cheios de pânico. Muitos recorrem aos alargadores, outros ao
feiticeiro, alguns, felizmente poucos, optam pelo assassínio brutal
e barato, incluindo o suicídio. No
lugar-comum, chama-se a isto
síndroma de inveja ou complexo
de infelicidade. Depois do que
aprendi na minha recondução ao
comando da Brigada PC28 de
Satungira, passei a chamar-lhe
auto-emulação.
Nas primeiras horas da madrugada daquela 5ª feira, a última do
primeiro mês do ano, cumpria-
-se a profecia dos serviços que se
antecipam e alertam-nos sobre o
imprevisível comportamento do
tempo. Refez-se em mim o sonho eternamente estruturado em
segundos, minutos, horas, dias,
meses, ciclos e épocas, igual ao
da véspera, com a única diferença de que desta feita ofereceu-
-me odores e fontes de cores mais
fortes, levou-me a viajar por uma
diversidade de lugares antes desconhecidos e proporcionou-me
raros e doces reencontros. Decidi
partilhar.
Ainda me deliciava com as ténues peripécias daquele incrível
sonho unisexo de amor platónico,
estranha e fortemente repetido,
quando subitamente as chapas de
zinco que me serviam de abrigo
naquela noite de separação temporária para o improvável começaram a ecoar efusivamente o
dilúvio que sobre elas se abateu:
whaaaaaaaaa…
Despertei. Rebolei duas ou três
vezes tentando libertar-me do
prazer que aquele som encantador sempre me proporciona.
Assim que consegui descerrar os
olhos lembrei-me da alma que
transpira e contorce-se milhares
de vezes no túmulo por cavar
cada vez que vê uma certa cara,
mesmo sem som, ou a ouve falando ao longe, apesar de a sua
mente audaz ainda continuar entre os vivos. Ganhei novo alento
e divorciei-me do leito acolhedor
improvisado na véspera.
Eram cinco e meia da manhã. A
natureza amiga, a mim acostumada, tentava ajudar-me a cumprir
a promessa que fizera na véspera: partir às 6:00. O despertador
natural dava-me 30 minutos para
me preparar. Mal sabia, o relógio
humano, que meia hora é pouco
tempo para alguém que enraizou
um ritual de preguicite onde despertar significa rebolar bastantes
vezes, lavar a boca, ferver água e
entornar dois púcaros seguidos
de chá verde, no intervalo entre
os dois púcaros preparar uma
mistura de sumos numa jarra
cheia de cubos de gelo e deixá-la
sihibernar2
, fazer uma longa pausa sentado na sanita para aliviar
o organismo das toxinas do dia
anterior, tomar um duche quente,
independentemente da estação
do ano, ferver de novo o resto da
água na chaleira, preparar e despejar uma pequena bica de café,
abafar o forte sabor e o calor do
café com o mosaico híper-gelado
de sumos, e vestir-se para a sua
nova escola: Ponta.
Ao contrário do Marquês que
deixou momentaneamente órfã a
sua montanha de afazeres, arrestou no protocolo uma fanfarra de
arautos e grafistas e com ela foi
dar um giro pelo sambódromo recôndito juntando-se a um punhado de laureados, obreiros, ciganos
e seguidores sem sul, no final do
qual infelizmente só repetiram
as mesmas banalidades, Banshee
escolheu-nos sem aviso, atravessou a velha baía contornando de
barco a fonte ainda em escavação
para testemunhar que quando vivemos longe da azáfama urbana
os melhores sonhos são os que
nos embalam em plena luz do
dia, usualmente coloridos pelo
arco-íris sempre que há suficiente humidade volátil no céu. Não
os pesadelos que nos castigam na
tenebrosa escuridão das noites
traidoras intermitentemente iluminadas nos curtos intervalos em
que a lua espreita entre as nuvens
e revela-nos pouco do que ainda
nos resta por descobrir. E transpiramos sem razão.
Assim tive mais sorte, embora como o Marquês também
continue a transpirar de forma
abundante nos meus sonhos, a
despeito de enquanto durmo o
manómetro orgânico registar níveis mínimos de consumo na minha energia fisiológica. Quando
tinha a idade do meu neto refilão naquele ano de recaídas, tive
a mesma visão. Ou terá sido um
sonho? Estranhamente, lembro-
-me nitidamente que o insólito
aconteceu na nossa rua Principal,
lá no centro do bairro do Aeroporto em Maputo, e foi testemunhado pelas Gina e Xinaveti e por
muitos outros manos mais velhos.
Apesar do tempo, guardo com nitidez os detalhes nesta incredível
memória fértil.
Enquanto as raparigas brincavam
à neca, os rapazes absortos numa
discussão sobre quem havia ganho o já?–já3
, uma figura estranha
fez-se subitamente sentada na
entrada da casa da família Mabutana, nossos vizinhos de então.
Ninguém a vira caminhando pela
rua. Ela surgiu assim, do nada,
repentinamente sentada defronte
da casa dos pais da Maria e do Filipe. Agora ocorre-me que o seu
aspecto limpo e juvenil mas ao
mesmo tempo andrajoso, coberto
de panos largos com cores pálidas
cinza-caramelo que não conseguiam esconder aquele corpo esquelético, deve ter sido o primeiro
detalhe incomum a atrair as nossas atenções.
Aproximámo-nos para assistir,
como se tivesse acontecido algum
acidente, e em poucos minutos um
enorme aglomerado de curiosos
concentrou-se no local formando
um semi-círculo irregular. A estranha figura permaneceu quieta,
silenciosa e ruminando a vista
tranquilamente durante muito
tempo, até que um dos mais ousados se aproximou com um misto
de medo e coragem, e perguntou-
-lhe quem era e donde vinha. Do
sítio onde me encontrava não
consegui seguir a conversa, mas a
reacção geral foi de zombaria total, como se estivéssemos perante
um doido varrido. Intrigado, furei
o denso canavial de pernas e nádegas e aproximei-me da linha da
frente para melhor acompanhar
os acontecimentos.
Embora este episódio da minha
infância não tenha sido um sonho
propriamente dito, aprendi com a
sua viral repetição que afinal são
as cores do multiverso dinâmico
que nos fazem sonhar diária e
continuamente até descobrirmos
a origem do lutador encantado
que mora dentro de nós, e é digno do nosso martírio por ter saído
verdadeiramente de nós, não somente da luz.
Quando tentei pela primeira vez
salvar uma espécie em extinção
usando pétalas caídas da árvore-
-mãe, deixando-as a secar numa
estufa para matar as impurezas,
moendo-as, depois de seleccionadas, numa gamela até ficarem
como silte4
, semeando-as de seguida em terra vegetal enriquecida
Uma Fonte de Cores para Marcelino
Por Silva J. Magaia
Continua na pág. 12
PUBLICIDADE Savana 21-02-2020 11
A Direcção do IPGCS –
Instituto Politécnico de Geologia e Ciências de saúde informa
aos estudantes FINALISTAS
nomeadamente TMG3, ENF.
GERAL2, ESMI2, ESMI3,
ESMI4, e ESMI5 e ao público em geral que a 2ª cerimonia
de graduação terá lugar a 21 de
Março de 2020.
Quelimane, aos 19 de Fevereiro
2020
O Director
Elegível
Instituto Politécnico de Geologia
e Ciências de Saúde
COMUNICADO
12 Savana 21-02-2020 OPINIÃO
com composto de casca de banana e pó de casquinha de ovo
ressequida, e deixando-as incubar
durante nove meses, mal apareceram os primeiros sinais de vida
chamei o jardineiro e expliquei-
-lhe os cuidados que devia ter
com as virgens que acabavam de
nascer.
Eis que ao mesmo tempo que
anuía, o mancebo comenta, atrevido: “parece-me que não é a mesma
árvore, patrão”. Fixei-o duas vezes com cara de poucos amigos,
ambas com o mesmo semblante
irónico. “Não imaginas quão diferente de ti era o minúsculo sémen
que te gerou, o único rápido e fértil
entre os milhares de semelhantes
que penetraram a cavidade uterina da tua mãe”. Corou, e só fez
bem. Safou-se dum embaraço
maior, pois logo a seguir pretendia perguntar-lhe se conhecia o
significado de árvore genealógica.
Troquei esta por outra estupidez
e perguntei-lhe se fazia ideia com
quem se parecia quando nasceu.
Sorriu sem saber porquê.
Convidaram-nos para lavrarmos
mentes, e quando nos preparávamos para lançar as sementes,
eis que chegam turistas catadores
de borboletas, ocupam o imenso
campo de cultivo e o nosso tempo volta para trás. Felizmente não
nos molestaram: privaram-nos
somente do pão que aprendêramos a amassar na Ponta, em Paris
e Pequim, e acabámos assando e
vendendo em ka-mpFumo, mas
não nos tiraram a estátua da nossa liberdade. Ahh, essa não lhes
pertence. Herdaram no mesmo
instante um inesperado desafio
bicudo: com quem partilhar o espólio!
Aposto que muitos daqueles
turistas não sabiam que na sua
evolução, várias espécies de borboletas serviram-se duma rara
intuição apurada pela repetição
para desenvolverem tácticas de
sobrevivência que as tornaram
imunes aos ataques dos predadores. Uma delas consiste na
libertação de toxinas que lhes
conferem um sabor desagradável
e refreiam o apetite dos pássaros,
razão pela qual são conhecidas
por impalatáveis. Com o tempo,
as borboletas impalatáveis passaram a exibir esta característica
por meio de símbolos coloridos
nas asas, como sinal de aviso aos
predadores. As mais vaidosas
preferiram manter o seu atraente
sabor original e continuar palatáveis, mas não deixaram de desenvolver as suas próprias tácticas de
defesa. Tornaram-se mais ágeis e
passaram a ostentar nas asas um
padrão de formas e cores que as
identificam como muito rápidas e
difíceis de capturar. Esquece, parece estarem a dizer.
E para provar que o homem não é
a única espécie animal racional, as
borboletas palatáveis mais lentas
criaram também o seu mecanismo de segurança, atrevo-me até
a considerá-lo o mais sofisticado,
chamado mimetismo de escape, um
truque por meio do qual imitam
as cores das não palatáveis e conseguem enganar os predadores.
Foi assim que nos salvámos, acolhendo os catadores com um largo
sorriso amalelo, como se fôssemos
perfeitos Chinas impalatáveis.
Ensinaste-me que se criarmos e
cuidarmos das plantas e dos animais, continuarmos livre, lícitos e
não nos importarmos com o que
se diz por aí a nosso respeito, tornar-nos-emos resilientes e invencíveis. Contaste-me que até ditadores tremem de medo quando
lhes espera um debate a sós com
os que lhes são íntimos mas livres
e espontâneos. Não à Escravatura
Moderna.
Em vida, foste a estrelinha que
me guiou e mostrou-me o caminho até às guitarras douradas
como esta silenciosa tela acústica
que agora teima em proteger-me
graças ao seu enorme e bondoso coração. E para seguir-te não
precisei de ser muito inteligente,
bastou-me beber daquele chá que
só tu e a fêmea Pamela que nos
mordia, a mim e à Ilundi como
suas verdadeiras crias, souberam
amassar para nos protegerem da
tentação. Vai em Paz. Ela continua a prender-nos pelo dorso superior para livrar-nos do mal.
O que naquelas duas paixões,
sobretudo na segunda, ficou gravado na mente de Puck, não foram os cornos per se stante5
mas
simplesmente a forma pouco elegante como elas exibiram o seu
estrelato temporário, a ponto de a
mais nova cuspir no chão do teu
jardim para exteriorizar o desdém
que nutria pelos pássaros da nossa estirpe. Não tivesse a raiz que
torna invergáveis até os invertebrados, perante tamanho ignóbil
o Corvo selvagem com nicho em
Nhongonhane ter-se-ia ostracizado, mas fincou garras e afirmou-
-se entre as aves imortais. Ficou
pois muito sentido quando três
ciclos e meio mais tarde, a mesma
cria que Ondina lhe concedera
nos sonhos daquele intenso namoro faunístico manifestou o desejo adulto de voltar a ser tua filha, e obviamente o trapo erodido
pela angústia não teve amor nem
alento suficientes para acolhê-la.
Ficou agora duplamente arrasado
com esta tua partida anunciada,
principalmente porque ninguém
sabe dizer-lhe quando é que decidirás voltar ao reencontro das
raízes sólidas tuas nesta terra Moçambique, tal como o ressuscitado
da nossa Rua Principal.
“E quando testemunhaste a arte com
que opero o Reiki6
até com os céus,
chamaste-me superpoderoso”, comentou Puck séculos mais tarde
com Banshee. “Duvido que saibas
porquê”, disse-lhe na cadência da
mesma correspondência. “Mãos
encantadas, pé de cabra, coração de
pedra.”
Como é que me explicas então,
Marcelino, que tenhas amolecido tanto esse nosso coração de
pedra a ponto de hoje a Ilundi e
eu termos uma bateria de irmãos
do tamanho dos teus bisnetos,
por conta desse teu Amor Natural? Será a tal transmutação? E
Deus? Em que lugar ficou nessa
tua firmeza que me transmitiu
até o descrédito? No teu regresso
depois de teres privado com Ele,
quem sabe consigas explicar-me
porquê nunca acreditaste na sua
existência!
Como sempre, acabarei despertando deste sonho sem nexo, mais
um. Trinta e um minutos depois
da hora combinada, escoltei Banshee dunas abaixo até onde havíamos interrompido o asfalto,
no novo cruzamento com o troço
concluído que se assim estivesse
prescrito nos levaria à fronteira
com o Kwazulu Natal. Parámos e
saímos dos carros para um adeus
codificado. “És protegido” disse-
-me enquanto me espremia num
forte abraço. “Oui, Dieu m’aime”,
concordei em silêncio, arfando
para aliviar o sufoco e recordando Paris doutros sonhos vividos
há mais de três décadas. Voltou
a entrar no Dubaizinho7
e seguiu
viagem para norte enquanto eu
manobrava de regresso à irredutível aldeia gaulesa, meus olhos
cada vez mais húmidos.
Chegada a vez do meu neto, na
hora da separação estendi-lhe a
única página da tua banda desenhada que graças à astúcia do
Corvo havia conseguido interpolar na minha ousadia frustrante,
e perguntei-lhe, tal como ele me
havia desafiado na antevéspera
enquanto assistíamos às noticias
na televisão, o que via naquela
folha: “Caras pretas sem pescoço...”,
respondeu visivelmente triste,
sem se dignar parar para pensar.
A seguir a família que viera do
norte transportando consigo a
promessa da minha nova providência social regressou à base levando de volta a alegria, e com ela
o doce sabor da missão cumprida.
Quando à chegada a mãe feliz
partilhou connosco uma foto do
menino sentado no cockpit ao lado
do piloto, nada me surpreendeu.
O miúdo acabava de embarcar no
mesmo voo PC28 via Ponta-Paris-Pequim que palmilhei meio
século antes e donde sua mãe
nasceu, desta vez cruzando mares
mais profundos no curto pergaminho que liga a minha ponta à
sua Fernão Veloso, o mesmo eixo
que passa por Satungira.
Felizmente o enviado coberto
de togas cinza-caramelo ficaria
sozinho horas a fio sentado no
único patamar que resguardava
o portal da casa dos Mabutana,
despertando em mim uma enorme curiosidade. Duvido que o
Filipe se recorde. Quando alguém
da multidão que se acercara para
testemunhar àquele insólito voltou a perguntar ao visitante quem
era e donde vinha, este respondeu
resoluto que havia morrido nalgum momento da vida e acabava
de voltar do céu. Todos o acharam
louco, menos eu.
Assim será também contigo Kalungano, que embora forjado
durante anos em Paris, quando
finalmente te deixaste amolecer
por musas africanas iguais às dos
meus pesadelos, transmutaste,
deixando inconcluida, sem mácula, a missão ciclópica que outrora te fora confiada através dum
sonho. Oxalá na minha próxima
passagem virtual por Paris volte a
encontrar-te, e dessa vez consiga
levar avante e para sempre o teu
testemunho. Enquanto isso não
acontece, que se consolide a Nova
Paz, ela também dolorosamente
resgatada.
A esperança nesse reencontro
nasceu pouco tempo depois do
nosso silêncio cúmplice, lembras-
-te? Quando descobri no teu
esconderijo aquela empoeirada
banda desenhada incompleta
com outra aventura esquecida de
Corto Maltese, sem título nem
paginação. Tentei ler as primeiras
folhas soltas mas não consegui
juntar-lhes o fio à meada e desisti
logo nos primeiros quadradinhos.
Quando a floresta de curiosos que
hoje te admiram como um cavaleiro inerte, deitado nesse leito
de umbila e mármore, começar a
clarear, aproximar-me-ei, caminhando descalço sobre a esteira
de pontas dolorosas que cobrem o
chão quente da Praça dos Heróis,
e ao inalar o odor adocicado das
vestes largas de linho mensageiro
que te cobrem, ficarei inerte como
tu. Talvez logo a seguir entre em
êxtase, ancorado no intenso calor
que provém da mão macia e fraca
que repousa sobre o teu peito nobre, agora sereno como as águas
do Letaba. A mesma mão forte
que apertavas sobre a minha cabecinha mole sempre que eu tentava, em vão, libertar-me daquela
onda de cores sensuais que na infância me segredavam ao ouvido
versículos que me deixaram eternamente enevoado e descrente.
Naquele dia em que Despedido
Nxumalo veio dar-te os parabéns
pelo assalto escrupulosamente
planeado ao nosso quartel-general, estranhou a minha inusitada
presença durante anos disfarçada
ao teu lado. Foi onde ficou a saber, pela voz rouca e penetrante
de Corto, que eu sou o segundo
filho da tua dinastia rebelde. Foi
contigo que aprendi a sobreviver
neste manto social que nos envolve, onde a maioria só pensa em
voltar para receber e acumular, e
poucos cultivam a arte de dar e
receber. Surpreendido, Despedido mudou de tom e perguntou-
-me onde estava a operar depois
do estranho sinistro que assolou
a nossa trincheira. Ouviste a resposta que lhe dei: Agente Secreto.
Roubei-a no teu olhar firme e na
hesitação da tua gargalhada então
menos audível. Mesmo mudo,
esse teu riso contagiante continuará a ser para nós fonte de inspiração, sinal de sabedoria, paixão
e poder, o símbolo incontornável
da família, a luz que alimenta os
meus recorrentes sonhos diurnos. Agora, inerte, podes até não
aceitá-la, mas a verdade prescreve
que nenhuma árvore consegue
esquivar-se ao seu destino. Nem
super heróis como tu.
Bayeeeethêêêêê!!!
1 Bob Marley, Zeca Afonso, Zeca
Halage, Marcelino dos Santos,
Ray Phiri
2 Criação do autor inspirada no
clima gelado da Sibéria
3 Jogo infantil de paus, semelhante
ao críquete
4 Solo constituído por partículas
inferiores às da areia e maiores
que as da argila
5 por si só
6 Terapia energética de origem japonesa
7 Termo da gíria popular referente
a viaturas usadas, importadas do
Oriente
Continuação da pág. 10
Marcelino dos Santos
Savana 21-02-2020 13 PUBLICIDADE
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3. AGRAVAMENTO DA SITUAÇÃO SOCIAL
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DESTAQUE RURAL Nº 80
14 de Fevereiro de 2020
INTENSIFICAÇÃO DA CONFLITUALIDADE EM
CABO DELGADO E RISCO DE DESESTABILIZAÇÃO
DO ESTADO
João Feijó
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GHUXPRUHV
O que salva a Frelimo é a própria oposição
14 Savana 21-02-2020 Savana 21-02-2020 15
NO CENTRO DO FURACÃO
Chama-se Ernesto Nhanale. É professor universitário de Jornalismo. A 26 de
Fevereiro, próxima quarta-feira, coloca nas prateleiras o seu
primeiro livro. “A Cobertura dos
Media Sobre a Corrupção em Moçambique: Um ‘contrapoder’ abalado?”, é mais do que uma referência
obrigatória para o Jornalismo. Em
190 páginas, Nhanale, doutorado
em media e comunicação, cruza
media, democracia e corrupção.
Há uma semana do lançamento da
obra, o investigador e director executivo do Misa Moçambique, uma
organização que trabalha na advocacia das liberdades de expressão e
de imprensa, deu uma entrevista ao
SAVANA, o semanário que, a par
do Domingo, é o objecto de estudo
no livro. Feitas as pesquisas e análises, o autor vê uma governação autoritária da Frelimo, uma completa
falta de compromisso do presidente
Filipe Nyusi e do seu Governo no
combate à corrupção e uma oposição sem projectos firmes de governação. Siga-o.
Começamos justamente com a pergunta que dá título ao livro: a media
moçambicana é um “contra-poder”
abalado?
É um título provocatório. Mas o
ponto é que temos, por um lado, uma
imprensa ainda atrelada às amarras
do poder, uma imprensa que, por
questões históricas e culturais, ainda se sente acorrentada às agendas
do partido dominante. O tal contra-
-poder abalado. Mas, por outro lado,
temos uma imprensa que nós elogiamos o seu trabalho no processo de
democratização do país, ainda que
sofra perseguições de vários âmbitos. Valeu a pena termos a imprensa
independente pelos frutos que nós
vimos. E esta imprensa tem o seu
mérito, porque ela nunca desistiu,
continua a fazer o seu trabalho e é no
meio dessas violações todas que ela
vem se revitalizando. Alguns constrangimentos que abalam a imprensa
independente são de carácter económico. O mercado dos media é ainda
fraco e esta imprensa independente,
infelizmente, ainda depende da publicidade e de um número limitado
de leitores e está a concorrer com
uma imprensa que está a distribuir os
seus exemplares à custa de contratos
firmados ao longo da história com as
instituições públicas. O modelo de
distribuição de um Jornal “Notícias”,
por exemplo, é um modelo de distribuição facilitado. Então, podemos
dizer que a imprensa independente é uma imprensa de mérito, uma
imprensa que está a funcionar num
contexto hostil, mas que ela busca fazer o seu trabalho.
Hoje em dia falamos tanto das dívidas ocultas, todos nós nos damos ao
luxo de olhar as pessoas como corruptas, mas a agenda da corrupção
nunca foi estabelecida neste país, ao
mais alto nível, como resultado de
políticas, como interesse do Estado
de combater à corrupção. Foi a persistência da imprensa independente,
que, mesmo perante uma rejeição
muito forte das instituições do Estado, incluindo o próprio Judiciário, a
Assembleia da República, o próprio
Governo, seguiu esses casos, divulgou-os com tanta intensidade, até
que um dia isso se transformou como
matéria da agenda do debate público.
Diferentemente da imprensa privada, os meios de radiodifusão pública, como refere no livro, têm sido
usados para campanhas de propaganda política a favor da Frelimo.
Não é essa uma inversão do papel
do jornalismo em democracia?
Exactamente isso. É a instrumentalização desses órgãos que faz com
que reportem de forma tendenciosa e
abordem, simplesmente, as questões
positivas, como se o nosso país não
fosse uma sociedade com aspectos
derivados da acção humana e institucional que correm mal. Chegou-se
ao ponto de só se reportar coisas más
quando são eventos naturais e até sob
pena de reportar quando alguém disser que já podem reportar as cheias.
Nós vimos isso numa das greves, há
anos, aqui na cidade de Maputo, em
que, mesmo com todas as televisões
a reportarem a greve, a Televisão de
Moçambique se manteve em silêncio, como se não tivesse havido aquele acontecimento. É uma forma de
censura, e das formas mais absurdas:
usar o contexto das liberdades para
torpedear as próprias liberdades.
Dívidas ocultas resultaram
do autoritarismo
Um dos pontos fortes do livro é o
Estado da democracia moçambicana. Moçambique é o caso do exercício autoritário do poder ou, para
ser eufemista, uma democracia minimalista?
É um debate, mas existe um partido
que é dominante e que vem de uma
experiência de governação autoritária. Feliz ou infelizmente, de todos
os pleitos eleitorais, temos o mesmo partido no poder central e este
partido tem uma história e cultura
de governação que se fundou dentro
de um contexto autoritário. As limitações [no exercício da liberdade de
imprensa], a tendência de não ouvir
e considerar vozes contrárias, é tudo
ilustração de que há uma tendência
ao autoritarismo, pese embora tenhamos esta abertura de leis e certas
práticas como as eleições e tudo mais
que tem sabor à democracia.
O The Economist Intelligence, no seu
mais recente índice de Democracia,
referente a 2019 e publicado este
ano, voltou a colocar Moçambique
na categoria de regimes autoritários. Nada que lhe tenha surpreendido, então.
Absolutamente nada. Este último
mandato foi marcado por actos de
violência. As liberdades políticas ficaram feridas. Vimos assassinatos a
políticos, perseguições e até guerra
entre a Renamo e o Governo. Assistimos actos bizarros de violações
contra jornalistas. Vimos raptos e
tentativas de assassinatos contra jornalistas e muitos desses casos não
bem explicados. As próprias dívidas
ocultas resultaram de uma marca de
autoritarismo. A decisão feita, unilateralmente, pelo Governo de contratar uma dívida que, de antemão,
devia ser consultada a Assembleia da
República, é um sinal de autoritarismo. Quando tu sais e vais contratar
uma dívida sobre a qual devias consultar outras instâncias dos poderes
do Estado e não consultas, é que és
autoritário.
Eleições, um acto retórico
No livro, explica também que os
líderes políticos que se serviram
dos regimes autoritários vão usar
as eleições, não como uma oportunidade para a alternância de poder,
mas apenas como forma de obter
legitimidade, reforçar o poder e colher reconhecimento internacional,
num contexto em que a liberalização se tornou obrigatória e irreversível para a solução dos seus países.
É também o caso de Moçambique?
Sejam eleições, sejam discursos sobre transparência, não passam mais,
para esse tipo de regimes, de actos de
propaganda para poderem se legitimar. Chegou um momento em que
o monopartidarismo estava fora da
moda. Por vários factores que todos
sabemos, nos finais da década de 80,
os países que se mantiveram no monopartidarismo perderam o seu sustento. Nós tivemos a infelicidade de
ter estado também em guerra. Então,
a maneira como tínhamos concebido
o nosso Estado, estava fora da moda.
Então, grande parte das pessoas que
estavam no poder, não se abriram ao
multipartidarismo porque acreditavam na democracia, abriram-se à
democracia porque era o único caminho que havia para garantir a sustentabilidade de um país que devia se
abrir a estes processos, seja do ponto
de vista político, seja do ponto de
vista económico. Isto é importante
para dizer que não se abriu tanto pela
crença na democracia como um método de fazer Governo, mas porque a
sua institucionalização era relevante
para garantir a sustentabilidade.
As eleições em Moçambique são
um exercício de fachada?
Não diria fachada. É uma oportunidade para forçamos mudanças,
apesar de os actores importantes não
acreditarem. Para aquele que domina, continuar no poder via eleições
lhe permite maior legitimidade possível, porque ele não está aberto a
outro resultado senão manter-se no
poder, por isso, vai fazer tudo para
poder ganhar as eleições, mesmo
que isso tenha que implicar certos
mecanismos que não estejam dentro
do jogo eleitoral, por isso que há essa
reivindicação da falta de transparência dos processos eleitorais.
Os processos eleitorais em Moçambique têm sido manipulados?
Nunca estudei eleições, mas dos dados que temos é que há problemas
de transparência nas eleições, o que
resulta da falta de vontade de transformar as eleições como espaço competitivo sobre o qual pode se alternar
o poder, mas como acto retórico de
credibilização. Seria muito difícil
neste momento o Governo ceder o
poder via eleições. Mas sublinho que,
para o bem de todos nós, as eleições
devem ser vistas como um espaço de
forçar mudanças, porque ninguém,
como dizia o meu pai, há-de entregar
o poder como uma bandeja de flores
na mão do outro. É nas eleições que
temos de fazer tudo para forçar essas
mudanças porque as eleições é a negação da força das armas.
Embora reconheça as fragilidades
da oposição, particularmente da
Renamo, a verdade é que, em tais
regimes, diz no livro, a oposição
não consegue alcançar poder por
meios formais. Não será por causa
desse impedimento institucionalizado no acesso ao poder que, no
caso moçambicano, a oposição/Renamo recorre as armas para reivindicar o seu espaço?
Mas é importante também dizer isto:
que a gente faz a constatação de que,
dificilmente, a oposição chega ao poder por vias formais, não como alerta
para não usar a via formal. Dizemos
que dificilmente, então, estamos a
dizer que a oposição tem de se reinventar e se organizar melhor, porque
a arma é o discurso do mais fraco, é o
discurso do nervo.
Conforme argumenta no livro, o
sistema de partido dominante em
que a Frelimo funciona, no Moçambique multipartidário, resulta
do controlo total dos poderes legislativo e judicial, acentuando a
intolerância e as exclusões políticas
e o funcionamento das instituições
do partido no poder, o que tem resultado, em muitos casos, na falta da transparência, clientelismo,
corrupção, fraudes eleitorais, fraca
legitimidade das instituições e manutenção do seu funcionamento ao
modelo vigente no sistema de partido único. Professor, de onde se
deve começar para libertar as instituições do Estado capturadas pela
Frelimo?
O começo dos processos está, acima
de tudo, na nossa coragem de denunciarmos e forçarmos espaços através
dos quais nós, de forma livre, discutimos esses problemas. Acho que há
um espaço, pouco, mas há um espaço
sobre o qual nós podemos forçar.
Acha que Moçambique precisa de
alternância de poder?
Em primeiro lugar, é preciso termos
projectos firmes e consolidados que
nos convençam que, efectivamente,
pretendem mudar algo.
Neste momento não temos?
Eu acho que não. Fora a própria
cultura autoritária da Frelimo, penso que o que salva a própria Frelimo
é o facto de os actores políticos da
oposição não terem projectos firmes de governação. Ainda não nos
apresentaram projectos credíveis. A
oposição não se estrutura e não se
organiza para aproveitar as oportunidades. Podemos dar exemplos.
As últimas eleições acontecem num
contexto em que a Frelimo, sob ponto de vista de imagem, estava muito
fragilizada. Vamos dar o contexto
do debate político muito marcado
pelas dívidas ocultas. O que a oposição fez? Foi limitar-se a um discurso
negativo, um discurso que não oferecia nenhuma proposta evidente de
como é que queria encaminhar esse
tipo de assuntos. Só a qualidade de
candidatos que nos são apresentados
[pela oposição] é uma marca de falta
de compromisso.
Estado foi transformado num
espaço de distribuição de
tacho
Em nome da democracia, assistimos num passado recente a um
processo de descentralização que
hoje é fonte de conflito entre governadores e secretários de Estado na
província. Acha que esta descentralização, à moçambicana, conduziu-
-nos ou irá nos conduzir ao aprofundamento da democracia?
[Risos] no capítulo sobre a democracia, falo um pouco sobre como é
que a política em si, sem se dar conta, se transformou numa instituição
de distribuição de favores. A ideia de
transformar o Estado como um espaço de multiplicação de tachos. No
final de contas, a falta de debate, essa
desordem que estamos a ver entre
os governadores e os secretários de
Ernesto Nhanale disseca sobre media, democracia e corrupção, temáticas do livro prestes a lançar
Estado têm a sua génese a ideia de
que haveria que se distribuir tachos.
A ideia da inclusão não tem no seu
fundamento acomodar perspectivas
e filosofias diferenciadas de gerir o
bem público, mas sim a possibilidade
de ter nas eleições um espaço através do qual se pode redistribuir posições para acomodar pessoas. Esta
é que é a ideia prática da inclusão,
mas quando nós pensamos a inclusão na governação, estamos a pensar
em oportunidades iguais para todos
os actores políticos para poderem
demonstrar o seu potencial na transformação das vidas de pessoas. Mas
hoje estamos a assistir situações em
que o Estado está sobrecarregado e
com postos desnecessários.
Esta a falar de secretários de Estado?
Não me refiro só a secretários de Estado. Da maneira como os processos
foram feitos, traduziram-se em redundâncias desnecessárias que estão
a sobrecarregar a máquina do Estado.
A quem interessava ou interessa
essa redundância?
Há um pacto. Quando se trata de
redundâncias que geram oportunidades de benefícios, há um pacto
entre a Frelimo e a Renamo. Onde a
Frelimo e a Renamo se entenderam,
sempre houve uso do Estado para a
reprodução do tacho e lugares para
acomodar pessoas. Quando se trata
de aprovar leis de regalias dos deputados, sempre houve entendimentos.
Renamo foi vítima de si
própria
Está a dizer que é falacioso o discurso de que a Renamo teria sido
vítima neste processo de descentralização?
A Renamo foi vítima de si própria.
O que a Renamo fez? Engoliu a
isca dos governadores porque via
o seu interesse da possibilidade de
colocar os seus já realizado e furtou-
-se do debate real sobre o que essas
posições seriam. Esse debate sobre
a descentralização não foi inclusivo
devido a esse pacto. Ninguém quis
se abrir porque a Renamo já tinha
visto que o que queria demais, que
era a possibilidade de colocar os seus
nas províncias que poderia ganhar,
já estava realizado. Só agora, e não
sei se é feliz ou infelizmente porque esta primeira experiência está
a envolver só pessoas da Frelimo, a
Renamo é que está a perceber que
não discutiu bem as coisas porque
ficaram entre eles, nem se abriram
para a sociedade. Esta é uma prova
de que os entendimentos nesta questão da decentralização não passaram,
necessariamente, pelo interesse de
prover o serviço público próximo ao
cidadão, mas sim, por alocar mais
pessoas e essas pessoas estão a trazer
peso ao aparelho do Estado. O ideal
era que se elegesse um Governo e o
governador executasse as funções da
província. Agora há o secretário de
Estado, o governador provincial e o
secretário permanente. Tudo isto é
uma reprodução de postos. É como a
lei das regalias, que é essa vergonha,
uma lei que queria proteger certo
grupo de deputados - e protege-os -
mas se passam 2 legislaturas, aos 40
anos tu és um reformado via parlamento que depois vai, ainda jovem,
usufruir do Estado e a desenvolver
outras funções. São dossiers que não
foram bem estudados e, num futuro
próximo, nós voltaremos a discutir
isto porque estará a sobrecarregar o
Orçamento do Estado. Vamos chegar a um momento em que teremos
5 mil deputados por pagar enquanto
só temos 250. Vamos chegar a um
momento em que teremos 2000 ministros por pagar enquanto só temos
20 ministros. É só esperarmos um
pouco. Nós teremos uma crise sobre
isto e voltaremos a debater sobre essas temáticas.
Por Armando Nhantumbo
“A política se transformou numa instituição de distribuição de favores”, Ernesto Nhanale.
Outro capítulo que faz a essência do livro é sobre corrupção. Professor, a corrupção é um
cancro em Moçambique.
A corrupção penetra-nos e perneia-nos de
tal forma que nós vivemos com ela sem nos dar conta
dela, não sei se chamaríamos cancro. Em certos contextos, nos podíamos dizer que é uma anomalia que
convivemos com ela de tal forma que não nos damos
conta desta doença. É o cidadão que dá dinheiro ao
polícia para se ver livre de certas situações, é o polícia
que usa a sua função como isca para pescar subornos
dos cidadãos, porque acorda de manhã para ir à estrada
não com a missão de fiscalizar, mas com missão de caçar pessoas que estão em contra ordem para, por meio
disso, lhes retirar certos benefícios. A pessoa retarda o
atendimento do outro, se esquece que o seu trabalho é
facilitar porque aquela pessoa que está à frente ao guiché paga impostos que lhe pagam salários. E nós também caímos nessa chantagem e chegamos a pensar que
aquela pessoa está a nos prestar um favor sobre o qual
temos de dar acréscimos para ver os nossos processos
a andar.
Mas essa é a pequena corrupção. Depois há a grande
corrupção.
A grande corrupção é mãe da pequena corrupção. A
grande corrupção delapida o Estado ao mais alto nível.
Falamos dos gastos que estamos a ter com as dívidas
ocultas e o sistema de compadrio que existe, de protecção. O que o Governo fez com Manuel Chang? Gastou
rios de dinheiro para tentar encobertar e tentar safar
um corrupto. O país perdeu mais de 100 milhões de
Meticais nesta tentativa. O outro problema da grande
corrupção tem a ver com a liderança: é que tu, como o
líder envolvido em actos corruptos comprovados pelos
seus inferiores hierárquicos, tens menores capacidades
de corrigir processos, porque estás fora daquilo que
chamamos de liderança por exemplo. O teu exemplo
não é positivo de tal forma que não tens capacidade
de chamar atenção a ninguém. Então, a mãe e dona da
pequena corrupção é a grande corrupção, porque aquele que está em cima fica incapaz de demandar ordens
para desmantelar a pequena corrupção.
Para além de partido autoritário – como discutido no
capítulo sobre democracia – a Frelimo é também um
partido corrupto?
Não acho e não nos podemos dar ao luxo de dizer isso.
Seria ofender pessoas que estão dentro da Frelimo, que
são transparentes. O que podemos dizer é que existem,
na Frelimo, pessoas que ocupam posições no Estado e
servem-se das suas posições institucionais e do sistema
de protecção que o partido dá e, em desrespeito ao partido, promoverem actos de corrupção.
A Frelimo protege corruptos?
O que aconteceu com Chang? Qual era a luta? Há um
sistema de compadrio, no sentido de que os corruptos
ou pessoas que se envolvem em certas práticas, se defendem uma das outras. Foi o dilema do retorno do
Cambaza como assessor nos Aeroportos. Ao se fazer
isso, está a se proteger as pessoas. Está a se dizer que
“olha, não há problema em tu seres condenado por essas práticas, não há problemas em tu seres catalogado
por essas praticas” porque se és uma pessoa bem situada, depois vão te ajudar.
Sente que a luta contra a corrupção em Moçambique
está a ser ganha ou a ser perdida?
Não estaria nos termos de vencer ou perder. Eu acho
que nós não temos um compromisso no combate à corrupção. Não existe um compromisso.
Mas o presidente Nyusi tem dito, repetidas vezes,
que ele e o seu Governo estão comprometidos em
combater à corrupção.
É o que ele diz. Nós não temos políticas consistentes no
combate à corrupção. Não existe uma estratégia firme e
com meios e recursos implantados. Uma coisa é ouvirmos em comícios ou, de forma ah doc, uma detenção ali
e acolá, ou perante a pressão dos media, perante provas
inequívocas que são apresentadas na esfera pública e
isso empurra o judiciário a ter que tomar uma acção.
Fora a discursos isolados, tem de haver uma acção concertada e muito bem desenhada de que, efectivamente,
o Estado quer combater à corrupção. Combater à corrupção não é acordar de manhã, desmantelar e recolher
as pessoas às prisões – não estou a dizer que isso não
tem de ser feito – é também um conjunto de incentivos e estímulos que o Estado dá para que não haja
corrupção. É a nossa capacidade como Estado de criar
condições para que as pessoas não sejam corruptas.
Isto parte de leis severas. Parte em criarmos condições
ao servidor público sobre as quais ele não se veja em
condições de ter que se envolver em práticas corruptas.
Não é só pensarmos em questões de criminalização das
pessoas. Mas temos de perceber que o próprio Estado
deixa os seus agentes em situações de vulnerabilidade.
O discurso do presidente Nyusi contra a corrupção é
mera retórica e propaganda?
Qualquer governante quer ser bem visto e a temática
de corrupção é muito fértil para que qualquer um que
está a governar tenha a sua imagem reforçada. Não estou a dizer que é um discurso falso ou fantoche, mas
discursar sobre corrupção onde se reclama haver muita
corrupção e mostrar certos actos que estão a ser desenvolvidos, é um bom discurso. As pessoas querem ouvir
isso. Não há melhor coisa que ir dizer o que as pessoas
queriam ouvir e baseando-se em algumas evidências,
por isso que estou a dizer que temos de ter acções consentâneas e estruturadas e não pegar alguns casos. O
que nós queremos é que passemos de casos que estão
a ser usados como exemplo. As pessoas não podem ser
condenadas nem detidas como exemplo de que a Justiça funciona. As pessoas devem ser detidas, investigadas
e condenadas no âmbito da Justiça. E essa Justiça tem
de ser aplicável para todos. Aí sim, estaríamos a combater à corrupção, não é com casos isolados que nos vão
permitir vir à esfera pública e dizer “ora agora, vejam o
que está a acontecer”.
Não há compromisso contra a corrupção
Autor duvida dos discursos do presidente Nyusi:
16 Savana 21-02-2020 PUBLICIDADE
A ExxonMobil Moçambique, Limitada (EMML) convida
os prestadores de serviços de Helicóptero interessados que
estejam devidamente qualificados a apresentar sua manifestação de interesse (“Manifestação de Interesse”) para fornecer Serviços de Helicóptero adhoc quando necessário.
ÂMBITO DO TRABALHO
O âmbito do trabalho inclui o fornecimento de aeronaves
(Helicópteros de motores duplos) com tripulação, numa
primeira fase para operações onshore na província de Cabo
Delgado, com um potencial de expansão para outros locais
em Moçambique. Espera-se que o prestador de serviços já
tenha operações estabelecidas em Moçambique, incluindo a
atual AOC (Certificado de Operador Aéreo) em Moçambique.
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
As empresas interessadas neste convite devem completar as
informações da Empresa e submeter os documentos necessários listados abaixo no Portal de Registro de Fornecedores
da EMML: https://mz.rovumalngsrp.com/ bem como enviar um e-mail confirmando o registro para emmlprocurement@exxonmobil.com:
(Nota: O registro deve fazer referência ao seguinte código:
BB13AB02 – Helicópteros (Dentro do portal, a aba ‘Produtos & Serviços’, selecionam Meios de Transporte (BB13)
> Aeronaves e Helicópteros (BB13AB) > Helicópteros
(BB13AB02).
1. Carta de apresentação, que declare o interesse em realizar o trabalho, detalhes da empresa e informações de
contato.
2. Registro atual da empresa e detalhes dos certificados
atuais de AOC. Detalhes do atual registro da empresa Moçambicana e da AOC Moçambicana, incluindo
quaisquer parcerias existentes ou propostas com outras
entidades.
3. Detalhes das aeronaves disponíveis, instalações e tripulação. Que especifiquem claramente se estes estão
atualmente em Moçambique, e se não, a fonte proposta e o tempo de mobilização para estar disponível em
Moçambique.
4. Detalhes da experiência atual e recente onde foram
oferecidos serviços similares de helicóptero a nível
offshore e onshore em operações de Petróleo & Gás,
pelo mundo e em Moçambique.
5. CVs dos gestores chaves e pessoal técnico.
6. Visão geral do plano de Proteção, Segurança, Saúde e
Meio Ambiente da empresa. Detalhes de incidentes ou
acidentes de aviação na história de sua empresa.
EXXONMOBIL MOÇAMBIQUE, LIMITADA
ANÚNCIO PÚBLICO PARA MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE
PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE APOIO A HELICÓPTEROS EM CONEXÃO
COM O PROJECTO ROVUMA LNG DA ÁREA 4 NA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
7. Declaração sobre conteúdo local e uso de fornecedores locais.
8. Evidências de que a empresa opera de acordo com
as Politicas sobre Corrupção em países Estrangeiros
e que opera em conformidade a Lei de Suborno do
Reino Unido.
O objetivo das informações e documentos é identificar
prestadores de serviços qualificados com capacidade comprovada e experiência relevante. A EMML avaliará a documentação solicitada e, se satisfeita, incluirá as empresas
interessadas na lista de empresas que irão participar do
concurso.
Todos os dados e informações fornecidos no âmbito do
pedido não serão considerados como um compromisso por
parte da EMML de celebrar qualquer acordo ou contrato
com o candidato, nem permitirá a empresa candidata de
reivindicar qualquer indemnização da EMML.
A empresa interessada NÃO deve enviar ou divulgar à
EMML qualquer informação ou material confidencial.
A EMML não será responsável pela confidencialidade de
qualquer informação ou material enviada junto desta Expressão de Interesse.
A empresa interessada entende que a EMML não aceita qualquer obrigação em relação aos itens adquiridos ou
quaisquer informações divulgadas pela empresa interessada
em resposta a esta Manifestação de Interesse. A empresa
interessada concorda que não fará nenhum aviso restritivo
em nenhum documento. No entanto, se a empresa interessada fizer um aviso prévio, a EMML está autorizada a
anular, remover ou desconsiderar tais cláusulas restritivas e
o EMML estará livre de usar ou divulgar qualquer ou todas as informações contidas nelas para afiliados e terceiros
sem consultar a empresa interessada.
Quaisquer custos incorridos pela empresa interessada ou
qualquer um de seus subcontratados que responderem a
esta Manifestação de Interesse será exclusivamente responsabilidade da empresa interessada e estará a cargo da
empresa interessada e não terá recurso para a EMML.
Observe que somente as empresas que atenderem aos requisitos mínimos da EMML serão pré-qualificadas e convidadas a apresentar propostas dos serviços referidos.
O prazo para a apresentação de Manifestação de Interesse
está definido para ou antes de 06 de Março de 2020, pelas
17:00 (Horário de Maputo).
Savana 21-02-2020 17 PUBLICIDADE
ExxonMobil Moçambique, Limitada (EMML), invites
interested Helicopter Service providers that are duly
TXDOLÀHG WR VXEPLW WKHLU H[SUHVVLRQ RI LQWHUHVW (“Expression of Interest”) to provide adhoc Helicopter Services when required.
SCOPE OF WORK
7KH VFRSH RI ZRUN LQFOXGHV WKH SURYLVLRQ RI DLUIUDPHV GXDOHQJLQHKHOLFRSWHUV ZLWKFUHZ SULPDULO\IRU
RQVKRUHVXSSRUWRSHUDWLRQVLQ&DER'HOJDGRSURYLQFH EXW SRWHQWLDOO\LQ RWKHUORFDWLRQV WKURXJKRXW0R-
]DPELTXH 7KHVHUYLFHSURYLGHULVH[SHFWHGWRDOUHDG\
KDYHRSHUDWLRQVHVWDEOLVKHGLQ0R]DPELTXH LQFOXGLQJ
DFXUUHQW0R]DPELTXH$2& $LU2SHUDWRU&HUWLÀFDWH
REQUIRED DOCUMENTS
&RPSDQLHVLQWHUHVWHGLQ WKLVLQYLWDWLRQ VKDOO FRPSOHWH&RPSDQ\LQIRUPDWLRQDQGVXEPLWWKHUHTXLUHGGRFXPHQWVOLVWHGEHORZLQ(00/6XSSOLHU5HJLVWUDWLRQ
Portal: KWWSV P] URYXPDOQJVUS FRP DQG HPDLO
FRQÀUPLQJ UHJLVWUDWLRQ WR HPPOSURFXUHPHQW#H[[RQPRELO FRP
1RWH 7KHUHJLVWUDWLRQPXVWUHIHUWRWKHIROORZLQJFRPPRGLW\FRGH
%% $% ² +HOLFRSWHUV :LWKLQ WKH SRUWDO XQGHU
C3URGXFWV 6HUYLFHV WDE VHOHFW 0HDQV RI 7UDQVSRUW
%% !$LUFUDIWDQG+HOLFRSWHUV %% $% !+HOLFRSWHUV %% $%
&RYHUOHWWHULQFOXGLQJVWDWHPHQWRILQWHUHVWLQSHUIRUPLQJ WKH ZRUN FRPSDQ\ GHWDLOV DQG FRQWDFW
LQIRUPDWLRQ
&XUUHQWFRPSDQ\UHJLVWUDWLRQDQGGHWDLOVRIFXUUHQW$2&FHUWLÀFDWHV 'HWDLOVRIFXUUHQW0R]DPELFDQFRPSDQ\UHJLVWUDWLRQDQG0R]DPELFDQ$2&
LQFOXGLQJ DQ\ H[LVWLQJ RU SURSRVHG SDUWQHUVKLSV
with other entities.
'HWDLOVRIDYDLODEOHDLUIUDPHV IDFLOLWLHVDQGFUHZ
6SHFLI\FOHDUO\LIWKHVHDUHFXUUHQWO\LQ0R]DPELTXH DQGLIQRW WKHSURSRVHGVRXUFHDQGPRELOL]DWLRQWLPHWRKDYHLQ0R]DPELTXH
'HWDLOVRIFXUUHQWDQGUHFHQWH[SHULHQFHSURYLGLQJ
VLPLODU KHOLFRSWHU VHUYLFHV VXSSRUWLQJ RIIVKRUH
DQGRQVKRUH2LO *DVRSHUDWLRQV ERWKZRUOGZLGH DQGLQ0R]DPELTXH
&9VRINH\PDQDJHPHQWDQGWHFKQLFDOSHUVRQQHO
2YHUYLHZRIFRPSDQ\6DIHW\ 6HFXULW\ +HDOWKDQG
(QYLURQPHQWDOSODQ 'HWDLOVRIDQ\DYLDWLRQLQFLGHQWVRUDFFLGHQWVLQWKHKLVWRU\RI\RXUFRPSDQ\
6WDWHPHQW RQORFDO FRQWHQW DQGXVH RIORFDO VXSpliers.
EXXONMOBIL MOÇAMBIQUE, LIMITADA
PUBLIC ANNOUNCEMENT FOR EXPRESSIONS OF INTEREST
PROVISION OF HELICOPTER SUPPORT SERVICES IN CONNECTION WITH
THE ROVUMA LNG PROJECT OF AREA 4 IN THE REPUBLIC OF MOZAMBIQUE
(YLGHQFHWKHFRPSDQ\KDV)RUHLJQ&RUUXSW3ROLF\$FWDQG8.%ULEHU\$FWFRPSOLDQFHV\VWHPV
7KHSXUSRVHRI WKHLQIRUPDWLRQDQGGRFXPHQWVLV WR
LGHQWLI\TXDOLÀHGVHUYLFHSURYLGHUVZLWKSURYHQFDSDELOLW\ DQG UHOHYDQW H[SHULHQFH (00/ ZLOO HYDOXDWH
WKHUHTXHVWHGGRFXPHQWDWLRQDQG LIVDWLVÀHG ZLOOLQFOXGHWKHLQWHUHVWHGFRPSDQLHVLQWKHOLVWIRULQYLWDWLRQ
WRWHQGHUIRUWKHVHUYLFHV
$OOGDWD DQGLQIRUPDWLRQSURYLGHGZLWKLQ WKH DSSOLFDWLRQVKDOOQRWEHFRQVLGHUHGDVDFRPPLWPHQWRQWKH
SDUWRI(00/ WRHQWHULQWR DQ\ DJUHHPHQWRU DUUDQJHPHQWZLWK\RX QRUVKDOOLWHQWLWOH\RXUFRPSDQ\WR
FODLPDQ\LQGHPQLW\IURP(00/
7KH LQWHUHVWHG FRPSDQ\ VKRXOG 127 VXEPLW RU
RWKHUZLVHGLVFORVHWR(00/DQ\FRQÀGHQWLDORUSURSULHWDU\ LQIRUPDWLRQ RU PDWHULDO (00/ ZLOO QRW EH
UHVSRQVLEOH IRU WKH FRQÀGHQWLDOLW\ RI DQ\ VXFKLQIRUPDWLRQRUPDWHULDOVXEPLWWHGZLWKWKLV([SUHVVLRQRI
Interest.
7KHLQWHUHVWHGFRPSDQ\XQGHUVWDQGVWKDW(00/GRHV
QRW DFFHSW DQ\ REOLJDWLRQ RI FRQÀGHQFHZLWK UHVSHFW
WRLWHPVDFTXLUHGRUDQ\LQIRUPDWLRQGLVFORVHGE\WKH
LQWHUHVWHGFRPSDQ\LQUHVSRQVH WR WKLV([SUHVVLRQRI
,QWHUHVW 7KHLQWHUHVWHGFRPSDQ\DJUHHVWKDWLWZLOOQRW
SODFHDQ\UHVWULFWLYHQRWLFHVRQDQ\GRFXPHQW +RZHYHU LILQWHUHVWHG FRPSDQ\ SODFHV D QRWLFH (00/LV
KHUHE\DXWKRUL]HGWRQXOOLI\
REOLWHUDWH UHPRYH RU GLVUHJDUG DQ\ VXFK UHVWULFWLYH
FODXVHVDQG(00/VKDOOEHIUHHWRXVHRUGLVFORVHDQ\
RUDOORIWKHLQIRUPDWLRQFRQWDLQHGWKHUHRQWRDIÀOLDWHV
DQGWKLUGSDUWLHVZLWKRXWFRQVXOWLQJZLWKWKHLQWHUHVWHGFRPSDQ\
$Q\FRVWVLQFXUUHGE\WKHLQWHUHVWHGFRPSDQ\RUDQ\
RILWVVXEFRQWUDFWRUVUHSO\LQJWRWKLV([SUHVVLRQRI,QWHUHVWVKDOOEHVROHO\WKHLQWHUHVWHGFRPSDQ\·VUHVSRQVLELOLW\DQGVKDOOEHIXOO\ERUQE\WKH
interested contractor and shall have no recourse to
(00/ 1RWHWKDWRQO\FRPSDQLHVZKLFKPHHW(00/·V
PLQLPXPUHTXLUHPHQWVZLOOEHSUHTXDOLÀHGDQGLQYLWHGWRWHQGHUIRUWKHVHUYLFHV
7KHGHDGOLQHIRUVXEPLVVLRQRI([SUHVVLRQRI,QWHUHVW
LVVHWIRURQRUEHIRUHMarch 06, 2020 by 5PM (Maputo
Time).
18 Savana 21-02-2020 OPINIÃO
Cartoon EDITORIAL
Registado sob número 007/RRA/DNI/93
NUIT: 400109001
Propriedade da
Maputo-República de Moçambique
KOk NAM
Director Emérito
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Editor Executivo:
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Raúl Senda, Argunaldo Nhampossa e
Armando Nhantumbo
)RWRJUDÀD
Naita Ussene (editor)
e Ilec Vilanculos
Colaboradores Permanentes:
Fernando Manuel, Fernando Lima,
António Cabrita, Carlos Serra,
Ivone Soares, Luís Guevane, João Mosca,
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Venâncio Calisto (Cultura).
Colaboradores:
André Catueira (Manica)
Aunício Silva (Nampula)
Eugénio Arão (Inhambane)
Maquetização:
Auscêncio Machavane e
Hermenegildo Timana.
Revisão
E.P
Publicidade
Benvinda Tamele (82 3171100)
(benvinda.tamele@mediacoop.co.mz)
Distribuição:
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82 3051790 (Publicidade/Directo)
Delegação da Beira
Prédio Aruanga, nº 32 – 1º andar, A
Telefone: (+258) 82 / 843171100
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Redacção
admc@mediacoop.co.mz
Administração
www.savana.co.mz
Neste frenesim de palavras
ocas em que o mundo se tornou, consta que os castores
da América do Norte começaram a nascer desdentados, a neve
(há quem diga que por espírito de
síntese) agora só cai sobre quem tem
gabardina, o próprio silêncio procura
o osso perdido das origens.
Desde que se instalou este estado de
coisas as conversas morrem a meio,
as vacas e os filósofos ruminam, mas
não engolem (as vacas começaram
a levitar, os filósofos enterram-se a
prumo com o peso das escórias) e
descobriu-se que o corona é a vingança do pangolim.
Muitos propõem remédio mas no
melhor dos casos só se detecta paliativos. E só enxergo uma saída,
aventada por Simone Weil quando defende que a pura observação é
transformadora desde que empreguemos devidamente a sua melhor arma:
a atenção.
A solução não está no cultivo das
identidades, na inquietude ou na
competição performativa, na elaboração de listas de tarefas pendentes, no
bombardeio com que somos emboscados pelo mercado, no deve e haver
sobre crimes passados (como alguém
que já só sabe revolver o lodo), na indulgência que obtemos da nossa tribo
nas redes sociais: não. Mas voltem a
subir os índices da nossa capacidade
para ficar atentos e esta balbúrdia das
velocidades contemporâneas que nos
aturde e provoca sonolência atenua-
-se.
Só o desejo de luz produz luz, dizia
a senhorita Weil, e esta para ser vista
necessita de um esforço da atenção.
Não se conte com o que não custa esforço. Será isto alguma vez reflectido?
Entretanto, num livro autobiográfico,
que acabei agora e incide sobre a infância e os imediatos anos de aprendizagem, escrevi este parágrafo: «O
meu pai, que começara por ser trolha,
entrou como aprendiz de linotipista no
Letras responsáveis
Diário Popular e seguiu o ofício. Na
época, consideravam-se os linotipistas
os intelectuais do operariado, por incarnarem em chumbo os livros de outros;
enfim, uma consideração abstracta, demasiado generalista, esse confronto com
as ideias dependeria da qualidade do
que haveria a digitar, seria diferente
ser o tipógrafo de Carlos Oliveira ou do
Augusto Abelaira ou sê-lo de um prestamista do regime. Todavia acreditava-se
que por osmose ou circulação dos fluidos
se vazava a sabedoria de uns para outros e o meu pai, lacónico até à medula,
devia passar por muito profundo.»
Voltemos à frase sublinhada: os linotipistas/tipógrafos incarnavam em
chumbo os livros de outros. As palavras moldavam-se em chumbo, dessas páginas em baixo relevo de chumbo resultavam as matrizes que seriam
depois impressas, duplicadas, no
papel. Havia um mano a mano com
a densidade material, a cada palavra
lida antecipava-a o seu peso, um grave e oblíquo labor responsável. Cada
palavra antes de ser lida fora um artefacto material, era um fruto de um
processo lento e de uma compactidade que, inesperadamente, tornava
o pensamento profuso. Pergunto-me
hoje se que isso não transmitiria à palavra uma qualidade, uma substância,
um compromisso que a leveza, a rapidez, a facilidade de rasura e permuta
do texto digital volatizam e desresponsabilizam.
Li há pouco tempo um ensaísta literário que dizia que a nova poesia
portuguesa se produzia contra a densidade de alguns poetas anteriores,
como a Fiama Hasse Pais Brandão.
De facto, e também na prosa, muito
pouco hoje me parece estar à altura
das densidades de A Noite e Riso, de
Nuno Bragança, de Maina Mendes
e Casas Pardas, de Maria Velho da
Costa, ou de Novas Visões do Passado, Homenagem à literatura, ou
Área Branca, de Fiama, escritos na
época do chumbo ou ainda sob influência do chumbo.
Quem hoje se entregaria ao entusiasmo de ler As Quibíricas, de João
Pedro Grabato Dias, que é - com
Xigubo, de Craveirinha - o grande
demolidor dos mitos portugueses que
Moçambique viu nascer?
Que tipo de eflúvios se libertaria
daquele elemento químico com que
se faziam as letras da tipografia e da
“arte negra” - a caixa de metal em que
se justapunham as letras de chumbo,
linha a linha, para a composição de
cada página –, como se a toxidade do
chumbo fizesse o pensamento reagir,
elevando-o, contrariando o desconforto da matéria?
Escreveu a Velho da Costa em O
Mapa Cor de Rosa, um dos seus livros de crónicas: «Metamorfose do
tempo que faz lá fora, eu sei talvez porque me assola hoje, ou mais se atiça, a
retórica da melancolia e do desânimo. A
crónica é desse género que tem encruzilhadas a biografia e a escrita – só a ficção
protege, em dias assim, ou a epistolografia íntima, desatada. Mas os poetas,
Senhor. Ou os cronistas de reinos, desunidos.
A senhora Amália, um supor, que vivia
em Montes Velhos, ai Nena, um lembrar. Vivia e nem mal, nem bem, vivia.
Bateu-lhe à porta uma cigana que trazia um menino aos peitos caídos, rilhado
de um porco, disse bem, rilhado. Eu disse
que a ficção defende e a crónica desabriga, e só a poesia obriga a trabalhar
– juro-vos que esta história é londrina,
desgostos portugueses, lá iremos».
Como é que se diz tanto em tão pouco, sem nunca descurar o ritmo, o
sabor da língua, ou a riqueza de vocabulário? Havia brio em fazer melhor,
em aprender palavras novas, em comunicar com o máximo de recursos,
e hoje faz-se da preguiça norma de
decência e da mediocridade chave
de leitura. Problema para além de
países e raças. E, mais frívolos e desatentos, deseducamos o leitor.
Marcelino dos Santos, cujo funeral de Estado teve lugar na última quarta-feira, era um dos últimos sobreviventes do pequeno
grupo de moçambicanos que, no dia 25 de Junho de 1962,
fundaram a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), que até 1974, e durante dez anos, conduziu a luta armada para a
independência de Moçambique.
O veterano combatente perdeu a vida no dia 11 de Fevereiro, aos noventa
anos de idade, depois de um longo período de doença.
Apesar de, pelo seu percurso histórico, não haver necessidade de debate
quanto ao estatuto de Herói Nacional que a ele se reserva nos anais da
história da libertação de Moçambique, o anúncio da morte de Marcelino dos Santos não foi recebido com unanimidade no seio da sociedade
moçambicana.
Nada de surpreendente em relação a qualquer mortal, pois as pessoas
sempre deixam sobre si impressões diferentes em pessoas diferentes. Mas
para alguém a quem se atribui um papel de relevo na paternidade de um
movimento que se confunde com o surgimento de uma nação, a unanimidade devia ser mais do que menos comum.
Parte do problema reside no facto de que há uma série de questões que
são levantadas sobre o papel de Marcelino dos Santos nas várias etapas
que marcaram o movimento de libertação nacional. Muitas dessas questões nunca foram suficientemente esclarecidas, e Marcelino dos Santos,
como uma das figuras-chave do movimento, foi sempre visto como parte
dos problemas.
É do domínio público que, pelo menos, a partir de 1968, a FRELIMO
esteve mergulhada numa grave crise, que teve o seu pico com a morte do
seu presidente fundador, Eduardo Mondlane, em Fevereiro de 1969. No
centro dessa crise surgem, aparentemente, duas linhas antagónicas, cujo
confronto quase que paralisava a luta e ameaçava destruir o movimento.
Mais mortes e purgas resultaram disso, enquanto muitos militantes, guerrilheiros e jovens estudantes engrossavam a diáspora moçambicana em
África, Europa e América. Alguns dos estudantes da FRELIMO nessa
altura no estrangeiro sentiram-se justificados no seu receio sobre o que
os esperava no regresso e decidiram por lá se manterem. Outros ainda,
ainda que sem grande expressão, acabariam por encontrar acolhimento
no movimento dissidente que despontaria no limiar da independência.
Marcelino dos Santos foi sempre associado a uma destas linhas que se
opunham uma à outra, e até à sua morte, nunca havia publicamente se
distanciado das mágoas que, em alguns, esse conflito interno provocou.
Também nunca demonstrou vontade nos esforços para o estabelecimento
de um processo genuíno de reconciliação, que ajudasse a sarar as feridas.
A sua morte quase que encerra um ciclo geracional dos que foram os
percursores do nacionalismo moçambicano moderno, e que atribuíram
um cunho ideológico à luta secular dos moçambicanos contra a ocupação
e exploração colonial.
Mas ela ocorre também num momento em que a FRELIMO continua a
encontrar dificuldades em se reconciliar consigo própria, dando um sentido de desfecho a este capítulo problemático da sua história. Parece haver
um certo desconforto em abordar este tema com a devida frontalidade e
abertura, para além da recorrente retórica de uma linha revolucionária, a
“correcta”, em confronto directo com uma ideologia reaccionária defendida pelos “traidores”. Parte dos problemas políticos com que Moçambique
se confronta até aos dias de hoje são produto desta relutância em enfrentar o passado com determinação.
A incapacidade de confrontar esse capítulo problemático da história da
FRELIMO constitui uma barreira para um processo de reconciliação
capaz de contribuir para uma maior abertura e liberdade na abordagem
sobre o passado. Numa altura em que descendentes das vítimas desse
conflito continuam ainda vivos e a desenvolver as suas próprias gerações
de descendentes, o desfecho deste capítulo constituiria um alívio para
ambos os lados, pondo-se cobro a uma tendência para se desenterrar o
passado sempre que tal se afigure conveniente para qualquer das partes,
no esforço de embaraçar a outra, assim como também a tentativa de se
julgar o passado das pessoas em função das circunstâncias actuais.
A falta de um desfecho vai também continuar a propiciar uma narrativa
histórica convenientemente distorcida e reducionista, onde se retrata o
conflito como resultado de uma suposta aliança de alguns grupos étnicos
para subjugar outros.
Marcelino dos Santos
e as feridas abertas da
libertação
Savana 21-02-2020 19 OPINIÃO
D
epois da publicação do
livro intitulado Dead Aid,
da autoria da jovem economista zambiana Dambisa Moyo sobre o estado da política de cooperação entre África
e o Ocidente, o livro tornou-se
matéria de debate nas academias
africanas. Na verdade, conforme
a reflexão de Dambisa Moyo, nos
últimos 50 anos foram aplicados
bilhões de dólares de ajuda externa para reduzir a pobreza e aumentar o crescimento em África.
No balanço final, de meio século
de cooperação entre África e o
Ocidente, os níveis de pobreza
continuam muito altos e as taxas
de crescimento diminutas.
Uma das hipóteses que se levanta
é o desgaste do modelo de cooperação, baseada numa relação
inadequada que não garante a inserção africana a nível mundial, o
comércio injusto, o nível elevado
de corrupção entre os líderes africanos e a instabilidade política e
governativa. Estas fragilidades foram exploradas e abriram espaço
para a entrada da China em África. Este gigante asiático tornou-
-se um parceiro de cooperação
preferido pelos países africanos,
ao contrário dos parceiros tradicionais de cooperação ocidentais.
O Estudo de 2017 intitulado The
closest look yet at Chinese economic
engagement in Africa, apresentado
pela consultora norte-americana
McKinsey & Company, o relatório da Heritage Foundation Investment Tracker, bem como as pesquisas da AidData e do Center for
Global Development revelam que
o investimento chinês em África
tem mais facetas do que estudos
anteriores baseados em especulação.
A McKinsey & Company ouviu
100 líderes empresariais e de Governos africanos e 1000 gerentes e
proprietários de empresas chinesas em oito países africanos. Os
dados e informações recolhidas no
campo mostraram a existência de
um pouco mais de 10 mil empresas chinesas que operam em África. Os seus investimentos teêm
sido particularmente direcionados
para a transferência de tecnologia,
transporte, imóveis, energia e telecomunicações.
Portanto, a presença da China em
África como parceiro de cooperação encontra o melhor acolhimento, graças à sua política de
não interferência nos assuntos
internos, naquilo que designam de
soft power e numa altura em que
o continente africano estava sendo banido das preocupações dos
centros de poder ocidentais, e no
âmbito de um contexto especial
para Pequim, que precisava de recursos e de mercados para alimenO impacto do empréstimo chinês sobre o
consumidor da televisão digital em Moçambique (1)
Por Celestino Joanguete*
tar a sua economia em constante
crescimento.
De acordo com o livro branco
emitido pelo Conselho de Estado
Chinês no final de 2016, a China dispensou cerca de 400 biliões
de yuan (cerca de 47.4 milhões de
euros) em ajuda ao desenvolvimento a 166 países e organizações
internacionais, nas últimas seis
décadas.
Entre 2005 e 2019, a China investiu cerca de US$305,95 biliões na
África Subsaariana por meio de
investimentos em infraestruturas
e outros projectos de desenvolvimento. Estudos da Aid Data e do
Center for Global Development, os
países que reúnem o maior número de iniciativas financiadas pelos
chineses são Zimbabwe (com 295
projectos); Gana (195); Zâmbia (167); Sudão (164); Etiópia
(159) e Quênia (151). Em 2019,
na Cimeira Mundial China/Africa, o presidente chinês Xi Jinping
prometeu investir mais US$60 bilhões no continnte africano.
No papel, isso parece incrível, pois
uma ajuda para os países pobres
que precisam de fundos significativos para desenvolver suas nações
e corrigir as disparidades socioeconómicas do passado, parece ser
benéfico demais. E é nisto que
é preciso aprofundar o estudo e
compreender a estratégia de negócio chinês em África, depois
da histórica cooperação com o
Ocidente, baseada numa relação
de desigualdade e interesses comerciais injustos, a qual a China
promete não reproduzir o comportamento predador das antigas
potências coloniais ocidentais.
Na verdade, a China está a forçar
os países africanos a se endividar,
acima de suas possibilidades, para
mantê-los dependentes numa
espécie de neocolonialismo. Por
exemplo, a aplicação do soft power
é feita sob o rescalonamento de
dívidas como o que aconteceu
com Angola, em que o pagamento da sua dívida foi alargado por
mais 10 a 30 anos, com o objectivo de não definhar ainda mais a
economia de um país já asfixiado;
o cancelamento de 78 milhões de
dólares da dívidas dos Camarões;
perdão de 160 milhões de dólares ao Sudão. E estes são alguns
exemplos da referida política de
cooperação soft power da relação
China/África.
Alguns observadores chamam
isso de “diplomacia armadilha da
dívida”, onde a China captura os
países africanos com empréstimos financeiros maciços que os
asfixia. Nos últimos 19 anos, a
China está a duplicar os empréstimos e investimentos em Africa,
muitos dos quais esses governos
estão asfixiados e lutam para os
pagar. Se esses empréstimos não
são reembolsados, muitas vezes
são renegociados como acordos de
“dinheiro por recursos”, em que os
países mutuários pagam a dívida
financeira com mercadorias como
petróleo, gás, madeira, carvão mineral e inclusive terra.
Essa abordagem do soft power de
obter acesso ao mercado africano
por meio de investimentos “úteis”
é particularmente predominante
no sector dos media, um fenómeno tratado e estudado por Gabriele Balbi, Jiang Fei, Giuseppe Richeri no livro China and the Global
Media Landscape: Remapping and
Remapped, no qual analisam o fenómeno de alteração dos media
globais, sobretudo pela tendência revolucionária dos media da
China, inspirados em empresas
dos media americanos, europeus e
asiáticos.
No campo da revolução mediática chinesa, estima-se que os investimentos da China em África
sejam de US$7 bilhões, incluindo
várias estações de rádio, televisão e
agências de notícias. Esta estratégia de canibalização dos mercados
africanos é evidente na empresa
chinesa dos media denominada
StarTimes, que fornece serviços de
televisão paga a 30 países em todo
o continente africano.
A StarTimes é uma empresa privada chinesa, autorizada pelo Ministério do Comércio chinês a operar
na África. Na última década, a
empresa fez amizade com governos africanos por meio do governo chinês para ganhar contratos
para ajudar os países africanos
a transitar do sistema analógico
para o sistema de transmissão da
televisão digital. Actualmente a
StarTimes transmite programas da
televisão chinesa para 10 milhões
de assinantes em 30 países africanos, empurrando as notícias de
propaganda estatal da China para
as residências africanas.
Desde que deu os primeiros passos em África em 2007, a StarTimes transformou-se numa grande
marca no cenário da televisão
digital no continente. Ela reivindica mais de cinco milhões de televisões digitais terrestre (TDT) e
assinantes de satélite direto para
casa.
Para encontrar a melhor inserção
de conteúdos chineses nas televisões africanas, em 2011, a StartTimes criou a StarTimes Dubbing
Contest, estabelecido num enorme
campus de tradução nos arredores
de Pequim. Para o efeito, a StarTimes Dubbing Contest percorreu
os países africanos em busca de
actores de voz que seriam levados
à China para narrar, traduzir, dublar os conteúdos e dramas chineses em oito idiomas: mandarim,
inglês, francês, português, suaíli,
hausa, ioruba e luganda. Nos próximos anos a StarTimes planeia
inundar as televisões africanas
de conteúdos chineses dublados
em línguas locais, numa espécie
de imperialismo cultural. Em paralelo, a política cultural chinesa
avança com a disseminação dos
Institutos Confúcio, encarregados
do ensino e difusão do idioma e
cultura chinesas.
Na maioria das aldeias africanas
onde a StarTimes se instala desfruta de um relacionamento mutuamente benéfico com o governo
chinês. Por isso, ela é confiada a
implementação do Villages Project,
uma iniciativa que visa dar acesso
à televisão via satélite para dez mil
aldeias africanas. Trata-se de um
projecto de cooperação China-
-África com vista a reduzir o fosso
digital nas áreas rurais africanas,
dando às aldeias acesso à televisão
digital.
Isso é motivo de preocupação?
Bem, se os empréstimos aos media
não puderem ser pagos, a África
arrisca a sua liberdade de imprensa, conquistada com tanto esforço.
Neste sector, os investimentos da
China em redes de telecomunicações e serviços de transmissão
digital da televisão e dados, coloca o poder da China acima da
soberania dos países africanos e,
inclusive sobre as infra-estruturas
de telecomunicações, transmissões
nacionais e redes de televisões estatais.
De várias maneiras, a situação da
StarTimes é paralela à gigante de
telecomunicações Huawei, que
está enfrentando críticas globais
pelo seu controlo sobre as redes
5G e seus vínculos com o sistema
de segurança de Pequim. Huawei
captura e controla o sistema de
telecomunicações dos países em
troca de tecnologias avançadas.
A exploração da migração do sistema de televisão analógica para a
digital é uma das áreas preferenciais de investimento chinês em
África para a expansão do imperialismo cultural. Muitos governos
africanos encontraram dinheiro e
tempo necessários para concluir
a migração para o sistema digital
de televisão, antes do prazo inicial
de Junho de 2015 da União Internacional de Telecomunicações
(UIT). Era um prazo que quase
todos os governos africanos perderam, mas havia pressão para
investir e encontrar uma empresa
que pudesse ajudá-los a implementar. Como resultado, todos
correram atrás do dinheiro fácil do Exim Bank da China para
cumprirem com os prazos da migração digital e, logo, assinaram
acordos apressados em projetos de
migração digital que anexavam a
StarTimes como implementadora
da rede.
O Exim Bank, de propriedade
estatal da China, é o provedor
de empréstimos preferido nesses
acordos, fornecendo aos governos
africanos quantias significativas
de fundos para concluir o processo
de migração digital em seus países.
Esses fundos são efectivamente
pagos de volta à China por meio
da StarTimes, que é contratada
para construir a redes de Televisão
Digital Terrestre (TDT).
Enquanto a StarTimes conseguia
grandes contratos com os governos africanos para operar a rede
de infraestrutura da televisão
digital, também atraía os consumidores de baixa renda com pacotes de televisão baratos, o que
geralmente prejudica seriamente
os concorrentes locais de televisão
por cabo e satélite, numa estratégia comercial conhecida por dumping, ou seja, concorrência desleal.
Ficou demonstrado, em muitos
países africanos que tiveram a
StarTimes como parceiro implementador da rede de televisão
digital, que após a conclusão, a
StarTimes permanecia neles reivindicando uma sociedade, transformando as tecnologias investidas num capital social. É aqui que
a empresa entra em águas turvas,
e a distinção entre os serviços públicos da radiodifusão e a lógica
comercial permanecem incertas.
Frequentemente, a StarTimes se
transforma em distribuidor público de sinal e provedor de serviços
de conteúdo, um claro conflito
de interesses e uma óbvia ameaça à liberdade de imprensa. Isso
representa um risco enorme para
os governos africanos, pois efectivamente colocam o controlo sobre
as redes nacionais de radiodifusão
digital e a transmissão estatal do
sinal de televisão nas mãos dos
chineses. A soberania do Estado,
o serviço público da televisão, o
acesso à informação e o mandato
que as emissoras públicas têm para
com seus cidadãos deixam de ser
garantidos.
É um facto bem documentado
que a primeira entidade a cair em
uma aquisição forçada do governo
é o controlo da emissora estatal.
Se o que estamos a ver agora são
de facto os primeiros estágios de
um golpe dos media da China em
toda a África e em Moçambique
em particular, todos devemos estar
muito preocupados.
* Consultor e Investigador
dos Media Digitais
20 Savana 21-02-2020 OPINIÃO
SACO AZUL Por Luís Guevane
Marcelino dos Santos
O
colaborador rezou bastante até
chegar o dia em que, finalmente, ouviu a voz do mestre pintor.
Desligou o telemóvel. Em voz
alta anunciou aos familiares que no dia seguinte estaria a trabalhar. De facto, acordou cedo e apanhou o primeiro autocarro
que lhe apareceu pela frente. Pensava nas
tintas enquanto o autocarro avançava. Entraram mais alguns passageiros e sentiu-se
ensardinhado. Uma senhora ao lado, mas
sentada, falou um pouco mais alto. Parecia
reclamar. Mas, o que pretendia era chamar
à atenção para a condução do motorista.
Uma voz masculina secundou-a, dizendo:
- Esses motoristas de agora conduzem
muito mal mesmo. Tem razão. Até parece que fizeram uma selecção de chapeiros
para a empresa. Olha como está a entrar.
Cortou prioridade àquela senhora. Ela só
ficou a reclamar. Mas, já passamos. Foi
Semáforo
por pouco. Agora prestem atenção ao semáforo ali em frente. Aposto em como ele passa
no vermelho. O importante é não ter nenhum
veículo a empatar. Com o “chapa” é normal ver
isso. Houve tempos, quando isto ainda se chamava TPM, em que se cumpria um horário
pré-estabelecido, os tipos eram muito bem-
-educados e não paravam em qualquer sítio,
nem por engano. Eram comedidos que era
uma maravilha. Prestem atenção ao vermelho!
Ali a pensar na mistura de tintas o jovem
colaborador aborreceu-se. Estava habituado
que aquilo acontecesse num “chapa” e não
naquele conhecido transporte público. Olhou
para a senhora que havia iniciado a conversa
e, em simultâneo, fixou-se no semáforo. Ela e
o senhor que acabara de impor o desafio do
“vermelho” tinham razão. Lembrou-se rapidamente que antes do ponto em que se encontravam o motorista havia feito uma curva
perigosa. Só não reclamou porque assumiu
que estava num “chapa”. Percebia agora que
se encontrava no veículo errado. O seu hábito
era o “chapa”. Sabia que no “chapa” os passageiros nunca reclamavam da atitude suicida
dos condutores/motoristas. Os cobradores,
para apimentar o ambiente, eram os que geralmente ditavam essa postura. Passageiro que
reclamasse conheceria a sentença. Por isso, a
regra absurda e incoerente, era engolir os sapos que o cobrador mandava e não reclamar.
Afinal o importante era chegar ao destino.
Não importavam as bujardas, a falta de postura no trato com o público e muito menos
a clara e frontal falta de respeito ali exibida.
Mas, essas coisas de generalizar levam sempre
a possibilidade de erro. O colaborador não estava num bom ambiente para pensar em tintas. O autocarro estava a cerca de cem metros
quando no semáforo brilhou o vermelho.
Para o motorista era importante que imprimisse maior velocidade para passar o “vermelho”. Uma travagem brusca traria uma
série de implicações. Mas ainda podia
afrouxar e respeitar o semáforo. Todos
perceberam que estava eminente um
choque caso o motorista/condutor prosseguisse com a investida. Uma senhora
encheu o peito e gritou alto e em bom
som “sacana! Não vê o semáforo?” Era
esta linguagem que o homem ao volante
conhecia ou precisava. Fez um pequeno
esforço e simplesmente ouviu-se um ligeiro chiar dos pneus. No alcatrão ficou
uma ligeira marca de boçalismo daquele
homem. Dentro do autocarro, ao volante, o homem ouvia os mais requintados
apupos e insultos de ocasião que visavam
amolecer aquela alma rude habituada aos
extremos da insanidade. Enquanto no
semáforo brilhava o verde o colaborador atendeu o seu telemóvel, acalmando
o mestre pintor que o esperava. Graças
àquela senhora não aconteceu o pior.
E
m 1983, eu fiz a cobertura integral do quarto Congresso do partido Frelimo para a revista Tempo.
Tirando tudo o que houve por lá,
o que acontece é que depois do encerramento houve uma recepção na Ponta Vermelha para todos os delegados provinciais.
Por uma razão qualquer, alguém da
segurança da Ponta Vermelha deu ordem
para que os delegados não entrassem sem
autorização, e eu estava fora com outros
jornalistas e entre nós, todos, estava a
delegação das delegadas de Nampula.
Sentadas naquele estilo macua, de pernas
levantadas, vestes garridas, a cabeça entre
as mãos, em silêncio absoluto, o Marcelino
dos Santos perguntou: “O que é que
se passa convosco delegadas da minha
província?” uma delas disse: “dizem que
não podemos entrar porque não temos
convite”.
Marcelo dos Santos ficou mais alto
do que era e disse: “deixem entrar as
senhoras”. E disse mais ainda, “eu não
sou da Frelimo eu sou a Frelimo, e disse
mais ainda: Na Frelimo eu sou o número
2 o número 1 está lá em baixo”. Ou seja,
o Samora Machel não existia, como
líder, entre o Eduardo Mondlane e o
Marcelino dos Santos.
Acredito muito na teoria de que o
Marcelino dos Santos era íntegro,
coerente e fervoroso defensor dos
seus ideais, coisa que, como sabemos,
desapareceu desde o dia 19 de outubro
de 1986.
Depois disso, o grito de guerra é Fartai
Vilanagem. (Fernando Manuel)
J
oshua Kapesse entrou numa transe
quando, naquela manhã, a Marta lhe
levou a informação de que a Madalena Menezes estava na estação de malas
aviadas prestes a viajar para a Beira.
A Marta era prima directa da Madalena Menezes, e lhe levou a informação porque achou
estranho que o Joshua Kapesse não estivesse
presente na hora de dizer adeus a Madalena
Menezes que era, afinal, a sua noiva.
E, era mais estranho ainda, porque a Marta
disse-lhe que a Prima levava sete malas, mais
prenhes que uma cabra prestes a parir.
Joshua Kapesse de pé, na soleira da porta, experimentou uma violenta sensação de quem
mergulha a pique para um poço sem fundo,
escuro e sem contornos definidos.
Atordoado e sem governo, o seu primeiro
impulso foi o de ir ao encontro da Madalena Menezes para pedir explicações a que se
achava com direito.
Mas deteve-se, no primeiro passo, era natural.
Ir ao encontro da Madalena Menezes seria o
mesmo que ir ao encontro dum vexame superior àquele a que estava sujeito.
Deu a volta, entrou na dispensa, serviu-se
duma aguardente de pêssego, numa dose generosa, deixou a perna de cabrito que tinha
registado do jantar anterior e foi-se sentar
na varanda de olhos fechados a rememorar o
que tinha sido a sua relação com a Madalena
Menezes.
A Madalena Menezes era a sua noiva, numa
relação que durava há um ano, e durante
esse ano todo, Joshua Kapesse tinha passado
tardes, manhãs e noites de sincera conversa,
sincera entrega como noivo que amava e era
amado.
Procurou encontrar, na sua memória, o que
é que teria acontecido de errado para ela, a
Madalena Menezes, tomar aquela decisão.
Porque uma coisa era certa, estar na estação
de malas aviadas, pronta a partir para a Beira, significava um rompimento definitivo de
noivado.
A Madalena Menezes tinha rompido o noivado sem lhe dizer nada, sem lhe dar nenhuma satisfação.
Não achava justo que ela tivesse tomado uma
decisão assim, porque não era normal ir de
Tete para a Beira de comboio, com malas
aviadas, sem dizer nada.
Quando o comboio apitou sete vezes, a avisar
que estava de partida para a Beira, Joshua Kapesse, também, tomou uma decisão que era
definitiva. Que era de ir ao encontro do velho
Mukapera, em Lifize, para que fizesse um remédio qualquer, de modo a que a Madalena
Menezes viesse ao encontro dele ou dissesse
alguma coisa para despertar o que se tinha
passado.
Estava nessa a beber a sua aguardente de pêssego, a petiscar o cabrito assado e trinchado,
quando ouviu, ao de longe, alguém a aproximar-se.
Era a irmã mais nova da Madalena Menezes, Ana Cristina. Ela ajoelhou-se, e disse:
“Mano, venho lhe entregar um envelope que
a mana Madalena Menezes me entregou, antes de sair de casa”.
Joshua Kapesse abriu o envelope, estava um
bilhete muito simples. Dizia “Jô Kapesse, estou
de partida, vou a uma viagem sem retorno, não
me procure porque não vale a pena. Durante esse
ano todo, tentei disfarçar mas tudo acabou por se
transformar num martírio insuportável.
A minha orientação sexual faz com que qualquer
contacto com um homem seja um martírio incrível. Tentei suportar porque há um tumulto, mas
não posso suportar mais.
Vou de partida, não me procure, não vale a pena.
Eu sei que você será feliz porque sabe amar e sabe
fazer-se amado, serás feliz com alguém que tenha
uma orientação sexual diferente da minha.
Eu sou lésbica. Não posso suportar uma relação
com muito mais tempo do que este, aquele que
suportei contigo.
Vou de partida. Jô Kapesse, você merece ser feliz,
e serás feliz, certamente. Adeus”
Joshua Kapesse mergulhou os pés nas águas
do rio Zambeze que passavam logo por baixo, e olhou para o horizonte onde se situava
a catedral que divide Zumbo e as mulheres
bonitas de Caprizage.
Era manhã, fim de manhã, fechou os olhos,
bebeu o último gole de aguardente de pêssego e mergulhou a mão na boca de um jacaré
que passava em direcção à nascente do Rio
Zambeze.
Era fim de manhã, o sol nascia, o comboio
apitou, mais uma vez, lá para os lados de
Mutarara e Joshua Kapesse, que nunca tinha
sido tão feliz na sua vida, nunca tinha sido tão
amado como naquele momento.
Pegou num envelope, meteu um pouco de
rapé e pegou na folha de papel e escreveu assim: “Madalena Menezes, nunca, ninguém, te
terá amado tanto na vida como eu. Seja feliz”.
Uma estátua de sal no meio do deserto
Savana 21-02-2020 21 PUBLICIDADE
AVÓDEZANOVE E O SEGREDO DO
SOVIÉTICO
27 de Fevereiro, 19h00, Scala
MAK´ILA
28 de Fev, 18h00, CCFM
RAFIKI
29 de Fevereiro, 18h00, CCFM
T-JUNCTION
29 de Fev, 20h00, CCFM
O VENTO SOPRA DO NORTE
01 de Março, 19h00, Scala
ILHA DOS CÃES
02 de Março, 18h30, CCFM
TEMPO DOS LEOPARDOS
02 de Março, 19h00, Scala
VAYA
03 de Março, 18h30, CCFM
DEIXEM-ME AO MENOS SUBIR ÀS
PALMEIRAS
03 de Março, 19h00, Scala
RESGATE
04 de Março, 18h30, CCFM
Masterclass
“CRÍTICA E ANÁLISE DE FILMES”
por Ute Fendler
02 de Março, 15h00-18h00, CCFM
“O SOM DOLBY”
por Quinton Schmidt
e Chris Born
03 de Março, 10h00-18h00, CCFM
“DO GUIÃO AO ECRÔ
por Neil Brandt
04 de Março, 10h00-18h00, CCFM
Talk@University
T-JUNCTION
com presença do realizador Amil Shivji
e da curadora Ute Fendler
02 Março, 10h00, FLCS - UEM
MAK’ILA
com presença da realizadora Machérie Ekwa
e da curadora Ute Fendler
03 Março, 10h00, FLCS - UEM
RESGATE
com presença do realizador Mickey Fonseca
e da Equipa de Produção
04 Março, 10h00, FLCS - UEM
ABERTURA
22 Savana 21-02-2020 DESPORTO
Eu
Longo.Alcance17@hotmail.com
O
dia 18 foi uma data na história do ATCM!
Isto porque, os sócios dirigiram-se para o Anfi
- Teatro da Faculdade de Medicina afim de participarem em mais uma A.G Ordinária do clube,
afim de assistirem, participarem, verem em directo e a cores a demissão da Mesa da Assembleia-Geral do ATCM,
encabeçada pelo Professor João Salomão. Pela primeira
vez na história do ATCM, aconteceu uma cena assim:
nítida, clara e evidente, um mau estar, entre a Direcção
e a Mesa da A.G., que culminou com o Presidente da
Mesa a pedir a demissão, o que obrigou os seus colegas a
seguirem-no por uma questão d’ética!!!
Desde os anos 87, início da reactivação do ATCM até
ontem, que nada disto ou parecido a isto, havia alguma
vez acontecido !!!
Aparentemente, motivado pela interposição d’uma providência cautelar, movida pela Direcção, para que não se
realizasse a referida Assembleia Ordinária.
A maior parte dos sócios, ainda tentaram demover a atitude da Mesa da A.G. mas… não se conseguiu!
A acima mencionada providência cautelar foi movida por
3 Sócios, num universo de mais de 800!...
Mais uma noite mal dormida por causa das coisas do
ATCM!...
Foi triste , mas… valeu pelas intervenções dos sócios presentes e do signatário desta colun , que fez um apelo ao
Presidente da Direcção Rodrigo Rocha, para que tomasse
um banho de humildade e ao Presidente da mesa Professor João Salomão que não saísse, pelo menos, tão já…
Assim como ao Conselho Fiscal, para que conseguisse
reunir com a Mesa e a Direcção , para sanar esta situação
que em Nada abona a favor de um Clube tão “IN” como o
Automóvel & Touring Clube de Moçambique!
O pior é que o ATCM não foi, não é e, por vontade dos
sócios, não será um Clube que viva à sombra dos Tribunais e nos Tribunais. Como o caso Presidente da Direcção
cessante que, como arguido, foi absolvido em 5 sentenças
!!!
Que se saiba no espaço de mais ou menos 6 meses, entrou
uma providência cautelar, que anulou a vontade da Direcção em interditar a entrada d’um cidadão, pai d’um Piloto
nas instalações do Clube.
Agora, foi esta providência cautelar, a anular a possibilidade da realização d’uma A.G. em que se iria apreciar o
Relatório de Actividades e Contas e, como segundo ponto
analisar-se, o orçamento para 2020!
Questionou-se também na reunião de sócios, já que ninguém ousou desafiar um tribunal, qual é verdadeiramente
o objectivo do tribunal, de tudo o que está à acontecer!?
Quando tudo se poderia resolver, em A.G. Ordinária ou
Extraordinária, como sempre foi feito até ontem, pelos
Órgãos Sociais do ATCM: “António Twin Can Marques”, como dizia o saudoso sócio João Carvalho !
Leia se faz favor: Querido e estimado Doutor Mário
Machungo, nesta hora da despedida , deixe-me que lhe
agradeça o que fez por mim e pelo ATCM, como Presidente cessante da mesa da Assembleia -Geral, durante
muitos anos.
Muito grato também pelo que fez pelo país!
À família enlutada aceite, por favor, as minhas mais sentidas e respeitadas condolências, neste momento em que
deixou de ser de dor e passou para um desejado descanso
eterno, para o nosso Mário!
Uma Data na
História O
presidente da Federação
Moçambicana de Patinagem, Nicolau Manjate,
afirma que deixa, este ano,
o cargo que ocupa neste organismo,
com a sensação de missão cumprida, e sem alaridos, porque durante
o seu mandato a modalidade deu
passos gigantescos, de tal forma
que os resultados que foram alcançados nas diversas frentes não
constituem nenhuma surpresa.
Outrossim, defende que a nomeação de Gilberto Mendes, para o
cargo de secretário de Estado de
Desporto é bem-vinda, até porque
não se trata de um “paraquedista”,
mas sim, de uma figura de desporto, pois já foi atleta e dirigente desportivo com credências dadas.
A seguir os excertos da conversa.
Presidente, que balanço tem a fazer
da época desportiva finda?
- 2019 foi um ano de muitas dificuldades, mas conseguimos lutar
contra as adversidades e acabamos
cumprindo o nosso programa. Tínhamos um mandato que passava
pelas eliminatórias no africano,
e, mesmo no meio de dificuldades, com apoio de parceiros, participamos no evento e, felizmente,
conseguimos nos qualificar para o
mundial. Pela primeira vez, estivemos presentes com duas selecções,
uma de sub- 19 e outra de seniores
e os resultados foram encorajadores.
Vencemos a taça intercontinental
em seniores, e nos sub-19 ficamos
em terceiro. Isso foi meritório, até
porque a participação dos sub-19
foi um teste e ao mesmo tempo
afirmação de que o trabalho que
iniciámos está a dar frutos, daí os
aplausos e o alento que recebemos
em Espanha, por várias entidades
ligadas à modalidade.
Quais as perspectivas da FMP para
este ano?
-Bem, perspectivamos o incremento das nossas actividades, sendo que vamos nos concentrar na
formação, concretamente, na de
árbitros e treinadores. Temos um
plano abrangente de formação que
vai iniciar, em princípio, no mês
de Março, e essa actividade não
só será realizada em Maputo, mas
também em outras províncias, nomeadamente, Nampula, Zambézia
e Sofala. Como pode depreender, a
nossa preocupação tem a ver com a
expansão da modalidade e já estamos a dar passos gigantescos nesse
sentido.
E em relação à patinagem em linha?
-Estamos a trabalhar com a patinagem em linha, e já iniciámos algumas competições internas. Neste
momento esta especialidade só se
resume à cidade de Maputo, mas a
meta é levá-la para outros cantos do
país. Outrossim, a FMP continua a
envidar esforços no sentido de conseguir patrocínios para o efeito e
Vou deixar a FMP sem alaridos
- Garante Nicolau Manjate, cujo mandato termina este ano
Por Paulo Mubalo
Nicolau Manjate, presidente da FMP
esse trabalho é realizado, juntamente com a Associação de Patinagem
da Cidade de Maputo. Parafraseando a palavra de ordem, este é um
ano de muito trabalho, particularmente no hóquei, mas também de
muita união no seio dos fazedores
da modalidade
Foi o primeiro presidente da Associação de Patinagem da Cidade de
Maputo (1978) e um dos membros
da comissão organizadora da participação de Moçambique na sua
estreia ao mundial de Argentina.
Ou seja, está há quatro décadas no
hóquei...
- Isto me encoraja a dar o meu máximo na modalidade, por isso que,
independentemente da posição em
que me encontrar, sempre estarei de
peito aberto para apoiar a modalidade naquilo que for possível. Estou no hóquei, de facto, desde dessa
altura, e por motivo algum poderei
virar as costas a esta modalidade.
Está nos derradeiros meses do seu
mandato. O que tem a dizer?
-Sairei feliz pelo trabalho que estou
a realizar e pelos frutos do próprio
trabalho. Espero ver esse trabalho
que iniciei, em 2011, a continuar
com a futura direcção a ser eleita.
Sairei com consciência limpa e sem
alaridos e espero que a futura direcção continue a trabalhar em prol do
crescimento do hóquei. Eu já fiz a
minha parte e o que se seguirá será
a passagem do testemunho. Como
disse, o hóquei sempre esteve nos
lugares cimeiros, sempre surgem
novos talentos e claramente devem
continuar a ser acarinhados, porque
são o garante do sucesso de amanhã.
Gilberto Mendes é escolha acertada
O que tem a dizer da nomeação de
Gilberto Mendes para o cargo de
secretário de Estado de Desporto ?
- A família do hóquei está muito
satisfeita com essa nomeação de
Gilberto Mendes. Acreditamos que
ele trará outro ímpeto ao desporto,
irá continuar com o trabalho dos
seus antecessores e o facto de estar focalizado apenas no desporto
vai lhe conferir mais tempo para,
juntamente com os quadros que o
vão rodear, desenhar as melhores
estratégias para o crescimento da
actividade desportiva. Creio que,
vocês, da comunicação social, também devem estar satisfeitos com
esta nomeação.
Mas quais seriam, a seu ver, os grandes desafios de Gilberto Mendes?
-Penso que a área de infra- estruturas constitui uma grande preocupação e, felizmente, constou-me
que ele está preocupado com a situação dos nossos campos. Gilberto
Mendes é um indivíduo com muita
experiência no desporto, primeiro
como atleta e depois como dirigente, daí que contamos com a sua
contribuição para o crescimento do
hóquei. Uma das formas de melhor
conduzir o barco e atingir os objectivos preconizados é congregar
a família do desporto, é trabalhar
com todos os desportistas e não
só, colhendo as suas sensibilidades
e nós, família de hóquei, estamos
convictos de que o vai fazer.
Esperam dele algum tratamento
privilegiado?
- Não necessariamente um tratamento privilegiado, o que pensamos é que o hóquei faz parte deste
grande mosaico chamado desporto
e acreditamos que quando se pensa
hoje na construção de um pavilhão
multi-uso, a nossa modalidade
está inclusa; quando se fala de um
projecto para o melhoramento
das condições das infra-estruturas
desportivas, nós estamos inclusos;
quando se fala da necessidade de se
trabalhar na formação como forma de se alcançar resultados positivos nas várias competições que o
país participa, quer a nível nacional
como internacional, também estamos lá. Em resumo, a componente
infra-estrutura, assim como a própria organização do nosso desporto
é um aspecto muito importante a
ter-se em conta, e se tivermos um
plano concreto de acção e cumprimo-lo, na íntegra, as coisas poderão
fluir naturalmente. Mas deixa me
dizer que o país exige uma nova
abordagem em relação a questão de
patrocínios para o desporto. E isso
tem que ser urgente.
Savana 21-02-2020 23 PUBLICIDADE
KUHANHA A Sociedade Gestora do Fundo de
Pensões do Banco de Moçambique comunica que
decorre de 5 a 29 de Fevereiro de 2020 o processo
de prova anual de vida, nos termos do artigo 35 do
Regulamento de Segurança Social Obrigatória dos
Trabalhadores do Banco, aprovado pelo Decreto n.º
65/2009, de 14 de Dezembro.
Para o efeito, os trabalhadores reformados e os titulares de pensão de sobrevivência deverão se dirigir à
KUHANHA, Rua Consiglieri Pedroso, número 99
em Maputo, e às Filiais da Beira, Nampula, Maxixe,
Xai-Xai, Tete, Quelimane, Pemba e Lichinga, munidos do Bilhete de Identidade.
Na impossibilidade de deslocação, o pensionista
deverá notificar, por escrito, a KUHANHA, que se
encarregará de confirmar a prova de vida.
ANÚNCIO
Apela-se a todos os pensionistas que a realizem,
em tempo, por forma a evitar a interrupção do
pagamento das pensões, por falta de efectivação da prova de vida.
Para o caso do trabalhador reformado, comunica-se que está em curso a actualização do cadastro, devendo igualmente apresentar o documento de identificação do cônjuge, certidão de
casamento, documentos de identificação dos
filhos com idade até 25 anos e declaração escolar destes.
Maputo, 24 de Janeiro de 2020
KUHANHA- Sociedade Gestora do
Fundo de Pensões
9(1'( 6(
Uma propriedade (15 x 30), com casa tipo3,
uma suit e vedaçao, estrategicamente localizada,
zona do Mercado Boquisso - Municipio da Matola.
Valor a negociar, sem intermediário
Contacte-nos + 258 82 0755690 / 84 4629155
Matrículas para 2020
A Escola Comunitária Luís Cabral- ECLC, informa aos alunos, pais, encarregados de
educação e ao público em geral, que ainda tem vagas para matricular novos ingressos da 7ª,
8ª, 9ª, 10ª, 11ª e 12ª classe por apenas 600,00 meticais.
Podendo obter mais informações na secretaria daquela escola, sita na sede do bairro Luís
Cabral, entrando a partir da Junta ou Maquinague ou contactar através dos telemóveis:
847700298 ou 826864465 ou ainda 871232355.
24 Savana 21-02-2020 PUBLICIDADE
A ExxonMobil Moçambique, Limitada (EMML), convida
os prestadores de serviços de aeronaves interessados que
HVWHMDPGHYLGDPHQWHTXDOLÀFDGRVDDSUHVHQWDUVXDPDQLIHVtação de interesse (“Manifestação de Interesse”)SDUDIRUQHcer Serviços de Aeronaves adhoc quando necessário.
ÂMBITO DO TRABALHO
2kPELWRGRWUDEDOKRLQFOXLRIRUQHFLPHQWRGHDHURQDYHVGH
DVDVÀ[DV FRPWULSXODomR QXPDSULPHLUDIDVHSDUDRPRYLPHQWRGHSDVVDJHLURVHIUHWHGHFDUJDOHYHHP0RoDPELTXH
FRP XP SRWHQFLDO GH H[SDQVmR SDUD RXWURV DHURSRUWRV UHJLRQDLV ,VVRSRGHVLJQLÀFDURSHUDUGH RXSDUD DHURSRUWRV
FRPR0DSXWR 3HPED $IXQJL 1DFDODH-RDQHVEXUJR (VSHra-se que o prestador de serviços já tenha operações estabeOHFLGDVHP0RoDPELTXH LQFOXLQGRDDWXDO$2& &HUWLÀFDGR
GH2SHUDGRU$pUHR HP0RoDPELTXH
DOCUMENTOS NECESSÁRIOS
As empresas interessadas neste convite devem completar as
LQIRUPDo}HVGD(PSUHVDHVXEPHWHURVGRFXPHQWRVQHFHVViULRVOLVWDGRVDEDL[RQR3RUWDOGH5HJLVWURGH)RUQHFHGRUHVGD
(00/ KWWSV P] URYXPDOQJVUS FRP bem como enviar
XPH PDLOFRQÀUPDQGRRUHJLVWURSDUDemmlprocurement@
H[[RQPRELO FRP
1RWD 2UHJLVWURGHYHID]HUUHIHUrQFLDDRVHJXLQWHFyGLJR
%% $% ²$HURQDYHV 'HQWURGRSRUWDO DDED¶3URGXWRV
6HUYLoRV· VHOHFLRQDP0HLRVGH7UDQVSRUWH %% !$HURQDYHVH+HOLFySWHURV %% $% !$HURQDYHV %% $%
&DUWDGHDSUHVHQWDomR TXHGHFODUHRLQWHUHVVHHPUHDOL]DURWUDEDOKR GHWDOKHVGDHPSUHVDHLQIRUPDo}HVGH
contato.
5HJLVWUR DWXDO GD HPSUHVD H GHWDOKHV GRV FHUWLÀFDGRV
DWXDLV GH$2& 'HWDOKHV GR DWXDO UHJLVWUR GD HPSUHVD 0RoDPELFDQD H GD $2& 0RoDPELFDQD LQFOXLQGR
TXDLVTXHUSDUFHULDVH[LVWHQWHVRXSURSRVWDVFRPRXWUDV
entidades.
4XHHVSHFLÀTXHPFODUDPHQWHVHHVWHVHVWmRDWXDOPHQWH
HP0RoDPELTXH HVHQmR DIRQWHSURSRVWDHRWHPSR
GHPRELOL]DomRSDUDHVWDUGLVSRQtYHO0RoDPELTXH
'HWDOKHVGDH[SHULrQFLDDWXDOHUHFHQWHRQGHIRUDPRIHUHFLGRVVHUYLoRVVLPLODUHVGHKHOLFySWHURDQtYHORIIVKRUH
HRQVKRUHHPRSHUDo}HVGH3HWUyOHR *iV SHORPXQGR
HHP0RoDPELTXH
&9VGRVJHVWRUHVFKDYHVHSHVVRDOWpFQLFR
9LVmRJHUDOGRSODQRGH3URWHomR 6HJXUDQoD 6D~GHH
0HLR$PELHQWHGDHPSUHVD 'HWDOKHVGHLQFLGHQWHVRX
DFLGHQWHVGHDYLDomRQDKLVWyULDGHVXDHPSUHVD
'HFODUDomRVREUHFRQWH~GRORFDOHXVRGHIRUQHFHGRUHV
locais.
(YLGrQFLDVGHTXHDHPSUHVDRSHUDGHDFRUGRFRPDV
3ROLWLFDVVREUH&RUUXSomRHPSDtVHV(VWUDQJHLURVHTXH
EXXONMOBIL MOÇAMBIQUE, LIMITADA
ANÚNCIO PÚBLICO PARA MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE
PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE APOIO A AERONAVES EM CONEXÃO COM
O PROJECTO ROVUMA LNG DA ÁREA 4 NA REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
RSHUDHPFRQIRUPLGDGH D/HLGH6XERUQRGR
5HLQR8QLGR
2 REMHWLYRGDVLQIRUPDo}HVHGRFXPHQWRVpLGHQWLÀFDU SUHVWDGRUHV GH VHUYLoRV TXDOLÀFDGRV FRP
FDSDFLGDGH FRPSURYDGD H H[SHULrQFLD UHOHYDQWH
$(00/DYDOLDUiDGRFXPHQWDomRVROLFLWDGDH VH
VDWLVIHLWD LQFOXLUiDVHPSUHVDVLQWHUHVVDGDVQDOLVWD
de empresas que irão participar do concurso.
7RGRVRVGDGRVHLQIRUPDo}HVIRUQHFLGRVQRkPELWR
do pedido não serão considerados como um comSURPLVVRSRUSDUWHGD(00/GHFHOHEUDUTXDOTXHU
DFRUGRRXFRQWUDWRFRPRFDQGLGDWR QHPSHUPLWLrá a empresa candidata de reivindicar qualquer inGHPQL]DomRGD(00/
$HPSUHVDLQWHUHVVDGD1®2GHYHHQYLDURXGLYXOJDUj(00/TXDOTXHULQIRUPDomRRXPDWHULDOFRQÀGHQFLDO $(00/QmRVHUiUHVSRQViYHOSHODFRQÀGHQFLDOLGDGHGHTXDOTXHULQIRUPDomRRXPDWHULDO
HQYLDGDMXQWRGHVWD([SUHVVmRGH,QWHUHVVH
$ HPSUHVDLQWHUHVVDGD HQWHQGH TXH D (00/ QmR
aceita qualquer obrigação em relação aos itens adTXLULGRVRXTXDLVTXHULQIRUPDo}HVGLYXOJDGDVSHOD
HPSUHVDLQWHUHVVDGDHPUHVSRVWDDHVWD0DQLIHVWDção de Interesse. A empresa interessada concorda
TXHQmR IDUiQHQKXPDYLVRUHVWULWLYRHPQHQKXP
GRFXPHQWR 1RHQWDQWR VH DHPSUHVDLQWHUHVVDGD
À]HU XP DYLVR SUpYLR D (00/ HVWi DXWRUL]DGD D
DQXODU UHPRYHURXGHVFRQVLGHUDUWDLVFOiXVXODVUHVWULWLYDVHD(00/HVWDUiOLYUHGHXVDURXGLYXOJDU
TXDOTXHU RX WRGDV DV LQIRUPDo}HV FRQWLGDV QHODV
SDUDDÀOLDGRVH WHUFHLURVVHPFRQVXOWDUDHPSUHVD
interessada.
Quaisquer custos incorridos pela empresa interessada ou qualquer um de seus subcontratados que
UHVSRQGHUHPDHVWD0DQLIHVWDomRGH,QWHUHVVHVHUi
H[FOXVLYDPHQWHUHVSRQVDELOLGDGHGDHPSUHVDLQWHressada e estará a cargo da empresa interessada e
QmRWHUiUHFXUVRSDUDD(00/ 2EVHUYHTXHVRPHQWHDVHPSUHVDVTXHDWHQGHUHPDRVUHTXLVLWRVPtQLPRVGD(00/VHUmRSUp TXDOLÀFDGDVHFRQYLGDGDV
DDSUHVHQWDUSURSRVWDVGRVVHUYLoRVUHIHULGRV
2SUD]RSDUDDDSUHVHQWDomRGH0DQLIHVWDomRGH,QWHUHVVHHVWiGHÀQLGRSDUDRXDQWHVGH06 de Março
de 2020, pelas 17:00 (Horário de Maputo).
Savana 21-02-2020 25 PUBLICIDADE
ExxonMobil Moçambique, Limitada (EMML) LQYLWHV
LQWHUHVWHG$LUFUDIW6HUYLFHSURYLGHUVWKDWDUHGXO\TXDOLÀHGWRVXEPLWWKHLUH[SUHVVLRQRILQWHUHVW(“Expression
of Interest”)WRSURYLGHDGKRFFKDUWHU$LUFUDIW6HUYLFHV
when required.
SCOPE OF WORK
7KHVFRSHRIZRUNLQFOXGHVWKHSURYLVLRQRIÀ[HGZLQJ
DLUIUDPHV ZLWKFUHZ SULPDULO\IRUSDVVHQJHUDQGOLJKW
IUHLJKW PRYHPHQW LQ0R]DPELTXH DQG SRWHQWLDOO\ WR
UHJLRQDODLUSRUWV 7KLVPD\LQFOXGHRSHUDWLQJWRRUIURP
DLUSRUWVVXFKDV0DSXWR 3HPED $IXQJL 1DFDODDQG-RKDQQHVEXUJ 7KHVHUYLFHSURYLGHULVH[SHFWHGWRDOUHDG\
KDYHRSHUDWLRQVHVWDEOLVKHGLQ0R]DPELTXH LQFOXGLQJ
DFXUUHQW0R]DPELTXH$2& $LU2SHUDWRU&HUWLÀFDWH
REQUIRED DOCUMENTS
&RPSDQLHVLQWHUHVWHGLQ WKLVLQYLWDWLRQ VKDOOFRPSOHWH
&RPSDQ\LQIRUPDWLRQ DQG VXEPLW WKH UHTXLUHG GRFXPHQWVOLVWHGEHORZLQ(00/6XSSOLHU5HJLVWUDWLRQ3RUWDO KWWSV P] URYXPDOQJVUS FRP DQG HPDLO FRQÀUPLQJ UHJLVWUDWLRQ WR HPPOSURFXUHPHQW#H[[RQPRELO
FRP
1RWH 7KHUHJLVWUDWLRQPXVWUHIHUWRWKHIROORZLQJFRPPRGLW\FRGH
%% $% ²$LUFUDIW :LWKLQWKHSRUWDO XQGHUC3URGXFWV
6HUYLFHVWDE VHOHFW0HDQVRI7UDQVSRUW %% !$LUFUDIWDQG+HOLFRSWHUV %% $% !$LUFUDIW %% $%
&RYHUOHWWHULQFOXGLQJVWDWHPHQWRILQWHUHVWLQSHUIRUPLQJWKHZRUN FRPSDQ\GHWDLOVDQGFRQWDFWLQIRUPDWLRQ
&XUUHQW FRPSDQ\ UHJLVWUDWLRQ DQG GHWDLOV RI FXUUHQW$2&FHUWLÀFDWHV 'HWDLOVRIFXUUHQW0R]DPELFDQFRPSDQ\ UHJLVWUDWLRQ DQG0R]DPELFDQ$2&
LQFOXGLQJ DQ\ H[LVWLQJ RU SURSRVHG SDUWQHUVKLSV
with other entities.
'HWDLOV RI DYDLODEOH DLUIUDPHV IDFLOLWLHV DQG FUHZ
6SHFLI\FOHDUO\LI WKHVH DUHFXUUHQWO\LQ0R]DPELTXH DQGLIQRW WKHSURSRVHGVRXUFHDQGPRELOL]DWLRQWLPHWRKDYHLQ0R]DPELTXH
'HWDLOVRIFXUUHQWDQGUHFHQWH[SHULHQFHSURYLGLQJ
VLPLODU $LUFUDIW VHUYLFHV VXSSRUWLQJ RIIVKRUH DQG
RQVKRUH 2LO *DV RSHUDWLRQV ERWK ZRUOGZLGH
DQGLQ0R]DPELTXH
&9VRINH\PDQDJHPHQWDQGWHFKQLFDOSHUVRQQHO
2YHUYLHZRIFRPSDQ\6DIHW\ 6HFXULW\ +HDOWKDQG
(QYLURQPHQWDO SODQ 'HWDLOV RI DQ\ DYLDWLRQ LQFLGHQWVRUDFFLGHQWVLQWKHKLVWRU\RI\RXUFRPSDQ\
6WDWHPHQW RQ ORFDO FRQWHQW DQG XVH RI ORFDO VXSpliers.
EXXONMOBIL MOÇAMBIQUE, LIMITADA
PUBLIC ANNOUNCEMENT FOR EXPRESSIONS OF INTEREST
PROVISION OF AIRCRAFT SUPPORT SERVICES IN CONNECTION WITH THE
ROVUMA LNG PROJECT OF AREA 4 IN THE REPUBLIC OF MOZAMBIQUE
(YLGHQFHWKDWWKHFRPSDQ\KDV)RUHLJQ&RUUXSW
3UDFWLFHV $FW DQG 8. %ULEHU\ $FW FRPSOLDQFH
V\VWHPV
7KHSXUSRVHRIWKHLQIRUPDWLRQDQGGRFXPHQWVLVWR
LGHQWLI\TXDOLÀHGVHUYLFHSURYLGHUVWKDWKDYHSURYHQ
FDSDELOLW\ DQG UHOHYDQWH[SHULHQFH (00/ZLOOHYDOXDWH WKH UHTXHVWHG GRFXPHQWDWLRQ DQG LI VDWLVÀHG
ZLOO LQFOXGH WKH LQWHUHVWHG FRPSDQLHV LQ WKH OLVW IRU
LQYLWDWLRQWRWHQGHUIRUWKHVHUYLFHV
$OOGDWDDQGLQIRUPDWLRQSURYLGHGZLWKLQWKHDSSOLcation shall not be considered as a commitment on the
SDUWRI(00/WRHQWHULQWRDQ\DJUHHPHQWRUDUUDQJHPHQWZLWK\RX QRUVKDOOLWHQWLWOH\RXUFRPSDQ\WR
FODLPDQ\LQGHPQLW\IURP(00/
7KH LQWHUHVWHG FRPSDQ\ VKRXOG 127 VXEPLW RU
RWKHUZLVHGLVFORVHWR(00/DQ\FRQÀGHQWLDORUSURSULHWDU\LQIRUPDWLRQ RUPDWHULDO (00/ZLOO QRW EH
UHVSRQVLEOH IRU WKHFRQÀGHQWLDOLW\RIDQ\VXFKLQIRUPDWLRQRUPDWHULDOVXEPLWWHGZLWKWKLV([SUHVVLRQRI
Interest.
7KH LQWHUHVWHG FRPSDQ\ XQGHUVWDQGV WKDW (00/
GRHVQRWDFFHSWDQ\REOLJDWLRQRIFRQÀGHQFHZLWKUHVSHFW WRLWHPV DFTXLUHG RU DQ\LQIRUPDWLRQ GLVFORVHG
E\WKHLQWHUHVWHGFRPSDQ\LQUHVSRQVHWRWKLV([SUHVVLRQ RI ,QWHUHVW 7KHLQWHUHVWHG FRPSDQ\ DJUHHV WKDW
LWZLOOQRWSODFHDQ\UHVWULFWLYHQRWLFHVRQDQ\GRFXPHQW +RZHYHU LILQWHUHVWHGFRPSDQ\SODFHVDQRWLFH (00/LVKHUHE\DXWKRUL]HG WRQXOOLI\ REOLWHUDWH
UHPRYHRUGLVUHJDUGDQ\VXFKUHVWULFWLYHFODXVHVDQG
(00/VKDOOEHIUHHWRXVHRUGLVFORVHDQ\RUDOORIWKH
LQIRUPDWLRQFRQWDLQHG WKHUHRQ WRDIÀOLDWHVDQG WKLUG
parties without consulting with the interested comSDQ\
$Q\FRVWVLQFXUUHGE\WKHLQWHUHVWHGFRPSDQ\RUDQ\
RILWVVXEFRQWUDFWRUVUHSO\LQJWRWKLV([SUHVVLRQRI,QWHUHVWVKDOOEHVROHO\WKHLQWHUHVWHGFRPSDQ\UHVSRQVLELOLW\DQGVKDOOEHIXOO\ERUQE\WKH
interested contractor and shall have no recourse
WR (00/ 1RWH WKDW RQO\ FRPSDQLHV ZKLFK PHHW
(00/·VPLQLPXPUHTXLUHPHQWV ZLOOEHSUHTXDOLÀHG
DQGLQYLWHGWRWHQGHUIRUWKHVHUYLFHV
7KHGHDGOLQHIRUVXEPLVVLRQRI([SUHVVLRQRI,QWHUHVW
LVVHWIRURQRUEHIRUHMarch 06, 2020 by 5PM (Maputo Time).
26 Savana 14-02-2020 CULTURA
D
urante a 5.ª edição da Semana de Cinema Africano Moçambique, que decorrerá em Maputo, entre
27 de Fevereiro e 4 de Março, será
estreado o filme “Avódezanove e o
segredo soviético”, do realizador
moçambicano, João Ribeiro, que
promete, até esta parte, ser a grande novidade do evento organizado
pela Associação Amigos do Museu de Cinema em Moçambique.
“Avódezanove e o segredo soviético”, para além do título que sugere
uma longa-metragem de acção,
carrega consigo, diga-se, dupla
particularidade. É um filme moçambicano, baseado na literatura
angolana, visto que o mesmo é
inspirado nos escritos do renomado escritor angolano Ondjaki, que
escreveu e publicou o mesmo título, no género romance.
Partindo daquilo que é a obra de
Ondjaki, pode esperar-se um filme
que acontece numa das praias da
capital de Angola, Luanda, onde
os soldados soviéticos constroem
um mausoléu, para abrigar os restos mortais do primeiro presidente
de Angola, Agostinho Neto, que
morreu, em 1979.
A construção do referido mausoléu ameaça desalojar os moradores desta região, sendo, deste
modo, uma obra cinematográfica
que retrata as incertezas do quo-
“Avódezanove e o segredo soviético” marca a
ressurreição da Semana do Cinema Africano
Por Lucas Muaga
tidiano e as diferenças sociais e o
período que seguiu a Independência de Angola, caracterizado pela
adopção do comunismo, conforme
aconteceu, em Moçambique, onde
o filme será estreado.
O enredo conta uma equipa conhecida de actores, pois, para além
de três jovens actores em estreia
absoluta, podemos ver Ana Magaia, Mário Mabjaia, Anabela
Adrianopoulos, Adelino Branquinho, Cândida Bila e Filimone
Meigos.
Mas as noites do cinema não estão apenas reservados à tentativa
de, a partir de “Avódezanove e o
segredo soviético”, João Ribeiro
ampliar os horizontes de Ondjaki
(ou frustrá-lo). A 5.ª edição da
Semana de Cinema Africano Moçambique também rodará outros
filmes realizados por moçambicanos, como é o caso do “Resgate”,
de Mickey Fonseca e Pipas Forjaz,
uma longa-metragem que arrasou
2019, ano da sua estreia, onde arrecadou os prémios “Film Fest Zell”,
na Áustria e “melhor roteiro” e
“melhor direcção de arte”, em Lagos, na Nigéria, durante o Africa
Movie Academy Awards.
A Associação dos Amigos do Museu do Cinema em Moçambique
rodará, igualmente, três filmes,
considerados clássicos moçambicanos, “O vento sopra do Norte”
(1987), drama de José Cardoso,
“Tempo dos Leopardos” (1985),
drama de guerra realizado por
Zdravko Velimirovic, e “Deixem-
-me ao Menos Subir às Palmeiras”, rodado entre 1971 e 1972, de
Lopes Barbosa.
A exibição do filme “Deixem-me
ao Menos Subir às Palmeiras” contará com a presença do seu realizador, Lopes Barbosa. O mesmo tem
a particularidade de confundir-se
com a história do cinema moçambicano, aliás, antes de 1974, o mesmo era proibido na íntegra, pelo
sistema colonial, por denunciá-lo.
É também inspirado na literatura,
em textos como o conto “Dina”, de
Luís Bernardo Honwana e o poema “Monangamba”, de António
Jacinto.
A presente mostra cinema apresentará, no seu todo, sete filmes,
sendo que seis destes, serão exibidos pela primeira vez, em Moçambique. Cinco obras da mostra serão apreciados no Centro Cultural
Franco-moçambicano (CCFM),
nomeadamente,“Mak’ila” com a
presença da realizadora congolesa
Machérie Ekwa Bahango; “Rafiki”, da queniana Wanuri Kahiu;
“T-Junction”, do tanzaniano Amil
Shivji, com a presença especial do
realizador, “Vaya”, do nigeriano
Akin Omotoso e “Ilha dos cães”
do luso-angolano Jorge António.
Com a ideia principal de dar a conhecer as linguagens e a cinematografia do continente (haverá, por
isso, sessões de conversa sobre a
sétima arte). A semana do cinema
é um evento anual e teve a sua primeira edição, em 2013. Este ano, o
evento ressurge, depois de ter tido
uma pequena paragem, desde a sua
última edição, em 2016.
N
ão é para se dizer que “era
uma vez”, mas chegou ao
fim, a suposta hegemonia do estilo tropical, no
recém-criado Maputo International Music Festival, que decidiu
abraçar novas dinâmicas, permitindo a fusão de outros ritmos,
como forma de celebrar a música
no seu todo.
A acontecer no último sábado
do mês dos heróis moçambicanos, 29 de Fevereiro corrente, no
Campus da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), o Maputo
International Music Festival juntará artistas que dominam a arena
musical nacional e internacional,
abrindo o palco para o Pink Floyd
Legend (grupo de tributo à banda
inglesa Pink Floyd), a banda inglesa Imagination, bem como os
já conhecidos Kappa Dech, António Marcos, Seth Suaze e Hot
Blaze.
Maputo International Music Festival abraça novas
dinâmicas e aposta na fusão de ritmos
Por Lucas Muaga
São artistas que, segundo a organização do evento, vem responder ao que foi desenhado para
o Festival, que procura exaltar a
diversidade, unindo-a, de modo
a criar uma harmonia sonora, que
faça com que o referido evento fique na história, ao menos esta é
a percepção deixada por Belmiro
Quive, da BDQ – Concertos, que
vê nisto “uma combinação perfeita, tendo em conta aquilo que
pretendíamos em termos de variedade de bandas e de músicas”.
Entretanto, há mais novidades
para Maputo International Music
Festival, visto que, para a presente edição, haverá dois palcos no
Campus Universitário da UEM,
para dar mais dinâmica ao evento,
isto é, enquanto um grupo actua,
o que segue estará a posicionar-
-se no sentido de não permitir
que haja longas paragens no espectáculo, que pretende fechar,
em grande, o primeiro Fevereiro
da nova década. “É um modelo
diferente que estamos a fazer, por
isso a nossa espectativa é grande no sentido de querer manter
a nossa tradição – que é fazer as
coisas com maior qualidade”, frisou Quive.
Segundo Zé Pires, do famoso
agrupamento Kapa Dech, a grande lamentação assenta-se ao facto
do Festival chegar, sem que esta
banda esteja pronta para apresentar ao público, os seus novos trabalhos discográficos, que já estão
no estúdio. Mas, diante disso, O
Kappa Dech está convicto que
irá trazer os sons que o tornaram
a grande banda que é. “Diria que
estaria num momento de apresentação do seu novo álbum, mas isso
ainda vai levar o seu tempo e vão
ter uma miscelânea de músicas
que é uma miscelânea de músicas
das suas várias fases”, refere Zé
Piris, que adianta que o seu agrupamento trará a mesma qualidade
de apresentação que já acostumou
ao seu público.
Sem muita diferença com a primeira edição do evento, as montagens do cenário (e demais aspectos) já arrancaram e já não sobra
quaisquer dúvidas sobre a vinda
das duas bandas internacionais,
que começam a aterrar no Aeroporto Internacional de Mavalane,
já na próxima semana, onde se
juntarão com os artistas e amantes
da música, em Moçambique.
Dos que vão aterrar em Maputo,
em poucos dias, são figuras de
cartaz na Inglaterra, sendo que os
Pink Floyd Legend, chegam a um
país com admiradores da mesma,
principalmente no seio artístico.
Dos que vão participar do Festival, pode dar-se o exemplo do
próprio Zé Pires, que afirma ter
crescido a escutar os seus trabalhos, quando ainda jovem, isto na
década de 80, aliás, foram um dos
grandes responsáveis pelo sucesso que persegue a banda Kappa
Dech, durante os mais de 20 anos
de carreira musical.
O Maputo International Music
Festival pretende ser uma grande
referência no país e, diferente dos
outros festivais, também pretende aproveitar todos os ambientes
possíveis, sendo já certo que, começa no período da tarde e vai
progredindo para a meia-noite,
onde bandas como o Imagination
já terão espalhado o seu perfume,
fazendo perceber a razão pela
qual, usando a música, terão feito sucesso, nos quatro cantos do
mundo.
De referir que, ainda na sua fase
prematura, a primeira edição do
Maputo International Music Festival aconteceu, em Junho do ano
passado, com a ideia inicial de
cruzar artistas jovens e executores
do ritmo tropical, sendo que quase 1 ano depois, o conceito inicial
ganhou novos acréscimos, ao querer resgatar o legado deixado por
grandes bandas, que marcaram a
trajectória mundial e moçambicana, em particular.
Savana 21-02-2020 27 OPINIÃO Pedro Madruga (Texto) Naita Ussene (Fotos) E
m 2005, na esteira do festejo dos 100 anos de vida, Teresa Santos a mãe de Marcelino dos Santos revelou que
o seu filho (Marcelino), era louco «porque havia nascido perto de um cemitério no Lumbo». Testemunhamos
por estes dias que, por vezes, até a fotografia mente. E talvez a
«loucura» do nosso herói fosse por amar um país, a três velocidades, representando três figuras. Sabemos todos que o poeta
que privou com Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Aquino de
Bragança, Nelson Mandela, Noémia de Sousa, José Craveirinha, João Mendes, Ricardo Rangel e outras figuras de proa dos
países africanos e do mundo usava o nome Lilinho Micaia para
rubricar muitos poemas, muitas versões em língua francesa.
A nossa galeria, por vezes, nos mente, talvez porque seja esta
uma linha criativa, uma instalação futurista que pretende mostrar a grandeza, os fragmentos da verdadeira dimensão de
Marcelino dos Santos.
(…) Por toda a parte/ é preciso plantar/ a certeza/ do amanhã
feliz/ nas carícias do teu coração/ onde os olhos de cada menino/ renovam a esperança// sim mamã/ é preciso/ é preciso
plantar// pelos caminhos da liberdade// a nova árvore/ da Independência Nacional”.
João Munguambe, Feliciano Gundana, fundadores da FRELIMO olham e vêm sobre o mar e nas estrelas, o sonho do
poeta.
Rui Baltazar e Naíta Ussene levaram à praça os versos da MÃE
NEGRA, «Coberta de cabelos negros/ Ela guarda sonhos maravilhosos».
Prakash Ratilal e o músico José Mucavele vestem a ocasião
solene de canções que só a luz pode testemunhar.
José Óscar Monteiro resgata os versos do poema: «É preciso
plantar nas estrelas e no mar». E ele enraizou-se no chão da
sua terra.
«No lento balancear/ Das palmeiras/ Torcendo-se em movimentos melancólicos/ eu canto-te o meu amor.» Teodato
Hunguana, Armando Panguene e Carlos Silya sabem que a
única loucura é amar uma nação, representando três figuras.
Marcelino, Lilinho &
Kalungano: um só Herói!
Alfredo Mueche
À HORA DO FECHO
www.savana.co.mz EF 'FWFSFJSP EF t "/0 997** t /o
1363 Diz-se... Diz-se
Foto Naíta Ussene
R
eunido na sua quinta sessão
ordinária, o Conselho de Ministro decidiu, nesta terça-
-feira, que os restos mortais do
antigo primeiro-ministro de Moçambique, Mário da Graça Machungo,
serão enterrados na próxima segunda-
-feira, 24.
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Reacções à morte de Machungo
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Falecido vítima de doença em Portugal
Mário Machungo será
enterrado nesta segunda-feira
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EVENTOS
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Montepuez Ruby
Mining (MRM), em
parceria com a Gapi –
Sociedade de Investimentos SI, SA, está a promover
junto das comunidades do Posto
Administrativo de Namanhumbir, província de Cabo Delgado,
diversas acções formativas relacionadas com a gestão financeira, investimentos e consumo
racional. O objectivo é viabilizar
o crescimento sustentável em todas as actividades desenvolvidas
pelas comunidades.
Até ao momento, 85 pessoas
residentes nas comunidades de
Nseue, Chiomoio e Mpuho beneficiaram do primeiro ciclo de
formação e espera-se a inclusão,
no segundo ciclo, das comunidades de Nanhupo, Namanhumbir,
Nanune, Mpupene e Nsembia.
Os beneficiários foram dotados
de conhecimentos básicos sobre
matérias relacionadas com gestão
monetária, poupança e investimento. Acredita-se que, com esta
acção, será melhorada a consciência e a capacidade de tomada de
decisão das pessoas no seio das
comunidades.
Ao longo da formação, foram
criados três grupos de Poupança
e Crédito Rotativos: na comunidade de Nsewe foi denominado
Nova Vida, Poupança Salvação
na comunidade de Chimoio e
Niussane na comunidade de
Mpuho, nas quais foi possível pôr
em prática e avaliar a efectividade
das lições apreendidas.
O Gestor da Gapi em Montepuez, António Ngonha, anotou
que a iniciativa está a surtir os
efeitos desejados. “Durante quatro meses, o grupo Nova Vida
poupou 62.600,00 meticais e esse
valor circulou entre os membros
do grupo em forma de empréstimo, permitindo acumular juros
na ordem de 15.910 meticais.
C
entenas de pessoas
apaixonadas marcaram presença no
espectáculo de Yola
Semedo, realizado no último
fim-de-semana, em Maputo,
que contou com alto patrocínio da Puma Energy Moçambique.
Sala cheia e quase todos vestidos a rigor, diga-se, traje
próprio de apaixonados, luz e
som no ponto. Todas as condições estavam criadas para
uma noite memorável. Eram
23 horas quando a cantora
angolana subiu ao palco, para
uma actuação de cerca de duas
horas e meia, acompanhada
pela sua banda, composta por
instrumentistas angolanos e
moçambicanos.
Com um rico repertório musical, Yola Semedo interpretou
as suas composições mais românticas, levando as almas presentes a um verdadeiro delírio.
“Marido Infiel”, “Mar Azul”, “Volta Amor”, “Pura Ilusão”, “Você me
Abana”, uma por uma, Yola Semedo, sem medo, foi descarregando o
seu repertório musical e a cada paragem para uma água, o público delirava e pedia “Mais uma, Yola, queremos ‘És tu’, ‘Ingrato’ e ‘Injusta’”.
De forma acústica, em voz sensual
e única, Yola Semedo viajou na
intimidade de “Injusta”, a música
mais requisitada da noite, e logo de
seguida ouviu-se a guitarra, a viola
baixo, as batidas da bateria, o ranger
do piano… não podia ser engano,
a combinação dos instrumentos já
denunciava que lágrimas se derramariam naquele momento.
Refira-se que o espectáculo teve
continuidade na cidade de Quelimane, concretamente no campo
do Sporting, onde, além de Yola,
actuaram Preto Show, Titica, Cef,
Dama do Bling, entre outros artistas moçambicanos.
Ruby Mining e Gapi promovem
educação financeira
Yola Semedo encanta e espalha amor
a centenas de moçambicanos
Savana 21-02-2020 EVENTOS
2
A
Associação Amigos do
Museu de Cinema em
Moçambique (AAMCM), com o patrocínio oficial da MultiChoice
Moçambique, realiza de 27
de Fevereiro a 04 de Março de
2020, a 5.ª edição da Semana
de Cinema Africano Moçambique. Trata-se do maior evento anual de exibição de filmes
africanos contemporâneos de
ficção, de longa-metragem, no
país.
Depois de quatro edições realizadas entre 2013 e 2016, o
evento ressurge em 2020, com a
5.ª edição e o mesmo propósito
de sempre - dar a conhecer as
linguagens e a cinematografia
do continente.
Estão agendados no programa
principal desta edição, sete filmes, seis dos quais em estreia
nacional, além da exibição de
três clássicos do cinema moçambicano, conversas com realizadores e masterclasses.
Na cerimónia de abertura, mar5ª edição da Semana
de Cinema Africano
Moçambique
cada para 27 de Fevereiro, numa
sessão de “tapete vermelho” no
Cinema Scala, em Maputo,
teremos oportunidade de ver
“AvóDezanove e o Segredo do
Soviético” do realizador moçambicano João Ribeiro, uma
adaptação da obra homónima
do escritor angolano Ondjaki,
que segue depois para as salas
comerciais. O filme cujo enredo decorre nos anos 80, retrata
uma história de amor e a relação
profunda que as pessoas estabelecem com o espaço em que vivem e conta com um elenco de
luxo, conhecido pelo nosso público. Para além de três jovens
actores em estreia absoluta, podemos ver Ana Magaia, Mário
Mabjaia, Anabela Adrianopoulos, Adelino Branquinho, Cândida Bila e Filimone Meigos.
Ora, se as portas serão abertas
com uma aguardada estreia, já
a encerrar estará uma produção
independente que já conquistou
o público, o filme “Resgate”, de
Mickey Fonseca.
O
Governo do Japão concedeu o montante de
545.454,00 USD para
apoiar a província de
Manica na reconstrução pós-
-ciclone Idai. A contribuição
do Japão será destinada a restauração, melhoria das vias de
acesso nas zonas rurais e garantir a capacidade de resiliência.
Em Março e Abril de 2019, dois
ciclones tropicais (Idai e Kenneth) atingiram consecutivamente
Moçambique e deixaram um
rastro de morte e destruição por
onde passaram. Estima-se que
aproximadamente 2.2 milhões
de pessoas foram afectadas, encontraram-se em situação difícil
e necessitaram de assistência
urgente.
Os danos causados na rede viária e no sistema de drenagem,
como pontes e outras estruturas
de passagem e canalização de
água foram significativos. Em
Manica, três pontes sofreram
danos consideráveis e cerca de
Japão apoio reconstrução
pós Idai
239 km de estradas 10 por cento
da rede viária foram seriamente
afectadas, segundo os dados da
Administração Nacional de Estradas (ANE)
Com o suporte do Governo do
Japão, a apoiar na reconstrução
das vias de acesso e melhoria
da capacidade de resiliência nas
áreas afectadas da província de
Manica, criando emprego para
a comunidade local, permitindo
geração de renda.
Esta intervenção servirá de
ponte entre acções humanitárias e de desenvolvimento,
envolvendo comunidades e
empreiteiros de pequena escala, que irão introduzir técnicas
inovadoras e de baixo custo na
pavimentação de estradas rurais
e construção pontes de pequeno
porte, de forma a desenvolver
capacidades locais que possam
restaurar e melhorar as estradas que são críticas para prestar
ajuda humanitária e reactivar a
economia local.
A
H E I N E K E N
M o ç a m b i q u e
inaugurou, esta
quinta-feira, quatro furos de água potável
que irão beneficiar cerca de
13 500 habitantes do distrito de Marracuene, zona
onde a empresa está implantada.
As quatro fontes de água
fazem parte de um lote de
12, dos quais dois estão
operacionais, quatro serão
inaugurados no dia 20 e os
restantes (6) estarão disponíveis nas próximas semanas.
Heineken leva água potável a
13 500 habitantes de Marracuene
A cerimónia de inauguração
contará com a presença do administrador do distrito de Marracuene, Shafee Sidat, líderes
tradicionais, direcção da Heineken Moçambique e população em geral.
Espera-se que os quatro furos
de água facilitem a vida das comunidades, em particular das
mulheres, a quem muitas vezes
cabe a função de buscar água.
Este acto faz parte do princípio de sustentabilidade da
Heineken Moçambique, que
consiste em crescer com as comunidades locais onde a fábrica
está inserida e é neste contexto
que a empresa foi parceira pelo
terceiro ano consecutivo
das recentes festividades
do Gwaza Muthini, uma
festa que enaltece a autoestima da nossa população e coloca Marracuene num lugar importante
na história de Moçambique.
A responsabilidade social
da Heineken Moçambique estende-se a outras
áreas como o apoio às
iniciativas desportivas,
prevenção da sinistralidade rodoviária e abuso
do álcool, bem como a
consciencialização sobre
as questões ambientais.
O
Standard Bank proporcionou, no dia 14 de Fevereiro, uma sessão de
cinema a mais de 30 casais, constituídos por clientes e
colaboradores, numa das salas da
cidade Maputo, por ocasião da celebração do Dia dos Namorados.
A iniciativa, que visa aproximar
cada vez mais o banco dos seus
clientes, incluiu, também, uma sessão de fotografia aos casais.
Com este gesto, de acordo com a
representante do banco, Xissangue
Massamba, o Standard Bank pretende demonstrar que “não olha
somente para as necessidades financeiras dos seus clientes, mas
sim para todos os aspectos da sua
vida, incluindo o lado afectivo”.
“Decidimos proporcionar este moSB oferece sessão de cinema
no dia dos Namorados
mento aos nossos clientes, porque
olhamos para eles como parceiros.
Estamos muito satisfeitos porque
permitiram que o Standard Bank
pudesse fazer parte da sua vida
numa data especial como hoje
(Dia dos Namorados) para partilhar o amor, a reconciliação, a cumplicidade, a harmonia. Eles podem
contar connosco para tudo”, explicou a representante do banco.
Os clientes, por seu turno, elogiaram a iniciativa que, na sua opinião, estimula-os a estar cada vez
mais próximos do banco, tornando
a sua relação cada vez mais interessante e de ganhos mútuos.
É o caso de Prencidónio Matavele,
cliente há cerca de três anos. Recebeu uma chamada do banco a
convidá-lo a si e a sua parceira para
assistirem um filme. Considerou a
iniciativa louvável e digna de ser
replicada noutras ocasiões.
“É um estímulo aos clientes e esperamos que o Standard Bank
continue a promover estas acções,
por mais vezes”, disse Prencidónio
Matavele, que apelou aos outros
clientes a aderirem a estas iniciativas sempre que receberem um
convite do banco.
Quem também foi convidada à
sessão foi Cecília Armando, que
realçou a importância deste gesto
na relação entre o banco e os seus
clientes: “Nós vamos ao balcão só
para tratar das nossas contas, mas
o Standard Bank mostrou-nos que
também se preocupa com a parte
social dos seus clientes. Superaram
as minhas expectativas. Foi uma
escolha perfeita”, disse.
Em virtude da restrição no abastecimento de água às cidades de
Maputo e Matola, a Sociedade de
Águas de Moçambique (SAM)
iniciou uma Promoção de Solidariedade que coloca o garrafão de
5 L de água mineral Fonte Fresca
à venda ao público ao preço de 30
Meticais por unidade.
Esta acção promocional que também assume carácter de responsabilidade social terminará quando o
abastecimento normal de água for
restabelecido.
Garrafão de 5L de Fonte Fresca
em promoção solidária
Savana 21-02-2020 EVENTOS 3
A
Telecomunicações e
Electrónica (tvSD) celebra, este ano, os seus
20 anos de existência em
Moçambique cujas festividades
culminarão num evento comemorativo designado “tvSD 20
Anos” a ter lugar em Maputo.
Além da celebração, o evento,
que contará com a representação
do Ministério dos Transportes e
Comunicações, pretende evidenciar e reforçar a identidade tvSD,
como uma Empresa Moçambicana de Capitais próprios, com sede
em Maputo.
A empresa foi fundada no ano
2000, com a designação (tvSD
-Televisão Satélite Digital), tendo, em 2004, alterado a sua designação para (tvSD-Telecomunicações e Electrónica), com o
TvSD celebra 20 anos
de existência no
mercado moçambicano
objectivo de reforçar a sua imagem e prática especializada na
área das telecomunicações, associada a diversas marcas, entre as
quais a DStv.
A mesma está orientada para a
distribuição de TV Pré-Paga,
Fornecimento e Instalação de
Equipamento e Cobrança de
Subscrições através do Franchise
que deteve até 2014, com a MultiChoice (DStv).
Recordar que, a tvSD é distribuidora oficial das marcas Motorola Solutions, Itelbras, Inosat
e Barrett, em Moçambique, bem
como é igualmente responsável
pelos sistemas meteorológicos
que permitem aos aviões levantarem voo no território nacional,
pela emissão dos cartões NUIT
e pela distribuição das Rádios de
Comunicações utilizados pelos
seguranças.
O
Instituto Agrário de
Chókwè, na província de
Gaza, graduou, semana passada, um total de
179 técnicos do sector agrário e
pecuário. Trata-se de uma acção
que concorre para o desenvolvimento da actividade agrícola,
com vista a alcançar a “fome zero”
em Moçambique.
Do total dos graduados, 95 são
homens e 80 mulheres, sendo
46 do nível básico e 129 técnicos
médios, distribuídos por dois cursos nomeadamente: agricultura
com 59 e curso de extensão e fomento agrário com 70.
Atanásio Cossa, Director Provincial da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Técnico Profissional, que presidiu a cerimónia,
em representação do Secretário
Graduados 179 técnicos
pelo Instituto Agrário de
Chókwè
do Estado na Província de Gaza,
instou os graduados a fazer jus ao
juramento e aplicarem os conhecimentos adquiridos durante a
formação para combater à fome
nas famílias e na sociedade em
geral.
“Usem os conhecimentos adquiridos para produzirem e alimentar as vossas famílias, pois o país
tem vasta extensão de terra”, disse
Atanásio Cossa na sua intervenção.
Por sua vez, o Administrador de
Chókwè, Ecéu Muianga, disse
que Chókwè tem todas potencialidades para a agricultura e pecuária e do trabalho que vem fazendo com o instituto, espera que
os Graduados possam representar
melhor a instituição, o distrito,
a província e a nação, bastando
aplicar o saber fazer, ser e estar.
Mestrado.
Direito Empresarial & Corporate
Governance
Mestrado.
Ciências Jurídicas
Mestrado.
Direito Fiscal
Mestrado.
Pedagogia do Ensino Superior e
Qualidade de Ensino
Mestrado.
Engenharia Informática
Mestrado.
Saúde Pública
MBA/Mestrado.
Gestão de Projectos
MBA/Mestrado.
Gestão de Empresas
MBA/Mestrado.
Gestão de Negócios de
Petróleo e Gás
MBA/Mestrado.
Gestão de Sistemas Integrados
em Qualidade, Ambiente e
Segurança
Rua 1194 nº322 | Tel:. (+258) 84 093 1000 | info@isctem.ac.mz | isctem.ac.mz
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2020
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mediaFAX e
Savana 21-02-2020 EVENTOS
4
1. INTRODUÇÃO
O Observatório do Meio Rural (OMR) tem realizado a recolha de preços dos principais produtos alimentares
nos principais mercados das cidades de Maputo, da Beira e de Nampula, com o objectivo de analisar e acompanhar as flutuações dos preços nestas cidades.
A recolha foi realizada, semanalmente, entre Janeiro e Dezembro de 2019, tendo sido publicada em boletins
mensais na página WEB do OMR (https://omrmz.org/omrweb/publicacoes_categ/boletim/).
Foi seleccionado um conjunto de produtos que fazem parte da cesta básica nacional definida pelo MISAU.
Destes, a análise limitou-se aos seguintes produtos: (1) farinha de milho; (2) arroz; (3) massa esparguete; (4)
amendoim; (5) coco; (6) feijão nhemba; (7) tomate; (8) cebola; (9) batata-ren;, (10) repolho; (11) sal; (12) açúcar;
(13) óleo alimentar; (14) peixe carapau; e, (15) carvão.
O presente trabalho tem por objectivo analisar as flutuações dos preços entre as cidades de Maputo, da Beira e
de Nampula durante o ano de 2019.
2. VARIAÇÕES MÉDIAS DAS VARIAÇÕES MÉDIAS MENSAIS POR PRODUTO NAS TRÊS CIDADES EM 2018 E 2019
EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DOS BENS ESSENCIAIS DE
CONSUMO EM 2019
Resumo do Observador Rural Nº 85
https://omrmz.org/omrweb/evolucao-dos-precos-dos-bens-essenciais-de-consumo-em-2019/
3. RESUMO
$PpGLD DQXDOGDVYDULDo}HVGRVSUHoRVQDV WUrVFLGDGHVQmR IRLVLJQLÀFDWLYD (VWHFRPSRUWDPHQWR
SRGHUHYHODUHVWDELOLGDGHGDRIHUWDHGDSURFXUD HPDQXWHQomRRXOLJHLUDUHGXomRGRSRGHUGHFRPSUD
Se for este caso, pode-se deduzir sobre a substituição de bens na dieta alimentar por outros de menor
FXVWRH SURYDYHOPHQWH GHPHQRUYDORUQXWULWLYR
(P YHULÀFRX VHXPDUHGXomRJHUDOGRVSUHoRVGRV EHQVDQDOLVDGRVHPFHUFDGH H HP
XPDXPHQWRGH (P DSHQDVRVDOHRSHL[HFDUDSDXDSUHVHQWDUDPVXELGDVGHSUHoRV
(P RVSURGXWRVFXMRVSUHoRVUHGX]LUDPIRUDPDSHQDVVHLV FRFR WRPDWH FHEROD EDWDWD Do~FDU
HyOHR
3RUpP FRQVWDWDUDP VHYDULDo}HVPHQVDLVVLJQLÀFDWLYDV GHVWDFDQGR VH RVPHVHVGH1RYHPEURH'Hzembro na maioria dos produtos, mercados e cidades; na cidade da Beira, em todos os cinco mercados,
HHP0DSXWR SDUDDOJXQVSURGXWRV RVSUHoRVQRVPHVHVGH0DUoRH$EULOVXELUDPVLJQLÀFDWLYDPHQWH
GHYLGRDRFLFORQH,'$, TXHFRUWRXDVYLDVHQWUHDV]RQDVSURGXWRUDVHDVGXDVFLGDGHV
$VYDULDo}HVSRUSURGXWRHQWUHDVFLGDGHVVmRVLJQLÀFDWLYDVHSRGHVHUGHYLGRDRVVHJXLQWHVDVSHFWRV
épocas de colheita nas zonas produtoras; distâncias entre as zonas produtoras e consumidoras, e custos
GHWUDQVSRUWH ORFDOL]DomRGRVED]DUHV SULQFLSDOPHQWHQRVED]DUHVFHQWUDLVGDVFLGDGHV HRVTXHWrP
também funções de grossistas), e importação de produtos (época de colheita, distâncias e variações
FDPELDLV
(P UHVXPR FRQVLGHUD VH TXH D GHVFLGD GH SUHoRV GRV EHQV GH SULPHLUD QHFHVVLGDGH DSUHVHQWDGRV
FRQVWLWXLXPDVSHFWRSRVLWLYRQDySWLFDGRFRQVXPLGRU GHVGHTXHHVVDGHVFLGDQmRLPSOLTXHDVXEVtituição de bens por outros de menor valor nutritivo ou redução da procura com efeitos sobre a má
QXWULomR 1DySWLFDGRSURGXWRU DUHGXomRGRVSUHoRVSRGHVLJQLÀFDUUHGXomRGDSURGXomRHPHQRUHV
UHQGLPHQWRVHUHQWDELOLGDGH (VWHVDVSHFWRVPHUHFHPHVWXGRVHVSHFtÀFRV SRLVSRGHPLPSOLFDUHIHLWR
QHJDWLYRV FRQWUiULRVDXPSULPHLURHIHLWRSRVLWLYRQRFXVWRGHYLGD
Resumo das variações médias do preço por produto nas três cidades,
em 2018 e 2019, em percentagem
Produtos
Variação
média em
2019
Variação
média em
2018
Farinha de milho 1 -0,5
Arroz importado 0,1 -0,2
Massa esparguete 0,2 -0,2
Amendoim 4 -1
Coco -3 -6
Feijão nhemba 2 -5
Tomate -1 -4
Cebola -1 -8
Batata-reno -1 -3
Repolho 1 -2
Sal 0,2 2
Açúcar castanho -1 -0,1
Óleo alimentar -1 0,1
Peixe carapau 1 1
Carvão 0,4 -2
Média da variação de preço dos 15
produtos 0,1 -2
A reportagem foi publicada pelo SAVANA:
Jornalista portuguesa premiada em Espanha por trabalho feito em Moçambique
A
portuguesa Sofia da Palma
Rodrigues foi galardoada, sexta-feira da semana
passada, em Madrid, com
o Prémio Internacional de Jornalismo Rei de Espanha, na categoria
de “Jornalismo Ambiental e Desenvolvimento Sustentável”, pelo
trabalho “Terra de todos, terra de
alguns”, uma reportagem reproduzida, ano passado, pelo 6$9$1$.
O jurado destacou “o bom exercício
jornalístico do trabalho que coloca
em relevo o valor dos testemunhos
directos dos envolvidos” no documentário feito no chamado “Corredor de Nacala”, em Moçambique,
“emitido por RTP África/Divergente.pt”, em 29 de Dezembro de
2018.
“Terra de todos, terra de alguns” é
um trabalho de Sofia da Palma Rodrigues e de Diogo Cardoso, que
contou com Boaventura Monjane
para pesquisa, entrevistas e revisão.
Para o júri, o programa “reflecte
com realismo as consequências da
agricultura intensiva, dando voz a
quem não costuma tê-la: os camponeses expropriados, com destaque para o papel das mulheres, num
reflexo fiel do seu activismo e luta
pelos seus direitos”.
Sofia da Palma Rodrigues trabalhou como jornalista em diversas
publicações e, actualmente, faz
parte da direcção dos Bagabaga
Studios, uma cooperativa dedicada
à produção de media digitais, e é
editora da Divergente, uma revista
independente de jornalismo multimédia.
O Rei de Espanha, Felipe VI, vai
entregar, numa cerimónia em Madrid, a realizar em 23 de Março
próximo, os Prémios Internacionais
de Jornalismo Rei de Espanha.
Palma Rodrigues está entre os vencedores das dez categorias em que
se divide o galardão, que este ano
também inclui jornalistas da Colômbia, Brasil, e Espanha.
Os prémios têm como objectivo
reconhecer o trabalho informativo dos profissionais jornalistas em
língua espanhola e portuguesa dos
países que constituem a comunidade ibero-americana de países e os
nacionais dos Estados com quem a
Espanha mantém vínculos de natureza histórica e cultural.
Estes galardões são atribuídos
anualmente desde 1983, tendo sido
criados pela agência de notícias
espanhola EFE e a Agência Espanhola de Cooperação Internacional
para o Desenvolvimento.
Agenda Cultural
Cine-Gilberto Mendes
Sextas, Sábados, Domingos e Feriados 18h30
Apresenta: “O PROFETA”
Maputo Waterfront
Todas Sextas, 19h
Jantar Dancante com Alexandre Mazuze
Todos Sábados, 19h
Música com Zé Barata ou Fernando Luís
Todos Domingos, das 13/18h
Animacao com DJ
Chefs Restaurante
Todas Sextas, 19h
Música ao vivo
e
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