segunda-feira, 18 de julho de 2016

Os cinco suspeitos do golpe

Os cinco suspeitos do golpe

Foram acusados de terrorismo e traição à pátria – o Governo de Ancara identificou os homens que diz terem sido os cabecilhas do golpe falhado.
Erdogan com o coronel Alí Yazici, o seu ajudante de campo AFP

General Akin Özturk

O general de quatro estrelas chefiou a Força Aérea turca entre 2013 e 2015. Foi detido no sábado pelas forças anti-terrorismo e interrogado por suspeita de terrorismo e traição à pátria – fotografado depois de preso, apresentava marcas de violência no rosto e nos braços. Tem 64 anos e integrava o Alto Conselho Militar. Nos anos de 1990 foi o adido militar turco na embaixada em Israel, no período em que os dois países mantiveram boas relações. O jornal turco Daily Sabath, próximo do Governo, acusa-o de ter ligações a Fethullah Gülen. Outros oito chefes das Força Aérea foram presos por tentativa de tomada do aeroporto de Sabiha Gocen, o segundo aeródromo de Istambul.
O general Akin Özturk com hematomas na cabeça, rosto e braços KurdisgQuestion.com

General Erdal Özturk

O chefe do terceiro corpo do Exército foi, segundo a imprensa turca, o cérebro do golpe. Foi detido no sábado em Ancara, cujas ruas percorreu com os braços algemados atrás das costas. O terceiro exército está estacionado nas fronteiras com a Arménia e a Geórgia, tendo também uma brigada estacionada na fronteira com o Irão. Quando Özturk foi detido, o líder do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, de Erdogan) escreveu no Twitter: "Vamos avançar com uma moção para executar os envolvidos no golpe".
O general Erdal Özturk, comandante do 3.º corpo do Exército AFP

General Adem Huduti

Comandante do segundo corpo do Exército, é considerado o mais importante militar envolvido no golpe pois os seus homens têm a cargo a defesa das fronteiras vitais com o Irão, Iraque e Síria. Foi detido na província de Malatya, precisamente onde o segundo exército está sediado. O comandante da guarnição de Malatya, Avni Angun, também foi preso, segundo o jornal Hurriyet.

Coronel Alí Yazici

Era o ajudante de campo (o adjunto militar) de Recep Erdogan e foi preso no domingo. Tinha sido nomeado a 12 de Agosto de 2015. Foi escolhido pelo próprio Erdogan a partir de uma lista com três nomes elaborada pelas chefias das Forças Armadas. Encontrava-se em Ancara, a capital, no momento do golpe quando, pela sua função (explica a imprensa turca pró-governamental) deveria estar sempre junto do chefe, ou seja o Presidente, que se encontrava de férias em Marmara, no Mar Egeu, quando o golpe ocorreu.

General Bekir Ercan

Chefe da 10.ª unidade de carros de combate, com base em Adena e Incirlik, a cidade onde se situa a base militar que é usada pela coligação internacional que combate o Estado Islâmico na Síria e Iraque. Outros onze oficiais de Incirlik foram detidos e a base chegou a ser fechada, mas reabriu no domingo de manhã. Os militares do lado do golpe tentaram reabastecer os F16 que usaram para sobrevoar Ancara nesta base.
O chefe da 10.ª unidade de carros de combate, general Ecran DR

Erdogan despede 9000 funcionários do Interior, a maior parte polícias

Sucedem-se as prisões de pessoas acusadas de estarem relacionadas com o golpe.
Prisão de mais um suspeito em Ancara, a capital turca AFP
Depois dos militares e dos juízes, os polícias. O Governo turco anunciou que quase nove mil funcionários do ministério do Interior, a maior parte deles polícias, foram despedidos por suspeita de envolvimento no golpe de Estado falhado de sexta-feira. Perto de seis mil militares e juízes já tinham sido detidos.
Segundo a agência turca governamental Anadolu, 4500 desses funcionários são polícias, 614 são gendarnes (ramo militar da polícia) e 29 são governadores de municípios.
Mais 103 generais e almirantes foram colocados em prisão domiciliária, aguardando o desenrolar do inquérito ao golpe.
O Presidente do país, Recep Erdogan, avisara que todos os órgãos do Estado seriam limpos do "vírus" que causou a revolta.
Falando em Bruxelas, à entrada da cimeira da União Europeia na qual participa como observador, o secretário de Estado americano, John Kerry, voltou a frisar a importância de a Turquia gerir de forma democrática esta crise. "Vamos certamente apoiar que os organizadores do golpe sejam levados à justiça, mas também advertimos para a necessidade de haver cautela de não se ultrapassar esse limite", disse Kerry esta segunda-feira.
Kerry disse também que o Governo turco deve apresentar provas sobre o envolvimento de Fethullah Gülen, o opositor de Erdogan que vive nos Estados Unidos e que o Presidente turco culpou pela revolta, exigindo que seja extraditado.
Já esta segunda-feira, o primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, chamou "mártires" aos 208 mortos  60 polícias, três soldados e 145 civis. Outras 1491 pessoas ficaram feridas. Morreram 24 envolvidos no golpe, disse Yildirim, um número inferior ao que tinha sido divulgado anteriormente.
O grupo de militares suspeito de envolvimento no golpe que fugiu para a Grécia, de helicóptero, vai ser levado a julgamento já esta semana. Segundo o advogado que os representa, irão pedir asilo político Ancara exigira a sua extradição.
O adido militar turco no Kuwait foi, entretanto, detido na Arábia Saudita, onde se preparava para apanhar um avião com destino à Europa.
Em Istambul, o vice-presidente da junta de Sisli, foi alvejado na cabeça e encontra-se em estado crítico, noticiou a NTV. Segundo o canal turco, o atacante entrou no escritório de Cemil Candas e baleou-o. Não se sabe ainda se o incidente tem alguma relação com a tentativa de golpe militar. A junta de Sisli é dirigida pelo Partido Popular Republicano, o principal partido da oposição na Turquia, que condenou o golpe.

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