Ontem, o povo brasileiro, através dos seus representantes na câmara dos deputados, decidiu avançar com o afastamento da presidente Dilma do cargo, por crimes de responsabilidade, naquilo que é popularmente conhecido como impeachment.
Cá no meu país onde todos somos especialistas em todos os assuntos, eram muitos os que previam a derrota do imperialismo americano, como se os brasileiros não pensassem por si só!
No fim da votação ganhou a soberania dos brasileiros e as ruas do país encheram-se de pessoas alegres com o andar do processo.
Viva o poder do povo lá e cá!
Cá no meu país onde todos somos especialistas em todos os assuntos, eram muitos os que previam a derrota do imperialismo americano, como se os brasileiros não pensassem por si só!
No fim da votação ganhou a soberania dos brasileiros e as ruas do país encheram-se de pessoas alegres com o andar do processo.
Viva o poder do povo lá e cá!
PRIMEIRAS NOTAS SOBRE A AUTORIZAÇÃO DA DESTITUIÇÃO DE DILMA ROUSSEFF COMO PRESIDENTE DO BRASIL, PELA CÂMARA DOS DEPUTADOS BRASILEIROS…
As democracias representativas (aquelas em que o povo delega o seu poder a um conjunto de cidadãos para governar em seu nome) parecem estar em crise, a nível global. No caso do Brasil, o voto popular não tem estado a ser tomado em consideração, no processo de impeachment da presidente Dilma. Por essa via, o governo que substituirá o dela, caso o Senado brasileiro assim o decida nos próximos tempos, não surgirá de um exercício democrático convencional e instituído de legitimidade popular, na mais refinada essência democrática. Por essa via, a democracia representativa chancelada este domingo pela Câmara dos Deputados apenas está a mostrar que não serve mais (se é que alguma vez serviu) para fazer ecoar a vontade expressa do povo brasileiro, de forma directa. Ela encontra-se sequestrada por um grupo específico de cidadãos que o voto popular colocou naquele lugar e que, como em Moçambique, manda e desmanda a seu bel-prazer e em função de interesses elitistas oligárquicos ou partidários.
O processo de impeachment da presidente Dilma sempre esteve ferido de jogadas maquiavélicas por parte de tecnocratas desavergonhadamente politizados da polícia federal e dos órgãos de administração da justiça locais. Pessoas que, socorridos da instrumentalização conveniente do direito e da aplicação prepotente dos meios de poder ao seu dispor, orquestraram e operacionalizaram pareceres jurídicos corrompidos e tendenciosos que desembocaram na votação de ontem.
A trivialização da vontade popular, expressa pelo voto nas eleições presidenciais, é uma das principais ofensas à democracia brasileira. É, sem dúvidas, um precedente muito feio para a hegemonia da democracia liberal no mundo. Se a democracia tem como um dos seus sacrossantos valores a existência de eleições livres, justas, transparentes, abertas e competitivas, o que está a acontecer no Brasil é um atentado à liberdade e ao respeito da escolha popular nas urnas. Não está a ser dada ao povo brasileiro a oportunidade de sancionar por si mesmo o que acha da governação de Dilma (se boa ou má), no período e nos procedimentos assim convencionados pelas regras democráticas (próximas eleições).
Está a acontecer um golpe, feito por autocratas em serviço de agendas lesivas aos interesses dos milhões de brasileiros que puderam provar, legítima e merecidamente, dos privilégios da redistribuição justa e equitativa da riqueza brasileira nos últimos anos. Esses autocratas oligárquicos têm tentado a todo o custo, nos últimos tempos, propagandear a sua “versão” do assunto através dos meios de comunicação social de massas sob seu controlo. É precisamente aqui onde a democracia brasileira pode ainda ter uma oportunidade – o povo terá de refutar energicamente toda a narrativa que o regime golpista disseminará, a partir de hoje, como verdade. Terá de lutar pela independência do seu pensamento, pela salvaguarda dos seus interesses e pela reposição da sua vontade eleitoral. Isso terá de ser feito permanentemente, de forma engajada e activa. As ruas brasileiras serão o palco de batalha, de hoje em diante, através do protesto público. O golpe que parece estar a triunfar a partir de ontem vai ser combatido pelo exército de cidadãos comuns (os das periferias), agora contra um adversário especificamente identificado: a classe média-alta e os seus representantes no sistema político brasileiro.
Aguardemos pelo seguimento disto tudo, agora ao nível do Senado.
As democracias representativas (aquelas em que o povo delega o seu poder a um conjunto de cidadãos para governar em seu nome) parecem estar em crise, a nível global. No caso do Brasil, o voto popular não tem estado a ser tomado em consideração, no processo de impeachment da presidente Dilma. Por essa via, o governo que substituirá o dela, caso o Senado brasileiro assim o decida nos próximos tempos, não surgirá de um exercício democrático convencional e instituído de legitimidade popular, na mais refinada essência democrática. Por essa via, a democracia representativa chancelada este domingo pela Câmara dos Deputados apenas está a mostrar que não serve mais (se é que alguma vez serviu) para fazer ecoar a vontade expressa do povo brasileiro, de forma directa. Ela encontra-se sequestrada por um grupo específico de cidadãos que o voto popular colocou naquele lugar e que, como em Moçambique, manda e desmanda a seu bel-prazer e em função de interesses elitistas oligárquicos ou partidários.
O processo de impeachment da presidente Dilma sempre esteve ferido de jogadas maquiavélicas por parte de tecnocratas desavergonhadamente politizados da polícia federal e dos órgãos de administração da justiça locais. Pessoas que, socorridos da instrumentalização conveniente do direito e da aplicação prepotente dos meios de poder ao seu dispor, orquestraram e operacionalizaram pareceres jurídicos corrompidos e tendenciosos que desembocaram na votação de ontem.
A trivialização da vontade popular, expressa pelo voto nas eleições presidenciais, é uma das principais ofensas à democracia brasileira. É, sem dúvidas, um precedente muito feio para a hegemonia da democracia liberal no mundo. Se a democracia tem como um dos seus sacrossantos valores a existência de eleições livres, justas, transparentes, abertas e competitivas, o que está a acontecer no Brasil é um atentado à liberdade e ao respeito da escolha popular nas urnas. Não está a ser dada ao povo brasileiro a oportunidade de sancionar por si mesmo o que acha da governação de Dilma (se boa ou má), no período e nos procedimentos assim convencionados pelas regras democráticas (próximas eleições).
Está a acontecer um golpe, feito por autocratas em serviço de agendas lesivas aos interesses dos milhões de brasileiros que puderam provar, legítima e merecidamente, dos privilégios da redistribuição justa e equitativa da riqueza brasileira nos últimos anos. Esses autocratas oligárquicos têm tentado a todo o custo, nos últimos tempos, propagandear a sua “versão” do assunto através dos meios de comunicação social de massas sob seu controlo. É precisamente aqui onde a democracia brasileira pode ainda ter uma oportunidade – o povo terá de refutar energicamente toda a narrativa que o regime golpista disseminará, a partir de hoje, como verdade. Terá de lutar pela independência do seu pensamento, pela salvaguarda dos seus interesses e pela reposição da sua vontade eleitoral. Isso terá de ser feito permanentemente, de forma engajada e activa. As ruas brasileiras serão o palco de batalha, de hoje em diante, através do protesto público. O golpe que parece estar a triunfar a partir de ontem vai ser combatido pelo exército de cidadãos comuns (os das periferias), agora contra um adversário especificamente identificado: a classe média-alta e os seus representantes no sistema político brasileiro.
Aguardemos pelo seguimento disto tudo, agora ao nível do Senado.
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