«O Estado Moçambicano está Gangsterizado», é o título do artigo de opinião assinado pelo jovem académico, Chacate Thinker, e por este publicado na rede social, em 11 de Abril de 2016.
Em linhas gerais, Chacate, ao referir que “O Estado Moçambicano está gangsterizado” procura persuadir a ideia de que o Estado Moçambicano, nos últimos tempos, vem experimentando momentos tenebrosos.
Para Chacate, do período que nos separa da independência nacional (1975) até a actualidade (2016), regista-se um crescente descrédito em relação às nossas instituições e órgãos da Administração Pública.
Fenómenos como perseguição política à académicos e jornalistas, delapidação do erário público, enriquecimento relâmpago e ilícito de alguns grupos, caracterizam o Estado Moçambicano de hoje.
Alista-se também, a instrumentalização da mídia nacional, desde rádios, jornais e televisões, a multiplicação de comentadores/analistas aduladores, aqueles protagonistas de um discurso falacioso.
As instituições da Administração Pública, 30 anos após a morte de Samora Machel, foram domadas pela corrupção, do topo à base, quando a essência da Assembleia do Povo fora violentamente desgraçada.
A perseguição política, consubstanciada por assassinatos a membros/simpatizades dos partidos políticos e sem o devido esclarecimento judicial, é algo que vai se normalizando nesta pátria de heróis anónimos.
Essas e tantas ilações podem ser subentendias do artigo de Chacate, que considero uma reflexão pontual e distinguida de uma inabalável imparcialidade, por isso aponta-la como digna de vénias e honras.
1. Qual o perfil das Gangs déspotas?
Na pátria amada, multiplicam-se as gangs compostas por políticos, os mesmos que ontem, libertaram a pátria, por isso que ao morrerem, seus restos mortais vão a enterrar na Praça do Heróis nacionais.
Trata-se de pessoas sem escrúpulo, que autoproclamam-se libertadoras da pátria, mas que hoje se tornaram em tiranos da história e escamoteiam da última estrofe do nosso Hino Nacional, “Pátria Amada”.
Elas, as gangs, costumam fazer suas roubalheiras, burlas, matanças àqueles que pensam diferente delas. Tudo isso sob o olhar silencioso e impávido das nossas instituições, com menos crédito hipotecado.
O Estado foi assaltado por uma corja de bandidos vestidos de fatos e gravatas penduradas ao pescoço. A corja faz do povo confundi-la com políticos comprometidos com o bem-estar social e económico da nação.
As mesmas gangs, contraem dívidas em nome do Estado moçambicano, empreendem obras públicas estipulando valores enganosos para delas tirarem proveito e enriquecerem a si próprias e suas famílias.
2. As instituições da Administração de Justiça são cúmplices:
É com bastante pesar que temos de afirmar que as instituições nacionais de Administração da Justiça são cúmplices dos actos antipatrióticos realizados por aquela corja de bandidos aprumados em fatos.
Pouco se percebe da essência do trabalho realizado pelos Magistrados do Ministério Público, falo dos distintos procuradores e da Procuradoria-Geral da República, e sem descurar do Conselho Constitucional.
As Instituições da Administração da Justiça pouco fazem para o esclarecimento dos grandes escândalos políticos e económicos que vem ganhando terreno no nosso país, por razões que não deviam ser óbvias.
Aliás, o que vimos foi a vergonhosa perseguição a um jornalista e a um economista inocentes, que o próprio Ministério Público, de forma absurda, após a absolvição daqueles, quis interpor recurso ao caso.
Deste modo, as instituições da Administração da Justiça, que funcionam graças aos impostos do povo, são cúmplices das burlas que assistimos no país. O Judicial está verdadeiramente subjugado pelo executivo!?
O metical e a reserva pelo posto, bem como as demais situações funcionais que decorrem daquele, coaptaram a dignidade de alguns dos nossos magistrados. Nota-se uma flagrante traição ao povo-patrão.
Alguns dos nossos magistrados, ao acobertarem bandidos, golpeiam as expectativas do povo-patrão, que através dos impostos, pagara sua formação nas universidades e institutos públicos desta pátria a(r)mada.
O nosso país caminha para o martírio. Nossa economia está doente. A tesouraria do Estado foi assaltada e todos nós conhecemos os verdadeiros culpados desta roubalheira, os mesmos que andam por aí impunes.
Ilustres, a «doentia e aparente Separação de Poderes» na pátria a(r)mada, tende a nos levar ao martírio, isso porque permite a multiplicação de bandidos que se metem na política para furtar o erário público.
Pouco se pode esperar de uma Procuradoria-Geral da República que desconsegue esclarecer as mortes de Samora Machel, Carlos Cardoso, Alberto Nkutumula, Dinis Silica, Gilles Cistac, Paulo Machava e outros.
Nem a nossa Procuradoria-Geral, quanto a nossa Polícia da República conseguira, até hoje, de forma convincente o esclarecimento dos sequestros e matanças aos membros dos partidos da oposição. Triste!
O povo moçambicano indaga-se sobre as verdadeiras atribuições das instituições, entidades e órgãos do Estado Moçambicano enquanto a primeira e principal entidade da Administração Pública que se conhece.
3. Considerações finais:
Respeitados, preocupa-me o silêncio dos jovens estudantes das áreas de Economia, Finanças, Contabilidade, Gestão, Estatística, e mais em relação ao estado crítico por que a nossa pátria a(r)amada.
Digam-se caríssimos: essas áreas estão mesmo a produzir algo para o bem do país? Noto que os formandos dessas áreas estão mais preocupados em adquirir diplomas como passaporte para o emprego?
Não se justiça que o povo moçambicano, através dos impostos que paga na tesouraria do Estado, invista, para a formação de tantos jovens em áreas ligadas à economia, e não obter qualquer resultado disso.
Jovens economistas, o povo precisa dos vossos estudos para andar: o povo precisa de ver o trabalho que realizam ao bem do país. Ilustre, por que não nos alertaram sobre o perigo em que galgávamos há anos?
O Estado moçambicano está gangsterizado e precisa de uma juventude que, através da ciência, da técnica e descurando das armas, consiga mudar e a título de urgência, o cenário tenebroso que registamos.
É condenável que se realizem EMPRÉSTIMOS MILIONÁRIOS em nome do povo nome, sem o conhecimento deste e para fins pouco conhecidos. Devemos roçar os carris do Principio da Transparência, sempre!
É preciso que os Governantes, em fórum próprio e a título de urgência, esclareçam ao povo-patrão o a dívida orçada em mais de MIL MILHÕES DE DÓLARES, incluindo a área investida e os ganhos decorrentes.
No mercado internacional o petróleo baixou, mas aqui, permanece o preço de sempre. Notamos, também, que os preços dos serviços notariais e outros serviços do Estado subiram inexplicavelmente.
Caríssimos políticos, o povo não pretende hostilizar-vos. O povo apenas precisa de ser bem representado, tal como combinou-se no acto do “Contracto Social”, quando aquele decidiu delegar-vos da sua soberania.
Este povo, humilde e trabalhador, apenas precisa de ser representado e dirigido por pessoas com um mínimo de honestidade, dignidade e que constituam motivo de orgulho para os nossos filhos, amanhã.
Os fenómenos atípicos que, continuamente, ganham terreno no país, não deixam orgulho para qualquer moçambicano e colocam em causa a promoção e consolidação da paz, unidade nacional e patriotismo.
- Basta de sermos ROUBADOS & ENGANADOS e de tornarem o nosso país em um TERRENO FÉRTIL DE INCERTEZAS!
Bem-haja Moçambique, minha pátria de heróis anónimos!
Maputo, 15 de Abril de 2016.
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