PÚBLICO
25/06/2015 - 17:40
Há dúvidas sobre de quem partiu a iniciativa que visa impedir que o ex-Presidente brasileiro seja detido no âmbito da investigação Lava Jato.Lula receia ser chamado a depôr no caso Lava Jato FABRICE COFFRINI/AFP
A justiça federal do estado brasileiro do Paraná recebeu na quarta-feira um pedido de habeas corpus preventivo em nome de Luís Inácio Lula da Silva. Visa impedir que o ex-Presidente seja detido, caso os investigadores da operação Lava Jato pensem nisso.
A Lava Jato é uma mega investigação a uma rede de corrupção centrada na empresa estatal Petrobras. Empresas pagavam para garantirem os contratos da petrolífera. Uma parte das "luvas" foram pagas a políticos, na sua maioria deputados ou senadores da coligação de centro-esquerda no poder, nomeadamente ao antigo tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT, da Presidente Dilma Rousseff e de Lula), João Vaccari Neto, que está preso.
Do Instituto Lula saiu um comunicado a garantir que o habeas corpuspreventivo - que se concede a alguém que se considere em perigo de ser privado da sua liberdade - não foi uma iniciativa do ex-Presidente do Brasil. Ao jornal Folha de São Paulo, um responsável do Instituto disse que pode ter sido iniciativa de "alguém preocupado" com Lula mas também "uma provocação". Consideraram "estranho" que a notícia tenha sido divulgada esta quinta-feira pelo senador Ronaldo Caiado, da oposição, que no Twitter diz que o ex-Presidente tem medo de ser detido preventivamente. Mas os media brasileiros têm publicado notícias avançando que o próprio Lula tem dito que ele será "o próximo" a ser preso pelos investigadores.
Segundo a assessoria de imprensa do Instituto Lula, a equipa do ex-Presidente está a averiguar quem é o autor da acção. Um jornalista brasileiro, no seu blogue, diz que a iniciativa pertence a um cidadão de nome Maurício Ramos Thomáz, de profissão "consultor".
O Instituto diz também que Lula não está a ser investigado e que o seu nome não consta dos processos do Lava Jato. Porém, há dua semanas, um documento oficial dos investigadores menciona pagamentos feitos ao Instituto Lula entre 2011 e 2013 pela empresa Camargo Corrêa, uma das empresas do cartel de corrupção visado pela operação Lava Jato.
Lula, diz a Folha de São Paulo, tem dito aos seus próximos que a prisão dos directores de duas grandes empresas de construção brasileiras, a Odebrecht e a Andrade Gutierrez, revela que ele é o próximo alvo. Diz estar preocupado e recear ser chamado para prestar declarações e por não ter “foro privilegiado” – protecção que permite a titulares de cargos públicos de topo em funções serem julgados apenas pelo Supremo Tribunal Federal.
O beijo de despedida e o tirar das malas pode custar caro no aeroporto de Faro
25/06/2015 - 08:40
Sete curtas entradas de dez minutos no parque de estacionamento do aeroporto de Faro custam 63,50EUROS por dia. Os profissionais de transportes de turistas acham um exagero.Custo do estacionamento no aeroporto de Faro origina críticas
A empresa Aeroportos de Portugal – ANA adoptou no princípio deste um conjunto de novas regras para deixar ou apanhar passageiros no aeroporto de Faro.
O modelo, designado por Kiss & Fly, vai também ser aplicado no Porto e em Lisboa e tem sido contestado pelos profissionais que fazem o transfer de turistas do aeroporto para os hotéis.
O acesso às zonas das chegadas e partidas passou a ser controlado e as permanências são taxadas a partir de dez minutos. As duas primeiras são gratuitas, mas a terceira já custa 3,50EUROS só para entrar no parque, sendo crescente o preço por cada nova entrada. Ao fim de sete entradas, o valor pago já vai em 63,50 euros, se o veículo não permanecer mais do que 10 minutos no local de cada vez.
“Uma extorsão” é o que diz o PCP, referindo-se a este modelo de gestão dos acessos ao aeroporto, posto em prática depois da privatização da ANA. Por isso, os comunistas, ainda sem resposta, questionaram o Governo no Parlamento acerca do que que irá fazer travar esta medida.
Em resposta ao PÚBLICO, a ANA justifica o procedimento com a necessidade de “ordenar” a zona designada por curbside, a que está mais perto das portas das saídas e chegadas da aerogare. Na prática, diz a empresa de capitais franceses, “desincentiva-se a utilização por tempos excessivos deste espaço ”. O novo sistema deverá entrar em vigor no Porto até ao fim do Verão e em Lisboa durante o ano de 2016.
A estrada que passa em frente à área das partidas e chegadas — onde antes se parava para deixar ou recolher passageiros — passou a estar interdita no aeroporto de Faro.
Délio Bandeirinha, da Yellowfish Transfers, uma empresa que trabalha com 60 viaturas a transportar turistas, acha “um exagero” os preços cobrados. Os mais castigados, sublinha, “são os profissionais”, ainda que as empresas deste sector possam adquirir uma avença mensal. O seu custo é de 270 euros e permite-lhes o acesso ilimitado aos parques P1e P6, ambos mais afastados das portas das partidas e chegadas.
Igualmente critico desta solução mostra-se Hélder Cavaco, da Bravo Tur. “Só se preocuparam em arrecadar mais receitas, ignoraram a qualidade do serviço e o apoio ao turista”. O transporte profissional de passageiros, adianta, “está mais dificultado e o preço do estacionamento disparou”.
O grupo parlamentar do PCP, nas perguntas que dirigiu ao Governo, relaciona as novas regras impostas no acesso ao aeroporto de Faro, com a venda da ANA - Aeroportos de Portugal à francesa Vinci. A medida, com o único objectivo de maximizar os seus lucros, sublinham os deputados, “ameaça todas as actividades económicas a montante e a jusante da actividade aeroportuária”.
A empresa, através do seu gabinete de comunicação, defende-se alegando que as alterações efecuadas em Faro se integram num “conceito muito praticado em outros aeroportos da Europa e do mundo, o Kiss & Fly”. Além disso, acrescenta, “este foi um processo exemplar de diálogo com todas as partes interessadas, de participação e inclusão”.
O presidente da Região de Turismo do Algarve, Desidério Silva, reconhece existir “alguma conflitualidade de interesses”, mas desvaloriza as críticas. “Tenho procurado sensibilizar as entidades para os problemas que têm surgido, nomeadamente o secretário de Estados dos Transportes, Sérgio Monteiro, e as coisas têm-se vindo a resolver”.
Escritório colectivo em contentor
Descontentes estão também as pequenas agências de aluguer de viaturas que não têm instalações no aeroporto. Para que possam continuar a exercer a sua actividade foi-lhes facultado um contentor que serve de escritório colectivo para 40 empresas do ramo, montado no parque de estacionamento.
“É este o cartão-de-visita que queremos dar do Algarve?”, pergunta Luís Francisco, da empresa LuzCar, referindo-se às condições de trabalho oferecidas pelo aeroporto.
Os profissionais acotovelam-se num balcão corrido, com os clientes em fila, a aguardar para fazerem os contratos de aluguer das viaturas. Ao fim da tarde, o sol bate de chapa nos rostos de pele clara, acabados de pousar. No ar cruzam-se palavras pronunciadas em inglês entrecruzadas com uma algaraviada de outros sons.
No meio do cordão de pessoas, uma mulher pergunta onde pode encontrar um casa de banho? O empregado da empresa de rent-a-car, responde: “Tem de voltar para trás, só no aeroporto”. O gesto que faz, a apontar o sítio, é sublinhado com um “sorry”, a desculpar-se pela eventual decepção.
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Ridículo! Se querem seguir o que é praticado lá fora, ao menos sigam os bons exemplos. Bem sei que em França não temos os melhores exemplos que podemos esperar de um país desenvolvido, mas neste aspecto está muito bem organizado. No Aeroporto Charles de Gaulle não se pode parar o carro sem ser nos parques, é certo, mas próximo das portas (devidamente indicadas) existem uns parques onde, quem quer ir buscar/Levar pessoas, entra, tira o ticket, trata das malas, despede-se ou recebe as pessoas e vai embora entregando de novo o ticket! Se neste processo não gastar mais de 10 minutos, NUNCA PAGA NADA! Portanto, mais uma vez, Portugal no seu melhor!
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Com a privatização o serviço ficou pior e mais caro, e o Estado deixa perde receitas que poderia utilizar para aliviar os impostos (e/ou prestar melhores serviços). Ganham os accionistas da Vince e, imagino, os "arquitectos" da privatização. Mete nojo...
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...Mas porque é que não organizam um boicote às cargas e descargas de passageiros e levam o aeroporto a um verdadeiro caos??? Quase de certeza mudavam de ideias em relação a este tipo de atitudes para com os ditos profissionais do sector.
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