Avanço de extremistas no Iraque desencadeia preocupação internacional
EUA enviam navios de guerra para o Golfo Pérsico. Irã também afirma estar disposto a ajudar. Para analista, sobrevivência do Iraque irá depender da capacidade de diálogo das diversas forças políticas do país.
Em reação à escalada da violência no Iraque, os Estados Unidos enviaram navios de guerra para o Golfo Pérsico. Neste domingo (15/06), , deverá chegar ao local a esquadra formada pelo porta-aviões USS George H. W. Bush, acompanhado de um cruzador equipado com mísseis e de um contratorpedeiro.
Em comunicado, o Pentágono afirmou que tal ordem, emitida pelo secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, permitirá "uma maior flexibilidade no caso de os Estados Unidos necessitarem realizar alguma operação para salvar vida de cidadãos americanos ou proteger seus interesses no Iraque".
O maciço avanço dos radicais islâmicos do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) desencadeou uma onda de choque e preocupação internacional. Especialistas advertem para um desmantelamento do Iraque – com consequências que iriam muito além da região de crise no Oriente Médio.
O presidente americano, Barack Obama, prometeu ajuda ao Iraque na luta contra o grupo terrorista jihadista EIIL, que é apoiado por simpatizantes do regime deposto de Saddam Hussein.
Em conversa por telefone com seu colega de pasta iraquiano, Hoshyar Zebari, o secretário de Estado americano, John Kerry, exigiu mais esforços do Iraque com vista à unificação do país, segundo o Departamento de Estado americano.
Kerry exigiu que os resultados das recentes eleições parlamentares iraquianas sejam rapidamente implementados com a formação de um novo governo. Segundo Kerry, o apoio americano só poderá ter sucesso se os líderes dos diferentes grupos iraquianos superarem suas diferenças, para combater a ameaça do EIIL.
Guerra na internet
De acordo com relatos da mídia, os radicais islâmicos do EIIL se estabeleceram principalmente na província de Al-Anbar, no oeste do país, e no norte, entre Mosul e Bagdá. O objetivo do grupo terrorista é o estabelecimento de uma teocracia sunita do leste do Mediterrâneo até o Golfo Pérsico.
Segundo o jornal New York Times, o EIIL dispensou o uso de uma tática clássica de guerrilha no Iraque. Em vez disso, após longo tempo de preparação, os jihadistas conseguiram abrir uma trilha pelo país. Com o controle de três importantes autoestradas ao norte de Bagdá, a região curda ficou isolada do resto do Iraque. "Isso poderia desmantelar finalmente o país", escreveu o jornal.
Com inúmeros vídeos e fotos de execuções cruéis, os islamistas também levaram a sua luta para a internet. Depois que o Exército iraquiano e soldados curdo-iraquianos conseguiram conter o avanço dos jihadistas em determinadas regiões, o EIIL aumentou a divulgação de imagens de atos de barbárie em redes sociais como o Twitter e o YouTube.
Avanço extremista
Confrontado com o avanço fulminante dos jihadistas no norte do país, o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, da corrente xiita, anunciou na semana passada que o governo armaria os civis que estivessem dispostos a lutar contra os jihadistas sunitas.
Desde então, milhares de iraquianos se ofereceram como voluntários. Somente na cidade de Najaf, estão sendo esperados 100 mil voluntários para o Exército iraquiano, afirmou a emissora Alsumaria. Muitos atenderam ao pedido do aiatolá Ali al-Sistani, a principal autoridade religiosa xiita no Iraque. Ele também apelou aos cidadãos para pegarem em armas contra os jihadistas, que conquistaram territórios muito rapidamente, desde o início da semana passada.
As forças iraquianas preparam uma contraofensiva. O Exército iraquiano informou ter conseguido reconquistar duas cidades próximas a Bagdá. "Num espaço de tempo de 24 horas, 280 combatentes islamistas foram mortos", afirmou neste domingo um porta-voz do primeiro-ministro Maliki.
Neste domingo, no entanto, seis pessoas morreram a nordeste de Bagdá em um ataque contra um centro de recrutamento de civis voluntários para combater os jihadistas sunitas. Além disso, a explosão de uma bomba no centro de Bagdá provocou a morte de outras nove pessoas, informou a polícia local.
Irã pode ajudar EUA
Após o sequestro de dezenas de cidadãos turcos no norte do Iraque, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, está sendo esperando neste domingo na Turquia.
Além disso, o Irã também se mostrou disposto a ajudar Bagdá na luta contra a ofensiva dos jihadistas sunitas. Embora tenha declarado que não enviaria tropas de terra e que seria hostil a "qualquer intervenção estrangeira no Iraque", neste sábado, o presidente iraniano, Hassan Rohani, não descartou a possibilidade de o Irã vir a cooperar com os Estados Unidos na luta contra os jihadistas sunitas, se Washington vier a combatê-los.
Rohani não especificou detalhes sobre a eventual ajuda, mas sugeriu que esta poderia incluir a concessão de assessores militares.
Os sunitas do EIIL lutam contra os xiitas, que consideram "dissidentes" da verdadeira doutrina do Islã. Já há vários anos, no Iraque, muitos sunitas se sentem prejudicados pelo governo dominado pelos xiitas em Bagdá.
De acordo com Fawaz Gerges, renomado especialista em Oriente Médio da London School of Economics, a crise no Iraque irá levar, inevitavelmente, a uma divisão de poder entre xiitas, sunitas e curdos. O cientista político libanês afirmou que as chances de o Iraque poder manter-se como Estado são de 50%. "Tudo irá depender da capacidade e da disposição das diversas forças de conversar umas com as outras", avaliou Gerges.
CA/dpa/afp/lusa/rtr
Em comunicado, o Pentágono afirmou que tal ordem, emitida pelo secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, permitirá "uma maior flexibilidade no caso de os Estados Unidos necessitarem realizar alguma operação para salvar vida de cidadãos americanos ou proteger seus interesses no Iraque".
O maciço avanço dos radicais islâmicos do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) desencadeou uma onda de choque e preocupação internacional. Especialistas advertem para um desmantelamento do Iraque – com consequências que iriam muito além da região de crise no Oriente Médio.
O presidente americano, Barack Obama, prometeu ajuda ao Iraque na luta contra o grupo terrorista jihadista EIIL, que é apoiado por simpatizantes do regime deposto de Saddam Hussein.
Em conversa por telefone com seu colega de pasta iraquiano, Hoshyar Zebari, o secretário de Estado americano, John Kerry, exigiu mais esforços do Iraque com vista à unificação do país, segundo o Departamento de Estado americano.
Kerry exigiu que os resultados das recentes eleições parlamentares iraquianas sejam rapidamente implementados com a formação de um novo governo. Segundo Kerry, o apoio americano só poderá ter sucesso se os líderes dos diferentes grupos iraquianos superarem suas diferenças, para combater a ameaça do EIIL.
Guerra na internet
De acordo com relatos da mídia, os radicais islâmicos do EIIL se estabeleceram principalmente na província de Al-Anbar, no oeste do país, e no norte, entre Mosul e Bagdá. O objetivo do grupo terrorista é o estabelecimento de uma teocracia sunita do leste do Mediterrâneo até o Golfo Pérsico.
Segundo o jornal New York Times, o EIIL dispensou o uso de uma tática clássica de guerrilha no Iraque. Em vez disso, após longo tempo de preparação, os jihadistas conseguiram abrir uma trilha pelo país. Com o controle de três importantes autoestradas ao norte de Bagdá, a região curda ficou isolada do resto do Iraque. "Isso poderia desmantelar finalmente o país", escreveu o jornal.
Com inúmeros vídeos e fotos de execuções cruéis, os islamistas também levaram a sua luta para a internet. Depois que o Exército iraquiano e soldados curdo-iraquianos conseguiram conter o avanço dos jihadistas em determinadas regiões, o EIIL aumentou a divulgação de imagens de atos de barbárie em redes sociais como o Twitter e o YouTube.
Avanço extremista
Confrontado com o avanço fulminante dos jihadistas no norte do país, o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, da corrente xiita, anunciou na semana passada que o governo armaria os civis que estivessem dispostos a lutar contra os jihadistas sunitas.
Desde então, milhares de iraquianos se ofereceram como voluntários. Somente na cidade de Najaf, estão sendo esperados 100 mil voluntários para o Exército iraquiano, afirmou a emissora Alsumaria. Muitos atenderam ao pedido do aiatolá Ali al-Sistani, a principal autoridade religiosa xiita no Iraque. Ele também apelou aos cidadãos para pegarem em armas contra os jihadistas, que conquistaram territórios muito rapidamente, desde o início da semana passada.
As forças iraquianas preparam uma contraofensiva. O Exército iraquiano informou ter conseguido reconquistar duas cidades próximas a Bagdá. "Num espaço de tempo de 24 horas, 280 combatentes islamistas foram mortos", afirmou neste domingo um porta-voz do primeiro-ministro Maliki.
Neste domingo, no entanto, seis pessoas morreram a nordeste de Bagdá em um ataque contra um centro de recrutamento de civis voluntários para combater os jihadistas sunitas. Além disso, a explosão de uma bomba no centro de Bagdá provocou a morte de outras nove pessoas, informou a polícia local.
Irã pode ajudar EUA
Após o sequestro de dezenas de cidadãos turcos no norte do Iraque, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Anders Fogh Rasmussen, está sendo esperando neste domingo na Turquia.
Além disso, o Irã também se mostrou disposto a ajudar Bagdá na luta contra a ofensiva dos jihadistas sunitas. Embora tenha declarado que não enviaria tropas de terra e que seria hostil a "qualquer intervenção estrangeira no Iraque", neste sábado, o presidente iraniano, Hassan Rohani, não descartou a possibilidade de o Irã vir a cooperar com os Estados Unidos na luta contra os jihadistas sunitas, se Washington vier a combatê-los.
Rohani não especificou detalhes sobre a eventual ajuda, mas sugeriu que esta poderia incluir a concessão de assessores militares.
Os sunitas do EIIL lutam contra os xiitas, que consideram "dissidentes" da verdadeira doutrina do Islã. Já há vários anos, no Iraque, muitos sunitas se sentem prejudicados pelo governo dominado pelos xiitas em Bagdá.
De acordo com Fawaz Gerges, renomado especialista em Oriente Médio da London School of Economics, a crise no Iraque irá levar, inevitavelmente, a uma divisão de poder entre xiitas, sunitas e curdos. O cientista político libanês afirmou que as chances de o Iraque poder manter-se como Estado são de 50%. "Tudo irá depender da capacidade e da disposição das diversas forças de conversar umas com as outras", avaliou Gerges.
CA/dpa/afp/lusa/rtr
DW.DE
- Data 15.06.2014
- Edição Marcio Damasceno
- Palavras-chave Iraque, Bagdá, Golfo Pérsico, EIIL, sunitas, xiitas, curdos
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