sexta-feira, 22 de março de 2013

PORTUGUESES! Somente para a devida reflexäo...

 
PORTUGUESES

Nós, os moçambicanos, temos que nos deixar de comportamentos levianos e inconsequentes e começarmos a nos comportarmos como um povo de valor. Temos que parar de ser mesquinhos e tentarmos ser grandes.

Com a onda de portugueses que, por estes dias da crise económica por que estão a passar, vêm a Moçambique, para tudo que estes façam que não nos agrade, atiramos-lhes à cara ou que estão em crise ou que vieram para cá porque estão a “passar fome”.

Enfim, a mim também não agrada que só hoje, em tempo de crise, é que alguns (ou muitos) portugueses se lembrem de vir e/ou investir em Moçambique. Ainda assim, não é correcto os humilhar desta forma. Bater nas pessoas e/ou humilha-las, aproveitando-se do mau momento por que estão a passar é mesquinho e próprio de um povo pequeno.

Se os portugueses nos forem a ofender num dado assunto, vamos responder-lhes e insultar-lhes dentro do contexto em causa. Se não nos agradar que os portugueses venham a Moçambique, por virem pôr em perigo os nossos empregos, vamos responder-lhes com competência, com eficiência, e com um trabalho melhor do que o deles. Se os portugueses se mostrarem arrogantes, vamos dobrar-lhes, e os colocarmos de joelhos, com a nossa grandeza.

Partirmos para o insulto gratuito e para a ofensa baixa, como os covardes fazem, não nos vai fazer melhor nem vai fazer os portugueses se sentirem pior.

Se eles nos chamarem burros, que provemos no terreno que não somos burros. Se nos acharem inferiores, mostremos-lhes que não somos inferiores. Se praticarem racismo contra os nossos, que os expulsemos da nossa terra.

Mas lembrarmos-lhes, a todo instante e por tudo e por nada, que estão em crise ou que estão pobres ou que estão caídos na desgraça, isso não. Não mesmo! Não se bate num homem que está caído. Antes pelo contrário, ajuda-se-lhe a levantar-se.

Ou queremos ser um povo grande e respeitado ou queremos ser um povo pequeno e desprezível.

Fora de que não podemos nos esquecer que um dia esta crise vai passar. E, nesse dia, como vamos olhar para os portugueses?
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  • João Calado Antunes palavras sabias.Hoje os Portugueses no outro não muito distante foram os naturais e o povo Portugues numca virou a cara na ajuda.
  • Suzana Serrano Niosta Cossa, PARABÉNS pelas tuas palavras sábias que as escreveste neste texto. São reveladoras de um intelecto de pessoa muito bem formada e justa
  • João Calado Antunes Gostava de ver mais comentarios neste texto pelos tais iluminados desta pagina.
  • Nuria Waddington Negrao Boa Matule e Niosta Cossa, realmente bater em quem já está em baixo é uma atitude pequena e arrogante que deve ser denunciada e combatida a todo o custo. E como um conjunto eu estou convosco no querer que os moçambicanos se caracterizem por atitudes opostas às criticadas no texto acima.

    Tendo dito isto sinceramente, nós a gozarmos com os portugueses porque Portugal está pobre é o roto a gozar com a pessoa que compra roupa nova mas sem ser de marca! Só pode ser uma piada! Todos sabemos que por muito mal que a economia portuguesa esteja hoje está a léguas da economia moçambicana! Nós estamos muito, mas muito mesmo, mais pobres que eles.

    Por isso qualquer português que sinta a sua auto-estima afetada por estas gozações é um português que não está a pensar muito. E com franqueza, eu ainda estou para conhecer esta pessoa. Todos os portugueses que eu conheço sabem muito bem que essas gozações são ridículas! A resposta óbvia para estas gozações é o que nós ouvimos a toda a hora - Portugal é um dos doadores de Moçambique! Kaput! Fim da discussão...

    Por outro lado, caros, a ideia do imigrante português em Moçambique humilhado e de cabeça baixa não passa disso mesmo, de uma ideia. A maioria dos portugueses que chegam vêm com a cabeça alta, afinal estão a imigrar para um mercado de trabalho que precisa do "expertise" ou dos "investimentos" deles. Os portugueses vêm sabendo que são uma mais valia para o país. Então, mesmo concordando com a tese apresentada em geral está a custar-me um bocado entender a relevância.

    Outra coisa da qual não nos podemos esquecer é da dinâmica de poder nas relações entre moçambicanos e portugueses. Em geral, na grande maioria da relações, os portugueses estão numa situação de poder em relação aos moçambicanos - são os patrões, os clientes, os especialistas, etc. Nestas situações o perigo normalmente não é que o fraco vá atacar o forte, mas sim o contrário. E é isto que vemos a acontecer.

    Eu não duvido que tenham havido e voltem a haver algumas situações pouco agradáveis para cidadãos portugueses em Moçambique. Aliás a eu já presenciei a algumas. Nessa altura fiz o meu papel e defendi o mais fraco, o cidadão português que estava a ser assediado por um dos nossos agentes da PRM por exemplo.

    Mas será que estas situações acontecem mesmo mais com portugueses que com moçambicanos ou qualquer outro grupo? Por exemplo, na escola gozavam comigo porque usava óculos, com a fulana porque era magricela e com a beltrana porque era gorda - quando é que uma gozação passa de gozação generalizada para vitimização de um grupo? Será que já estamos numa situação de vitimização dos portugueses em Moçambique?

    Mas no que diz respeito à pobreza de Portugal façam-me o favor! Pensar que um português possa levar a sério um moçambicano que lhe goza porque Portugal está pobre dá-me vontade de rir! Sim, concordo que os moçambicanos não devem ser arrogantes, mas esta específica é uma arrogância muito ignorante e ridícula - somo o número 185 numa lista de 187 países (Portugal é o número 43), valha-me a santa paciência!

    Por outro lado também acho que algumas posições de alguns portugueses são igualmente ridículas e arrogantes. Então se vamos falar de arrogância e boçalismo que mostremos os podres de parte a parte.

    Tirando estes reparos, parabéns pelo texto! Está na hora de nós começarmos a olhar para dentro e pararmos de olhar para fora
  • Manecas Tiane subscrevo-te...até porque já é mesmo altura de relevarmos o debate sobre cidadaos portugueses e lançarmo-nos na nossa agenda de construção da moçambicanidade, se eles quiserem colaborar, Bem Vindos. Senti que debatermos cidadaos singulares levou a que alguns de nós aqui, dos quais me incluo fossemos mal compreendidos em relação as nossas reservas! O que me dá mais apetite de discutir e talvez seguir como "cidadadão do mundo" era perceber bem os objetivos ocultos da política externa de Portugal para com paises mais perifericos...isso sim - Perceber bem o que tem estado por detrás das digressoes do Ministro Portas nas pequenas Economias do Mundo, sobretudo o mundo intermédio entre o que se chamou um dia 3º até aquilo que nunca se chamou 4º....perceber igualmente o projeto de vender azeite na Índia, de convidar Moçambique a investir em Portugal onde os portugueses vão embora, perceber o projeto que venderam em Maputo sobre o Desporto por ai. NAO ESTARÁ PORTUGAL SUFOCADO PELA ZONA EURO, A PENSAR SUFOCAR IGUALMENTE A PERIFERIA?.....pode ser uma boa tese de historia, relaçoes internacionais etc!
  • Nuria Waddington Negrao "Pensam que somos distraídos e vão nos chamar de aventureiros"
    hehehehe
  • Manecas Tiane Pois...impoem-se jogar com aqueles dois clubes cujos nomes são oriundos de lá, terra de Camoes: Boavista e Olhanense!
  • Niosta Cossa Nuria Waddington Negrao, embora perceba a tua intervenção, que fique claro que o texto diz apenas o que no mesmo está: que paremos de atirar à cara dos portugueses que estão em crise sempre um português ou portuguses façam ou digam algo que nos desagrade – situação que tornou-se recorrente, e que não passa uma semana sem que oiça, leia ou assista.

    Olha, Núria, se os portugueses não se sentem ofendidos com estes ditos e ofensas, então não valem muita coisa como povo. Independentemente do nível de inteligência ou de esclarecimento que alguém possa ter, ouvir isto ofende, sim, principalmente quando é dito continuamente, tentando-se, desta forma, mostrar que não se é bem-vindo. Quem vive despreocupado e feliz numa terra onde os que detêm o poder sobre essa terra, insistentemente, vivem lembrando que não é bem-vindo à mesma? Só um povo estúpido, insensível e despido de amor-próprio. E não acredito que os portugueses sejam assim…

    Quanto ao resto – a vitimização dos portugueses, o comportamento deles, a arrogância deles, a economia deles, o facto de serem superiores economicamente e socialmente e laboralmente aos moçambicanos –, esse resto, sinceramente, não me interessa. Preocupo-me somente com os moçambicanos. Afinal, fui claro: se os portugueses comportarem-se de maneira imprópria, vamos responder-lhes de maneira própria, dependendo do contexto e das implicações em causa.

    Recapitulando: este é um texto dirigido aos moçambicanos e não aos portugueses. É recriminador das acções dos moçambicanos, é uma tentativa de melhorar os moçambicanos e não uma discussão nem defesa dos portugueses e/ou seus comportamentos e/ou condições de vida e/ou qualificações.
  • Nuria Waddington Negrao Niosta Cossa,

    Eu sou uma moçambicana branca, adivinha lá qual é a minha fonte de irritação constante tanto em Moçambique como fora? Vai desde o agressivo "Volta para a tua terra" até ao inócuo "Sabes o que quer dizer Khanimambo?" passando por muitos o
    utros como preços mais altos no informal... Mas eu não acho que a minha situação seja diferente da de outros grupos em Moçambique como os albinos, os gordos, os deficientes físicos, os do norte no sul, os do sul no norte, os homossexuais, etc...

    A realidade da vida, seja em que país for, é que as pessoas podem ser e muitas vezes são assim mesmo - insensíveis e cruéis. Uma parte significante da vida é aprender a lidar com isto.

    Por exemplo eu tenho muitos amigos gordos que estão sempre a gozar consigo mesmos como estratégia de defesa. Tenho dois amigos albinos que fazem o mesmo.

    Por isso é que eu digo, a não ser que a gozação com os portugueses em Moçambique já tenha passado para verdadeira vitimizacao do grupo eu não vejo porque é que o caso deles é especial - isto é, não vejo a relevância. Até porque é muito mais fácil eles se defenderem externa e internamente contra esta gozação especifica que os grupos que apresentei acima.

    Por isso é que eu digo, concordo em linhas gerais com o teu texto, devemos trabalhar para uma sociedade mais tolerante e sensível e menos cruel. Mas sinceramente o grupo que escolheste não me parece estar muito pior que todos os outros.

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