Presidente quer reforçar as capacidades das Forças de Defesa e Segurança
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse hoje que Moçambique ambiciona continuar a reforçar as capacidades das Forças de Defesa e Segurança para travar as incursões de grupos armados em Cabo Delgado.
"É nosso anseio continuar a reforçar a capacidade de intervenção militar e projeção do poder das Forças de Defesa e Segurança para que possam dar uma resposta cada vez mais eficiente às investidas dos terroristas", declarou Filipe Nyusi.
O chefe de Estado moçambicano falava na Praça dos Heróis, em Maputo, durante uma cerimónia alusiva ao dia da paz e reconciliação, que hoje se assinala em Moçambique.
Segundo o chefe de Estado moçambicano, o terrorismo exige esforços mais elaborados e coordenados de todos os estados, considerando que as motivações ideológicas destas ações são uma ameaça global.
"Condenamos veementemente estes atos e reiteramos que, como Estado, continuaremos a usar todos os recursos ao nosso dispor para garantir a ordem e a segurança públicas porque o povo moçambicano merece ter um país pacífico", declarou.
A província de Cabo Delgado é desde há três anos palco de ataques armados, alguns reivindicados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, mas cuja origem continua por esclarecer.
A violência provocou uma crise humanitária com mais de mil mortos e cerca de 250.000 deslocados internos.
A região deverá acolher nos próximos anos investimentos da ordem dos 50 mil milhões de dólares (42,6 mil milhões de euros) em gás natural, liderados pelas petrolíferas norte-americana Exxon Mobil e francesa Total (que já tem obras no terreno).
LUSA – 04.10.2020
Posted on 04/10/2020 at 11:30 in Cabo Delgado - Ataques e incidências, Defesa - Forças Armadas, Política - Partidos | Permalink | Comments (0)
03/10/2020
STV-Jornal da Noite 03.10.2020(video)
Posted on 03/10/2020 at 20:35 in RADIO - TV | Permalink | Comments (0)
Insurgentes causam terror em Macomia
Entre o último dia de Setembro ao primeiro dia de Outubro, os insurgentes entraram nos Povoados do Posto administrativo de Mucojo, distrito de Macomia. Desde então, o Pinnacle News teve dificuldades de comunicar com este ponto da Província de Cabo Delgado, vias telefónicas.
Hoje (03-10), fomos reportados que vários civís, famílias inteiras, foram pura e simplesmente decapitados. Quase ninguém dentre os civis foi morto a tiro. Planos de fuga via marítima eram prontidamente abordados a uma distância onde pudessem afundar no barco à vela e desta feita. Barcos inteiros foram afundados junto com seus respectivos ocupantes (incluindo crianças) e na sua maioria, população indefesa que vivia a base de agricultura e pesca.
Nas aldeias aterrorizadas pelos insurgentes, não só houve mortes macabras mas também incendiaram pela quarta e quinta vez praticamente todas as suas cabanas e excedentes agrícolas inclusive, gados e galinâceos.
Dos poucos que conseguiram fugir e a pé foram vistos a chegar a conta-gotas a Vila Sede do Distrito com fome depois de passar dias a caminhar.
“Nós conseguimos chegar até aqui apenas a beber água dos rios e a dormir a maneira” – Disseram alguns deslocados.
O Governo do Distrito ainda não foi oficialmente comunicado sobre este incidente, dum lado, pelo facto da estrutura governamental e comunitária local ter tido o mesmo destino que a População.
Posted on 03/10/2020 at 17:45 in Cabo Delgado - Ataques e incidências, Defesa - Forças Armadas, Política - Partidos | Permalink | Comments (0)
Não ao apoio militar a um Governo que despreza o povo
Por Michael Hagedorn
Considerar a prestação de apoio – ainda que apenas na formação e logística – a este Governo corrupto e às suas forças armadas, sem antes exigir uma clarificação total dos ataques contra a população civil em Cabo Delgado, é totalmente inaceitável.
Durante a visita à Guiné-Bissau, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, expressou a sua confiança numa resposta positiva por parte da UE ao pedido de Moçambique de apoiar as suas forças no combate ao terrorismo em Cabo Delgado.
Em entrevista à Lusa no passado dia 24 de Setembro, o ministro dos Negócios Estrangeiros português afirmou estar seguro de que essa resposta será positiva.
“Nós recebemos na União Europeia a carta enviada pela ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, é uma carta, aliás, muito clara. Moçambique é muito claro na identificação das áreas em que a cooperação europeia os pode apoiar, designadamente na luta contra o terrorismo em Cabo Delgado, e eu estou seguro de que a União Europeia vai dar uma resposta positiva”, declarou Augusto Santos Silva.
O chefe da diplomacia portuguesa disse também que, na qualidade de ministro dos Negócios Estrangeiros do país que irá exercer a presidência do Conselho da UE a partir de Janeiro, é claro que Portugal contribuirá para que a resposta da UE seja rápida e positiva.
Ao fazê-lo, o ministro português segue o ponto de vista do Governo moçambicano de que a guerra civil no norte do país – que já ceifou 1500 vidas e originou 250.000 refugiados – pode ser atribuída unicamente aos ataques de rebeldes islamitas (ver discurso do Presidente moçambicano Filipe Nyusi perante a UNO VV em 23.09.2020).
Contudo, vários analistas consideram que as causas do conflito se encontram também na enorme pobreza da maioria da população, na desigualdade e na falta de participação nos proveitos da exploração dos recursos naturais (primeiro os rubis e depois o gás). Até mesmo o Parlamento Europeu declarou, já no passado dia 17 de Setembro, numa resolução aprovada por maioria, que considera as causas internas – como a pobreza, a desigualdade, a corrupção e o fracasso do Governo em tornar a riqueza da província acessível à maioria da população – como a razão principal dos incidentes em Cabo Delgado. O Parlamento exortou o Governo moçambicano a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para responder às necessidades da população através de reformas urgentes, evitando assim que as pessoas se radicalizem.
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Posted on 03/10/2020 at 17:27 in Cabo Delgado - Ataques e incidências, Defesa - Forças Armadas, Opinião, Política - Partidos | Permalink | Comments (0)
CABO DELGADO-Aldeamentos dos anos 60: Fornecendo água às populações
Posted on 03/10/2020 at 12:58 in Aldeamentos dos anos 60, Cabo Delgado - Ataques e incidências | Permalink | Comments (0)
A GUERRA - Um programa de Joaquim Furtado (RTP) - Episódio nº 28(video)
A enfermeira Djamila Dessai, acompanhava o director do Hospital de Tete, o médico José da Paz, a partir daí silenciado pela Pide/DGS.
Os relatos dos missionários chegaram à imprensa internacional, abalando o governo de Marcelo Caetano.
Posted on 03/10/2020 at 11:36 in A GUERRA de Joaquim Furtado(RTP) | Permalink | Comments (0)
Falta de esclarecimento sobre homicídio de autarca moçambicano mostra "captura da justiça" - analistas
Analistas disseram à Lusa que a falta de informações sobre as investigações ao homicídio de Mahamudo Amurane, ex-autarca de Nampula, norte de Moçambique, mostra "a captura" das instituições judiciais por "interesses poderosos e o clima de impunidade" no país.
Mahamudo Amurane, autarca pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro força política de Moçambique, morreu a 04 de outubro de 2017 após ser atingido com três tiros no rés-do-chão da sua casa, ao princípio da noite, na cidade de Nampula, por um homem que se pôs em fuga.
O crime causou consternação generalizada, do Presidente da República, Filipe Nyusi, às representações diplomáticas estrangeiras em Maputo, passando por diversas organizações civis.
LUSA – 03.10.2020
Posted on 03/10/2020 at 10:51 in Justiça - Polícia - Tribunais, Municípios - Administração Local - Governo, Política - Partidos | Permalink | Comments (0)
Guebuza sobre Cabo Delgado 02.10.2020(video)
Se explorarmos toda a nossa capacidade ociosa, temos condições internas para resolver a questão de Cabo Delgado
Posted on 03/10/2020 at 10:40 in Cabo Delgado - Ataques e incidências, Defesa - Forças Armadas, Opinião, Política - Partidos | Permalink | Comments (0)
Para início do fim-de-semana(video)
Posted on 03/10/2020 at 10:33 in Musica, vídeo, cinema | Permalink | Comments (0)
STV-Noite Informativa 02.10.2020(video)
Posted on 03/10/2020 at 00:17 in Cabo Delgado - Ataques e incidências, Defesa - Forças Armadas, Opinião, RADIO - TV | Permalink | Comments (0)
02/10/2020
Lazarus Chakwera vai a Moçambique em visita que pode aproximar os dois vizinhos
O Presidente do Malawi, Lazarus Chakwera, vai a Moçambique na próxima semana para uma visita destinada a melhorar as tensas relações entre os dois países e tentar reatar as negociações sobre a pretensão malawiana de utilizar o rio Chire nas suas transações comerciais com o exterior.
Em alguns círculos de opinião a visita do estadista malawiano é vista com uma grande importância, num contexto em que o relacionamento entre os dois países é caraterizado por inicidentes violentos, incluindo mortes de pessoas.
"É uma visita importante, porque Lazarus Chakwera representa um novo impulso à democracia na região da SADC(Comunidade para o Desenvolovimento da África Austral) e o regresso ao poder do Malawi Congress Party, do falecido líder malawiano, Kamuzu Banda", afirmou o analista Adriano Nuvunga, director executivo do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD).
Por seu turno, o analista Sande Carmona diz compreender a relativa dependência do Malawi em relação a Moçambique, mas Maputo não deve capitalizar este aspecto "porque Moçambique não deve criar mais inimigos, mas sim ter mais aliados para conseguir levar avante o seu projeto de desenvolvimento do país e da região".
Carmona afirma acreditar que a navegabilidade do rio Chire domine as conversações entre os Presidentes Filipe Nyusi e Lazarus Chakwera e criticou o fato de o assunto nunca ter sido submetido a debate público.
Moçambique, por razões fundamentalmente,ambientais, opõe-se à pretensão do Malawi de usar aquele rio para as suas transações comerciais.
Para o analista Francisco Matsinhe, o fato de Lazarus Chakwera visitar Moçambique poucos meses depois da sua investidura, representa o interesse que tem em melhorar as relações com o país vizinho, " que nunca foram boas".
VOA – 02.10.2020
Posted on 02/10/2020 at 22:01 in Cooperação - ONGs, Política - Partidos, África - SADC | Permalink | Comments (0)
Semanário Savana nº 1395 de 02.10.2020
Posted on 02/10/2020 at 21:48 in Informação - Imprensa | Permalink | Comments (0)
STV-Jornal da Noite 02.10.2020(video)
Posted on 02/10/2020 at 21:34 in Cabo Delgado - Ataques e incidências, Defesa - Forças Armadas, Opinião, RADIO - TV | Permalink | Comments (0)
Joaquim Chissano "desconhece" o que falhou depois do Acordo de Roma
Moçambique celebra próximo domingo, 28 anos do Acordo Geral de Paz, assinado em Roma, entre o Governo e a Renamo.
Trata-se de um acordo que pôs fim a 16 anos de guerra civil e que, pretendia ser, a base para o enterrar definitivo das armas e se traduzisse na paz definitiva e efectiva.
Contudo, desde então, o país assistiu mais dois acordos de paz, o último dos quais, assinado no ano passado.
Nas últimas cerca de três décadas, contabilizam-se três acordos de paz para o mesmo conflito, que, segundo a Renamo, principal opositor do executivo de Maputo, tem como base, a falta de implementação do acordo de Roma.
O que falhou naquele acordo. Perguntamos ao antigo Presidente da República Joaquim Chissano.
“Essa pergunta me têm sido feita várias vezes, mas não sei o que falhou. A Renamo diz que foi incumprimento dos acordos de Roma da parte do Governo, mas, não conseguem me mostrar em quê” disse o antigo estadista e signatário do acordo.
Teodato Hunguana, destacado membro da Frelimo e que integrou a comissão de verificação do Acordo de Roma, aponta falhas ou erros que resultaram nos conflitos subsequentes.
“Não houve reconciliação antes das eleições, e muito menos depois, e porque o proclamado vencedor das eleições, acabou sendo o vencedor da guerra terminada sem vencidos nemvencedores, agora investido nas atribuições de um presidencialismo reforçado, verificaram-se recuos que se configuraram como violações ao AGP”, disse Hunguana, numa palestra em Maputo.
VOA – 02.10.2020
Posted on 02/10/2020 at 21:27 in Defesa - Forças Armadas, Opinião, Política - Partidos | Permalink | Comments (0)
O que falta para assegurar a paz em Moçambique
Teodato Hunguana, da FRELIMO, e Raúl Domingos, antigo número dois da RENAMO, são unânimes na necessidade de reconciliar o país e passar à sua despartidarização.
Em Moçambique foram assinados, desde 1992, três tratados de paz. Todos fracassaram e o país voltou a mergulhar em guerra. Teodato Hunguana, do partido governamental Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), e o antigo número dois da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Raúl Domingos, concordam que o que falhou foi a não inclusão da reconciliação nacional como parte do protocolo do Acordo Geral de Paz, assinado em Roma, em 1992.
Domingos, que na altura era chefe da delegação da RENAMO, refere que a questão da reconciliação é séria e devia estar acima de temas como as eleições. O país "precisa de algo programático, que permita este convívio entre os moçambicanos. A partir deste conhecimento, podemos ter solução para outras questões. Porque uma das prioridades da paz é a confiança. Construímos a confiança e foi assim que tivemos protocolos de garantia", disse Domingos à DW África.
Colocar fim à partidarização
Este político aponta igualmente as alegadas fraudes eleitorais por que Moçambique passou desde 1994 como outra causa dos conflitos armados. Além disso, destaca que as instituições do Estado devem servir os interesses de todos os moçambicanos e não apenas de alguns: "Tornar a administração pública num serviço público neutro e destinado a servir todo o povo é uma exigência que também se impõe ao nível da União Africana e das Nações Unidas, através de convenções para eleições democráticas e boa governação, entre outros importantes instrumentos nacionais e internacionais".
O constitucionalista Teodato Hunguana, que fez parte da delegação do Governo nas conversações de paz em Roma, também considera que a não despartidarização do aparelho do Estado é uma falha no país. Hunguana diz mesmo que o país sofre de uma doença chamada "partidismo" e apela à emancipação das instituições públicas.
A questão da moçambicanidade
"Partidismo significa que nós ficamos em compartimentos distantes e a moçambicanidade fica dividida. Nós ficamos com uma nação da RENAMO e outra da FRELIMO. Nós não vivemos com este conceito de pátria entre nós", disse.
Hunguana, que também foi deputado da FRELIMO na primeira legislatura, avisa que se deve discutir a questão da moçambicanidade, porque: "Nós vamos ver os problemas do país pelo buraco, pela janela do nosso partido. E não vamos partilhar [esses problemas]. Eu penso que este é um drama da nossa sociedade e não estamos a deixar um bom legado que se consolide cada vez mais na nação."
DW – 02.10.2020
Posted on 02/10/2020 at 18:47 in Antropologia - Sociologia, Opinião, Política - Partidos | Permalink | Comments (0)
CABO DELGADO - INDO ÀS RAÍZES (01/10/2020)(2)
Por Francisco Nota Moisés
Historicamente o que a Frelimo diz, não tem nada de comum com a realidade. O que direi aqui são coisas que ela dizia durante a chamada guerra de libertação nacional e o que os outros na Tanzânia me diziam sobre ela.
Não me levou mais do que um mês depois da minha chegada na Tanzânia quando comecei a ouvir pessoas maldizer a Frelimo. Não chamo a Frelimo uma organização terrorista visto que os portugueses a apelidavam de terrorista. Obviamente, ouvi falar deles como terroristas da imprensa portuguesa antes de sair de Moçambique e o termo sobre ela como terrorista gravou-se na minha mente e nunca saiu.
Foi na Tanzânia, onde me convenci que a Frelimo era verdadeiramente terrorista. Um mês depois da minha entrada na Tanzânia, juntei-me à revolta activa contra a liderança da Frelimo em Fevereiro de 1968 e estive na revolta activa até 1969 quando me safei da Tanzânia para me esquecer e estar longe dessa organização. E jurei desde então que nunca me aproximaria mais dela e não me deixaria enganar por ela.
A Frelimo dizia que Cabo Delgado e Niassa eram zonas libertadas e o berço da sua luta da "libertação nacional" e que nelas havia escolas primarias e secundarias, clinicas e hospitais, colégios e mesmo universidades e uma governação activa e que as duas regiões eram as mais desenvolvidas de Moçambique. Mesmo depois da independência ela continuava com esta propaganda que Sérgio Vieira tinha concebido.
A Frelimo sempre fez da mentira o seu instrumento principal. Se bem me lembro, um dia em 1968, Adelino Muchanga, agora um escritor de renome, contou-nos em Dar Es Salaam que a Frelimo tinha dito aos instrutores chineses da guerrilha em Nachingwea que ela tinha estabelecido zonas libertadas no Norte de Moçambique. Os chineses ficaram encorajados e decidiram ir a Cabo Delgado, mas, mal que lá entraram, não conseguiram ter folga e mesmo esconderijo seguro de aviões militares portugueses que os obrigou a sair numa fuga precipitada para a Tanzânia.
Nos anos de 1970 um jornal de Nairobi falou de níveis infernais que aviões militares portugueses criavam no norte de Moçambique e com defoliantes químicos para destruir as florestas para os guerrilheiros não terem esconderijos.
Ex-guerrilheiros da Frelimo, incluindo o malgrado Manuel Lisboa sobreviveu mal aos bombardeamentos em Cabo Delgado. Lisboa tinha ido à tropa portuguesa e mais tarde foi treinado em guerrilha na China Popular do camarada Mao zeDong, Era membro do Comité Central e representante da Frelimo em Songea no sul da Tanzânia e o homem a quem foi primeiro transmitida a noticia da morte do comandante Felipe Magaia que foi abatido por um certo malogrado Lourenço Matola que andava maluco em Nairobi. Lisboa nos dizia que a aviação militar portuguesa era muito ágil e os seus pilotos muito manhosos.
O QUE SE DIZIA EM TANZÂNIA SOBRE OS MAKONDES E MACUAS
Mesmo na Tanzânia era muito difícil ver macuas na Frelimo. Conheci e ouvi do guerrilheiro Necuatiana, talvez então o único guerrilheiro macua na Frelimo. Mas Necuatiana terminou insurgindo-se contra Samora Machel. No interior constituiu-se num exército de guerrilha duma única pessoa que emboscava os homens da Frelimo e militares portugueses -- coisa que era impossível fazer.
Os macuas, que sempre se consideraram superiores aos macondes que eles os macuas diziam ser os seus escravos históricos, nunca gostaram da Frelimo que eles pensavam era uma coisa de macondes e aliaram-se aos portugueses. Para impedirem a Frelimo não entrar e se estabelecer na terra macua, actuavam com militares portugueses, montando redes e armadilhas para apanhar os homens da Frelimo e às vezes apanhavam mesmo alguns guerrilheiros da Frelimo. Como resultado, a Frelimo não conseguiu atravessar o Rio Messalo.
Quando Portugal se retirou de Moçambique, a Frelimo entrou na terra dos macuas com muita zanga e chacinas e decidiu humilhar o Islão, a religião preponderante dos macuas, destruindo e queimando mesquitas e Samora Machel de uniforme militar e botas nas patas invadia mesquitas durante rezas, interrompendo as orações e gritando que foi ele quem libertou Moçambique e não Allah, incitando-os a criarem porcos para não terem fome.
Durante a guerra da Frelimo com a Renamo, era incrível ver o número preponderante dos macuas nas fileiras da guerrilha da Renamo. Vi isso nas minhas incursões nas zonas libertadas da Renamo na Zambézia, Tete e Sofala em 1986, 1988 e 1989. Aqueles homens queriam mesmo derrubar a Frelimo, mas, infelizmente, Afonso Dhlakama decidiu traí-los.
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