quinta-feira, 23 de abril de 2020

Sociologia da violência ordinária





Elisio Macamo
8 saat ·



Sociologia da violência ordinária

Circulou um vídeo revoltante dum agente policial agredindo um deficiente físico em Quelimane. Na Beira, dois agentes policiais agrediram um indivíduo até à morte. Em Pemba há, segundo relatos, violência policial diária para além do que acontece na província e que todos nós sabemos. Estas manifestações de violência provocam repulsa em muita gente. Elas contrastam com a ideia que temos de nós próprios como sociedade. Consideramo-nos afáveis, generosos, gentis e pacíficos. Por causa disso mesmo, choca-nos quando surgem manifestações deste tipo como se quisessem nos dizer que vivemos uma mentira colectiva sobre a nossa verdadeira natureza.

Felizmente, temos nos casos que alistei um bôde expiatório perfeito: a nossa polícia! Isto é, não somos nós que somos violentos, mas sim os agentes de autoridade que abusam do seu poder. A questão, contudo, é entender como um agente policial saído do nosso meio age como se nunca tivesse feito parte desta cultura amena e pacífica que nos caracteriza como um povo. Será que houve uma ruptura cultural durante a formação que fez com que ele perdesse as suas raízes? Porque é que as normas da nossa cultura pacífica não servem de luzes vermelhas que o restringem naquele momento que ele levanta o braço para agredir alguém?

Ora, não houve ruptura com a nossa cultura porque essa tão propalada cultura pacífica não existe! Houve, sim, continuidade com uma cultura de violência quotidiana. Essa cultura faz de cada um de nós uma pessoa capaz de chegar a esse tipo de extremos se as condições estiverem reunidas. Neste sentido, o comportamento dos agentes policiais é apenas a radicalização duma postura normal. Entender esta postura normal, mas também entender o caso dos agentes policiais que resistem aos extremos da violência constituem os dois principais desafios analíticos para uma sociologia da violência ordinária. Hoje concentro-me apenas no primeiro desafio.

O contexto para essa sociologia é a qualidade da maneira como nos relacionamos. Um olhar rápido pelas redes sociais dá uma ideia dessa qualidade. Três observações apenas. Primeiro, dum modo geral, quando discordamos não formulamos essa divergência de opinião de modo “pacífico”. Fazemo-lo com recurso a ataques à pessoa. Eu aposto que já teria sido espancado até à morte, e várias vezes..., se eu tivesse lido os meus textos na presença das pessoas com quem discuto ou que discutem comigo nos seus grupos e murais. Segundo, civilidade na discussão ocorre mais entre pessoas amigas ou que partilham as mesmas opiniões. São raros os casos de pessoas que discordam e continuam conversando. Terceiro, há quem não concorda e, por isso, prefere ficar calado. Mas não se cala por lhe faltarem argumentos. Cala-se porque se abrisse a boca seria agressivo, sabe isso, e, por isso, evita.

Estas três observações são, naturalmente, anedóticas, mas elas revelam algo que me parece profundo: a nossa civilidade, isto é todas aquelas coisas, por exemplo, termos, gestos ou formalidades através das quais procuramos mostrar aos outros que os respeitamos, é algo hipócrita. A base do respeito não é a importância genuina que atribuímos às boas maneiras ou à polidez. É, sim, um certo sentido “tribal”, isto é quem faz parte do meu grupo – de quem posso esperar solidariedade por essa razão apenas. Nestas circunstâncias, o relacionamento com os outros é sempre a negociação deste sentido “tribal”. Assim que nos damos conta de que a outra pessoa pertence a uma outra “tribo”, a civilidade termina.

Isso é nas redes sociais. Na vida quotidiana não é diferente. Os níveis de agressividade são muito altos. A forma como nos tratamos nas repartições públicas, a forma como tratamos os nossos empregados domésticos, estudantes, vendedores ambulantes, subordinados, lavadores de carros, membros de outros partidos, etc., tudo isso manifesta este sentido “tribal” que produz a civilidade hipócrita. Os agentes policiais saiem deste meio, entram nas academias, são tratados pelos seus instructores dessa maneira, vão à corporação e continuam a ser tratados da mesma maneira pelos seus superiores hierárquicos. Eles encontram na “autoridade” que vem com a função e no equipamento que lhes proporciona os meios, ingredientes que nós os outros não temos. Se tivéssemos isso, assim que alguém discordasse e revelasse não fazer parte do nosso grupo, era “tufa!”. As constantes e persistentes agressões perpretadas pelos agentes da autoridade são, no fundo, apenas a consumação da violência ordinária. Não existe, entre nós, nenhuma aversão total à violência. No nosso horizonte ético tem espaço a ideia de que a violência “justificada” é boa e necessária.

Não quero cair no erro de ir até Adão e Eva para explicar isto. Contudo, a história desempenha um papel nisto. O colonialismo encontrou-nos na mesma fase cívica em que os próprios europeus se encontravam quando vieram nos “civilizar”. A vida humana tinha pouco valor. As orgias de violência de Ngungunyan são disso testemunho. O colonialismo não mudou esse padrão. Manteve-o e sofisticou-o, desta feita a coberto da legalidade. A Frelimo gloriosa permaneceu fiel a esta atitude com recurso ao mesmo tipo de justificação: a violência que fosse funcional à revolução era boa e necessária. Esta atitude teve o seu apogeu, o momento talvez mais vergonhoso da história da Frelimo, quando se reintroduziu o castigo corporal, incluindo a execução em praça pública em pleno século XX.

A brutalidade gratuita da Renamo fugiu um pouco do padrão na medida em que ela não era apenas uma manifestação desta violência ordinária. Era também um rito de passagem – a saída da comunidade – que se celebrava através da brutalidade. É, provavelmente, a mesma coisa que explica a brutalidade inicial dos “malfeitores” em Cabo Delgado. Também são pessoas normais como todos nós e precisam de “celebrar” a sua saída da comunidade da forma mais radical possível. Na verdade, para entender esta brutalidade é só necessário olhar para a forma como pessoas que abandonam um partido político, ou emitem opinião divergente, ficam agressivas em relação a esse partido e são também visceralmente atacadas pelos seus ex-colegas. Mas no fundo tudo vem dar no mesmo.

Com isto, não quero dizer que esta cultura de violência seja especificamente moçambicana. Somos uma sociedade “normal” que “cultiva” a violência segundo certas especificidades históricas. Não existe um remédio santo a não ser o processo duro e doloroso de aprender a conciliar a precariedade com a necessidade que temos de cooperar. Os agentes de autoridade que, apesar de tudo isto, resistem à violência poderiam ser bastante instructivos. Tal como no caso da corrupção, há mais valor em procurar entender porque certas pessoas resistem do que porque certas pessoas sucumbem. Mas isso só é possível com trabalho sério de pesquisa.




56Dioclécio Ricardo David, Munguambe Nietzsche ve 54 diğer kişi

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Moulinho Lehuany As pessoas em alguns casos são muito rebeldes, nossa polícia também é despreparada. Deve haver uma forma de lidar se com com as pessoas, precisa se apreender.
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Elisio Macamo a questão é justamente essa. essa "rebeldia" e esse "despreparo". ansiar por uma forma de se lidar com as pessoas reitera o problema que precisa de ser entendido.
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Mussá Mohamad Ibrahimo Eu nunca comprei aquela conversa que defendia: " somos uma sociedade pacífica".

Como? Se passamos 16 anos de violência entre irmãos...10 anos de violência para independência...11 anos violentando contrabandistas,reacionarios, Drogados e prostitutas...11 anos oprimindo outras tribos ...
Vezes sem conta,uns engomam nádegas de outros... Esposas queimam maridos com óleo...maridos espancam esposas...violamos fronteiras para Djoni...queimamos ladrões com recurso à pneus...

Insultamo-nos no Facebook e WhatsApp ...etc!

Somos é,uma sociedade passiva,quando estamos diante de quem tem meios de violência...depende da posição.
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Fernando Costa Mussá Mohamad Ibrahimo eu também não. De pacíficos nao temos nada!
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Elisio Macamo sim, isso, mas não é uma questão de passividade. antes pelo contrário. só o somos quando sabemos que o outro é mais forte. com os mais fracos não somos passivos.
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Mussá Mohamad Ibrahimo Elisio Macamo é isso professor. Por isso digo; "depende da posição " .se estamos em posição de desvantagem,abraçamos a passividade. Quando temos meios(ex da polícia),ficamos violentos...
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Gigi Guerreiro Certíssimo Professor. É uma reflexão necessária esta.
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Dioclécio Ricardo David Senhor Professor, mais uma vez, obrigado!
Contudo, qual tem sido o papel das entidades estatais e comunitárias com atribuições de reprimir esta violência ordinária “institucionalizada” e/ou inserida na comunidade? É um papel perpetuador ou repressivo?
Muito obrigado.
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Elisio Macamo essas entidades saiem do nosso meio. como vão ser diferentes? parece um círculo vicioso.
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Cremildo da Silva Elisio Macamo Professor em poucas palavras, estamos a falar de uma sociedade a qual nós pertencemos, nos somos esta mesma sociedade violenta.
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Elisio Macamo Cremildo da Silva, sim, como toda e qualquer sociedade. não é só o polícia que temos que entender.
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Cremildo da Silva Elisio Macamo é que quando falamos da polícia,parece que esta mesma polícia não vive nos nosso bairros, quarteirão, célula etc, esquecemos que é aquele mesmo agente que convive com a gente todos os dias.
Somos violentos isso é um facto,o que tem se analizar é a proporção desta violência que está a ser institucionalizada.
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Elisio Macamo eu acho que o que temos que estudar é a própria cultura de violência. a institucionalização é apenas uma das manifestações dessa cultura de violência.
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Cremildo da Silva Elisio Macamo obrigado pelo esclarecimento Professor.
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Constantino Pedro Marrengula Prof Elisio Macamo, plenamente de acordo. Não sei onde fomos buscar a ideia de Mozes pacíficos. Entendo que nunca fomos. Normalizamos a violência. O interessante é que arranjamos sempre formas de defender esta postura. O mais alto magistrado já fala de violação voluntária e involuntária de direitos humanos, como se em contextos de conflito ou guerra, não houvessem protocolos a serem respeitados.
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Elisio Macamo aí está. você nota a existência dum outro tipo de cultura quando a violação involuntária nos incomoda mais ainda e, por isso, tudo fazemos para a evitar. nas entrelinhas o que ele está a dizer é o que tentei explicar no texto: quando a violência serve os nossos propósitos ela é boa e necessária. é esse paradigma que nos mata.
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Tomas Mario dum modo geral, quando discordamos não formulamos essa divergência de opinião de modo “pacífico”. Fazemo-lo com recurso a ataques à pessoa." ....Quando somos alertados de que estamos a seguir esta conduta...negamo-lo a sete pés; nunca reconhecemos essa violência que comanda as nossas relações ...
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Raul Chambote Professor Elisio Macamo, “Não existe, entre nós, nenhuma aversão total à violência”…me parece ser esta a questão de fundo. Tudo bem, mas soa-me à determinismo hobbesiano. Soa-me à Thomas Hobbes, porque acredito que ainda essa “violência” pode, por nós, ser ultrapassada se olharmos para alguns dos pressupostos que o Prof. Macamo avança. Assim como fala da “sociologia de violância”, pode-se também aventar a “sociologia partidária” e não necessariamente “sociologia tribal” porque encontramos nas sociedades ou grupo de pessoas virtudes e vícios, e exageros relacionados à esses. Por exemplo, Tete a minha provincia de origem e Gaza a sua província, são exemplos/simbolos de exaltação da violência eleitoral e não acho que seja violência tribal camuflada nos partidos. E não preciso avançar detalhes sobre isso. No entanto, ainda, há muita gente entre nós que TEM aversão total à violência, incluíndo o Prof. Elisio Macamo. Pode soar à ad hominem, mas não deve entendido como tal: a sua atitude de publicamente discordar e decidir bloquear todo aquele que posta fotos de pessoas mortas, assassinadas ou que tenham morrido num acidente de viação, pela honra e dignidade que a vida humana merece é sinal de que o Professor EM não exalta a violência. Ou seja, a sua frase “Não existe, entre nós, nenhuma aversão total à violência”, salvo incompreensão minha do contexto formulado, nos coloca a uma introspecção colectiva como sociedade
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Elisio Macamo duas precisões: primeiro, o termo "tribal" não deve ser entendido no seu sentido "étnico". é apenas uma metáfora para destacar a importância de laços primordiais. estes podem ser políticos, religiosos, desportivos ou de outra natureza. segundo, nada é absoluto, isto é quando digo que não existe nenhuma aversão total à violência, quero apenas destacar a atitude dominante. é por isso que digo também que seria interessante perceber aqueles que, apesar de tudo, não se comportam dessa maneira. porque isso também é verdade. não é todo o agente policial que agride.
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Paulo Guambe Li o post já com meus preconceitos. Há muito que venho pensando nesse assunto a partir das agressões verbais entre motoristas. Eu entendo que a violência está relacionada com a pobreza. Penso que as sociedades desenvolvem-se de forma integral e as pessoas manifestam isso no seu dia a dia. Penso que determinados níveis de pobreza manifestam determinados níveis de violência. Contudo, não há como refutar seus argumentos. Dialoga muito bem com o ensaio de AnChile Mbembe que chamou de Necropolitica, embora Mbembe fale da violência política, e com carácter processual e institucional.
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Elisio Macamo não sei se estaria de acordo com o recurso à pobreza, embora perceba perfeitamente que queira chamar atenção ao contexto estrutural. a violência está presente em todas as sociedades, mas, como bem diz, ela manifesta-se de maneiras diferentes. neste sentido, não estou totalmente de acordo com o mbembe quando ele vê o "regresso" da violência. ela nunca desapareceu. ela ganhou outras formas e não teve "vítimas" óbvias. o ocidente pode ter conseguido limitar a violência física dentro das suas fronteiras, mas externalizou-a com as suas guerras no exterior...
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Jaime Luis Jemuce O estado de emergência não deve ser uma carta branca para as autoridades cometerem atrocidades, essa forma de violência é completamente deplorável. A nossa polícia demonstrou mais uma vez que é uma autêntica vergonha neste momento do estado de emergência.
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Luis Baptista Bom não concordo professor, porém, uma vez que não consigo fundamentar o meu posicionamento com ideias, prefiro dizer: "está bom"... não quero correr ao risco de atacar a pessoa hahahaha
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Régis Rembeleki Traz pontos positivos em sua abordagem, quando expõe que o ser humano é violento ou agressivo de natureza com os que não fazem parte do seu meio ou de certa forma lhe são hostis. Mesmo quem não riposta procurando evitar ser violento não deixa de sê-lo.
Nos casos em análise, concretamente ao do "espancamento" do deficiente físico, digo primeiro que a violência gera violência. Esse argumento de despreparo da polícia ou FDS em geral para lidar com civis não é lá tão certo. Por definição e missão, as FDS no seu todo, são as que detem o direito e legitimidade de uso ou recurso a violência quando necessário. Não que eu esteja a dizer se foi ou não necessário nesse caso.
Há uma situação que se generaliza. Quando civis assediam ou logram em agredir um agente da lei há um comitê que aplaude, o outro encontra espaço para criticar e novamente o argumento do despreparo, dizendo de forma implícita que o agente da lei tem que se impor a força e contra todos. Esse cidadão é vitimizado por ser um deficiente físico, mas ele desacatou a autoridade, insultou um agente da lei. Há necessidade antes de criticar de consciencializar o cidadão para que cumpra a lei e respeite as autoridades. Não faço culto a violência, porém mesmo que seja sempre violência, há sempre momentos que se faz necessário o seu uso. Até um pai dá varra ao filho para instruí-lo, e evitar que se perca, pois o ama. O acto não deixou de ser violento.
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Elisio Macamo a questão é essa. existe um contexto social que produz a inteligibilidade desta violência. é por isso que chamo atenção para a necessidade de não isolar o agente policial, mas sim vê-lo como parte desta cultura de violência ordinária.
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Régis Rembeleki Elisio Macamo

Infelizmente não é assim que os outros entendem ou se sim, se pronunciam em público procurando mostrar um moralismo ou culto aos "direitos humanos" mesmo que para tal façam um desfile de ignorância ou hipocrisia.
Os agentes das FDS são tratados como sendo ET's que perpetram actos totalmente ao meio em que se encontram inseridos. Violência é o último recurso se se fizer ou provar necessário. Na tentativa de salvaguardar o respeito aos direitos humanos violentamos o suposto violador e lançamos sementes de anarquia.
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Elisio Macamo Régis Rembeleki, bom, não sei concordo totalmente consigo. uma coisa é entender que o agente policial faz parte duma cultura que explica o seu comportamento, outra é esperar que a dignidade de cada pessoa seja respeitada, incluindo a do próprio agente. esse deve ser o critério, acho. o critério não pode ser a necessidade de obediência à autoridade.
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Dércio Tsandzana Interessante colocação. Nesta coisa de estudar as redes sociais da Internet como espaços de participação política (ou não), entendemos alguns aspectos que nos interessam partilhar.

Sucede que existe porosidade entre a forma como actuamos nas redes sociais da Internet e como agimos no quotidiano. Ou seja, o que separa o entre o virtual e presencial é de uma linha ténue.

Com certo destaque da Internet, a sociedade evoluiu bastante em diversas áreas, seja em termos de serviços ou de relações humanas, na mesma concepção do que Castells (2007) refere-se como "sociedade em rede". Essa tendência coloca progressivamente em risco a existência de um espaço físico e virtual. De facto, o espaço online é visto como resultado ou associação do que acontece no espaço físico – ou ainda na esfera offline. Como seres humanos, desenvolvemos interacções que provavelmente impactarão nossos relacionamentos com outras pessoas no espaço online.

A Internet como espaço de debate é exactamente o lugar para se entrelaçar o online e offline. Seu estudo deve manter a visão de ambos em simultâneo, especialmente porque, ocasionalmente, a Internet é apenas uma ponte entre dois. Assim, a divisão entre o espaço online e offline fica diminuído gradualmente. Em vez de estudar os eventos da Internet como características distintas e não relacionadas do mundo real, os autores falam do online ou offline como uma forma de múltiplas conexões e a estreita relação entre essas duas bases sociais.

Ou seja, não é de todo surpreendente de facto que alguns comportamentos sejam apenas o continuar do que vivemos em casa, na escola, no seio dos partidos políticos ou mesmo na igreja. Os debates (ou não) revelam isso neste espaço virtual, que não é nada separado do que fazemos fora do mesmo.
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Graca Conceicao Nem tenho o que argumentar.
Pois em algum momento, encontrei-me nessa dissertação 😪.
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Cremildo Bahule ...a agressividade faz parte do gene do nosso diálogo.
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Narcisio Macamo O pior está por vir! Espere pra ver prof. Elisio Macamo
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Calton Cadeado “Mas isso só é possível com trabalho sério de pesquisa” @ Elisio Macamo.
Eu gostei imenso da última parte do texto, pois está claro que há muito espaço para aprofundar o assunto com particularidades e sem generalizações frágeis!
O seu texto, bem escrito, com ingredientes anedóticos e históricos contemporâneos de Moçambique, mostram que há uma base para afirmar que a sociedade é violenta. Por isso, os polícias são violentos e todos nós somos violentos, basta que estejamos fora da nossa tribo! Mas, também há espaço para ver que a sociedade cultiva, sempre cultivou a não violência nos processos de socialização...
O apelo ao trabalho sério de pesquisa tem, certamente, espaço para problematizar o significado de violência. O que é que nós entendemos por violência!
Johan Galtung, considerado um dos pais dos estudos de paz e conflitos, fala de violência física, estrutural e cultural.
Em termos bastante simples, a violência física é, essencialmente, agressão física e visível. A violência estrutural tem a ver com a forma de organização social injusta. A violência cultural tem a ver com o uso de marcas identitárias para marginalizar ou promover uns em detrimento de outros...
Assim, é possível ver que não há nenhuma sociedade que não seja violenta.
O problema, talvez, não está no ser ou não ser violento. O problema está na forma como (não) controlamos a violência.
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Elisio Macamo sim, precisamos de trabalho empírico. diria que uma das coisas que precisamos mesmo de saber é como certas narrativas que legitimam a violência nascem e se reproduzem. por exemplo, a ideia de que violência justificada é boa e necessária parece-me forte no nosso país. a violência física está presente no nosso quotidiano, nas relações interpessoais (mesmo na família). conheço o trabalho de galtung. o seu instituto está a menos de 10 kms donde estou. já tive a oportunidade de discutir com ele o seu trabalho e, neste momento, um dos seus principais colaboradores é meu estudante. está empenhado em sistematizar o seu pensamento e tenho dado uma mãozinha. o conceito de violência estrutural é importantíssimo e talvez explique o que torna a violência física (que me interessa mais neste texto) possível.
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Fatima Mendonça Muito boa argumentacao Elisio Macamo
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Fatima Mendonça Nao deixa partilhar Elisio Macamo
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Elisio Macamo sim, desta vez vez limitei o acesso. mas é possível fazer o copy & paste. a Gigi Guerreiro e o Ricardo Santos fizeram assim...
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Benildo Muquingue Nhamir Interessante texto prof. Elisio Macamo. Há pessoas que aplaudiram sem parar às atitudes do falecido lider da Renamo, mas hoje repudiam o comportamento do #Nhongue e esquecem que ambos recorreram/ recorrem aos mesmos meios para alcançar seus objectivos.
As mesmas pessoas que criticavam Dlhakama hoje consideram #Nhongue revolucionário.
A questão da violência, com bem disse o prof., é um círculo vicioso constituído no quotidiano em pequenas acções, na escola, na familia, etc.

Este assunto faz-me lembrar uma certa deputada que proferiu palavras insultuosas para uma senhora membro duma Organização da Sociedade Civil. Dentre várias coisas disse que a senhoria deveria ser violentada por 10 homens. Achei interessante a forma como muitos de nós reagimos à isso. Algumas pessoas proferiram insultos bem agressivos, chamavam de dePUTAda e outras designações.

Na verdade a atitude da deputada e dos demais não era diferente. Os pronunciamentos das pessoas mostravam claramente isso. Ela, a deputada, agiu de forma "normal".

Importa destacar que embora a violência tenha sido praticada pelos agentes da polícia ela reflecte a sociedade como um todo.
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Elisio Macamo o exemplo da reacção à deputada é sintomático do que digo sobre a violência justificada. se eu tenho boas razões para ser violento, então está tudo bem...
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Benildo Muquingue Nhamir Elisio Macamo é isso.
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Benildo Muquingue Nhamir Por vezes nem são boas razões como tal, são razões que confortam nossas convicções ou crenças.
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Elias Gilberto Djive A violência ordinária está impregnada em nós. Somos uma sociedade violenta e intolerante à opinião diferente. Grato pela explanação exaustiva.

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